Walk on

Heróis (Push) – fanfiction

Minha segunda fanfic desse filme! Desta vez, uma curtinha, escrita sob o ponto de vista da Cassie. Espero que gostem!



Walk on! Walk on!
What you got, they can't deny it
Can't sell it, or buy it

-- "Walk on", U2

Hong Kong. Está aí um país que nunca achei que iria conhecer. Até hoje. Vim para cá atrás de você, Nick. Vim aqui para ajudá-lo. Tive uma certa visão de que iríamos encontrar uma maleta com seis milhões de dólares. Depois disso não sabia bem o que iria acontecer, mas tinha certeza de que, se a encontrássemos, poderíamos salvar o mundo.

Agora caminho pela cidade. É noite, mas há tanta iluminação que mais parece um dia escuro. Hong Kong é mais uma das cidades que nunca dormem, cheias de neons brilhantes onde quer que se vá. Ah, sim. Lembra-se da história de salvar o mundo? Na verdade não era O mundo inteiro. Só precisávamos salvar uma pessoa. E ela está com você agora, no quarto de hotel em que lhes deixei. E por algum motivo esse fato não sai da minha cabeça.

Giro sob os calcanhares, olhando à minha volta. Barracas de lamen de lonas coloridas. Neons azuis, vermelhos, amarelos. Você e Kira juntos, sozinhos, entre quatro paredes.

Coloco as mãos sobre as orelhas, como se isso me fizesse parar de ouvir meus próprios pensamentos. Fecho os olhos, tentando escapar de todas aquelas cores. Mas ainda assim os vejo. A visão chega de repente. Puxo meu bloco da bolsa e desenho rapidamente. Quando abro os olhos, vejo o rudimentar desenho de um homem e uma mulher, se beijando. Jogo o bloco em um canto da rua, soltando um xingamento. Ainda bem que ali ninguém entende inglês o suficiente para se ofender.

Queria estar com minha mãe agora. Provavelmente ela saberia o que fazer, me tomaria no colo e sussurraria conselhos em meu ouvido, enrolando seus dedos em meus cabelos. Estou fantasiando agora. Na realidade não sei se ela faria isso. Nunca tivemos essa chance, nunca fomos uma família feliz. Minha visão dela é de uma pessoa perturbada, deitada numa cama com um soro enfiado no braço, gritando suas visões para o pessoal da Divisão.

Ouço meu estômago roncar. Tiro algumas notas do bolso e sento-me na frente da barraca de lamen mais próxima. Estava tão compenetrada em meus próprios pensamentos que nem vi a hora passar. Peço um super especial de camarão e me concentro nos aromas marítimos levantados pela preparação da comida, tentando manter minha mente livre de qualquer pensamento.

Mas não consigo.

Assim como minha mãe, não posso lutar contra minhas visões. Então me levanto e recolho meu bloco de desenhos. Olho para o seu desenho com Kira. Mas por que estou perdendo tempo com isso agora? Temos coisas muito mais importantes a fazer. Porém, tudo que penso é que quero abrir a porta daquele quarto, separá-los, me declarar a você...

Mas não posso. Mesmo que estejamos separados esta noite, mesmo que esteja sentindo meu coração se quebrar em mil pedaços, preciso ser forte. Preciso recolher os cacos e seguir adiante, pois, por mais que deseje senti-lo em meus braços, sei, em minhas visões, que é ela quem sempre terá você, e não eu.

Coloco o bloco na bolsa e começo a comer.