Já fazia dois meses que Érika havia saído de seu emprego na Ísis Express e ido para a Grécia trabalhar na Fundação Graad como assistente de Aiolos.

Apesar de seu jeito tímido e, por vezes estabanado, a canceriana era muito eficiente em suas tarefas, o que logo fez com que o sagitariano não se arrependesse em tê-la escolhido. Érika também era uma pessoa doce, amiga, contagiante e, por isso, logo conquistou a amizade de Alethea, a secretária de Aiolos.

Após adiantar seus afazeres, Érika foi até a recepção conversar com a amiga, pois precisava perguntar algumas coisas referentes à cidade, afinal morava há pouco tempo ali e ainda não estava acostumada com algumas coisas. Alethea estava sentada na cadeira e Érika estava encostada na parede, ambas conversavam animadas quando a canceriana viu sair do elevador uma moça com longos cabelos castanho-escuro, pele alva, olhos azuis-cristalinos e porte atlético, mas nada exagerado. Vestia um terninho cinza chumbo, possuía um porte altivo e caminhava na direção de onde estavam.

– Sra. Luísa – Alethea falou sorridente e, ao mesmo tempo, respeitosamente – Que bom que retornou de viagem, como está?

Luísa revirou os olhos ao ser chamada de senhora e olhou para a secretária com um semblante de falsa repreensão. – Alethea, já pedi para não me chamar de senhora, faz com que pareça que tenha cinquenta anos e tô um pouco longe disso – riu sendo acompanhada pela outra. Já Érika ficou olhando as duas rirem até que Alethea se virou para a amiga e a apresentou.

– Érika, esta é a Dra. Luísa Garcês. Ela é médica pediatra e faz um trabalho incrível junto com o Dr. Shun no campo humanitário atendendo os necessitados pelo mundo. Eles dois são os responsáveis também por esse setor aqui na filial da Fundação na Grécia – explicou. – Luísa, esta é a Érika, minha nova amiga e assistente do Sr. Aiolos no campo de logística.

As duas se cumprimentam com um aperto de mão e um sorriso cordial.

– Então quer dizer que você é a moça que cuida para que todos os suprimentos e remédios cheguem o mais rápido possível até nós? – perguntou num tom divertido.

– Isso mesmo, doutora! – respondeu a assistente, um tanto tímida ainda.

– Olha, posso dizer sem dúvidas que seu trabalho é bem eficiente, pois todo o material que precisamos chega pontualmente no prazo combinado. Antigamente, acontecia de ter alguns pequenos atrasos ou faltava algo. Agora, tudo funciona muito bem! – elogiou a pediatra – Com certeza Aiolos fez uma ótima escolha em contratá-la.

Mesmo sentindo as bochechas esquentarem, Érika agradeceu o elogio vindo daquela grande profissional com um sorriso tímido. Depois, virou-se para Luísa pedindo licença para se retirar, pois ainda havia algumas pequenas pendências a serem resolvidas. Mas, antes que pudesse voltar à sala, Alethea a chamou e depois virou-se para a médica.

– Luísa, sabia que a Érika é sua conterrânea? Só que ela é de São Paulo.

– Oh, é mesmo!? – se aproximou novamente da canceriana – É tão bom ver que há mais brasileiros aqui. Seja bem-vinda à capital grega e a Fundação Graad e se precisar de qualquer coisa é só me chamar – falou com um sorriso.

– Obrigada! – respondeu fuzilando a amiga discretamente com o olhar. Depois voltou a olhar para a médica se despedindo mais uma vez e indo para sua sala.

Alguns minutos depois, Aiolos chegou ao escritório e quando viu Luísa na recepção com Alethea, a cumprimentou calorosamente com um abraço.

– Olá, Luísa! Como foi de viagem?

– Olá, Aiolos! A viagem foi ótima como sempre. Estamos superando as expectativas a cada dia. Aliás, os materiais e suprimentos têm chegado pontualmente e até mesmo antes do previsto!

– Isso é culpa da minha assistente! - disse o sagitariano.

– Ah sim! Alethea me apresentou para ela. É uma moça muito educada, apesar de tímida. – comentou a pediatra.

– Pois é, ela é um pouco tímida sim, mas muito eficiente em seu trabalho. Bom, acredito que não tenha vindo só para bater papo. – disse Aiolos vendo a pasta na mão da escorpiana – Vamos entrar!

E assim os dois entraram na sala, onde o sagitariano pediu para suspender as ligações e reuniões daquele dia.

Ambos entraram na sala, o sagitariano indicou uma cadeira com a mão o que foi aceito prontamente por Luisa.

– Aiolos, como você sabe há algumas regiões da África que têm muitos conflitos e por causa disso, está ocorrendo muitas baixas, além de feridos, fora as questões de sempre, como as campanhas de vacinação e tudo o mais. Estamos precisando melhorar algumas estruturas físicas para que haja um melhor atendimento dessas pessoas. Já falei com Saori e ela já destinou uma verba para que isso aconteça, também para compra de medicamentos, vacinas e equipamentos. – disparou tudo de uma vez, entregando em seguida, a pasta que continha todas as informações.

– Entendo Luísa, faremos o possível para providenciar tudo o mais rápido possível. E o Shun? Retornou com você?

– Não, ele ficou para tentar dar um fim a esses conflitos, ou pelo menos parte deles. Se ele conseguir, parte dos nossos problemas estarão resolvidos. – falou com um semblante sério.

– Vocês estão certos em tentar fazer isso – Aiolos respondeu enquanto olhava a pasta que continha todas as solicitações. – Bom… Vou pedir para Érika já começar a encaminhar tudo o que me pediu.

– Muito obrigada Aiolos – levantou-se, se despedindo do sagitariano.

Saiu da sala e, ao passar por Érika, se despediu também e foi até sua sala onde começaria a organizar algumas outras coisas.

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Após a saída da médica, como prometido, Aiolos chamou a assistente até sua sala.

– Érika, a Dra. Luísa pediu para providenciar algumas coisas que estão nesta pasta – entregou o objeto para ela – Por favor, peço que agilize o quanto antes porque muitas coisas são de extrema urgência.

A canceriana analisou os ítens e depois foi até sua sala para providenciar os orçamentos. Foi até seu computador, onde fez uma tabela de todo o material solicitado pela médica e em seguida, enviou por e-mail aos fornecedores.

– Pronto! Agora só esperar a resposta deles – disse após terminar de encaminhar os e-mails.

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Os dias foram passando e conforme a convivência com Aiolos aumentava, Érika sentia que um sentimento nascia dentro de si, mas resolveu mantê-lo guardado no fundo do seu coração.

Todavia, as moiras do destino parecem querer brincar com as pessoas e, com ela, não seria diferente.

Um dia em que Alethea havia saído mais cedo para resolver alguns problemas pessoais, a canceriana foi até a sala do sagitariano para falar sobre o pedido que Luísa havia feito.

– Sr. Hilbert, algumas coisas que a Dra. Luísa solicitou começam a chegar essa semana. – falou a canceriana.

– Obrigado Érika, você tem feito um ótimo trabalho, por isso tem sido elogiada por todos. – sorriu para ela.

A assistente corou com os elogios e ao ver o sorriso dele, sentiu sua respiração falhar. Se ele já era lindo, sorrindo ficava mais lindo ainda, se é que isso era possível. Após se recompor discretamente, se virou para ele mantendo o sorriso tímido.

– Imagina, Sr. Hilbert. Apenas faço o meu trabalho. Bem, vou voltar para minha sala, se precisar de alguma coisa, é só chamar. Com licença.

Porém, quando se virou em direção a porta, sentiu a mão dele pegar levemente seu pulso. Ficou olhando do seu pulso para o rosto dele, até que ele sem dizer nada, se aproximou dela e a beijou. Érika ficou totalmente sem reação, pois não esperava essa atitude do sagitariano, mas como era algo que desejava em seus sonhos, foi se entregando ao beijo aos poucos assim que ele enlaçou a sua cintura. Quando ele parou o beijo, ficou olhando para o rosto delicado dela enquanto tocava carinhosamente sua bochecha.

– Eu queria fazer isso há muito tempo, Érika. - falou enquanto via os olhos cor de mel brilharem intensamente.

A canceriana sentiu o seu coração e alma entrarem em chamas por causa do que sentia por ele. Todavia, mesmo o amando caiu em si e lembrou do seu lugar ali, se soltou do abraço dele totalmente sem jeito e o olhou, séria.

– Isso não está certo, Sr. Hilbert. Não podemos fazer isso. O senhor é meu chefe e é assim que eu o vejo. Me desculpe. E-eu tenho que ir.

E assim ela saiu da sala totalmente chocada com o que acabou de acontecer. Ao mesmo tempo em que estava feliz por ser beijada pelo amor da sua vida, ela tinha medo de se envolver e ele acabar a magoando.

A canceriana voltou para sua sala, pegou suas coisas e foi embora. Quando chegou em casa, não conseguia parar de pensar nos lábios macios de Aiolos tocando os seus, porém ficava preocupada, pois não queria prejudicar o bom relacionamento profissional que tinha com ele. Érika travava uma batalha desigual entre a razão e o coração, mas o segundo teimava em fazer com que ela o colocasse em primeiro lugar.

Alguns dias depois, Érika precisou ir até a sala de Aiolos para entregar o retorno dos últimos fornecedores dos materiais solicitados pela Dra. Luísa. Chegando na porta da sala do sagitariano, deu duas batidas e foi abrindo a porta da sala devagar pedindo permissão para entrar. A canceriana se arrependeu de ter feito isso assim que colocou a cabeça para dentro da sala ao se deparar com Aiolos aos beijos com outra mulher. Ela era da altura de Luísa, com longos cabelos loiros, corpo bem torneado e pele levemente bronzeada. Érika sentiu uma pontada em seu peito, mas manteve a compostura e soltou um leve pigarro para interromper o momento romântico do casal à sua frente.

Assim que eles a viram, se ajeitaram rapidamente, onde Aiolos ficou olhando para Érika totalmente sem jeito, mas se recompôs para que a bela moça ao seu lado não percebesse. Então, a moça loira que estava com ele olhou para Érika.

– Você não sabe bater numa porta, moça? - perguntou com um desdém

A assistente respirou fundo, fez a melhor cara de paisagem que podia e respondeu com toda a educação e profissionalismo que os deuses tinham lhe dado.

– Sim, senhorita. Eu bati várias vezes, mas como ninguém respondeu, achei que a sala estivesse vazia e ia deixar os papéis em cima da mesa. Mas volto outra hora. Com licença, Sr. Hilbert.

O sagitariano sentindo a tensão no ar, olhou para a noiva, com um semblante sério. – Laís, esta é a minha assistente Érika. Ela apenas veio me entregar os documentos que pedi logo cedo. Seja gentil com ela. - sorriu para tentar amenizar o clima que havia se formado ali, então se virou para a assistente – Érika, esta é Laís, minha noiva. Ela veio aqui para me dar uma notícia maravilhosa.

– Sim, sim. Estamos grávidos! – disse Laís dando palminhas de felicidade.

A brasileira sentiu seu coração ficar pequenininho. Pensou consigo: Maldita hora que fui dar ouvidos ao meu coração idiota! Agora, o que vou fazer com esse sentimento? Ela foi tirada de seus devaneios com Aiolos lhe perguntando dos documentos e se algum fornecedor tinha retornado, onde entregou os mesmos e respondeu que só faltava um dos fornecedores retornar, mas que ia cobrá-lo ainda hoje. Depois, deu os parabéns ao feliz casal e saiu da sala. Passou como um raio pela mesa da Alethea, pedindo para a secretária entrar em contato com o fornecedor faltante e transferir a ligação entrando em sua sala em seguida. Assim que se sentou, sentiu as lágrimas rolarem de seu rosto e com elas os soluços de dor do coração partido. Em meio ao pranto, tomou a decisão mais difícil de sua vida: decidiu largar tudo e voltar para o Brasil. Não ia conseguir conviver com aquela situação. Sentiria muita falta dos amigos que fez, mas era melhor assim.

Então, na hora do almoço, disse para Alethea que não ia acompanhá-la, pois ia resolver alguns assuntos pessoais e pediu para avisar o Aiolos caso se atrasasse.

A canceriana foi até a faculdade e a escola de música e solicitou o trancamento de ambas as matrículas. Aos poucos, foi se desfazendo de tudo o que havia conquistado e do futuro que poderia ter pela frente se permanecesse ali. Conseguiu voltar antes que Aiolos chegasse e desse falta dela. Quando voltou, foi direto para sua sala, onde Alethea estava achando estranha a atitude da amiga e resolveu ir até lá. Assim que entrou na sala, se deparou com a amiga sem os óculos secando as lágrimas do rosto, onde deu a volta na mesa dela e a olhou preocupada.

– Pelos Deuses, Érika! O que aconteceu com você? Por que está chorando assim, amiga?

– Ale! Me deixa sozinha por favor! – disse Érika.

– Sem chance que vou te deixar sozinha! Pode me contar o que houve! Anda! É sobre o Sr. Hilbert não é? – perguntou ela, preocupada.

A secretária de Aiolos já sabia decifrar os sentimentos da amiga brasileira. Sendo assim, Érika acabou falando o que ocorreu na sala do chefe delas há alguns minutos atrás, do sentimento que tinha por ele e, principalmente, do beijo que ele havia lhe dado no dia em que Alethea precisou sair mais cedo. Contou também da sua decisão de ir embora e que já tinha trancado seus cursos.

Alethea ficou triste pelo coração partido da amiga, mas mais triste ainda por ela abandonar seus sonhos e sua carreira por conta desse sentimento. Então, ela deu um abraço apertado na amiga e só a soltou quando percebeu que ela estava mais calma. Depois, trouxe um copo de água e pediu para que Érika se recompusesse para que o chefe não percebesse nada.

Assim que saiu da sala de Érika, subiu até o décimo primeiro andar onde ficava a sala de Luísa e foi contar o que tinha acontecido. A médica pediu para a secretária verificar se Aiolos já tinha chegado para que ela pudesse trazer a assistente dele até sua sala sem ele perceber. Alethea havia dito que ele tinha acabado de ligar informando que não voltaria mais ao escritório naquele dia. Então, ela foi até a sala de Érika e a levou até a sua sala depois de uma certa resistência por parte da assistente, onde pediu para que ela sentasse no sofá.

– Não adianta me dizer que não tem nada porque eu já sei de tudo. Aiolos não devia ter feito o que fez, ele não pensou nas consequências. Ah, Érika, queria muito ter um remédio para curar essa dor que está sentindo nesse momento. Mas esse tipo de dor, a medicina não cura, só o tempo ou outro amor. Será que abrir mão de sua carreira e seus sonhos é a melhor decisão?

Érika ficou olhando para a médica que acabou se tornando sua melhor amiga nesse tempo de convívio. Luísa, além de Alethea, se tornou o seu porto seguro tanto nas horas alegres quanto nas horas tristes. Desviou o olhar por alguns instantes ponderando nas palavras da médica, porém já havia tomado sua decisão.

– Lú, é melhor eu ir embora mesmo. Não vou conseguir olhar para ele e não pensar que não posso ficar com ele. É um amor que machuca. E antes que você fale que eu estou fugindo, já digo que não estou. Vou apenas dar continuidade à minha carreira em outro lugar. O pessoal da Ísis me ofereceu um cargo de coordenadora de logística lá, assim que eu chegar, já assumo. Além disso, querendo ou não, serei obrigada a manter contato com o Aiolos. A diferença é que estar longe dele tornará os meus dias de trabalho mais fáceis e me ajudará a voltar a vê-lo apenas como um profissional e nada mais.

– Se tu quiseres, eu peço para a Saori te transferir para meu setor. Assim tu te tornas minha assistente e pode viajar comigo e com o Shun para nossos trabalhos humanitários. Fica até mais fácil para ti exercer a conferência de tudo e ajudar no controle de tudo. Mas não vá embora! – disse a escorpiana com um sorriso triste.

A canceriana pensou e pensou, mas não voltou atrás. Disse para Luísa não se preocupar que ela ficaria bem e que agora precisava voltar ao trabalho. A médica não permitiu que a assistente voltasse, pois não estava em condições psicológicas para tal coisa e atestou o dia para ela.

Duas horas depois que Érika foi para casa a mando de Luísa, Aiolos resolveu passar no escritório para entregar o relatório faltante do fornecedor para sua assistente incluir no sistema. Quando perguntou por ela, Alethea disse que a brasileira não estava se sentindo bem e que a Dra. Luísa após examiná-la, a mandou para casa repousar. Então, resolveu subir até a sala da amiga para saber o que havia acontecido com a Érika.

Assim que entrou no recinto, se deparou com uma Luísa com um semblante sério e indignado ao mesmo tempo. A Amazona assim que viu o dourado entrar em sua sala, levantou-se caminhando até ele.

– Que história é essa de ter beijado a Érika? Tu perdeu o juízo é, Aiolos? - vociferou enquanto o empurrava contra a parede.

O sagitariano ficou surpreso por ver que a amiga sabia do que houve entre ele e Érika. E mais ainda pela reação dela, mas como sabia que estava errado apenas sustentou seu olhar no dela.

– Não! Eu não perdi o juízo, Luísa! E-eu beijei a Érika porque me apaixonei por ela! Tentei resistir, mas não consegui!

– Pois é! E por causa da sua "falta de resistência" ela está sofrendo por te amar! Tanto que decidiu abandonar os sonhos e a carreira dela para voltar ao Brasil! Está feliz? – disse a escorpiana mais indignada ainda.

Aiolos sentiu seu coração ficar apertado ao saber da decisão de Érika. Não queria que ela fosse embora, ainda mais agora que descobriu esse sentimento tão sublime e forte que tinha por ela: o amor. Sim, era amor que sentia pela assistente e não uma paixão, pois afinal de contas, paixão é um sentimento passageiro, mas o amor...ah...isso é algo que fica para sempre não só no coração, mas na alma também. Porém, lembrou que não poderia viver esse sentimento, pois o filho que Laís esperava era sua prioridade e não podia abandoná-la. Foi tirado de seus devaneios por Luísa que continuava a falar o quanto foi irresponsável a atitude dele com a sua amiga.

Luísa e Aiolos ainda discutiram por mais alguns minutos e depois o sagitariano desceu até sua sala pedindo para Alethea reagendar a reunião com o fornecedor para o dia seguinte e depois chamou a secretária. Assim que Alethea entrou, ele apontou a cadeira para que ela se sentasse.

– Alethea, por favor, me diga como a Érika está. Sei que deve estar pensando mal de mim, mas preciso saber. – pediu.

– Bem, Sr. Hilbert, ela está bem magoada e triste. Disse que vai embora. Já trancou a faculdade e a escola de música. Está arrumando suas coisas e já me pediu para verificar os horários dos vôos para o Brasil. – disse a secretária.

Aiolos abaixou a cabeça, respirou fundo e agradeceu Alethea pelas informações dadas. Depois a dispensou, pegou suas coisas e foi embora.

Os dias se passavam e Érika trabalhava sem parar para não deixar nenhuma pendência para seu chefe resolver. As conversas com ele eram estritamente profissionais e ela mal olhava para ele. Nas reuniões e na frente dos outros, a canceriana conseguia manter um sorriso no rosto e a postura profissional impecável que sempre teve. Os minutos que tinha de folga, aproveitava para verificar os horários dos vôos para poder se organizar melhor. Suas coisas, que eram poucas, já estavam empacotadas, agora só faltava fazer as malas.

Após resolver todas as pendências, Érika começou a ajudar Luísa com o projeto do trabalho humanitário que a médica estava fazendo com o Dr. Shun, pois envolvia também a conferência dos materiais solicitados para que tudo ficasse perfeito. Trabalhar com a amiga ajudava a canceriana a se distrair e também dava boas risadas com ela.

– E então, amiga, já comprou sua passagem e regularizou o passaporte? - Luisa perguntou

– Sim, já está tudo resolvido, Lú – respondeu Érika.

A escorpiana ficou triste ao ouvir a resposta da amiga, mas mesmo assim, fez a pergunta que não queria calar:

– E, quando você parte?

Érika olhou nos olhos azuis profundos da doutora que estavam marejados e disse:

– Parto em dois dias!

Continua…