Disclaimer: Nada é meu, só peguei emprestado.
Aliens
– Minerva?
A bruxa abaixou o exemplar do jornal e olhou-o através das lentes quadradas de seus óculos. Albus Dumbledore estava encostado à janela, apoiando-se com os braços de forma tranquila. Ele observava o céu com certa fascinação, ao mesmo tempo que a face do homem revelava se tratar de um daqueles momentos em que ele se entregava à suas idéias mais ousadas, deixando-se levar por elas total e completamente. Estava pensativo e curioso quando se voltou à bruxa sentada na poltrona.
– Acha que há pessoas nos outros planetas?
Ela levantou uma das sobrancelhas.
– ...não.
– Acha então que estamos sozinhos?
– Você acha que está sozinho?
Ele sorriu.
– Eu já estive sozinho. Não mais. Mas não estou falando de mim, como indivíduo, e sim de nós, toda a vida da Terra. Não só os bruxos ou trouxas, e tampouco só a humanidade. Também incluo os animais, as plantas, e outros tipos de criaturas que possa haver por aí. Acha que estamos sozinhos no Universo?
Esse não era o tipo de assunto favorito à Minerva, tampouco tinha opiniões realmente sólidas sobre isso.
– Eu acho... que há mais... criaturas. Mais vida, ou como quiser chamar. O universo parece muito grande para que estejamos sós, para que a oportunidade de gozar de uma vida tenha sido dada apenas à nós. Se é que não existem outros universos, outras realidades, eu não sei. Mas eu realmente ficaria surpresa se encontrasse pessoas, como nós, bruxos ou trouxas, em outros lugares que não neste planeta.
– Acha que podem vir até a Terra?
– Os...
– Alienígenas.
– Por que viriam?
Ele sorriu. Não sabia explicar. Voltou novamente o olhar para fora, para o céu estrelado daquela noite escura. Uma brisa leve chacoalhava as árvores lá fora. Estava tudo quieto.
– Minerva... acha que pode haver outro Albus em algum lugar? Às vezes me pergunto como seria se eu tivesse agido de modo diferente aqui e ali. Talvez outro Albus pudesse ter agido de uma outra forma... talvez pudesse ter agido melhor, cometido menos erros durante a vida...
– Não acho que seria você se tivesse agido de outro modo diante das situações que se apresentaram a você. E não acho que possa haver em algum lugar lá fora, seja verde, azul ou lilás, alguém tão especial quanto você. Eu não sei se... – ela pôs finalmente o jornal de lado, desistindo de retomá-lo. Levantou-se e foi até ele, enquanto continuava a falar – ...estamos sós ou não. Acredito que não, embora não pense muito nisso. Mas não acho que vá algum dia aparecer qualquer tipo de alienígena... – ela sorriu de leve, divertindo-se com essa palavra – ...à nossa porta. Devem, todos eles, estar cuidando de suas próprias vidas.
Ela colocou a mão sobre a mão dele, voltando-se também, como o diretor, para o céu negro, todo salpicado de prata. Focou-se na lua, em especial, crescente e luminosa.
– Não existe "se", Albus. Existe o que somos, e existem as decisões que tomamos. Não é você mesmo que o diz? Auto-flagelar-se com a culpa não fará as coisas diferentes do que são, ou você diferente do que é. Todos cometem erros ao longo da vida, isso faz com que cresçamos. Se quer saber, você é a criatura de quem eu mais gosto, a minha favorita, incluindo animais, vegetais e qualquer outra coisa, e não sei se gostaria tanto de você se fosse alguém diferente.
Ele riu-se. Tomou a mão dela e levou aos lábios, dando um leve beijo em seus dedos longos e magros. Ficaram ambos perdidos nas estrelas do céu por vários minutos, sem dizer nada.
– Você também é a minha criatura favorita, Minerva.
