Disclaimer: não são meus!
"Esteja certa de que a vida nos atende constantemente; imprescindivel, porém, fazermos silêncio no mundo de nós mesmos, não só para ouvir as respostas que procuramos, mas também para aceitá-las, reconhecendo que as respostas são sempre em nosso favor, conquanto, às vezes, de momento, pareçam contra nós."
-It's late at night and neither one of us is sleeping
I can't imagine living my life after you're gone
Wondering why so many questions have no answers
I keep on searching for the reason why we went wrong -
Ferida. Era assim que se sentia. Ferida, machucada, sangrando. Como se tivesse sido atingida em cheio por uma faca, no coração. E ele estava causando isso nela. Logo ele. Seu príncipe. Aquele a quem ela tinha amado mesmo antes de saber o que era o amor. Aquele por quem ela tinha lutado, de tantas maneiras diversas. Aquele por quem ela tinha se arriscado, aquele que ela havia defendido tantas vezes. Harry.
Olhou mais uma vez para o pergaminho. Não queria acreditar, mas não podia parar de ler aquela frase. Aquela maldita frase. A frase que tinha reduzido todos os seus sonhos a pó.
Sentiu as lágrimas invadindo seus olhos com a força brutal de um raio em meio a uma tempestade. A tempestade de dor que dilacerava todas as células do seu corpo. E doía, Deus, como doía. Uma dor tão forte que chegava a ser física. O pulso acelerado, o ar não entrando em seu pulmão. E uma imensa vontade de gritar, pro mundo todo ouvir como ela se sentia naquele momento. Um sentimento que ela daria tudo, para parar de sentir e nunca mais sentir de novo.
O desespero bateu nela de forma tão arrasadora que ela não se sentia mais parte do seu próprio corpo. Mas ela não se importava. Naquele momento nada importava mais para ela.
Tinha tudo sido em vão. E ela não conseguia imaginar o que seria dela dali para frente. Por que? Por que assim, por que daquele jeito?
Deixou-se levar pela dor que sentia, sem se importar com o que ele poderia achar. Ela chorou; um choro de dor emanando do fundo da alma. Um choro de um sofrimento nunca antes sentido.
Ele a tinha enganado, brincado com ela. Traído o amor que ela sentia. Pelo que? A troco do que?
"Como você pode fazer isso comigo?" – ela perguntou de novo. Ele não respondeu. Não a encarou também. Não existia uma resposta para aquilo. E mesmo que existisse, não ia fazer o coração dela parar de sangrar. Nunca. Nunca mais ela teria seu coração inteiro. O menino que sobreviveu a estava matando. Da forma mais doída que ela poderia imaginar.
"Eu não queria que você tivesse visto. Eu tentei queimar isso para você não ver, mas você foi mais rápida do que eu." - foi tudo que ele disse, os olhos baixos, envergonhados.
Ela não conseguia controlar as palavras. Nem as lágrimas. Ela o puxou para perto. Queria que ele olhasse nos olhos dela.
"Era assim que você queria ficar sozinho? É isso que você chama de ficar sozinho? Por que, Harry?"
- Where is our yesterday
You and I could use it right now
But if this is goodbye... -
"Eu não sei. Eu fiz uma escolha e a minha escolha não foi você." – ele disse. Como ele poderia ser assim tão frio? Ele não estava falando sobre uma coisa qualquer. Ele estava se referindo a ela. A eles dois. Como ele poderia falar aquilo daquele jeito?
"Por Merlin, Harry. Por que? Você disse que precisava ficar um tempo sozinho. Você me disse que precisava ficar sozinho para ser alguém bom pra mim. Para ser o homem que eu mereço." – falar doía. Gina sentiu as bochechas esquentando, ao mesmo tempo que sentia as mãos frias segurando o pedaço de papel.
"Eu realmente precisava. Eu não menti quando disse aquilo. Eu não menti em nada do que te disse até hoje. Eu só...eu não sei explicar, Gin." – ele a encarou, perturbado.
Mas ele não tinha o direito de se sentir perturbado. Ele não tinha o direito de olhar pra ela com preocupação.
"Que porra de escolha foi essa? Como você pode escolher alguém como ela?" – ela precisava ouvir. Não se importava com a resposta dele. Nada mais poderia machucá-la. Não mais do que já tinha machucado.
"Ela não tem um quinto do seu caráter. Ela não é pra mim o que você é. Ela não foi a amiga nem a namorada que você foi pra mim. Mas eu escolhi isso. Eu escolhi ela. Você precisa entender." – ele disse.
Ela riu. De desespero. Ela não precisava entender nada. E ela não iria entender, porque toda palavra que saísse da boca dele, a partir daquele momento, seria uma mentira. Como tudo o que eles tinham vivido até ali. Mesmo depois disso, ele ainda tinha a cara de pau de falar pra ela o quanto ela era melhor pra ele. Quem ele era? De quem eram aqueles olhos verdes que olhavam dentro dela?
"Ela não me conhece como você. Ela não sabe da minha vida como você sabe. Eu nunca consegui conversar com ela como eu consigo com você. Ela é confusa. Ela não me deixa seguro, como você deixa. E eu – ele respirou fundo antes de continuar – eu acho que é isso que eu quero. Depois de tudo, eu escolho viver inseguro."
Ela estava errada quando pensou que ele não poderia mais machucá-la.
"Eu sei que eu vou me arrepender, eu já estou quase arrependido, mas por enquanto..." – ele sentiu o rosto arder. Ela tinha lhe dado um tapa.
"Eu preferia ter morrido naquela maldita guerra. Eu devia ter morrido antes de deixar você entrar na minha vida. VOCÊ NÃO DEVIA TER ME TIRADO DAQUELA MALDITA CÂMARA." – ela gritou.
Dessa vez, ela sentiu o rosto arder. Ele tinha retribuído o tapa. De leve, mas tinha.
"Se você tivesse morrido por minha causa, eu nunca iria me perdoar." – ele disse, mas ela não sabia dizer se ele soava ofendido ou magoado. De qualquer forma, ele não tinha o direito de sentir nenhuma das duas coisas.
"Pare – ela o interrompeu, selando a boca dele com o dedo indicador dela – pare. Vai embora. Me deixa."
Ele não demorou a atender o pedido dela. Virou-se e saiu. Não tinham mais o que conversar. Ele não mostrava arrependimento. Ele não mostrava compaixão. Ele não mostrava nada. Ele não era quem ela acreditou que ele fosse, por tantos anos. Ele não tinha aprendido nada com o sofrimento dele. Era só um moleque imaturo e idiota. Que fazia constantes escolhas erradas. Ele escolheu errado todas as vezes que disse que a amava. Escolheu errado quando quis terminar o namoro deles. Escolheu errado ao dizer, novamente, que a amava, mas precisava ficar sozinho um tempo. Escolheu errado quando se encontrou com a antiga namorada. Escolheu errado quando não teve o cuidado – ou não se importou o suficiente – para esconder isso dela. Não seria diferente agora. Ele escolheu o caminho dele. E ela deveria aceitar o fato de que esse caminho não a incluía.
Olhou mais uma vez o papel, agora amassado, em suas mãos. Eu amo você, Cho. Olhou pra frase que a destruiu, pela última vez. Depois, atirou o papel no fogo que queimava o resto da carta que Harry estivera escrevendo para a antiga namorada. E viu, nas chamas, o último reflexo do seu coração destruído.
Sentou no chão ao lado do fogo e chorou. Mais uma vez. Como tinha feito tantas outras vezes por ele. Ela não podia entender como amava tão profundamente alguém que estava causando esse sofrimento nela. Não sabia se algum dia iria entender. Não sabia se algum dia iria perdoar. A única coisa que sabia, naquele momento, era que o ar não entrava em seu pulmão e a garganta explodia em dor pelo choro que tentava sair desesperadamente de dentro dela. Mas ela não se importou; naquele momento, morrer era a melhor coisa que poderia acontecer pra ela. Morrer para nunca mais sentir aquela dor. Mesmo sabendo que, aquele por quem ela chorava, não merecia nada disso. Nem a morte dela. Nem suas lágrimas. Nem, tampouco, seu sofrimento.
- Here we are about to take the final step now
I just can't fool myself, I know there's no turning back.
Face to face it's been an endless conversation
But when the love is gone you're left with nothing but talk.
I'd give my everything
If only I could turn you around
But if this is goodbye.. -
Intimamente, ela rezou para que ele percebesse a besteira que estava fazendo. Nunca ninguém iria amá-lo como ela. Ninguém iria cuidar dele como ela fazia. Ninguém ficaria ao lado dele, como ela. E mesmo sangrando, ela o aceitaria de volta, se ele percebesse isso a tempo. Se ele entrasse de novo pela porta pela qual tinha acabado de sair. Ele só precisaria abraçá-la e beijá-la e ela o aceitaria de volta. Ele nem precisaria pedir desculpas ou explicar o quanto ele esteve enganado.
Mas ele não voltou atrás. Ele não se arrependeu. Não enquanto ele podia ter feito, naquele instante. E nem durante os próximos dias. E ela ficou ali, no chão. Chorando, sangrando e amaldiçoando o dia em que ela o conheceu. O dia em que ela permitiu que ele entrasse na vida dela. O momento em que ele derramou sobre ela todas aquelas palavras de amor. O momento em que ela se apaixonou pelo menino carente e tão necessitado de alguém para confortá-lo. Mas acima de tudo, ela amaldiçoou a ela mesma, por ter se deixado enganar. Os sinais sempre estiveram na frente dela, a encarando. Ela só estivera cega demais para perceber. Ela quis acreditar que o amor que ela sentia por ele seria suficiente para eles dois.
Mas agora, o chão frio em que ela estava sentada, a fez perceber a realidade. Gina sentiu, ali, toda a dor do mundo concentrada em seu corpo. E percebeu o quanto estivera enganada. A realidade batendo em seu rosto, dura, cruel. Harry nunca a tinha amado. Ou talvez tivesse. Mas isso era irrelevante: ele tinha voltado para seu antigo amor. Tinha passado por cima dela, sem se importar em como ela se sentiria. Tinha jogado tudo fora: a amizade, o amor, a lealdade, a confiança, o companheirismo, a cumplicidade. Tudo aquilo que Gina mais prezava e que acreditava cegamente existir entre eles dois. O que os fazia tão perfeitos juntos. Acabado, destruído.
- Just take my heart when you go
I don't have the need for it anymore
I'll always love you, but you're too hard to hold
Just take my heart when you go -
Estava feito, e daquele momento em diante, ela sabia, o dano causado dentro dela seria irreparável.
N/A: A música da fic se chama 'Just take my heart' e é do Mr. Big. É linda, vale a pena ouvir. Mas eu sou suspeita pra falar, porque eu adoro essa música. Não coloquei a tradução, nem a música completa. Mas é só porque no momento, não estou muito no clima pra mexer nela. So sorry. Se alguém quiser a tradução, eu posso mandar por email. ; )
