N/A: Yo! Huh… é, ao que parece eu sei que este site ainda existe. Alguém se lembra de mim…? De qualquer maneira, em consequência de ter encontrado umas certas fanfics velhinhas e inacabadas, lembrei-me que gostava de escrever sobre um certo casal. E… está aqui o resultado. Espero que gostem. o/~
Advertências: Para a Ana. Tyson x OC. UA. Romance/Drama/Angst. One-shot.
Disclaimer: Tyson Granger/Takao Kinomiya pertence a Aoki Takao. Elise Anderson Taylor pertence-me. A história foi escrita sem quaisquer fins lucrativos.
Inatingível
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O típico barulhinho do resto do sumo a subir pela palhinha quase ecoou por todo o bar da faculdade, mas ele não pareceu irritar-se. Como sempre acontecia.
Ela franziu o cenho, notando a distracção dele, e deixou o seu rosto apoiado na palma da mão, enquanto apreciava o semblante sério que ele mantinha.
— O que foi? — ela perguntou, recostando-se na cadeira e cruzando os braços, o seu movimento remexendo alguns dos fios loiros.
Ele colocou o telemóvel em cima da mesa e virou o rosto para a grande janela de vidro, de onde se podia ver o pôr-do-sol abater-se sobre a cidade.
A loira imitou o seu movimento, mas não conseguiu afastar os seus olhos verdes dele durante muito tempo. Algo não estava bem.
— A tua namoradinha deu-te uma tampa, foi?
Mesmo com o seu típico sorriso convencido nos lábios, ela teve vontade de morder a língua. Será que não era capaz de falar com alguma decência, de vez em quando?
— Não é da tua conta. — ele respondeu, seco. Amuado.
Sabendo que aquela conversa não iria a lado nenhum, a loira levantou-se e agarrou na sua mala.
— Ahh boa! E agora vais-te embora. — ele reclamou, virando-lhe a cara.
— Tenho coisas para fazer.
— É claro que tens.
Ela deu a volta à mesa e ficou à sua frente, fitando aqueles olhos acastanhados. Poderia dizer-lhe tanta coisa… mas tinha a certeza que o que sairia não seria… simpático.
— Devias tomar cuidado com essa tua namorada. — ela disse, vendo a expressão dele irritar-se.
— Como eu disse: não é da tua conta.
Ela sorriu. Aquele sorriso convencido e irritante.
— Como é óbvio.
E com aquilo, ela foi-se embora, deixando-o sozinho no bar da faculdade. Esquecendo as boas maneiras, os seus braços descaíram sobre a mesa, enquanto ele via-a afastar-se, naqueles passos elegantes e quase perfeitos.
Já faziam perto de uns seis meses que se conheciam. A aluna de Gestão, da renomada Universidade de Cambridge, que tinha decidido fazer intercâmbio com uma universidade de Artes no Japão. Sim, artes.
Conheceram-se por pura sorte. Ela tinha decidido entrar na mesma actividade extracurricular que ele e… ele nem sabia mais. Talvez ele tivesse sido o único que tinha resistido aos efeitos da língua afiada que se escondia por trás de todo aquele… porte.
Ninguém o podia negar: Elise Anderson Taylor era bonita. Linda. Os cabelos loiros, lisos e sedosos, que lhe batiam a meio das costas. Os olhos verde-azulados ou azuis-esverdeados, que brilhavam de presunção. O corpo bem detalhado, a pele alva e fina, e a exuberância exalada pelas suas roupas modernas e pela sua maquilhagem tão bem aplicada, que só se notava os lábios rosados do batom.
A sua maestria no piano. A sua delicadeza e confiança na esgrima. O seu requinte no japonês. As suas notas impecáveis. Tudo nela tinha o potencial para que ela fosse o exemplo perfeito, a aluna mais admirada por alunos e professores se não fosse… pela sua língua.
Elise não guardava rancores. Muito pelo contrário, ela criava-os. Em poucos meses na faculdade, tinha conseguido irritar todo o sexo feminino e quase todo o sexo masculino. Só ele tinha sobrado.
E tudo porque, por um mísero momento, ele tinha visto a máscara cair. Tinha visto que, para além de toda a prepotência e perfeição, havia algo mais bem lá no fundo, habilmente escondido. Então, ele tinha-se deixado ficar e tinham acabado assim.
Ele, com uma namorada da qual ela reclamava a cada dois dias. E ela, bela, refinada e… inatingível.
Tyson levantou-se, a frustração da mensagem que recebera fermentando no seu âmago. Ele nunca a perdoaria se ela estivesse a mentir, só para o ver andar atrás da cauda. Mas, mais que tudo, ele nunca a perdoaria se ela estivesse a dizer a verdade.
É bom que estejas a brincar comigo, Elise.
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Eram quase oito e meia da noite quando a campainha do seu apartamento tocou. De calções curtos e de camisa comprida, ocultando-os, e com o cabelo arrumado num pêlo alto e frouxo, Elise não tinha vontade nenhuma de abrir a porta a ninguém. Mas a loira mudou de ideias assim que viu a expressão pouco amigável do outro lado do vidro.
Mal abriu a porta, o rapaz não lhe deu distância sequer de o cumprimentar, as perguntas assaltando-a de imediato.
— Tu sabias?!
— Tyson…
— Sabias, não sabias?!
— Vais entrar ou vais ficar a gritar para que toda a vizinhança ouça?
Irritado por, mais uma vez, ela ter razão, o rapaz entrou no apartamento. Seguiu-a até à sala e sentou-se ao seu lado no sofá, nenhum espaço livre ficando entre os dois.
A franja azulada cobriu-lhe os olhos, ela sentiu os punhos cerrarem-se e ouviu o murmúrio que lhe escapava dos lábios.
— …Por que nunca me disseste…?
— Não ias acreditar em mim.
Ele deixou escapar uma risada seca. É, ele nunca iria acreditar. Porque Elise não sabia falar directamente com as pessoas. Ou insultava-as, ou irritava-as ou… dizia-lhes a verdade que elas não queriam. Até mesmo quando ela era assim, directa com ele, o rapaz não queria acreditar.
Talvez ele a pudesse perdoar, afinal.
Ela sentiu quando a cabeça dele caiu no seu ombro e quis aconchegá-lo quando as primeiras lágrimas lhe molharam a camisa, mas deixou-se ficar. Tyson não precisava que ela o irritasse mais. Bastava ela ficar ali, daquela maneira, quieta, ao lado dele.
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Quando Tyson abriu os olhos, sentiu a claridade do cómodo invadir-lhe o campo de visão. Sentia-se cansado e… com fome. Espreguiçando-se, percebeu que estava deitado no sofá de Elise, com um dos cobertores mais quentes e macios que ele já tinha visto a cobri-lo.
Boa, ele pensou para si mesmo, sentindo-se um idiota. Agora é que ela nunca mais se vai calar.
Sentiu os olhos inchados, mas o peito estava leve. Aquele namoro ridículo… não tinha futuro mesmo. O que ele sempre quisera era… inatingível.
Da cozinha podia ouvir o barulho das panelas e de água a ferver. Procurou pelo seu relógio de pulso, encontrando-o em cima da mesa de centro, ao lado do seu fiel boné colorido. Eram seis e meia da madrugada. Será que ela não dorme?! Porém, isso era o que de menos lhe interessava, pois a falta de jantar estava a fazer-se notar no seu estômago.
Levado pelos cheiros e pela sua fome, Tyson foi até ao cómodo seguinte, onde a encontrou, com a mesma roupa da noite anterior, a tirar a última panqueca da frigideira. Ele sentou-se ao balcão, onde já havia um prato com pão, bolinhos recheados, ovos mexidos, bacon e uma grande caneca de café. Ahh, como ele tinha fome.
— Que sítio estava aberto a estas horas da manhã para arranjares isto tudo?
Ela sabia jogar. Mas ele também. Não conteve a pequena risada quando ouviu a frigideira cair com força desnecessária no lava-louças, a loira virando-se nos calcanhares e encarando-o com uma expressão irritada, enquanto colocava o prato de panquecas à sua frente.
— És muito engraçadinho! — ela exclamou, sentando-se à sua frente, onde estavam apenas uma caneca de café preto e uma tigela com cereais. — Até parece que não sabes que eu cozinho. — ela continuou, emburrada.
— Isto é tudo para mim? — ele perguntou, quase não conseguindo esconder a ponta de orgulho ao ver o trabalho a que ela se tinha dado. Só para ele.
— Poupa-me. — ela protestou, bebendo um gole do seu café. — Vais comer ou vais ficar a olhar para mim?
Ele sorriu. Aquele seu tão característico sorriso gigante e matreiro que ela não sabia ignorar e, agradecendo pela refeição, não pensou duas vezes em aproveitá-la.
Elise ficou-se por beber mais um pouco da bebida amarga, enquanto o observava quase com… carinho. Deteve-se, incerta se deveria trazer aquele assunto tão cedo à tona, mas as palavras não costumavam ficar-lhe presas na garganta.
— Vais ficar bem?
O rapaz pousou os talheres, procurou a caneca de café – temperado com leite e açúcar – e pôs-se com um ar pensativo, leve e divertido.
— Sabes uma coisa? — ele começou, chamando a atenção dela. — Acho que nunca estive melhor. — ele continuou, com aquele seu sorriso.
Elise fitou-o, apanhada de surpresa pelas suas palavras inesperadas, e deixou que um longo suspiro lhe escapasse pelos lábios. Levantou-se, subtil e autoritária, e segurou no rosto dele, obrigando àqueles olhos acastanhados a não fugirem dos seus.
— Para a próxima, vê se não cais nas ladainhas de mais nenhuma víborazinha.
Ele bateu-lhe continência, sorridente e com um pedaço de bacon a caminho da boca, sabendo estar a irritá-la com a sua falta de seriedade no momento.
— Pode deixar, comandante.
— Chato. — ela reclamou, arreliada, um leve rubor escondendo-se nas suas bochechas.
Tyson não conteve o sorriso ao vê-la afastar-se e continuou na sua refeição, satisfeito e, pela primeira vez em vários meses, feliz.
Inatingível, talvez… mas não impossível. Afinal de contas, Tyson Granger não sabia o significado da palavra desistir.
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Fim
N/A: Notas a esclarecer antes das minhas notas finais.
- Tenho o headcanon de o Tyson ir estudar Artes. Rebuscado? Talvez, mas isso não muda o facto que ele, em V-Force, desenha cartazes à mão, muito bem feitinhos para um rapaz de 14 anos. 3
- Ahh e tal, a Elise sabe muita coisa. Pois sabe. Porém, não vou revelar a história toda dela aqui, nem os motivos para tal.
- Elise é uma personagem antiga minha e está a participar na fanfic da Ana, Beyblade – O Retorno. E não, ela não está livre para uso para além dessa fanfic. Isto foi… um acaso. Todas as personagens de "Em Busca de um Anjo" não saem de lá, nem das minhas mãos.
- Idades… de vinte para cima?
- Levar uma tampa é, segundo a minha fonte *cofcof*, o mesmo que levar um bolo. :/
E chegam de notas!
Bem, não sei o que dizer, espero só que tenham gostado. Nada a ver com esta série linda, mas, hey, quem liga? /o/ Obrigado a quem leu até aqui e, se puderem, que tal uma review? Bye!~
