Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem. Apenas adoro pegá-los emprestado!
Categoria: Romance/ Drama/ Pós-Ilha.
Censura: M
Sana/Smut
Sinopse: Ele a conheceu da maneira mais improvável possível e o que deveria ter sido um simples acordo pela sobrevivência em uma ilha deserta acabou se tornando muito mais do que isso. Após o resgate, eles se reencontram. Sawyer descobre que Ana-Lucia tem uma fantasia. Se ele for capaz de realizá-la, será que ela poderia transformar em realidade a maior das maiores fantasias dele?
Nota da autora: Os acontecimentos de Lost foram modificados aqui. O avião se despedaçou durante a queda, mas as partes da frente e de trás caíram muito próximas uma da outra. Portanto os tailes, sobreviventes da cauda, ficaram todos no grupo de Jack. Também não existiu fumaça preta ou Outros. A única dificuldade enfrentada pelas pessoas foi a sobrevivência na ilha.
Nota 2: Meninas achei essa fic perdida nos meus arquivos. Já estava quase terminada então resolvi começar a postar aqui. Espero que gostem. Beijos para todas.
Um Conto Sobre Algemas
Prólogo
Quando Sawyer sentiu o primeiro impacto da turbulência no voo que o estava levando deportado da Austrália de volta aos Estados Unidos, ele pensou consigo que nada poderia ser pior do que aquilo. Mas estava muito enganado. O horror que vinha pela frente só estava começando.
O avião inteiro começou a chacoalhar como se todos estivessem dentro de um liquidificador gigante. As máscaras para respirar caíram sobre seus rostos e Sawyer seguiu seu instinto de sobrevivência o melhor que pôde, pegando uma das máscaras e colocando sobre a face, forçando-se a se lembrar das palavras enfadonhas da aeromoça no início do voo sobre como deveriam usá-las.
No início, quando ele sentiu a força do oxigênio de emergência invadindo-lhe as narinas, pareceu ter funcionado. Entretanto, poucos segundos depois, tudo ao seu redor se despedaçava. Malas, cadeiras, janelas e até pessoas voavam para fora da aeronave em queda livre. Sawyer ouvia gritos de desespero, mas não havia nada que ele pudesse fazer, pois um daqueles gritos era o seu próprio, ensurdecendo-lhe os ouvidos.
Depois disso, tudo ficou escuro. Provavelmente ele tinha apagado, o que foi uma boa coisa já que o impacto do Oceanic 815 no mar deve ter sido terrível. Mas aos poucos, o escuro foi ficando mais claro, seus olhos enxergando um irritante tom de azul e verde, seguido por bolinhas coloridas de luz que lhe machucavam os olhos. Ele tentou respirar, mas uma grande quantidade de água salgada penetrou-lhe o nariz e ele quis tossir, mas ao fazer isso sentiu o sal em sua garganta. Queria gritar, mas não podia. Talvez houvesse uma saída para aquela situação, ele podia ouvir vozes ao longe, mas estava distante demais para que pudesse alcançar.
Então ele sentiu o corpo leve, como se estivesse sendo tragado pelo vento. Mas seu pulso doía de maneira incômoda, como se houvesse algo o apertando. Sawyer quis se queixar, mas novamente não pôde porque seus sentidos estavam fracos, a percepção desaparecendo.
De repente ele sentiu suas costas arranharem contra uma superfície arenosa e quente, e a dor em seu braço aliviou-se. O que o estava prendendo parecia tê-lo soltado. Mas agora havia um calor exacerbado em seu rosto que fazia sua pele arder devido ao sal do mar presente em seus ferimentos. Ele estava ferido podia sentir. Então por que não conseguia abrir completamente os olhos e se mexer?
- Fique comigo... – disse uma voz feminina suave, rouca e em tom tão baixo que parecia quase celestial. Sawyer ficou se perguntando por alguns segundos se estaria morto.
Embora não conseguisse se manifestar, ele sentiu desde o primeiro momento quando ela pousou seus lábios sobre os dele e encheu seus pulmões de ar, tentando trazê-lo de volta à vida.
- Vamos!- disse ela, dessa vez massageando com força o peito dele. Sawyer sentiu seu estômago revirar e uma ânsia de vômito atingi-lo em cheio. Finalmente ele conseguiu tossir e colocou uma enorme quantidade de água salgada para fora.
- Isso...isso mesmo... – dizia a mulher que o ajudava, batendo levemente em suas costas. Sawyer queria tanto olhar para ela, mas seus olhos ainda ardiam. – Agora respira devagar...bem fundo e você vai ficar bem...
Ele fez o que ela dizia e aos poucos começou a sentir a agonia em seu peito passar. Foi piscando devagar os olhos até conseguir abri-los. Apesar do esforço e da dor que sentiu ao fazê-lo, Sawyer não se arrependeu nem por um minuto de tê-lo feito.
Ela, a mulher que tão bravamente o retirara da água e o arrastara até a praia, salvando-o, sorriu para ele. Era um sorriso espontâneo. O mais belo sorriso que Sawyer via em muito tempo. Seus cabelos negros estavam revoltos pelo vento, a pele bronzeada marcada por pequenas escoriações, fruto do trágico acidente que sofreram.
- Você é tão...bonita... – ele conseguiu dizer, mas em seguida tossiu e colocou mais água para fora.
- O que você disse?- ela retrucou com uma sobrancelha erguida.
- Como ele está?- indagou uma voz masculina se aproximando deles. Sawyer tentou vê-lo, mas só conseguiu distinguir seu vulto alto diante deles. A visão ainda estava meio embaçada. Ele tivera sorte em poder vislumbrar a bela morena que o salvara.
- Acho que ele pode ter batido a cabeça com força.- respondeu ela ao homem.
- Ele precisa de água potável.- falou o homem e em seguida Sawyer sentiu que uma terceira pessoa molhava seu rosto com água mineral.
- Aqui, cara!- era outro homem quem falava, pela voz parecia ser mais jovem do que o anterior.
- Você é médica?- Sawyer escutou o homem mais velho perguntar à morena.
- Não.- foi tudo o que ela respondeu.
Depois disso, Sawyer precisou de algumas horas para se recuperar de tudo. Acabou dormindo embaixo de uma árvore para onde foi levado sabe-se lá por quem para que pudesse descansar. Sonhou o tempo inteiro com o rosto da morena que o salvara e quando acordou era só nela que conseguia pensar. Onde ela estaria?
O cenário que se descortinou a sua frente era caótico. Havia vários corpos espalhados pela praia e a fuselagem do avião ainda queimava. Ele cambaleou meio confuso entre as pessoas até que sentiu uma mão delicada em seu ombro. Era ela. Podia sentir.
- Você está se sentindo melhor?- ela perguntou.
- O quanto melhor alguém pode se sentir numa situação como essa?- Sawyer indagou se voltando para ela e ficando agradavelmente satisfeito ao ver que ela não tinha apenas o rosto bonito; seu corpo parecia o de uma atleta, com curvas generosas. Sua visão beneficiada pelo top preto curto que ela usava com uma calça jeans justa e de cós muito baixo.
Ela sorriu para ele novamente e estendeu-lhe a mão.
- Sou Ana-Lucia.
- Sawyer!- ele respondeu segurando a mão dela, aparentemente sem conseguir esconder o quanto estava extasiado em conhecê-la porque ela deu uma risadinha baixa e em seguida disse:
- Eu gostaria de dizer que é um prazer conhecê-lo, mas nessas circunstâncias...
- Então você é salva-vidas?- ele provocou.
- Não sei ao certo se esse é o termo exato que se aplica a mim.- respondeu ela depois de alguns segundos de silêncio. – Que bom que está bem, homem!- Ana acrescentou e o deixou sozinho.
Nos próximos dias, ele a viu se dedicar a ajudar o homem que se tornara o mais importante dentre todos do acampamento. Jack Shephard. O mesmo homem que sugerira que dessem água potável para ele quando Ana o trouxe de volta a vida. Ela, Jack e outros, como um padre chamado Eko, Boone, um playboyzinho, Sayid, um ex-soldado iraquiano e Kate, a garota bonita e misteriosa que se envolvia em qualquer aventura pela ilha que alguém sugeria. Todos eles se preocupavam em cuidar dos feridos, arranjar água potável para o acampamento e comida para que eles se alimentassem, enquanto esperavam pelo resgate que nunca chegava.
Sawyer não contribuiu com muita coisa para formar o acampamento dos sobreviventes, ele reconhecia. Ajudar nunca fora de sua natureza. Ele era mais do tipo comerciante, você quer uma coisa, então o que pode me dar em troca? Achava o altruísmo uma perda de tempo. Mas ele gostava de observar o empenho de Ana-Lucia em cuidar das pessoas e por vezes invejou o altruísmo dela.
Muitos dias se passaram e Sawyer foi aprendendo a conviver com todas aquelas pessoas de diferentes nacionalidades, idades, personalidades e culturas. Não era tarefa fácil e ele acabou ganhando muitas inimizades durante todo o tempo em que permaneceram naquela ilha, mas realmente não se importava com isso desde que ela estivesse por perto.
Sawyer nunca dava nada de graça a ninguém. Água, remédios, comida, roupas. Tudo o que ele conseguira catar nas malas abandonadas pela praia trocava por bebidas, comida, mais água e até por revistas pornô, mas para Ana-Lucia qualquer coisa que precisasse era de graça. Bastava que ela lhe pedisse.
Eles costumavam conversar todas as noites antes de dormir. Por vezes discutiam. Ana era muito teimosa e Sawyer um aproveitador, mas no final não havia companhia melhor para eles. Sentiam necessidade de ficar juntos e essa necessidade crescia a cada dia que passava.
Ela era policial, ele soube depois. Ele era um golpista fichado pela polícia, ela soube depois. Mas naquela ilha coisas como essas não importavam. Existia apenas o homem e a mulher que se queriam.
Sawyer jamais tinha se dedicado a uma alguém daquela maneira antes e Ana jamais confiara suficientemente em um alguém, mas o enlace dos dois foi inevitável. Uma noite, Ana não conseguia dormir. Estava muito calor e havia mosquitos demais em sua tenda. Inquieta, ela resolveu ir atrás de Sawyer. Talvez os mosquitos fossem apenas uma desculpa. O que ela queria mesmo era ficar com ele.
Quando ela apareceu em sua barraca no meio da noite, Sawyer estava lendo um dos livros que encontrara em uma das malas abandonadas à luz de uma lanterna. Ao vê-la, ele sorriu preguiçosamente e disse:
- O que está fazendo aqui, Lucy? Precisando de alguma coisa?
Ela deu um largo sorriso e respondeu:
- Na verdade eu preciso sim.
- O quê?- ele sentou-se em sua cama que era metade areia, metade almofadas retiradas das poltronas do avião.
Apesar do que sentiam um pelo outro, nada de físico acontecera entre eles ainda. Embora Sawyer fosse cínico o bastante para jogar indiretas para ela o tempo inteiro, Ana-Lucia era reservada demais com seus próprios sentimentos. Mas não naquela noite.
Ela se ajoelhou diante dele e sem nenhum aviso retirou sua blusa por cima da cabeça. Não usava sutiã. O queixo de Sawyer quase caiu, mas ele conseguiu mantê-lo no lugar a muito custo.
- Uau!- foi tudo o que ele conseguiu dizer.
- O que você acha?- ela perguntou, obviamente sua pergunta tinha duplo sentido.
Sawyer deu um sorriso safado e chegou bem pertinho dela.
- Eu acho que preciso te beijar.
- Beije-me então.- disse ela sentindo Sawyer enfiar as mãos em seus cabelos antes de unir seus lábios aos dela num beijo lento e macio. Primeiro os lábios só roçaram, mas logo Ana sentiu a língua de Sawyer a provocando, pedindo permissão para entrar.
Ela gemeu quando ele colocou a língua em sua boca, brincando com a dela ao mesmo tempo em que ambas as mãos dele lhe agarravam os seios, pressionando-os. Ana o empurrou na cama e o despiu por inteiro, maravilhando-se com a beleza masculina do corpo dele.
- Acho que valeu muito a pena te salvar... – brincou ela, beijando o pescoço e o peito dele.
- E eu acho que valeu muito a pena ter sido salvo por você.- ele acrescentou trocando de posição com ela e terminando de despi-la.
Naquela noite, a primeira de muitas outras, eles se amaram ternamente, sem nenhuma pressa, depois dormiram abraçados sem se preocuparem em cobrir-se devido ao intenso calor da ilha. Foi a primeira vez em que Sawyer desejou que o resgate nunca viesse para mudar o que estava acontecendo entre eles porque ele sabia, que uma vez que estivessem de volta à civilização, as coisas mudariam. Ela era a mocinha e ele o bandido. Poderia um amor como esse sobreviver às normas sociais?
Sawyer não queria nem pensar nisso e durante todo o tempo em que permaneceram naquela ilha paradisíaca, mesmo na situação precária em que viviam, ele estava feliz. Tornaram-se inseparáveis então, diante de todos. Jack, o médico, pareceu surpreso quando os viu juntos. Eles eram completos opostos, mas totalmente atraídos um pelo outro.
Foi por isso em que no dia que o resgate veio, três meses depois, Sawyer temeu perdê-la. Ele não tinha escolha. Assim que retornassem, ele teria que resolver seus problemas com a justiça e Ana-Lucia retomaria seu lugar como policial. Eles estariam em lados opostos e isso os faria sofrer. Sendo assim, era melhor que eles terminassem antes mesmo que o barco de resgate ancorasse na primeira ilha habitada, que os levaria de volta à civilização.
Ana não fazia ideia dos pensamentos dele. Estava feliz porque iriam embora daquela ilha e ela veria a mãe novamente. Mas não passava pela cabeça dela deixar Sawyer. Por isso ela estranhou muito quando o viu no convés sozinho e quieto, observando o mar.
Ela caminhou até ele e o abraçou por trás, pousando seu rosto contra as costas dele.
- Hey, você não parece feliz.- disse ela. – Estamos voltando pra casa, baby!
- Você está voltando pra casa, Lucy.
- Como assim?- ela questionou.
Ele virou-se para ela.
- Você tem sua mãe, Ana. Tem sua casa, seu emprego. Eu não tenho nada.
- Você tem a mim... – disse ela beijando-o nos lábios. Sawyer não a beijou de volta, o que fez Ana sentir um vazio começando a se formar em seu peito.
- Você me salvou, Ana-Lucia. De tantas maneiras que você nem pode imaginar. O que vivemos nessa ilha foi...
Ela franziu o cenho. Atitude que lhe era muito peculiar.
- Por que está falando no passado? Nós ainda podemos viver muita coisa fora da ilha! Temos a vida inteira pela frente.
- Você merece coisa melhor do que um maldito golpista!- ele fez uma pausa e então continuou: - Lucy, eu te contei tudo sobre mim. Você sabe que tipo de homem eu sou! O que a sua mãe iria dizer sobre se envolver com um homem assim?
- Eu já sou bem grandinha, Sawyer. Sou eu quem escolhe meus namorados, não a minha mãe. E eu tinha plena consciência do que estava fazendo quando entrei na sua barraca aquela noite e tirei a minha roupa. Eu queria você, Sawyer, apenas você...
Naquele momento Sawyer fraquejou. Ele também a queria, mas sabia que fora da ilha as coisas seriam diferentes. Tinha certeza disso. Ele não era bom o bastante para uma mulher como ela e Ana-Lucia logo descobriria isso. Não iria agüentar um só olhar de desprezo dela.
Ele a abraçou bem forte e então a beijou como se fosse o último beijo de suas vidas. Quando eles se afastaram, Sawyer tomou a mão dela na sua e a beijou antes de dizer:
- A gente se vê por aí, Lucy!
Ana não podia acreditar naquilo. Ficou lá parada. Completamente estática vendo-o se afastar dela. Quando o navio atracou, ela pensou em procurar por ele e conversar, mas acabou desistindo porque estava zangada demais. Ele não tinha o direito de fazer aquilo com ela. Não depois de tudo o que acontecera entre eles na ilha.
Continua...
