Prólogo
Albus não poderia estar mais indignado. Sua expressão fechara-se assim que recebera A carta naquela manhã. Não era possível, aquilo nem ao menos era justo. Merlin com toda a certeza estava desejando que o garoto não conseguisse seguir seus sonhos. Nunca conseguiria se tornar um grande jogador de Quadribol, nunca conseguiria se tornar o grande apanhador que imaginou um dia ser. E tudo aquilo por culpa dele, exclusivamente dele. Totalmente dele. Albus o odiava com todas as forças que poderia reunir.
Soltou um suspiro e pegou a varinha na mesinha ao lado. Lentamente foi queimando a carta, sentindo um prazer quase sádico ao ver aquelas palavras virando cinzas. Gostaria de desejar fazer o mesmo com aquele garoto.
- Albus? - Uma voz o despertou do seu momento maléfico. Lily o encarava da porta, de uma forma que ele sabia estar assustada. O queixo da menina estava caído enquanto observava a cena do irmão queimando o papel. - Maninho, seus olhos estão levemente esbugalhados e vermelhos... está um pouco assustador.
- Completaria a cena se eu soltasse uma risada maléfica? - Perguntou Albus suspirando e tacando o pergaminho no chão. Se limitou em jogar um jato d'água no mesmo, sem sequer olhá-lo.
A irmã entrou em seu quarto e sentou-se ao seu lado. Deu uma cotovelada no braço de Albus.
- O que está pegando? Por que não desceu para o café? Você sabe, mamãe preparou panquecas maravilhosas para o grande dia de volta!
- Recebi uma carta de Dominique - comentou Albus inquieto. Lily percebeu que uma ira se apossara do menino.
- Certo. Quais são as notícias tão ruins assim? - Perguntou, meio temendo a resposta.
- Ela encontrou o Malfoy no Beco Diagonal - falou o garoto, praticamente cuspindo as palavras.
Lily fez uma expressão de que começava a entender o que estava se passando.
- E o que aconteceu? Brigaram por algum motivo?
- Não. Ele virou capitão do time da Sonserina - Lily podia jurar que havia fogo nos olhos do irmão. Transmitiu seu melhor olhar solidário e segurou em sua mão.
- Sinto muito, Al. Mas você sabe que poderia estar no time, sempre foi muito bom artilheiro. - Comentou com um sorriso. - Poderia entrar esse ano.
- Nunca - exclamou Albus com a voz carregada de rancor. - Nunca em toda a minha vida eu participarei da mesma equipe que aquele doninha. Escreva minhas palavras! Ele não merecia a posição de apanhador. Eu merecia - enfatizou bem a última fala. Lily suspirou, exasperada.
O irmão e o Malfoy possuíam aquela rixa desde o terceiro ano. Antes disso, apenas se toleravam e fingiam que não existiam um para o outro, um comportamento normal e controlado. Se cumprimentavam e participavam das mesmas atividades da Sonserina, porém nunca haviam ficado íntimos um do outro. Entretanto, o mundo explodiu quando fizeram teste para apanhador da Sonserina e Scorpius passou. Lily desconfiava de que tivesse algo a ver com o fato de que o Nott era capitão na época do time. Scorpius acabara fazendo um ótimo trabalho e nunca deixara de ganhar para a sua casa, tendo sempre a taça em suas mãos. Aquilo irritava profundamente Albus, pois ninguém queria fazer novamente o teste de apanhador naqueles anos e, mesmo se fizessem, sempre favoreciam o Malfoy júnior. Aquilo era tão irritante e injusto. E, agora, ele virara capitão do time. Albus nunca se contentara com outra posição, apenas não ia aos jogos e fingia que Quadribol não existisse, embora fosse a maior paixão de sua vida. Toda a sua família o incentivava a treinar como artilheiro, mas Albus achava aquilo ridículo.
- Quem sabe não façam teste de novo esse ano? Talvez você consiga a posição que tanto deseja - incentivou Lily com um sorriso. Albus olhou para ela como se sua irmã tivesse perdido a razão.
- Ficou maluca? Comeu bosta de dragão? Foi atingida por um Erumpente? - Lily ergueu as mãos, em sinal de rendição.
- Ok, não está mais aqui quem falou. Mas acho que não vale a pena você desistir, afinal, você sabe que mamãe ainda tem contatos com os antigos amigos jogadores dela. Você ainda pode ir para o Quadribol, é só se empenhar muito em treinar e esquecer Hogwarts. Se foque na sua vida fora dela.
Albus pareceu refletir sobre o que a irmã falara. Lily colocou as mãos na cintura e continuou, decidida:
- Afinal, mostre ao Malfoy quem é o melhor quando conseguir uma vaga em um grande time. Ele pode ser capitão em Hogwarts, mas duvido que passe disso fora dos muros daquele castelo.
Albus não conseguiu se conter e levantou-se, correndo para abraçar a irmã. A mesma sorriu satisfeita, ao ver que conseguira animá-lo.
- Você é demais, Lily. Não, sério! Você é a melhor irmã do mundo - falou animado, dando-lhe um grande beijo na bochecha.
- Er... obrigada - murmurou constrangida. Odiava demonstrações de afeto.
- Que coisa mais romântica e meiga - exclamou uma voz vinda da porta. James sorriu para os irmãos e fingiu enxugar as lágrimas. Começou a bater palmas e Albus sentiu que corava. - Não! Não parem por mim! Continuem com essa cena melosa de família. Daqui há pouco, Albus estará usando saia e pintando as unhas.
- Vá caçar Testrálios, Sirius - mandou Albus usando o segundo nome do irmão. James fingiu ter se aborrecido, mas depois mandou língua para o irmão. - Que maduro da sua parte!
Lily ignorou a briga dos dois e resolveu se retirar dali. Quando James se viu sozinho com Albus, não pode deixar de segurá-lo pelo ombro.
- O que foi agora? - Perguntou o mais novo, ainda irritado. James deu um tapa na cabeça do irmão.
- Por mais que eu odeie concordar com a Lily, você dará um grande jogador um dia.
- Não tenho treinado que nem você - disse Albus envergonhado. James era capitão do time da Grifinória e cursava seu último ano em Hogwarts. Sentiu-o dar tapinhas em suas costas.
- Não é questão de treino, é questão de dom - falou se afastando. No final do corredor virou-se e apontou para o irmão. - E você nasceu com ele.
Albus finalmente descera para acompanhar a família no café da manhã, porém mal colocara os pés na cozinha quando seu pai se levantou e chamou-o:
- Al, será que posso ter uma palavra a sós contigo, no meu escritório? - Perguntou Harry. Lily e James olharam curiosos para os dois, mas não se atreveram a dizer nada. Gina se limitou a continuar servindo o café dos filhos.
- Não fui eu! - Exclamou Albus já prevendo uma briga. Harry franziu o cenho e apenas se retirou do recinto. O filho o seguiu de perto, temendo que o pai tivesse descoberto a pequena brincadeira que pregara em Louis durante o recesso na Toca.
- Para a minha defesa - começou Albus ao ver o pai sentar-se -, ele estava insuportavelmente irritante nessas férias! E não deveria ter acertado a Lily com um balaço.
- Do que você está falando? - Perguntou seu pai, visivelmente sem entender o que Albus estava lhe narrando. O menino fez a melhor cara de desentendido e abanou o ar com a mão.
- Do que você está falando? - Retrucou. Harry olhou desconfiado para sua versão mais nova.
- Depois conversamos sobre quem você acertou e por que. Enfim, encontrei Morgana Harvey em uma festa de gala do Ministério. Você tem ideia de quem seja?
Os olhos de Albus se arregalaram e o garoto sentiu que suas pernas estavam meio bambas.
- Óbvio que eu sei quem é - exclamou exaltado. - É a nova capitão do Puddlemere United! Oh Merlin! Eu teria dado todos os meus galeões para conhecê-la! - Seus olhos brilhavam de expectativa. Harry sorriu para o filho.
- Sim, foi o que pensei na hora. Porém, não pude expressar, já que sua mãe me encarava feio por eu estar visivelmente querendo conversar com ela.
Albus riu e concordou com a cabeça. Harry juntou as mãos.
- Enfim, conversei com ela sobre seu grande potencial. Falei que lembrava muito o jeito como eu jogava quando mais novo e ela disse que se você fosse tão bom quanto estava pensando, teria uma vaga reservada assim que saísse de Hogwarts no time.
Albus sentiu que seu coração havia parado, estava certo. Era sua morte iminente chegando mais cedo.
- Oh Merlin, eu só posso estar sonhando - exclamou olhando para cima. Harry continuou, como se não tivesse sido interrompido.
- Mas tem uma questão - falou e, nesse momento, pareceu desconcertado. - Ela disse que seria muito melhor se você entrasse para o time da Sonserina esse ano, eles gostam de um currículo anterior. Ela disse que pode ser em qualquer posição, desde que você faça parte do time.
- Nunca - urrou Albus, sentindo o sonho escapar por suas mãos.
- Albus Severus Potter - o olhar de Harry fora capaz de petrificar o garoto. - Não me venha com queixas de que não conseguirá a posição de apanhador. Se você quer realmente seguir essa carreira, terá que enfrentar esses desafios mais cedo ou mais tarde. Então, engula o seu orgulho e faça com que a minha noite no sofá por ter conversado com Morgana não tenha sido em vão.
- Mas... mas... o Malfoy é o novo capitão - cuspiu Albus com toda a raiva que pode. Harry revirou os olhos.
- Grande coisa, então você irá até o Malfoy e pedirá para fazer os testes. Dane-se que isso vá ferir seu orgulho, estou mais preocupado com o seu futuro. Morgana enfatizou muito que você deveria ter um histórico de no Quadribol. E não, não Al. Jogar Quadribol na Toca não conta, não creio que considerem isso como jogo parcial.
Albus sentia que ia diminuindo a cada fala do pai. Não via qualquer alternativa ali.
Saiu do escritório de Harry e rumou para o quarto, ignorando os chamados de sua mãe. Foi até a mesinha de cabeceira e a abriu, retirando todos os livros e objetos que se encontravam ali. Segurou uma caixinha preta, bem pequena. Suspirou observando. Finalmente teve coragem de abrir.
Retirou um pequeno pomo de ouro de dentro da caixa. Analisou-o contra a luz, sua vontade cada vez maior de ter sido merecedor de um pomo como aquele - com tanta história.
Passou os dedos sobre a escrita que tinha no pomo.
Abro no Fecho.
O antigo pomo do seu pai.
Aquele que Harry Potter quase engolira em seu primeiro jogo como apanhador.
n/a: Eu não consegui NÃO escrever essa história! AH MEU DEUS! Já tenho tudo mais ou menos planejado!
Claro que ela terá muuuuuito Quadribol, até dar nos nervos.
Porém, terá muito romance é claro. E muito ódio entre Scorpius e Albus. Hehe
Então, o que acharam?
Bom, pra quem já conhece meu casal favorito da nova geração, boa leitura! Para quem não conhece, acho que já vão descobrir.
Welcome!
Beijos,
Ciça!
