Um reflexo tem seus sentimentos...

Era tarde, entrava muita claridade no bolso de minha mestra, mesmo com aquele casaco pesado. Eu estava querendo dar uma volta... Afinal, ficar trancanda em forma de carta não é divertido!! Mas eu obedecia a minha mestra e sairia dali apenas se esta me ordenasse.

Sakura parou de andar, eu pude sentir. Talvez porque eu e o resto das cartas nos "trombamos" dentro do bolso... Logo em seguida ouvi vozes. Uma masculina e outra feminina. Ambas MUITO conhecidas. Sakura e seu amigo, que se não me engano devia ser outro card captor, Shaoran estavam conversando. Mas... Sobre o quê?

Senti um puxão repentino e a claridade da tarde encheu meus olhos. Sakura fez o encantamento, logo em seguida o báculo mágico em forma de estrela apareceu. Ela fez o mesmo discurso de sempre. Em poucos instantes, eu era a verdadeira cópia de Sakura. Ela me pediu:

- Olha, surgiu uma emergência. Você vai ter que sair com o meu irmão esta tarde, viu? Quero dizer, você vai ter que escolher o presente do meu pai... â€" eu senti minha face queimar, mas não tinha controle...

- Sakura!

- Já vai Shaoran! Bom, escolhe um presente legal pro meu pai de aniversário, viu? E atura meu irmão, só dessa vez!

Sorri.

- Claro!

- Ah, brigada! Tchau!

Sakura gritou: "Alada", e montou no báculo, levando atrás o garoto. Encostei no portão da escola... Passar a tarde com o Touya! Aiai... para quem estava querendo apenas passear... Saiu melhor que a encomenda!

Passos. Fortes, bem decididos. Me virei e, olhando para cima, um rapaz me fitava. Com aquele olhar característico dele. Touya... O meu coração batia mais rápido quando ele estava por perto. Sorria mesmo sem querer e sempre me parecia que faltavam as palavras...

- Deixa eu adivinhar, não fale nada. Outro problema urgente e ela pediu para você assumir o lugar?

Eu senti calafrios só de ouvir a voz dele. Confirmei, trêmula, com a cabeça. Ele disse:

- Vamos, temos que comprar o presente do meu pai. Mas só uma coisa: sem formalidades, certo?

- Cer-certo.

Ele sorriu. O sorriso retraído dele, mas sorriu. Toda a minha energia foi direcionada para as minhas pernas, para que eu não desmaiasse. Ele estendeu sua mão para mim:

- Vamos?

Segurei na mão dele. Ele pareceu notar o meu nervosismo, apertando a minha mão mais forte, como se dissesse "não há nada a temer". Começamos a descer a rua tranquilamente, em direção às lojas no centro da cidade. Foi uma tarde linda.

Soltei-me da mão dele, rodopiando e depois parando em frente à uma vitrine de uma loja. Era uma loja do gênero de couros. Uma pasta linda, de couro preto, com fechadura e detalhe na alça dourados me chamou a atenção.

- Touya! Olha isso!

Ele pareceu estranhar a naturalidade da minha voz, mas não comentou nada.

- É realmente bonita. Acho que é o presente perfeito para o papai. Vamos entrar?

Concordei com a cabeça. Entramos na loja. Touya falou da pasta, explicando os detalhes para o vendedor. Os dois saíram para a parte dos embrulhos, acho que era pra escolher o papel do pacote e sumiram. Eu fiquei rondando por entre os artigos da loja. Eram tão brilhantes! Me lembravam o sol da tarde, daquela tarde que seria inesquecível...

Uma mão no meu ombro me trouxe de volta a realidade. Era Touya.

- Já embrulhei. Agora que o presente está resolvido, podemos tomar um sorvete, o que acha?

- Sério?

- Sério.

- Lógico! â€" sai pulando pela loja, em direção a rua.

Fomos caminhando pela centro da cidade. Eu estava radiante, não parava de sorrir. Às vezes, me parecia que Touya sorria, mas eu não podia ter certeza. Paramos na frente de uma sorveteria famosa na cidade pelos seus sabores exóticos e entramos.

Touya pegou uma mesa, e em seguida nos sentamos. Um garçom nos atendeu. Eu pedi sorvete de chocolate, enquanto ele pediu um de creme. O garçom anotou e foi embore, buscar o pedido. Então, Touya olhou para mim e tirou uma caixa do bolso.

- Isso é para você â€" e me passou a caixa

Eu quase cai dura na sorveteria. Eu ganhei um presente do Touya! Aiai... Abri a caixa, onde encontrei duas fitas, verdes e brilhantes, muito compridas. Eram lindas!

- Você tem cabelo comprido, não? â€" o tom de voz dele era um tom zombeteiro, diferente do "sério" normal. Nem parei para pensar em como ele poderia saber a minha aparência verdadeira...

- Ah...Muito obrigada!!!!!

- De nada. Mais tarde você coloca.

Os sorvetes chegaram, e entre colheradas, conversamos muito. Touya pagou e fomos para casa. Como o combinado, eu arrumei a casa enquanto ele fazia o jantar. Ambos comemos e Touya foi assistir TV. Eu subi para o quarto de Sakura, para que quando ela chegasse, fosse dormir logo.

Lá pelas onze da noite, ouvi um barulho na janela. Sakura estava do lado de fora. Abri a janela e ela entrou.

- Ah, muito obrigada! Como foi tudo?

- Ã"timo, não precisa se preocupar!

- Te devo uma! Pode descansar agora!

- Tá bom. Posso dizer uma coisa?

Sakura estranhou, mas confirmou com a cabeça:

- Muito obrigada, muito mesmo, por ter deixado eu sair. Te adoro, Sakura. Agora, eu vou descansar.

Sakura estendeu a carta vazia, e eu retomei minha forma original, entrando na carta. Amarrei as fitas, uma de cada lado do meu cabelo. Sakura me colocou em cima da mesa, fora do livro. Quando ia deitar, deteve o olhar na minha imagem:

- Gozado...eu não lembrava dessas fitas!

Bocejou, sentou-se na cama, apagando a luz em seguida e dormiu. Mais tarde, Touya abriu a porta do quarto. Olhou para Sakura e depois para mim. Sorriu e foi embora.

E no meio da tranquilidade noturna, Sakura dormindo profundamente e o guardião Kerberus dormindo na gaveta da escrivaninha, eu ri. Ri, absolutamente em silêncio. Ri da minha sorte em ter Sakura como mestra. E por ela ter tantas urgências...



FIM



Oi pessoal! Esse é um dos meus fanfics, mas o primeiro que eu tive coragem de mandar, graças ao apoio da minha amiga, Gabi-chan. Dedico esse fic a todos os ficwriters que se empenham em entreter a todos!

Ah! Caso alguém queira falar comigo, meu e-mail é: mari- chan.mlg@bol.com.br! Sayounara!