Fic dedicada à Naruto e Hinata Uzumaki !!
Esse parecia que seria um dia qualquer em Konoha. Treino; missões; ataques da Tsunade-sama; pulgas do Akamaru que resolveram brincar com os insetos do Shino; Konohamaru ainda tentando te vencer, Kakashi-sensei com aquele livro idiota e eu sempre te admirando, de longe...
...
Pela manhã, fui treinar, como faço todos os dias... e como todos os dias, eu melhorava mais e mais, embora fosse muito difícil criar e aperfeiçoar técnicas... mas, eu não desistiria tão fácil! Afinal, eu tenho um ótimo exemplo...
Mas, durante todo o treino, eu senti algo diferente. Algo parecido com angústia, mesclava-se a um... desespero... que eu não sabia explicar... Não havia nada de diferente na minha vida, que fosse capaz de tão mal presságio. Era... inexplicável.
Tão logo acabamos de treinar, me despedi da minha equipe e pensei em voltar pra casa. Eu caminhava a passos lentos, distraída, tentando compreender porque meu coração sentia-se sufocado com aquelas sensações... o que poderia acontecer de tão ruim...
Não me dei conta de quando cheguei ao lago e, debaixo de uma cerejeira sentei, fitando o horizonte e as ondas formadas pela brisa quente e suave, que fazia as pequenas flores do campo à minha frente dançarem... uma cena perfeita... se você estivesse ao meu lado...Por várias horas eu fiquei ali, pensando em muitas coisas, mas todas elas me levavam a você.
Tirada de meus devaneios por Neji, a realidade se fez presente com força quando, ao voltarmos para casa, Hiashi-sama, meu pai, reuniu toda a família para anunciar o meu maior pesadelo...
"Po-por que estão t-todos aqui?" - perguntei à Neji, em tom quase inaudível.
"Pra falar sobre... você." - Seu olhar era triste.
"Hinata!" - todos me olharam quando meu pai chamou, em meio a sorrisos - "A herdeira do clã Hyuuga, que nos trará bons ventos e harmonia com o seu casamento." - eu não acreditei no que ouvi e, com dificuldade, tentei compreender aquelas palavras...
"O q-quee?? Como as-sim? Ca-casam-mento?" - 'não pode ser...'
"Tudo já está combinado. Seu noivo virá visitá-la daqui a três semanas. Faremos uma recepção, poderá convidar os seus amigos também."
Meu pai, Hyuuga Hiashi acabara de me dar a pior notícia da minha vida.
"M-mas... não posso m-me casar com alg-guém que... não amo!" - eu tentei, em vão, escapar dessa.
"Entenda, seu casamento será uma... aliança com Suna e trará muitos benefícios para Konoha. Fique feliz! Você é a herdeira do clã mais importante e tradicional desta vila. Você garantirá a paz à todos por muitos anos." - e ele me deixou sozinha, em meio a sentimentos desordenados e assoladores... como posso me casar com alguém que não seja... você?
Diante de todos, saí correndo porta afora, sem rumo e em meio a lágrimas constantes, sem perceber que meus pés me levavam para os portões da vila. Só então parei, sob os olhares curiosos dos vigias e dos que passavam naquele momento. Hesitante, recomecei a caminhar, quando ouvi uma voz, que eu conheço muito bem, me chamando...
"HINATA!" - você chegava correndo e gritando - "O que aconteceu? Por que está chorando?"
Assustada, eu fitei seus olhos por um breve segundo, sem conseguir responder... mas, nesse breve segundo, meu coração sorriu ao sentir a preocupação na sua voz... eu devia estar sonhando acordada...
Percebendo que eu não seria capaz de qualquer explicação naquele momento, você me levou para um lugar diferente, que eu nunca havia visto, distante de Konoha. Maravilhosa, seria a descrição para tão perfeita visão. Do alto daquela montanha, podia-se ver campos floridos, misturados à pequenos bosques; vastos campos de arroz perfeitamente cuidados, uma linda cachoeira aos nossos pés e o deslumbrante jogo de cores que anunciava o pôr-do-sol...
Por longos minutos, eu esqueci o meu tormento, extasiada com aquela cena digna de uma história de amor eterno...
Olhando em volta, eu me deparei com você me observando e... sorrindo. Inconscientemente, me perdi no seu olhar, de um azul sereno, que se misturava ao azul do céu... mas, um movimento seu me fez notar que você ainda segurava a minha mão e, timidamente, eu a soltei, completamente sem graça, me pondo a observar as ondas formadas pelas águas que caíam constantes e intensas...
"Esse lugar... como o descobriu? É tão... perfeito..."
"É o meu... refúgio... sempre venho aqui quando quero ficar sozinho e pensar em... algumas coisas... às vezes perco a noção do tempo... e o mundo gira e eu não vejo... as horas passam pra mim e... pra você e nada muda..." - você olhava o horizonte como se não existisse mais nada naquele momento... - "Às vezes fico em silêncio e meus dias são iguais... o tempo passa mas, eu fico aqui e nada muda... nem o que queremos..." - eu não sabia que você era capaz de palavras que invadem e remetem à sensações ocultas e tão verdadeiras...
Você ainda sorria, quando nos sentamos e eu resolvi contar o que se passara, numa tentativa de aliviar o peso que sentia na alma.
"... um casamento... arranjado... não posso fazer isso... não vou fazer isso! Como ele pode me obrigar a... entregar a minha vida assim?" - um vestígio de raiva lhe chamou a atenção.
"Eu não acho que você deva se casar com quem não quer mas... se o seu pai já prometeu a sua mão, como a herdeira do clã é o seu dever."
"Hunf... deveres... existem coisas mais... importantes do que deveres..." - falei com tristeza.
"É verdade... sei bem disso... mas, você não quer nem pensar no que o seu... casamento pode fazer pela vila? Afinal, é o seu clã..." - você ficou sério, enquantos seus olhos perdiam-se no nada...
"Não! Não há... a mínima chance de me casar com alguém que... não... amo... nem mesmo pelo clã ou por... essa vila. Existem coisas que..." - senti meus olhos mergulhados em lágrimas, que não sei por quanto tempo seria capaz de conter - "Eu só posso seguir... o meu... coração..."
"Certo... e para onde o seu coração te leva?" - eu perdi o chão e, consequentemente, a voz... tenho certeza que fiquei tão vermelha, quanto as cores que ornavam o sol já quase posto, sob o seu olhar curioso e... diferente...
Eu queria te responder e acabar com toda a minha angústia mas, subitamente, levantei e me virei, fugindo novamente... me afastei de você...
Parei de correr e encostei numa árvore, à beira de um pequeno jardim, onde pensei que estaria à sós com meus sentimentos e me entreguei às lágrimas, evitando qualquer pensamento... mas um jamais me abandonava...
Enquanto o tempo passava, eu imaginava um futuro sombrio, longe de qualquer vestígio de felicidade... 'Só tenho uma saída... ir... embora de Konoha'
"E então... já pode me responder agora?"
Sobressaltada, virei lentamente na direção da voz e te vi sentado, no galho da mesma árvore.
"Há... q-quanto tempo e-está aí?" - levantei, secando rapidamente o rosto.
"Vim atrás de você, quando saiu correndo..." -e apareceu na minha frente - "Agora... responda."
Dei um passo pra trás, engolindo em seco... não poderia responder essa pergunta. Quando você avançou o mesmo passo, senti minhas mãos tremendo e, no reflexo, recuei novamente, esquecendo a árvore atrás de mim. Com um sorriso de canto, você insistiu:
"Por que não responde? É tão... terrível assim?"
"N-não... mas..." - eu já sentia o ar me faltando - "Eu... eu..."
"Você..." - mais um passo... estávamos tão próximos, que meu coração parecia querer sair pela boca - "Vamos... diga..."
"Eu..." - nem pensar direito eu conseguia, muito menos responder... e pior ficou, quando seu tom de voz diminuiu e eu ouvi:
"Preciso saber se... é verdade... o que seus olhos me revelam..." - seus dedos passeavam no meu rosto e pararam em meus lábios, fazendo você desviar o olhar... Estranhas sensações me fizeram fechar os olhos, com os lábios entreabertos, buscando o ar que me fizesse acalmar... Inútil. 'Só pode ser um sonho...' - tentei me convencer, sem notar que pensei em voz alta...
"Não é um sonho, Hinata" - como você pode ter uma voz tão sensual, hein? o.o' - "É o que... nós dois queremos..."
Com medo de acreditar, eu abri os olhos e encontrei nos seus a certeza de uma esperança... a minha esperança...
Senti seu braço enlaçar a minha cintura e me levar à você, enquanto sua mão perdia-se nos meus cabelos, me fazendo suspirar... O toque suave dos seus lábios, aprofundando aquele beijo... seu corpo junto ao meu... suas mãos possessivas e ao mesmo tempo gentis, passeando pelas minhas costas... era bom demais pra ser verdade...
Quando nos separamos, o calor emanado era inquietante e assustador mas, antes que eu me rendesse ao medo, um outro beijo, ainda mais irresistível, derrubou as últimas barreiras de medo, incerteza e insegurança, permitindo entregar-me àquelas sensações, sem pensar no que viria depois... Eu seria sempre sua...
...
continua...
