Dear Insanity
Capitulo 1
Prólogo
O Uchiha observava das sombras com seus olhos escarlates o quarto lilás onde uma menininha brincava com sua boneca de pano, esta que continhas seus cabelos rosados assim como os da dona, porém em um tom mais escurecido. Seus olhos tinham um tom alabastrino um tanto quanto peculiares; um belo contraste com os esmeraldinos que possuía a garotinha.
Sakura sorria feliz pelo novo presente que recebera de seu papai, no entanto, o que a deixava triste era que seu padrasto havia dito-lhe que este esmero que havia lhe agradado tanto fora somente algo que seu pai havia lhe dado para livrar-se dela.
Não acreditava em análoga mentira, porém doía em seu pequeno peito o que o marido de sua mãe dizia a ela.
Sakura sentia-se sozinha.
Ela queria tanto uma amiguinho.
Desejava de seu mais profundo âmago que algum dia encontrasse alguém que gostasse de si. Ela desejava alguém para brincar. Queria uma pessoa que importar-se-ia consigo verdadeiramente, como seu Otou-chan o fazia.
Sentiu seus olhinhos de cor jade encherem-se de lágrimas ao lembrar que não mais poderia vê-lo, pois fora proibida por seu padrasto, Kabuto, de encontrar-se com seu amado papai.
Seu pobre e despedaçado coraçãozinho sangrava e sentia-se completamente só. Porém por pouco tempo...
~/~/~
Olha-la tornou-se seu maior vício e seu anceio por tê-la em suas braços era esmagador, tanto que seu peito fervilhava para que seguisse seus instintos mais primitivos e, enfim, cuidar dela e nina-la até que ela parasse de chorar.
Caminhou calmamente pelo cômodo pequeno composto por uma cama de solteiro, um pequeno guarda-roupas, uma mesa de centro onde tinham alguns papéis e gizes de cera, com o qual a menina desenhava ainda a pouco, e um bidê perto da cama; todos estes em tons pastéis.
Direcionou-se à pequena Haruno que derramava suas lágrimas silenciosas e, tampouco, havia percebido-lhe, o que não agradou a Sasuke, pois este odiava ser ignorado.
Ao tentar aproximar-se da figura pueril, antes que alcançasse-a, pisou em um ursinho felpudo azul, fazendo um barulho irritante.
Sakura deu um salto pelo susto e imediatamente direcionou o verdor de seus olhos, espantado e curioso, para a presença grande e imponente de um moreno de orbes obsidianas vestido em seus trajes negros e fúnebres.
"Ele parecia um moço muito mau". Divagou Sakura em seus pensamentos inocentes e infantis tal como ela própria o era.
–-Quem é você? - Uma pergunta muito compreensível vinda de uma criança de quatro anos.
Sasuke sorriu de canto cruel e insanamente antes de responde-la. Era justamente nesta parte que o monstro sanguinário que habitava-o interiormente queria chegar.
–-Eu sou Uchiha Sasuke, o soberano do...
–-Você sabia que está matando o meu bebê com o seu pezão? - Inquiriu para o moreno com todo o direito que ela tinha. Ou, ao menos, pensava assim; afinal aquele moço moreno entrou em seu quarto sem anuência.
–-Meu... Pezão? - Sua voz rouca e gélida assim como cruel capaz de assustar até mesmo as mais horripilantes fúrias* repetiu o que lhe foi dito enquanto arqueava as sobrancelhas negras.
–-Sim, ele é muito grande ó! - Mostrou o seu próprio, coberto por uma sapatilha rosa com laços vermelhos, para defender sua linha de raciocínio. Sasuke sentia-se cada vez mais curioso com aquele pequeno ser. -E se você não levantar seu pé o meu bebê vai morrer 'asfictiato'. – Respondeu-lhe serena e explicativa como se ele fosse a criança.
–-Asfixiado? - Sorriu de canto com a confusão dela.
–-Eu não sei... - Pôs a mãozinha sobre o queixo como se pensasse. -Acho que é sim, parabéns pela sua evolução! - Felicitou-o sorrindo-lhe docemente.
Sasuke sentiu uma pequena coceira em sua garganta ao mesmo tempo em que a vontade de libera-la parecia como algo primordial. Muito vira o dobe faze-lo. Chamava-se rir, até onde sabia, mas de qualquer forma não era como se ele soubesse muito das emoções humanas.
Não era comum que uma criança em tão tenra idade tivesse entendimento de algo assim, mesmo que não conhecesse a raça desprezível que eram os humanos, isso não queria dizer que sasuke não os observava a tempos. Até que não fora-lhe tão inútil, afinal.
–-Como conhece essa palavra? - Mandou que respondesse-lhe, porém a menina pareceu não perceber a ordem explícita e respondeu-o doce, porém incerta de sua veracidade.
–-O tio kabuto disse que queria que eu acabasse assim, asfiqui... Asficti... Asfici...
–-Asfixiada?!
–-Isso! - Sorriu agradecida.
–-E quem seria o "tio Kabuto"? – O sorriso da menina morreu e em seu lugar seus olhos perderam o brilho para logo ficarem líquidos. Sakura fungou chorosa antes de responder-lhe.
–-O namorado da mamãe. - Sasuke sabia que muitos humanos eram mais carregados de ódio do que alguns demônios que lhe serviam, no entanto, saber que havia alguém assim perto de sua josei no fez com que seu demônio interior rugisse e um reverbero de revolta e puro ódio foi sufocado em sua garganta.
Esse maldito teria sua vida destroçada cruelmente perante si.
Sakura o fitava incessantemente, curiosa com o sorriso estranho que se fez presente na face pálida do moço... Como era mesmo? Fungou mais uma vez e secou os cantos de seus olhos antes de perguntar:
–-Desculpe, mas quem é você mesmo?
Sakura viu a face gélida e indiferente do moço mau curvar-se para pegar entre os dedos longos e brancos o urso de pelúcia azul.
Andou até Sakura e pegou-a em seus braços fortes antes de sentar-se sobre a cama desconfortável. Colocou e aconchegou-a em seu colo, para logo, dar a ela seu "bebê".
–-Uma amigo...
~/~/~
Sakura, pelo que pode notar nos últimos dois meses em que esteve a observando, era uma criança serelepe e facilmente amável, pois ela levava em suas feições seu sorriso infantil e casto.
E por mais que ele odiasse, com toda a sua essência pungente coisa puras e boas, pois somente ele mesmo sabia o quanto isso deixava-lo inconstantemente cruel, Sasuke jamais vira algo insana e perturbadoramente atrativo e "cativante" para si.
Pelas trevas que habitavam-no, era tão tentador fazer o que seu demônio interior quase clamava para que o fizesse.
Mas isso a magoaria.
E ele preferia ter sua alma, se é que tinha uma, dizimada a fazê-la sofrer.
Não seria ele a magoa-la.
Ele poderia ser a presença mais cruel do submundo.
Mas não para ela.
Não para sua futura josei no tsuma*.
Não tinha importância se ela era humana no fim das contas.
Muito menos, se o conselho era contra a união dele e de sua fêmea.
Tampouco quantos tivessem que gritar e agonizar em suas próprias poças de sangue ao terem sua almas dilaceradas. Contanto que ela sorrisse.
Não era como se ele fosse misericordioso de qualquer forma.
Porém, por ela ele o seria.
Ele seria tudo e todos seriam o que ela quisesse.
Ele seria tudo o que ela desejasse.
Seria seu cavalheiro em uma armadura sangrenta e seus traços lúgubres resplandeceriam na lua vermelha logo após toma-la e, enfim, fazê-la sua para toda a eternidade.
Não o incomodava quantos fossem sofrer...
Não importava quantos ele tivesse que matar...
Por que ela era sua.
E ele a teria.
