"Ótimo... chegou o maravilhoso dia que eu vou ter que me mudar pra Londres pra morar no teatro da minha Tia... não que eu não tenha idade pra morar sozinha, mas como a minha Tia insistiu pra eu tentar arranjar algum emprego naquele maldito teatro, eu não pude recusar..." Pensava Caroline, uma garota de 19 anos, cabelos pretos, lisos e compridos, olhos verdes muito claros, pele extremamente branca e personalidade forte, enquanto arrumava sua mala, junto com sua tia. Seus pais tinham morrido recentemente num acidente de carro, em Nova York, sua antiga cidade, então ela iria se mudar pra Londres, com sua tia. "Ainda vou ter que agüentar aquele maldito sotaque inglês... vou te contar".

-Vamos Carol, o caminhão da mudança chegou. - disse sua tia, Sra. Audrey Giry, uma senhora de mais ou menos cinquenta anos, mas que tinha cabeça de quarenta. Ela era neta da falecida Meg Giry, e dera esse nome à filha. - Minha filha, Meg veio aqui pra ajudar a gente com as coisas. - Caroline revirou os olhos. Como se uma garota dois anos mais nova que ela fosse ajudar em alguma coisa... Mas deu um sorriso falso à tia e pegou uma caixa para colocar no caminhão. Depois de colocarem tudo dentro, elas entraram. Sra. Giry sentou-se num banco da frente, enquanto Caroline se sentou no banco de trás junto com sua prima Meg.

-Hm... Tenho certeza que você vai adorar o teatro... Hm... Carol... - disse Meg, tentando ser amigável com a prima, a qual só fora conhecer hoje. Caroline franziu a testa, odiava quando a chamavam de Carol, e ainda mais com aquele sotaque insuportável, mas tentou ser simpática respondendo com um "é, vai ser legal.".

-Sabe, dizem que lá é assombrado por um fantasma... ele se diz dono do teatro. Muitas pessoas dizem que já o ouviram cantando ópera e outras dizem que já o viram pessoalmente! - disse Meg, enquanto observava Caroline de cima a baixo... não parecia ser muito comum em Londres uma garota usar jaqueta de couro preta, saia branca e bota soldado. Caroline dessa vez não se conteve e deu um enorme e extremamente chamativo suspiro. Ótimo. Agora ela, além de ter que agüentar aquele sotaque, ter que viver num lugar onde todo mundo parece Barbies vai ter que também agüentar um cara supostamente morto cantando opera no ouvido dela. A viagem até o aeroporto não foi longa e assim que chegaram, Caroline foi direto para o avião. Se fosse pra fazer isso, que fosse o mais rápido possível. Logo depois Meg e Sra. Giry entraram e se sentaram nos bancos ao seu lado. Depois das primeiras horas, as duas já estavam no milésimo sonho, enquanto Caroline mal piscava. Sentia-se tão injustiçada... Porque seus pais tinham que morrer num acidente de carro? Porque ela tinha que se mudar pro maldito teatro da tia, e agüentar aquele sotaque? Porque esse maldito teatro tinha que ser assombrado por um maldito fantasma que canta uma maldita OPERA? "Vou te contar... e minha tia ainda fica dizendo que eu tive sorte dela ter um teatro tão bom e tão cheio de oportunidades pra eu poder ficar e arrumar emprego... como se em Nova York eu não arrumasse um fácil... ok... adeus minha oportunidade de ser uma atriz famosa de Hollywood. E sem um cara morto cantando opera no meu ouvido.". Esses foram os pensamentos que invadiam o pensamento da garota de segundo em segundo. Ao finalmente sobrevoarem Londres, Meg acorda e vai mostrando todos os pontos turísticos à prima, que parecia tão interessada nisso quanto à idéia de ter um cara morto cantador de ópera assombrando o teatro. O avião aterrisou e todas saíram dele. Caroline percebeu que chamava bastante atenção, pois parecia ser a única garota de botas soldado naquele lugar."Excelente, to vendo como vou me enturmar fácil", Pensou num tom irônico. Tia Giry chamou um táxi e todas entraram, indo em direção ao teatro. Ao chegarem, Caroline não pode deixar de reparar que era muito bonito.
-Vamos entrando, querida. - disse Giry empurrando a sobrinha para dentro do imenso teatro. Era incrivel. O teatro conseguia ser mais bonito por dentro do que por fora.
Tia Giry olha para Caroline muito contente, crente de que esta iria gostar muito de morar em Londres.
-Venha, Meg, mostre a Carol onde será o quarto dela. - falou Giry recolhendo os casacos das duas.
-Bom, priminha, como voce é mais velha do que eu, decidi que voce vai ficar com o quarto maior... bom é o mais... assustador se é que você se importa... mas ele tem suas qualidades como... hm... vista do arranha-céu ali na frente e...hm... barulho dos carros..
Caroline olha para a prima com cara de desaprovação. "Ah, qual é. Eu tinha mesmo que ficar no pior quarto?"
-Venha - disse Meg puxando a prima para um corredor estreito que levava à escada para o segundo andar - como aqui em baixo é o teatro, nós vamos morar lá em cima! Seu quarto é no último andar. - Caroline novamente faz uma cara de desaprovação. Acompanha a prima, subindo umas 3 escadas demasiadamente grandes. Ao chegarem lá, Caroline sentiu que se não se segurasse soltaria um belo palavrão ali mesmo. O quarto dela era definitivamente o pior. Além de ser o mais assustador, barulhento, ficar no ultimo andar, cheirava a mofo e sua cama era extremamente mole. Odiava camas moles com todas as forças. Ainda tinha um espelho daqueles de chão, completamente empoeirado. Na janela havia algumas flores à beira da morte, e tudo parecia ter uns 500 milhões de anos. Meg fez uma cara de nojo e, já se retirando falou:
-Bom... esse é o seu quarto... hm... ele é bem grande, né? Ah... hm... o Monnerat deve tar vindo com suas malas... espero que goste de quarto!... tchau! - Caroline olhou para a prima, com os miolos estourando, se pudesse dava um soco nela ali mesmo.
-Beleza! O que podia ser pior do que morar em Londres, em cima de um teatro, num quarto dos tempos da minha tatatatatataravó? - resmunga Caroline enquanto retirava suas botas de soldado e as colocava por cima do tapete empoeirado - agora só falta mesmo é que esse lugar caia aos pedaços.- a garota dá um longo suspiro fazendo a poera do ar voar diante de seu nariz.
-Carolzinha, querida! - chama Giry, do andar de baixo - Vá logo arrumar seu quarto para vir almoçar!
Caroline responde com um simples "Ok" e volta a retirar suas botas demasiadamente cansada. Teve que subir uns 200 degraus até chegar em seu novo quarto. Assim que terminou de tirar os seus calçados, Caroline se retirou do quarto, não aguentava mais o cheiro de mofo. Achou melhor almoçar para depois fazer uma breve limpeza geral naquilo tudo, deixar as coisas mais seculo 21!
-Gostou do seu quartinho, queridinha? - perguntou tia Giry quando finalmente notou que a sobrinha já se encontrava na cozinha, no segundo andar.
"Pior impossivel" pensa Caroline. Odiava que as pessoas a chamasse de "queridinha", "carolzina", "docinho", que era o típico de sua tia.
-É, tá meio velho o quarto. Suponho que tinha sido um porão antigamente. - responde a sobrinha com tom de desdem
-Nããão, Carolzinha! Era um quarto super chique onde o protagonista de todos as peças ficava antes desse teatro fechar e tal... - disse a tia meio desapontada - e dizem que o 'Fantasma da Ópera' fica naquele quarto.. que é onde dá para ouvir as peças que passam aqui em baixo.
"Que desagradavel, aquela historia estúpida do fantasma da ópera de novo!"
-Giry, não vai me dizer que voce acredita nessas coisas! - disse Carol olhando desconfiada para a comida... não estava com a cara muito boa.
-Não,não. Eu não acredito! Mas tome cuidado...
Meg não pode se conter e cai na gargalhada quando viu a cara que Caroline fez ao receber a informação.
-Quer ficar quieta, Meg! - exclama Carol se retirando da mesa.
-Que foi, não vai comer não?
-Perdi o apetite.
Carol olha para as duas e se afasta ta cozinha, indo em direção ao seu quarto.
Quando lá chegou, ela olha desapontada ao seu redor. Por onde ia começar a limpar! Meg tinha razão quando falou que o quarto era extremamente grande, enfim meio assustador.
Sua mala estava jogada no tapede de qualquer maneira junto às botas. Monnerat deve mesmo ter dado as caras pelo quarto, mas de mal disposição, pois estava tudo jogado.
Caroline revira toda a sua mala. Suas roupas pretas de sair e suas saias estavam tudo bem dobradinhas junto com o resto das roupas. Ela não tinha mesmo coragem de meter essas maravilhosas blusas de grife naqueles armarios imundos. Mas a injustiça fala mais alto. Não tinha outro jeito a não ser arrumar tudo lá dentro. E assim o fez. Carol pegou dois panos molhados e passou pelo armario antes de colocar suas roupas e depois, para dá mais um look de garota descolada, colou um monte de adesivos de rock na porta do armario.
-Ficou show.
Tinha um pequena penteadeira preta encostada na parede junto ao espelho. "Perfeita para mim", pensou a garota. Ela foi logo colocando seus perfumes, brincos, piercings, escovas de cabelo, chapinha, tudo ali de uma forma organizada e deu mais uma limpada na poeira.

"Quero ver o que a Meg vai falar depois de ver como esse quarto está ficando", pensou ela depois que acabou de colocar tudo em ordem, só faltando uns posters de sua banda favorita na parede, um tapete novo mais chique e varrer mais um cadinho o chão. Fora isso o quarto, agora, estava mesmo com um visual bem melhor.
Antes que Caroline voltasse a varrer o chão, ela ouve alguem batendo a porta e antes que a abrisse, Meg aparece em sua frente super feliz por algum motivo.
-Vamos dar uma...UAU! Esse quarto fico super louco! Voce sabe mesmo como se arrumar as coisas!
Pela primeira vez, Meg e Carol cruzam sorrisos verdadeiros. Principalmente pelo fato de Caroline estar de bom humor.
-Vamos da um passeio, ok? Mamãe pediu que voce tomasse banho e se arrumasse para irmos te mostrar a cidade, o que acha?
-Tá legal. Tchau.
Meg acena para a prima e sai do quarto alegre.
"Bom - pensou Carol - acho que já vou tomar meu banho."
O ponto mais legal do quarto era que tinha um banheiro bonito perto à porta. O incrivel era que estava bem limpinho, deixando Caroline mais tranquila.
Quando a garota colocou o pé no banheiro, prestes a tirar suas vestes, ela ouve uma musica de ópera vindo de trás de sua cama. No começo sentiu medo, mais pensou para si mesma que não poderia ser nenhum fantasma medíocre desocupado.
-Quem está aí?