Disclaimer: algo é meu, mas todo o resto é seu, na verdade.
Anos Dourados
Pode ter sido porque eles começaram a freqüentar os mesmos grupos. Começou quando ela contava histórias para outras pessoas, olhando pra ele de quando em quando em busca de conforto e segurança. Quando ele ria, escondendo o rosto vermelho no pescoço dela e ela ria junto sem conseguir parar. Quando ficar com ele era a parte mais prazerosa do dia e quando eles passaram a conversar mais. Quando algo acontecia e eles trocavam olhares simultâneos de compreensão. Ela não sabe como começou exatamente, mas foi devagar e de um jeito estranho. Às vezes a mão dela toca o antebraço dele sem querer.
E era comum de qualquer forma. Era perceber que mesmo com tudo dando errado e com a guerra, ela ainda podia rir das piadas dos marotos e que essas coisinhas pequenas ainda significavam tanto. Então ela não se importou quando os dois acabaram sozinhos e sem sono (ainda que ela achasse que Remus, Peter e Sirius não estivessem com sono quando subiram para os dormitórios) no salão comunal, com seu rádio trouxa tocando músicas animadinhas. Ela nem soube bem como eles acabaram dançando juntos. Por que era tão difícil perceber o começo das coisas perto dele? Como ele podia ser tão desajeitado e elegante ao mesmo tempo? E então houve aquele momento em que a mão dele esbarrou no rosto dela (como ele conseguiu tal proeza?), como num tapa sem a força, os dedos na maçã do rosto. Ela viu exatamente como ele ficou meio desconsertado e sem reação, a boca entreaberta num pedido mudo de desculpas. Ele arregala um pouco os olhos, assustado, o olhar que eles trocam é de incompreensão dessa vez, e ela está com um sorriso congelado no rosto antes de ficar na ponta dos pés para, com um impulso, beijá-lo.
A noite estava mesmo muito bonita e ela não tinha certeza de qual dos dois aprendeu uma lição.
