Just to See Her

Just to see her

(Apenas para vê-la)

Just to touch her

(Apenas para tocá-la)

Just to hold her in my arms again one more time

(Apenas para tê-la em meus braços novamente, mais uma vez)

A primeira vez que a tivera em seus braços fora quando a salvara de um youkai durante o torneio das trevas. Ouvira um grito e sentira o cheiro dela, parecia estar em pânico, então ele correra e logo estava dando um salto com ela em seus braços, evitando que o youkai a esmagasse.

Ainda se lembrava do toque dela ao apoiar seus braços ao redor do pescoço dele. Seu toque suave em sua nuca, enquanto escondia o rosto em seu peito para que ele não visse que ela estava quase chorando. Baka onna. Como se ele não pudesse sentir o corpo dela tremendo contra o seu.

O abraço que ela lhe dera quando a colocara no chão fora inesperado. A jovem realmente pensara que fosse morrer e ele aparecera repentinamente para salvá-la.

Hiei também se lembrava de como a afastara de si, como se ela estivesse cometendo um crime. Mal sabia que, desde então, sempre que surgisse uma oportunidade, ficaria observando-a à distância, ansiando por um toque dela.


If I could feel her warm embrace

(Se eu pudesse sentir o caloroso abraço dela)

See her smiling face

(Ver seu rosto sorridente)

Can't find anyone to take her place

(Não consigo ninguém para tomar seu lugar)

I've got to see her again

(Tenho que vê-la novamente)

A segunda vez fora quando o grupo inteiro se reunira no natal. Aquela onna, aparentemente, não podia evitar ser tão sorridente. Durante toda a noite ela conversara com todos, animada. Até mesmo ele; que se mantivera num canto, isolado; fora alvo da atenção dela.

Era de se esperar que depois de todas as vezes que a ameaçara, a jovem fosse deixar de tentar se aproximar dele. Mas parecia que isso apenas servia de incentivo. Ela queria saber tudo sobre ele. O que fazia no Makai, com quem trabalhava, por que ficava tanto tempo sem ir para o Ningenkai, se sabia que todos sentiam sua falta. Ao ouvir isso, arregalara os olhos, surpreso. Todos sentiam sua falta? Isso implicava que ela também sentia.

Hiei não podia negar que sentira falta dela e de seus sorrisos. No Makai não havia pessoas como ela. Não havia ninguém que iluminasse toda uma sala apenas com um olhar e um sorriso. O sorriso dela... O sorriso dela era o mais lindo que ele já vira. Quando o relógio bateu a meia noite, e ela ainda estava conversando com ele, aquela onna deu um sorriso resplandecente só para ele e, em seguida, o abraçou.

- Feliz natal, Hiei. – O abraço dela era bem apertado. E a sensação que a Guia Espiritual lhe passava com seus votos de natal, era que ele ser feliz era algo de extrema importância para ela.

- Hm. Feliz natal, onna. – O koorime respondeu envolvendo as costas dela com um de seus braços. Podia notar que ela ficara surpresa, mas que também ficara feliz. Ainda mais tendo em vista como ele reagira na última vez em que ela lhe abraçara. Hiei não sabia o que o levara a isso. Obviamente estava perdendo a razão.

Ficaram abraçados por poucos segundos, mas ele pudera encostar seu rosto no pescoço dela e sentir seu cheiro de perto. Aquilo fora uma benção e um tormento. Fora naquele exato momento que ele percebera que a queria para si e que também percebera que era um desejo impossível. Ao mesmo tempo em que estava em seus braços, Botan estava fora de seu alcance.


I would do anything

(Eu faria qualquer coisa)

I would go anywhere

(Eu iria a qualquer lugar)

There's nothing I wouldn't do

(Não há nada que eu não faria)

Just to see her again

(Apenas para vê-la novamente)

Mesmo todo o tempo que passavam afastados, não o fazia esquecer o abraço dela. Sentia a necessidade de vê-la constantemente, mesmo que a jovem não percebesse sua presença. Aquilo soava psicótico até para ele, mas não conseguia evitar esse instinto de estar perto dela. Precisava saber que ela estava segura e protegida.

Muitas vezes saia do Makai e a seguia ou ia até o prédio onde ela morava. Sempre sentava numa árvore onde podia observá-la pela janela de seu quarto. Na maioria das vezes apenas a observava dormir, tão tranquila e inocente, que chegava a pensar na ironia que era ele, um ser maligno, nutrir qualquer tipo de sentimento romântico para com ela. Hiei sabia que faria qualquer coisa por ela. Mataria ou morreria para vê-la bem, e isso só podia significar que estava apaixonado. Logo ele, apaixonado por aquela Baka Onna sorridente.


I can't hide it, noooo

(Eu não posso esconder isso, não)

I can't fight it

(Eu não posso lutar contra isso)

It's so hard to live without the love she gave to me

(É tão difícil viver sem o amor que ela me deu)

Kurama percebera tudo logo. Aquela raposa descobria tudo. Kurama lhe dissera que estava sendo um idiota por não revelar tudo a ela. Só assim poderia ter uma chance com a jovem. Se não se abrisse com ela, Botan poderia nunca descobrir o que o koorime sentia. Segundo Kurama, ele poderia se surpreender com o que aconteceria. Será que ele sabia de alguma coisa? Talvez ela também sentisse algo por ele.

Hiei sacudiu a cabeça, resignado. Viver com a possibilidade de nunca sentir o calor das mãos dela, era horrível, sim. Mas o receio de uma rejeição parecia ser mais forte que isso. Ele já fora rejeitado por muitas pessoas, mas ser rejeitado por ela o atingiria de uma maneira que, provavelmente, o destruiria.

Talvez fosse melhor deixar tudo como estava. Era melhor ser iluminado por ela à distância do que não ter sequer um vislumbre de sua luz.


Doesn't she know it?

(Ela não sabe disso?)

I tried hard not to show it

(Eu tentei muito não mostrar)

Can't I make her realize that she really needs me again

(Não posso fazê-la entender que ela realmente precisa de mim novamente?)

Quando o grupo deles se reunia, seus olhares se cruzavam inúmeras vezes e, nesses momentos, Hiei tinha certeza de que ela sabia o que ele sentia, que estava óbvio em seus olhos como a desejava... Mas então a jovem voltava a conversar com seus amigos e ele ficava aliviado e decepcionado. Ficava aliviado por não ter que explicar o significado de tudo aquilo, mas o que sentia por não poder revelar tudo e beijá-la, nem que fosse ao menos uma vez, era mais que decepção. Era algo revoltante.

Como ela podia não notar que ele estava sempre a observando? Como não podia notar que ele só ia a essas reuniões para poder vê-la? Sabia que não era culpa dela. Sabia que por mais que a amasse, a jovem não era obrigada a saber disso se ele não dissesse nada. Ele tinha que fazer alguma coisa. Se continuasse vendo-a e não pudesse estar perto dela, acabaria enlouquecendo. Talvez devesse deixar de vê-la.


I would do anything

(Eu faria qualquer coisa)

I would go anywhere

(Eu iria a qualquer lugar)

There's nothing I wouldn't do

(Não há nada que eu não faria)

Just to see her again

(Apenas para vê-la novamente)

Após o piquenique daquele dia, estava decidido a ficar longe do Ningenkai. Seria para o melhor. Talvez finalmente fosse conseguir suprimir aqueles sentimentos e, na próxima vez que se encontrassem, voltariam a ser apenas meros conhecidos. Fazendo um aceno com sua cabeça para Kurama, Hiei começou a se afastar do grupo, que ainda se despedia.

- Espere, Hiei. – Era ela. Era a voz da pessoa que o perseguia em seus pensamentos. A onna estava pedindo que ele esperasse. Por que seria? Pensou em continuar andando, mas aquela talvez fosse ser a última vez que se veriam em um longo tempo. Parou de andar e a esperou. – Posso ir andando com você? – Ela perguntou sorridente quando parou ao lado dele. Alguém teria que explicar ele como poderia se negar a fazer algo que ela pedisse.

- Hm. – O koorime respondeu com um dar de ombros.

- Obrigada. – Botan respondeu ainda sorrindo e os dois passaram a andar lado a lado. Kurama deu um pequeno sorriso ao ver o casal se afastar do grupo. Esperava que tudo se resolvesse entre eles. – Por que você estava saindo desse jeito? Nem sequer se despediu de mim. – O koorime olhou para ela pelo canto do olho, desconfiado.

- Eu nunca me despeço de você, onna. – Respondeu emburrado.

- Claro que se despede. – Ela insistiu. – Você sempre olha para mim uma última vez antes de sair. Essa é a nossa despedida. – Hiei sentiu seu coração parar de bater. Parou de andar e, após ter dado mais dois passos, Botan também parou de andar e se voltou para encará-lo.

- Você notou isso? – Ele perguntou. Podia sentir seu rosto esquentar. Devia estar completamente vermelho.

- Claro que notei, Hiei. É a nossa despedida. – A jovem respondeu tranquilamente. – Achei que você não queria que eu tocasse no assunto. – Ela disse ficando um pouco envergonhada. – Achei que fosse uma coisa nossa, mas que não deveríamos comentar, assim como nas vezes em que nos olhamos. – Hiei se aproximou dela, encarando-a de perto.

- O quê? – Perguntou incerto. Não devia ter entendido corretamente. Botan olhou para o chão, parecia ainda mais envergonhada.

- Os olhares que trocamos... – Ela explicou mexendo na terra com o pé. – É uma coisa nossa. – Hiei engoliu em seco e segurou-a pelos ombros, com gentileza, para que a jovem o encarasse. Botan o encarou, corada. Seus rostos estavam a poucos centímetros de distância.

- Por que nunca falou nada?

- Eu pensei que você ia parar de fazer isso se eu dissesse alguma coisa. Achei que você ia se afastar de mim. – Hiei não podia acreditar no que ouvia. Aquilo era sério? A Baka Onna nunca falara nada por receio de ele se afastar dela? Não podia ser verdade... Isso significava que ela o queria por perto. Os olhos de Hiei não se desviavam dos dela nem por um minuto.

- Por que resolveu tocar nesse assuntou hoje? – O koorime tinha que saber.

- Você não se despediu de mim. – Hiei podia notar algumas lágrimas se formando nos cantos dos olhos dela. – Eu achei estranho. Tive um mau pressentimento. Por um momento, achei que nunca mais fosse ver você. – Sem conseguir se segurar nem por mais um segundo, Hiei aproximou mais seu rosto do dela e a beijou. Ela, como se estivesse hipnotizada, apenas fechou os olhos e se entregou a ele. O youkai podia sentir que o corpo dela estremecia sob seu toque. Hiei segurou-a pela cintura, sem quebrar o beijo e abraçou-a firmemente. Botan acariciava a nuca dele enquanto se beijavam. Ele sonhara com aquilo durante algum tempo, mas a realidade era bem melhor que seus sonhos.

She brightened up my everyday

(Ela alegra o meu cotidiano)

Made me feel so good in every way

(Me faz sentir tão bem de todas as maneiras)

If I could have her back to stay

(Se eu pudesse tê-la de volta para ficar)

I've got to see her again

(Preciso vê-la novamente)

Por fim, Hiei se separou dela. Os dois estavam ofegantes. Botan ainda o abraçava e se apoiava contra o corpo dele. Sua cabeça estava encostada no ombro dele. Ele podia notar que ela sorria. Hiei também tinha um pequeno sorriso de canto no rosto. Podia sentir a respiração dela em seu pescoço.

- Hiei... – Ela chamou baixinho.

- Hm? – Senti-la relaxada em seus braços daquele jeito era muito mais importante do que ele imaginara.

- Você não vai embora, vai? – A jovem perguntou receosa. Hiei fez com que ela virasse o rosto para ele.

- Não vou a lugar algum, onna. – Botan sorriu feliz e voltou a aproximar seus lábios dos dele. Haveria muitos beijos naquele dia e nos próximos. Se dependesse dele, haveria muitos beijos e trocas de olhares entre eles, durante muitos anos. E Hiei esperava nunca mais ter que ficar imaginando quando poderia tê-la em seus braços mais uma vez.

Just to see her

(Apenas para vê-la)

Just to see her

(Apenas para vê-la)

Just to see her

(Apenas para vê-la)

[Just to See Her - Smokey Robinson]

Início e Término: 08/01/2017.