NOTA: Os personagens pertencem a David Shore

Pedindo um pouco mais

Cap01- FIM

House segurou a mão dela, o mais forte que pode, entrelaçando seus dedos, como estava fria! Precisava mostrar que ela não estava sozinha... não dessa vez, apurou os ouvidos. Ela soluçava.

As lágrimas que lhe escorriam a face desesperadamente pouco se relacionavam com a dor da perda, eram puramente preenchidas pela culpa, os caminhos que trilhavam percorriam marcas de tristeza e a iluminavam os olhos, contrastando o dolorido e a serenidade, como eram belos, mesmo inchados e escondidos atrás de lentes escuras.

Seus dedos travavam em vão uma batalha de secessão, sentir o toque dele apenas aumentava o remorso, batalha perdida, já não possuía forças
para recusar qualquer mísero conforto.

Para ela era mais um flashback do que a realidade propriamente dita. Para ele, mais um quebra-cabeças, mas vê-la sofrer espalhava as peças por lugares que só poderiam encontrar juntos.

O amigos estavam lá, Wilson estava, House não queria estar... O sofrimento dela derrubava suas barreiras, tornava-o vulnerável, só ela podia fazer isso, o luto tomava o salão. A ausência...

A aliança ainda ocupava um lugar no anelar esquerdo, lugar a qual nunca pertenceu, um símbolo de almas que nunca foram unidas e agora separadas por uma distância celestial. Se por um lado ele conquistara um dedo de sua mão, o outro lhe roubara corpo, alma e coração. A morte
não fora repentina, houve toda uma preparação psicológica, mas o ensaio geral não se compara a estréia da peça.

Cam se aproximou do local onde o corpo fora posicionado, House a soltou... em poucos segundos ela perdeu seu chão, sua bengala nos últimos meses, aquele que até agora preenchera o vazio... sabia que o momento era dela...

Os passos pareciam infinitos, o tempo passava sem sentido, ela chegou, fitou-o, parecia dormindo, tão tranqüilo, os cabelos loiros sempre arrumados. Aqueles dos quais House tirava sarro. Ela sorriu ao lembrar do jeito dele, o sotaque australiano e as piadas de canguru, enquanto o coração se comprimia, era ilógico como a vida lhe pregava peças, ironicamente o destino eliminava aqueles que ousavam ficar entre ela e House.

Chateava-se por não ter conseguido entregar seu coração, ele sempre soube que nunca a teria por completo e mesmo assim ele aceitara. Ela tentara, por muitas vezes, o sim na cerimônia, o acompanhamento na doença e agora o fim...

Queria destinar suas últimas palavras, mas ficaram presas... engasgadas... a voz chorosa sussurrou como conseguiu:

-Chase... me desculpa...