Capítulo Um
Ginny Weasley ainda se lembrava do momento em que o começara a ver com outros olhos. No meio de uma batalha, ela estava cercada por três Devoradores da Morte. Conseguiria evitar os ataques de dois deles, mas seria impossível conseguir se defender do terceiro. Não havia mais nada a fazer a não ser dar tudo o que tinha. Conseguiu se desviar de dois feitiços, mas o outro Devorador já ia a meio de um Avada. Foi aí que alguém que estava atrás dela foi mais rápido do que o seguidor de Voldemort e a salvou. Ginny virou-se e viu um louro alto de olhos cinzentos, vestido de negro. Ela esperou pelas palavras de escárnio dele e até preparou as suas respostas. No entanto, ele apenas sorriu. Nunca o vira sorrir antes. Aquele sorriso era perfeito, lindo, arrebatador e tão inesperado que perseguiu a mente dela por vários dias. Ao princípio, dizia que se devia à surpresa de ver Draco Malfoy sorrindo genuinamente em vez de lançar um sorriso de troça.
Mas com o passar do tempo percebeu que algo na maneira como ele reagira cativara-a. Aquele momento ficou gravado na cabeça dela. Mesmo após muito tempo, aquele sorriso e aquele brilho que vira nos olhos dele ainda lhe vinham à memória. Mas afastava sempre esses pensamentos. Afinal, ele ainda era um Malfoy, e todos sabem que os Malfoys odeiam os Weasleys e vice-versa.
E depois ele saiu do país. Nunca mais o viu, e respirou de alívio por isso. A presença dele fazia-a sentir-se desconfortável. E quando ele sorria, mesmo sem ser para ela, um arrepio percorria-a.
Ela também não conseguiu deixar de reparar como ele mudara durante a guerra. Crescera, não só fisicamente, pois agora possuía um corpo musculado, com aproximadamente um metro de noventa e muito atraente. Mas a personalidade dele melhorara consideravelmente: já não era tão arrogante e fútil, muito menos mesquinho. Claro que ele ainda troçava de Ron e dos Weasleys em geral, mas já não implicava com ela, nem chamava Hermione de Sangue de Lama. Só continuava insultando Ron para se divertir. Seria um milagre se Draco e Ron algum dia se dessem bem.
Todas aquelas novas qualidades não ajudaram Ginny a tirar Draco Malfoy do pensamento.
E até aquele momento, não percebera como ele ainda a afectava. Mesmo estando tanto tempo longe, até já tendo se apaixonado por outros homens, Draco Malfoy ainda chegava bem dentro do seu coração. Na verdade, nunca percebera que ele conseguia atingi-la daquela maneira. Sempre julgou que todas aquelas vezes que se encontrava pensando nele eram fruto de uma atracção boba, uma fantasia inocente, da qual ela própria ria e pela qual troçava de si mesma. Mas aquela dorzinha no coração, aquele nó na garganta e aquele peso no estômago não podiam se dever apenas a uma paixão platónica.
No meio dos gritos histéricos de Ron, das palavras incrédulas de Harry, Draco pareceu notar a perplexidade dela, pois dedicou-lhe um olhar de curiosidade. Ginny desviou o seu olhar do dele, tentando disfarçar a sua estranha reacção e recuperar o folego. Quando se conseguiu acalmar um pouco, esboçou um sorriso.
-Deixa de ser chato, Ron! Parabéns Hermione! Fico feliz por ti!- Ginny disse assim que conseguiu recuperar a voz.
-Obrigado pelo apoio, Gin!- Hermione disse sorrindo e aproximou-se mais de Draco. Ginny sentiu como se tivesse atirado uma pedra para o seu estômago. O que era aquilo? Ciúme? Não, ela não podia gostar dele, só o achava bonito, nada mais que isso. Então por que sentia aquela estranha sensação de enjôo e aquela vontade de sair dali? Por que se sentira tão estranha quando Hermione anunciara o casamento com Draco Malfoy? Porque tinha sido apanhada de surpresa! Só podia ser por isso. Ninguém esperava que Hermione voltasse de França comprometida, muito menos com Draco Malfoy.
Ginny aproveitou a confusão que havia na sala dos Weasleys para ir até a cozinha tomar um copo com água. Ron ainda não conseguia acreditar que Hermione ia mesmo casar com Draco Malfoy e Harry ainda estava argumentando contra isso.
Tomou um gole rápido e respirou fundo. Queria que aquele sufoco que sentia desaparecesse. Tentava mentalizar que não tinha razão para estar assim. Todas as vezes que ela imaginara beijar Malfoy tinham sido brincadeiras, fantasias engraçadas de quem andava sem namorado, uma paixão platónica por um homem bonito. Ela não gostava dele, nunca gostara.
-Não vais ajudar o teu irmão a convencer a Herm de que eu sou um delinquente?- ouviu a voz forte de Draco dizendo da porta que ligava a cozinha à sala de estar. Quase se engasgou e virou-se muito depressa.
Tentou dizer alguma coisa, mas a voz sumiu-lhe. Ela clareou a garganta e disse numa voz trémula:
-Não tenho razão para fazer isso...
-Não?- ele disse arqueando uma sobrancelha. Depois sorriu.- Julguei que os Weasley fossem anti-Malfoy!
-Nem todos!- ela murmurou."O que se passa contigo mulher? Que te deu para te comportares como uma miúda de dezessete anos apaixonada?"
-Já percebi. Tu, pelos vistos, não fazes questão de impedir este casamento. Mas não pareces feliz com a notícia. Estou errado?
Oh, não! Ele percebera que algo estava errado com ela. Que iria ela inventar para se safar daquilo? Em primeiro lugar, tirar aquela cara de parva que estava usando.
-Fiquei simplesmente surpresa. Eu e todo o mundo. Ninguém esperava que o Sr. Draco Malfoy fosse propor Hermione Sangue de Lama, segundo palavras tuas, Granger em casamento.
-Acredito que não. Há uns meses atrás também não me achava capaz de tal coisa. No entanto, Hermione não desistiu. E acabou me caçando.- ele disse sorrindo. Ginny sentiu um arrepio percorrer as suas costas. Que tinha aquele sorriso que a fazia sentir-se tão... Fraca?-Mas pareces desconfortável...
-Eu? Imagina! Impressão tua. Eu vou voltar lá para dentro. Hermione parece estar precisando da minha ajuda.- Ginny disse, tentando parecer o mais normal possível.
Quando ia a passar ao lado de Draco este agarrou-a suavemente pelo braço.
-Estás estranha, ruiva. E não é apenas surpresa. O que se passa, Weasley?- ele disse, fixando aqueles olhos cinzentos e sedutores nos dela. Ginny quase se sentiu derreter sob aquele olhar.
-Não se passa nada.- disse num fio de voz.
-Não insisto mais. Também não é da minha conta.- as palavras saíram brincalhonas.- Só queria ser simpático.
-Tudo bem.- disse a mulher, mais segura, pois ele largara-lhe o braço. Caminhou rapidamente para a sala, onde Ron ainda discutia com Hermione as razões que a levaram a sequer considerar namorar com Draco. Harry pelos vistos já tinha sido calado. Ginny sentou-se ao lado deste, tentando prestar atenção na discussão entre o ruivo furioso e uma morena igualmente zangada, mas a sensação que o contacto do seu braço com a mão de Draco lhe provocara não saia da sua mente.
-De uma vez por todas, Ron, eu faço da minha vida o que quero e não percebo o que tens contra Draco. Tudo bem que ele foi muito cruel conosco em Hogwarts, mas já devias saber que ele mudou. Ele esteve do nosso lado durante a guerra, lembras-te?- Hermione disse.
-Também me lembro porque é que ele veio para o nosso lado! E lembro-me ainda melhor de ele ter libertado Devoradores da Morte em Hogwarts, de ter sido o culpado pela morte de Dumbledore e pelo meu irmão ter virado um fã de carne crua! E tu, lembras-te?
-Eu sei disso, mas ele mudou! Ele veio para o nosso lado porque quis.
-Como és estúpida, Hermione! Ele veio para o nosso lado porque Voldemort iria matá-lo por ele não ter morto Dumbledore!
-Ele ajudou o Harry a destruir Voldemort!
-Porque se não o fizesse, Voldemort iria matar o Harry e o segundo na lista era aquele furão albino.
-Ele salvou a tua irmã!- Hermione gritou. Desta vez as cabeças viraram-se para Ginny. Como sabia Hermione que Draco a livrara de sofrer um Avada Kedavra?
-É verdade, Ginny?- Ron quase cuspiu as palavras. Os olhares estavam todos colados em Ginny. Ela ainda estava surpresa por Hermione saber daquilo. Nunca tinha dito a ninguém que Draco salvara-a. Por isso, só podia ter sido ele a contar-lhe. Os olhos dela percorreram a sala e pararam num louro que estava encostado na porta da cozinha, com um copo de água na mão. O louro era a única pessoa que aparentava calma naquela casa. Até parecia estar divertido e olhava para ela como se a desafiando a dizer a verdade.
-É...- Ginny respondeu. Isto pareceu calar Ron por momentos. Hermione aproveitou para sorrir triunfantemente.
-Continuo achando que ele vai fazer a tua vida num inferno. Depois não venhas reclamar, Hermione!- o ruivo teve que ser o último a falar.
-Não virei reclamar. E, se tiver que reclamar, não será, definitivamente, a ti!- Hermione disse secamente. Mesmo após tantos anos desde que saíram de Hogwarts, Ron e Hermione continuavam iguais quando estavam perto um do outro. -Vamos embora, Draco!
O louro foi colocar o copo sobre a mesa da cozinha e voltou rapidamente. Hermione agarrou-lhe no braço e puxou-o para a porta. Ginny fixava Draco. Este antes de sair dedicou-lhe um olhar estranho e sorriu. Mais uma vez ela não conseguiu evitar sentir um formigueiro na barriga.
N/A: Eu sei, é pequeno e ainda deixa muito a desejar. Foi uma ideia que me surgiu assim do nada a meio de uma aula. E para deixar claro, é uma fic D/G. Draco está noivo de Hermione mas muitas coisas iram acontecer.
Agora, por favor deixem review, digam o que acham porque quando não há review, não há actualizações rápidas!lol
Beijo
