Disclaimer: Nada é meu, só peguei emprestado.


Eu confesso

– Confesso que me agrada a literatura trouxa mais que a bruxa e acho que nunca disse isso à ninguém. Os livros técnicos e os periódicos tomam a maior parte do meu tempo de leitura, mas quando quero relaxar, pego um romance trouxa.
– Confesso que realmente me cansei de tirar figurinhas de mim mesmo nesses sapos de chocolate.

Ela lhe apontou o indicador, em uma acusação leve.

– Não pode confessar algo que eu já saiba.
– Como sabe disso?
– Fez a mesma confissão há duas semanas.
– Ah! – ele riu, fazendo uma careta – Muito bem. Eu confesso que todas as minhas roupas de baixo são coloridas. Algumas são até mesmo estampadas.
– Eu sempre suspeitei. – ela sorriu – Confesso que meu dia favorito da semana é a terça-feira, porque é quando sentamo-nos para jogar Xadrez e depois o Jogo das Confissões, compartilhando com você minha semana, meus pensamentos...

Os olhos dele brilharam de encantamento. Brincou mexendo os dedos dos pés dentro das botas, sem tirá-las do lugar.

– Confesso que não gosto tanto assim de batatas.
– Confesso que sempre gostei muito de Sir Cadogan, por mais que repita o quão excêntrico ele é.
– É mesmo? É bom saber que simpatiza com sujeitos excêntricos. Pois confesso, por exemplo, que sempre durmo nu.

Ela não pode conter um riso.

– Dorme nu? Pelas barbas de Merlin, não precisava ter me dito isso, Albus. Primeiro fala de sua roupa de baixo, agora de roupa nenhuma. Onde está querendo chegar, diretor? – ela sempre se divertia com ele, era inegável.
– Ah, sinto muito, minha cara. O problema é que não há muito sobre mim que eu já não tenha lhe dito. Depois de tantos anos, esse jogo está ficando difícil para mim.

Ela sorriu.

– Confesso que também não tenho muito mais a confessar e não sei por quantas outras terças-feiras mais poderemos jogar esse jogo.
– Nunca me disse se tinha tios ou tios-avós. Não sei qual é a lembrança mais antiga da qual se lembra e... ah! Nunca falou sobre sua roupa de baixo.
– Quer que eu confesse algo? Realmente quer?

Ele sorriu, aguardando a confissão. O jogo ficaria sério?

– Eu... gosto de seus drops de limão.

Ele abriu a boca por um momento, surpreso e admirado. Em seguida sorriu como quem tinha ganhado o dia.

– Uau.
– Sim, eu não esperava ter de admitir isso, mas é verdade. Tenho alguns no meu quarto. Entretanto só os tiro da gaveta à noite, quando estou absolutamente sozinha, já para me deitar.
– E como eles lhe fazem se sentir?
– Bem, eles são doces, levemente cítricos...

Não. Não, não não. Não era essa a resposta que ele queria, sorriu de leve enquanto tomava coragem para a pergunta específica. Seria muita ousadia?

– Fazem você lembrar de... mim?

Silêncio. Ela suspirou, um pouco encabulada. Tentou não pensar. Deixou simplesmente as palavras saírem. Sentia que se realmente pensasse no que estava prestes a fazer, acabaria por desistir.

– Sim, eles fazem. Têm o seu cheiro e o gosto que imagino que tenha a sua boca.

Fitaram-se por um momento. Ela corou profundamente, perguntando-se se aquele fora o maior erro da sua vida, como de repente parecia.

– Confesso – disse Albus, lentamente, encarando-a nos olhos – que amo você, Minerva.

Ambos, com os corações cheio de uma emoção quente e macia, sorriram levemente. Talvez pudessem pensar em algo para substituir o Jogo das Confissões das terças-feiras.