N/A: Olá, pessoas. Decidi que faria uma história mais focada na OC, só pra variar. Nesse primeiro capítulo quis mostrar um pouco do background familiar de Georgia, o que vai ser importante para entender certas atitudes da personagem no futuro. Sei que não ficou muito longo e está longe de ser perfeito, mas prometo que a história vai ficar mais interessante nos próximos capítulos.

Com amor,
Rosie


1

Estirada sobre seu tapete marrom felpudo, a garota aproveitava seu último dia de férias. Suspirou, observando as nuvens passarem pela janela, o sentimento de incerteza invadindo-a mais uma vez. Se fosse qualquer outro ano, não estaria nada menos que eufórica com a volta às aulas. Só que esse não era. Ela não voltaria a sua escola de sempre, não encontraria suas amigas de sempre, nem suas professoras de sempre, nem nada do que se habituara nos últimos cinco anos. Este ano ela iria para Hogwarts, graças ao bom Ministro da Magia, que promovera seu pai, dando-o condições para pagar estudos melhores para sua "menininha". Como ela fora aceita na prestigiada escola de magia mesmo que já estivesse no sexto ano era um mistério. E agora ela estava se sentindo mais ansiosa e irrequieta do que se lembrava de estar no início de seu primeiro ano no seu antigo colégio. Não pode ser tão ruim, pensou Georgia Kingston. Eu só tenho que ser eu mesma.

Levantou-se e se olhou no espelho do quarto. Viu a imagem de uma garota de 16 anos, esbelta, de traços delicados e olhos azuis, inteligentes e ansiosos, provida de uma discreta elegância e atrativos sutis. Os cabelos escuros ondulavam-se suavemente até sua cintura fina. Odeio minha aparência, pensou Georgia. Preciso comer mais. Foi até a cozinha e pôs-se a preparar um lanche, esforçando-se para esquecer suas inseguranças e concentrando-se no preparo de uma omelete bem fofa. Dez minutos depois a refeição já estava pronta. Colocou o prato sobre a mesa e sentou-se. Pegou o garfo e ficou olhando para a comida durante alguns instantes e balançou a cabeça em desespero. A ansiedade roubara-lhe a fome.

Isso não pode continuar assim, pensou, nervosa. Gostaria de não ser tão insegura.

A Sra. Kingston franziu o cenho ao entrar na cozinha.

- Qual é o problema agora?

- Não consigo comer...

- Não seja tola. Você é linda! Estou certa de que todos em Hogwarts vão adorar você.

Por que mães sempre sabem o que pensamos? E por que ela sempre acha que ser "linda" resolve tudo?
Georgia irritou-se.

- Mas e se não me acharem interessante?

- Ora, você é linda! É evidente que te acharão interessante – ela deu uma piscadela. – Sua mala já está organizada?

A garota assentiu.

- Então termine de comer.

Diana já ia saindo pela porta quando parou repentinamente, tornando a virar-se para a filha:

- Vamos jantar fora para comemorar sua partida. Devemos encontrar seu pai no Beco Diagonal às seis horas em ponto. Esteja deslumbrante.


Alec Kingston era um homem atraente. As pessoas voltavam-se para admirá-lo enquanto caminhava pelos corredores do Ministério da Magia. Era um loiro nos seus quarenta e poucos anos, alto e forte. Dono de olhos azuis penetrantes e o sorriso mais debochado do mundo. Seu jeito irreverente deixava mulheres suspirando às suas costas. A cicatriz no queixo piorava tudo. E estava se tornando ainda mais popular. Depois que fora promovido, colegas de trabalho que antes não faziam a menor questão de cumprimenta-lo, agora o abordavam constantemente. Sempre muito interessados em qualquer coisa que ele tivesse para dizer. Mas o que mais divertia Alec era ver como sempre estavam prontos para rir de suas cantadas medíocres.

- Suas vestes são de sino, Srta. Morgan?

- Não, Sr. Kingston. Por quê?

A secretária forçou um sorriso.

- Por que você está tinindo!

Ela soltou a gargalhada mais falsa do dia.

- Você é realmente hilário, Sr. Kingston!

Ele sorriu. E você uma tremenda subserviente, pensou.

- É que estou muito feliz hoje.

- E o que o deixa tão feliz?

- Minha menina está indo para Hogwarts!

- A Georgia? Que gracinha, Sr. Kingston! Mas pensei que ela já fosse mais velha?

- Na verdade ela é sextanista. Dei o maior duro pra conseguir colocá-la lá assim, já na reta final.

- E onde ela estudava antes?

- No IBD, em Plymouth.

A secretária assentiu. Alec sobressaltou-se ao conferir seu relógio de bolso de ouro.

- Olha só as horas! Tenho que encontrar Diana e Georgia no Beco.

- Vai despedir-se da filhota?

- Pois é. Até mais, doçura. Bom final de semana!

- Tchauzinho! Deseje boa sorte pra sua filha por mim.

- Obrigado!


Em seu mais belo vestido, Georgia apareceu de repente no meio do Beco Diagonal com um leve baque, mãos dadas a Diana Kingston. Respirava fundo para acalmar seu estômago nauseado. Como odiava aparatar! Não tenho certeza se preciso realmente tirar licença para aparatar, pensou. Nunca aparataria por vontade própria.

- Não seja tola! Aparatar pode vir a ser muito útil em certas ocasiões.

Uma coisa que a Srta. Georgia Kingston nunca conseguiria entender era como sua mãe sempre sabia o que ela pensava ou por que ela sempre censurava seus pensamentos com "Não seja tola!".

- Você não tem que entender nada sobre mim. Quando tiver seus filhos, entendê-los-á. E não seja tola!

Georgia riu, sarcástica.

- Sim, senhora.

A memória mais antiga que Georgia podia resgatar do Beco Diagonal era de uma vez que viera ao local acompanhada de sua mãe e sua tia. Elas passaram a tarde experimentando e comprando roupas, joias e calçados, e depois as três dividiram uma taça de sorvete gigantesca. Quando a pequenina Georgia vira aquela taça enorme, ficara tão empolgada! A alegria da vida dela parecia se resumir em todo aquele sorvete. Todos que passam perto da mesa delas se divertiam com as caretas e exclamações de espanto e adoração da menininha.

Tia Lola, também conhecida como Srta. Delores Morris, era a irmã mais moça de Diana e, segundo a mesma, a mais imprudente. Não era a tia predileta de Georgia por acaso. Ela aquele tipo de tia que deixa que seus sobrinhos fazerem tudo que lhes dessem na telha quando seus pais não estavam por perto. Era a confidente da menina. E mesmo sabendo que nunca seguiria os conselhos tresloucados da tia, sempre pedia sua opinião. Georgia, Adrianne e Alessia, suas primas - filhas de outra tia, costumavam se divertir muito na casa de Srta. Morris quando eram menores. Bons tempos.

- Aí estão vocês, meus tesouros.

O Sr. Kingston encaminhou-se até sua bela esposa, beijando-lhe os lábios terna e rapidamente. Depois se voltou para sua filha, dando-lhe um beijo estalado na testa. Nada orgulhava Alec Kingston como suas lindas garotas.

Diana tinha um rosto angelical, emoldurado por cachos escuros, que caiam em cascata até seus ombros. Olhos cor de uísque, cílios longos e anelados. As marcas da idade começam a aparecer na região dos olhos, mas isso, na opinião dele, só a deixava mais atraente. As sobrancelhas espessas e perfeitamente arqueadas, assim como a boca levemente torta, davam um ar de escárnio que era adorável nela. Trajava um enorme colar de diamantes e um longo e justo vestido vermelho, a cor predileta dele. Qualquer um que a visse entenderia logo porque ele é tão louco por ela. Mesmo que ela fosse levemente fútil e ciumenta mais do que às vezes, não a trocaria por nenhuma outra mulher no universo. Afinal, ninguém o faria tão feliz, nem lhe daria uma filha tão linda.

Olhando para Georgia, Alec procurava um pouco de si em sua cria. O rosto angelical era de Diana, os cabelos escuros não eram tão cacheados como os da mãe, mas eram tranquilamente mais dela do que seus. As sobrancelhas escuras e arqueadas eram da mãe, o nariz delicado e a pele perfeita também. Mas aqueles olhos azuis elétricos eram com certeza seus. E ela era comprida como ele. O engraçado é que a sua personalidade era mais como a dos sogros dele. Georgia era sempre muito gentil, muito educada, muito contida - como sua avó, Jane. Mas sua língua podia ser mais afiada que a espada de Merlin, assim como a de seu avô, Hugh. Agora, ele pode até assumir que as piadas sem graça fossem dele, mas as explosões repentinas eram de Diana, sem dúvida alguma. O que ele não tinha a mínima ideia era de onde vinha tanta inteligência. Nem ele nem Diana haviam sido grande coisa na escola, mas Georgia sempre se sobressaia. Com certeza seria grande na área de Aritimância ou Runas. Em suma, não havia nada nela que não se orgulhassem. Para eles, tinham a melhor filha do mundo.


Sentados a mesa, os três riam, relembrando as peripécias de Georgia. Claro que ela sempre fora muito gentil, muito educada, muito contida; mas isso nunca a impedira de fazer muitas travessuras.

O silêncio reinou sobre a mesa, enquanto seus ocupantes refletiam sobre a vida e o tempo.

- Parece até que foi ontem...

Diana sorriu, nostálgica.

- Então vamos brindar!

Alec disse, enchendo suas taças de vinhos.

E assim a noite se foi...


Comentem!

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11.02.2012

Fiz algumas pequenas mudanças nesse capítulo, espero que não se importem muito!
Gostaria de agradecer pelos comentários e avisar que postarei o capítulo 2 amanhã.No próximo capítulo Georgia vai conhecer muitas pessoas. Algumas legais, outras nem tanto. E, é claro, o famoso Sirius Black III ;]

Enquanto isso... Fiz uma árvore genealógica que contém algumas informações extra sobre ela e sua família, como datas de aniversário, onde nasceram, onde moram, onde trabalham, etc. Ficou bem legal. Link no meu perfil.

Paz e amor,

Rosie

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