Harry acordou mais cedo do que o normal naquele dia. Não sabia o porquê, mas logo percebeu que o cheiro das deliciosas panquecas de Ginny vinham da cozinha no andar de baixo. Achou estranho a esposa já estar levantada aquela hora, mas, ao se virar e deparar com os cabelos ruivos de Ginny, ele percebeu que não era ela que estava cozinhando.
Curioso, e até um pouco preocupado, Harry desceu as escadas do número 14 da pequena rua em Godric's Hollow. Ao abrir a porta que levava até a cozinha, Harry viu os três filhos, James, Albus e Lily, cobertos por farinha e chocolate.
- Pelas barbas de Merlin! Que bagunça é essa? O que é que vocês estão fazendo?
Os três levaram um susto com a repentina aparição do pai.
- Falei que você ia acordar ele! – brigou James – Eu disse para você tomar cuidado, Albus!
- O que você queria que eu fizesse? – Defendeu-se Albus.
- Ei! Parem de brigar vocês dois, assim vão acordar a sua mãe!
- Estamos fazendo panquecas, papai, queríamos fazer uma surpresa para você e pra mamãe – falou Lily, afim de acabar com a discussão.
- É, e não podemos usar magia – completou James um pouco emburrado – Então temos que fazer como os trouxas...
- Mas acho que é assim que deve ser feito – e, antes de alguém fazer alguma pergunta, ele continuou - Não sei porque, mas não acho que seria certo usar magia...
Harry não fez nenhuma pergunta, entendia o que o filho queria dizer, ele mesmo já havia sentido isso muitos anos atrás, quando precisou enterrar Dobby, o elfo doméstico livre que fora amigo de Harry.
- Bom, vejo que vocês estão lidando muito bem com a situação – as crianças pareceram surpresas com a compreensão do pai -, mas, se precisarem de alguma coisa ou quiserem ajuda, estarei no meu quarto, para impedir que a mãe de vocês desça e veja essa bagunça...
Ao sair, Harry ouviu os filhos continuarem a seguir a receita. Chegou no quarto admirou a foto que estava em cima da mesa de cabeceira,ao lado do retrato dos seus pais, nela havia a família feliz, James estava ao lado de Albus, provocando ele. Ginny abraçava Harry, enquanto Lily sorria feliz ao lado dos irmãos. Harry se deitou e ficou ouvindo de longe as panelas batendo.
Harry acordou em um pulo com a algazarra das crianças entrando no quarto. Olhou pro lado e percebeu que Ginny também levantara assustada. As três crianças entraram carregando uma bandeja com umas dez panquecas cobertas de chocolate por cima.
A família tomou o café-da-manhã e logo todos estavam se arrumando para sair. Com as roupas de trouxas todos entraram no carro. Harry acomodou os dois malões e as gaiolas com as corujas no porta-malas.
- Pegaram tudo? – Ginny perguntou ao sair de casa.
Todos afirmaram positivamente, mas mesmo assim tiveram que voltar três vezes pra casa, Albus esquecera primeiro o seu cadeirão e depois seu relógio e James esqueceu o seu bisbilhoscópio.
- Não vamos mais voltar! Então tenham certeza que pegaram tudo! – falou Harry, que já não agüentava repetir o caminho até a saída da vila. – Vamos, senão chegaremos atrasados!
O caminho até a estação era longo. Durante o percurso, James contou ao irmão mais novo como era o castelo de Hogwarts. Albus parecia muito entusiasmado, e fazia um milhão de perguntas aos mais velhos.
James aproveitou a situação para pentelhar um pouco o irmão.
- Ah, e tem as casa, é claro. Tem a Grifinória, que, sem dúvidas é a mais legal de todas, onde ficam as pessoas corajosas, mas você pode cair na Lufa-Lufa, que não é grande coisa, tem também a Cornival, que, na minha opinião é mais legal que a Lufa-Lufa, sabe, as pessoas são mais legais... – Harry olhou pra Ginny e ela respondeu o olhar. Harry pensou em Cho Chang e ele sabia que Ginny tinha pensado em Miguel Corner - ... e tem a Sonserina, que é a pior, onde todos os bruxos que são do mal estudaram. Sabe, você pode ser selecionado pra Sonserina, não acho que seria um grande problema...
- Eu não vou pra Sonserina.
- Eu só falei que você pode ir pra lá... não fique tão bravo, Al!
Mas o irmão já estava vermelho.
- Eu não estou BRAVO! – gritou o irmão.
- Calma ai, Al, com essa atitude você pode mesmo ir para a Sonserina! – implicou o irmão.
- Eu não vou para a Sonserina! – gritou o mais novo.
- Parem já! – obrigou o pai.
- Mas eu não estou fazendo nada, pai. Só estou falando que ele talvez vá pra lá, existe essa possibilidade, não? Ele pode ir pra lá tanto como ir para a Lufa-Lufa, a Cornival ou pra Grifinória...
- James Sirius Potter, pare de implicar com o seu irmão. – impôs a mãe.
O filho emburrou e olhou para fora da janela. Londres começou a parecer ao fundo.
- Estamos quase chegando! – falou Lily entusiasmada.
Ao entrarem no estacionamento da estação King's Cross, Harry começou a procurar uma vaga. Achou uma perto da plataforma, teve dificuldade pra fazer o seu carro caber nela, então James começou:
- Eu poderia usar um feitiço para te ajudar...
- Mas você é menor de idade e não pode fazer isso. Além do mais não podemos usar magia perto de trouxas...
Porém, enquanto Ginny falava, Harry, silenciosamente, enfeitiçou um dos carros e, sem a mulher perceber, o carro encolheu, dando mais espaço a Harry, que pode entrar facilmente com o carro na vaga.
