Título: Shiver

Autora: Nah

Casal: Aoi x Uruha

Gênero: Romance

Sinopse: Era apenas naqueles breves momentos que eu sentia como se não faltasse nada em minha vida. E era mais doloroso ainda quando tudo terminava e eu percebia que não tinha realmente o que queria.

Disclaimer: Eles não me pertencem. Mas a fic sim, então nada de plágio ou publicar em outro lugar sem a minha devida autorização.

N.A: Lemon ou quase isso já que não é tão descritivo, mas esteja avisado desde já.


Parte I – Uruha POV

Dedilhei algumas notas na guitarra em meio a um suspiro resignado sem realmente prestar atenção ao som. Ainda assim pude ouvir um resmungo de Reita vindo do lado, reclamando algo sobre guitarra desafinada. Mas não estava me importando com aquilo naquele momento.

A única coisa que eu conseguia pensar era no meu relacionamento – ou a falta dele, para ser mais exato – com Aoi. E o pior de tudo era constatar que talvez a culpa fosse toda minha. Afinal eu é que tinha chegado nele depois de um show incrível, me insinuando de maneira nem um pouco sutil e acabando por arrastá-lo até o meu apartamento, me deliciando com um dos melhores sexos casuais que eu já tivera. Era exatamente o que eu buscava e Aoi correspondeu a todas as minhas expectativas.

Depois daquela noite nos encontramos mais algumas vezes apenas para fazer a mesma coisa aumentando a freqüência dos encontros com o passar dos dias. E quando eu vi já estava completamente envolvido pelos toques, gestos e gemidos do outro guitarrista, pensando em como seria bom acordar de manhã com ele ao lado ao invés dos lençóis já frios, apenas com o suave perfume que pertencia ao outro guitarrista.

- Uru-chan? O que tanto você fica divagando ai? – ouvi a voz de Ruki e desviei os olhos das cordas da guitarra para poder olhá-lo.

- Ah, chibi, não é nada – respondi sorrindo e bagunçando os cabelos dele que fez uma careta, afastando minha mão e ajeitando as mechas.

- Sei... Você anda mais sério do que o normal ultimamente e mais desconcentrado também. Errou vários acordes no ensaio de hoje.

- Gomen ne... Não dormi muito bem noite passada.

Vi um brilho malicioso transpassar nos olhos do pequeno e ri negando com a cabeça.

- Não é nada disso que você está pensando, chibi-ero. Eu apenas tive uma noite comum de insônia.

- Ah... – e eu quase ri sinceramente ao ver a cara de desanimo dele.

- Mas tenho certeza que você deve ter se divertido bastante noite passada – provoquei, rindo baixo, vendo-o ficar sem jeito e desviar os olhos para o baixista mal humorado ao meu lado. – Okay! Nem precisa responder.

Levantei com a guitarra, me afastando indo guardá-la e juntar minhas coisas para ir embora antes que Ruki resolvesse me xingar de todos os nomes possíveis por ter insinuado tal coisa. Aoi conversava com Kai mais ao canto da sala e eu cogitei a possibilidade de ir embora sem me despedir deles, já que sabia que se falasse diretamente com o guitarrista moreno não iria me contentar em ir para casa sozinho. Provavelmente acharia um jeito de fazê-lo ir comigo, usando uma desculpa qualquer e que não seria questionada por ele.

Porque no final das contas era sempre eu que o procurava, com saudades dos seus toques e fantasiando enquanto estava em seus braços que ele sentia o mesmo por mim. Mas eu sabia que não passava de uma distração em meio à rotina de ensaios e entrevistas.

Terminei de juntar tudo o que era meu dentro da pequena mochila, a guitarra já guardada em seu estojo e peguei tudo me dirigindo até a porta tentando fazer silêncio para não ter que me despedir dos rapazes.

Sai apressado pelos corredores da PSC, entrando no elevador que já estava no andar em que me encontrava. E minutos depois cheguei a garagem do prédio, procurando as chaves do carro no bolso da calça, deixando-a cair no chão ao ouvir a voz de Aoi me chamando e pedindo para que esperasse.

Virei, vendo-o se aproximar, parecendo ofegante, apoiando as mãos nos joelhos ao ficar de frente pra mim e tentando regularizar a respiração.

- Poxa, Uruha, você nem pra dizer que estava indo embora – ele reclamou, me fitando meio emburrado e eu só pude sorrir antes de me abaixar e pegar as chaves que havia deixado cair.

- Desculpe, eu só queria voltar logo para casa e vocês estavam tão entretidos que não quis atrapalhar.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas pareceu ter desistido e apenas me fitou como se me avaliasse. Acabei desviando os olhos, com medo que ele descobrisse o que eu vinha tentando esconder nas últimas semanas.

- Você pode me dar uma carona? – destranquei a porta do carro, virando para olhá-lo, surpreso, quase perguntando rudemente por que ele não pedia uma carona a Reita ou Kai.

- O que aconteceu com o seu carro?

Ele hesitou em responder, meio incerto e eu sabia que aquilo significava que ele iria contar uma mentira qualquer.

- Quando sai de casa pra vir ensaiar um dos pneus estava murcho então peguei um táxi.

- Certo. Vamos, eu te deixo em casa – e sem esperar que ele dissesse mais alguma coisa, entrei no carro, destravando a porta do carona para que ele pudesse entrar.

Vi Aoi dar a volta no carro e entrar, colocando o cinto enquanto eu fazia o mesmo, ligando a chave na ignição. Depois disso não trocamos uma palavra sequer, o que na verdade era bem comum quando estávamos a sós.

Mas aquele silêncio me sufocava. Quando estávamos entre os outros, Aoi costumava falar um pouco mais e era bastante expansivo, mas quando estávamos juntos trocávamos poucas palavras, apenas o que era considerado necessário.

No começo eu confesso que tudo aquilo me bastava, era até extremamente cômodo para mim. Não precisamos ficar de cerimônia e partíamos logo para a sessão de agarramento e sexo. Só que agora eu queria muito mais do que aquilo, mesmo sabendo que não merecia. E claro que eu não podia dizer isso a ele. Se estivesse em seu lugar eu iria chutar o outro cara sem pensar duas vezes.

Porque não era segredo para ninguém que eu não era uma boa pessoa pra relacionamentos, já que eu fugia deles com uma destreza impar. E não é como se Aoi fosse muito diferente nesse aspecto. A diferença é que ele ao menos tentava embarcar em um relacionamento e acabava por fugir sem se dar conta. E eu nunca arriscaria vê-lo fugir de mim.

Continuei dirigindo em meio a tudo aquilo que passava na minha cabeça e quando me dei conta já estava parado em frente ao prédio em que ele morava. Aoi me olhou, prestes a sair do carro parecendo hesitar mais uma vez em falar algo.

- Você não quer subir?

Arqueei uma sobrancelha ao ouvir a pergunta, sabendo bem onde aquilo iria parar. Claro, que eu pensei primeiramente em recusar, dizer que precisava ensaiar alguns solos antes de dormir ou qualquer outra desculpa menos furada do que essa. Mas Aoi nunca tinha tomado a iniciativa até então, o que me deixou tentado em descobrir até onde ele iria se eu não tomasse a iniciativa aquela noite. Isso se eu resistisse.

- Hm... Okay – respondi, tirando o cinto e desligando o carro.

E segundos ou minutos depois estávamos na frente da porta do apartamento dele, nos beijando e eu não sabia dizer que tinha iniciado aquele beijo.

Ele se afastou momentaneamente ao destrancar a porta, me puxando junto, colando minhas costas na porta já fechada sem muito cuidado. Roçava o nariz no meu pescoço de maneira quase contempladora, contrastando com os movimentos impacientes e rápidos de suas mãos em meu corpo querendo me livrar das roupas o mais depressa possível.

Yuu... – sussurrei seu nome baixo, os olhos fechados apreciando os toques dele, puxando-o para mais perto como uma desculpa para não deixar meus joelhos cederem.

Entreabri os olhos ao perceber que ele afastava o rosto e vi os orbes negros de Aoi me fitando em um misto de desejo e carinho me fazendo prender a respiração por alguns instantes. Seus dedos calejados acariciavam meu rosto antes dos lábios dele roçarem nos meus de um jeito que nunca tinha acontecido. Havia tanto carinho e cuidado naquele simples toque que eu tive que me segurar com mais força no pescoço dele, voltando a fechar os olhos, confuso com a sensação que Aoi me passava naquele momento.

Eu podia lidar com os gestos dele buscando prazer, mas não com os que buscavam carinho e afeição. Porque eu não queria me apaixonar ainda mais ou me iludir achando que era importante para ele de uma forma única.

Acabei pressionando uma mão na nuca dele, juntando os meus lábios contra os dele com uma força desnecessária e pedindo passagem com a língua, buscando a sua de forma sedenta. Eu precisava ficar no controle dos meus próprios sentimentos e a melhor maneira era afastando qualquer ato de carinho, principalmente se viesse dele.

Yuu pareceu entender, mudando seus gestos prontamente, tornando-os mais intensos e até um pouco agressivos, deixando sua perna entre as minhas, sua coxa pressionando meu baixo-ventre. Em resposta eu gemi dentro do beijo, minhas mãos buscando o corpo dele com urgência, arrancando os botões de sua camisa sem delicadeza para poder sentir a pele quente dele contra a palma das minhas mãos.

Ele parou o beijo, seus lábios atacando meu pescoço, fazendo marcas que eu ficaria admirando mais tarde no espelho do banheiro de casa antes de tomar banho. Porque olhando as marcas roxas eu podia dizer mentalmente durantes alguns minutos que pertencia a ele.

Ofeguei quando ele mordiscou o meu pescoço com uma pouco de força, enquanto suas mãos estavam presas na barra da minha camisa, puxando-a para cima, seus dedos tocando minha pele. Me livrei da camisa rapidamente, jogando-a em um canto qualquer, com urgência em senti-lo. Minhas mãos já desabotoavam sua calça nervosamente, puxando para baixo, tocando sua ereção já desperta e ouvindo-o gemer abafado contra o meu pescoço.

Quando me dei conta minhas calças já haviam sido arrancadas e eu apoiava as costas na parede sussurrando em seu ouvido em um tom quase suplicante que precisava ser tomado por ele naquele momento. Aoi nem se livrou da camisa, a calça abaixada apenas o suficiente enquanto eu estava nu em sua sala, desejando senti-lo com força, para me fazer acreditar que ao menos ali algo era real.

Ele me tomou em seus braços, minhas pernas enlaçando sua cintura, firme, enquanto meus braços estavam em volta de seu pescoço, então afundei o rosto ali, sugando sua pele com força, mesmo sabendo que ele resmungaria depois por eu tê-lo marcado.

Afastei os lábios gemendo alto quando ele finalmente afundou dentro do meu corpo de uma vez só, sem preparação. A dor incomoda fazendo com que eu mordesse o lábio inferior para poder conter os gemidos doloridos que eu não queria que ele ouvisse. Mesmo assim Aoi pareceu perceber e apertou os braços ao meu redor de uma maneira tão reconfortante que fazia valer a pena qualquer dor.

Quase me senti derreter em seus braços ao ouvi-lo sussurrar um pedido de desculpas, ainda que eu soubesse que ele preferia ter ido com mais calma e se havia sido daquele jeito era porque eu pedira.

Voltei a beijar o pescoço dele mostrando que estava tudo bem e murmurando que ele continuasse. Yuu ainda parecia hesitar, mas obedeceu, gemendo languidamente próximo a minha orelha, me fazendo gemer em resposta ao senti-lo deslizar quase por completo e se enterrar mais uma vez em mim.

E foi em um ritmo urgente, necessitado de ambas as partes que continuamos, em meio ao barulho dos corpos se chocando, dos gemidos e do suor das nossas peles se misturando, que pudemos contemplar um ao outro transbordando em prazer.

Aoi havia pedido que eu me tocasse e eu sabia o quanto aquilo o excitava ainda que dificilmente ele fizesse tal pedido. Não consegui conter o gemido malicioso no canto dos lábios ao fitá-lo e ver que ele admirava cada detalhe ao mesmo tempo em que se movia contra o meu corpo de forma lânguida e torturante. Eu gemi seu nome, cerrando os olhos e sentindo suas mãos pressionarem minha cintura com força.

Quase podia sorrir diante da entrega dele e da forma que chamava o meu nome em meio aos gemidos baixos que deixava escapar. Era apenas naqueles breves momentos que eu sentia como se não faltasse nada em minha vida. E era mais doloroso ainda quando tudo terminava e eu percebia que não tinha realmente o que queria.

E acho que em meio a todas as divagações, devo ter denunciado algo em meus gestos, porque ao entreabrir os olhos, pude ver o olhar confuso de Aoi preso ao meu, fazendo perguntas mudas sobre o que aquilo significava.

Fechei os olhos, tomado pelo prazer mais uma vez, pedindo para que ele fosse mais rápido enquanto ele levava uma mão sobre a minha ajudando-me a manipular meu sexo. Não demorou muito para que eu me desfizesse entre nossos corpos, sujando nossas mãos.

Yuu continuava a se mover, rápido, buscando o mesmo que eu. Gemi roucamente, pendendo a cabeça um pouco para trás ao sentir ele atingir o próprio ápice se esvaindo dentro de mim segundos depois. Ele apoiou meu corpo mais contra a parede, firmando os braços ao meu redor e eu sabia que suas pernas deveriam estar querendo ceder.

Tirei minhas pernas ao redor da cintura dele, tocando o chão com os pés, continuando a me apoiar mais contra a parede. Eu precisava de alguns minutos para afastar a sensação do orgasmo, assim como ele. Escorreguei as costas na parede, sentando, ao mesmo tempo em que minhas mãos buscavam as peças de roupas que me pertenciam.

Aoi ajeitou a calça e eu levantei os olhos para fitá-lo, vendo-o ofegante, a respiração ainda sem ritmo. Ele correspondeu o olhar, ainda parecendo confuso e incomodado com algo. Sorri falsamente tentando soar o mais casual possível ao murmurar.

- Eu já vou embora, só um instante – e isso pareceu irritá-lo de algum modo.

- Como quiser – ele respondeu frio, ajeitando algumas mechas de cabelo desarrumadas.

Achei o tom estranho, mas não questionei. Terminei de recolher minhas roupas, levantando e vestindo-as. Quando terminei Aoi já tinha se afastado e estava com a testa colada nas enormes portas de vidro que dava para a varanda do apartamento, absorto em algum pensamento. Me despedi em um murmuro, mas vi ele se virar, me fitando novamente como se me avaliasse.

- Uruha... – ele suspirou parecendo meio inconformado com algo. – Acho que precisamos conversar.

Tentei de todas as formas não transparecer a angustia que senti ao escutá-lo, sabendo bem que rumo teria uma conversa depois do que tínhamos feito. Provavelmente ele iria colocar um ponto final naquela situação ou por estar cansado de mim ou por perceber que eu havia me envolvido mais do que devia.

- Podemos conversar amanhã, Aoi? Eu estou cansado e...

- Kouyou, eu só preciso de alguns minutos – senti as palmas das mãos gelarem ao ouvir ele me chamar pelo verdadeiro nome e tive vontade de fugir dali o mais rápido que conseguisse.

Se Yuu desse um basta no que tínhamos ainda aquela noite eu não sabia se iria conseguir controlar a vontade de me agarrar a ele e pedir que não fizesse isso.

Ele se aproximou, suavizando um pouco a expressão no rosto e eu desvie os olhos com medo do que viria.

- Não posso mais continuar com isso – ele disse, tão suave e calmo que por um instante achei que ele não estivesse com raiva. Mas ao voltar a fitar seu rosto vi a mesma expressão irritada de antes.

- Não pode? – me vi perguntando, as palavras escapando sem que eu me desse conta.

- Kou... – Yuu se aproximou mais, tão perto que eu podia tocar os lábios dele se inclinasse a cabeça um pouco mais para a frente. – Desde o começo você sabia que isso não duraria muito tempo. Você mesmo disse que era algo casual.

- Você não quer mais? – perguntei impaciente, vestindo a máscara de arrogante e me afastando dele, o meu orgulho sempre falando mais alto. – Por mim tudo bem.

Ele sorriu meio irônico como se já esperasse aquela resposta, cruzando os braços e sem dizer mais nada sai de seu apartamento, segurando as lágrimas.

E mesmo depois de chegar em casa eu me vi como um idiota apaixonado, relutando em tomar banho porque o cheiro dele ainda estava ali e eu até podia sentir o toque dos seus dedos queimando minha pele.

Era horrível a sensação de que não o teria mais. Pior ainda saber que eu teria que vê-lo quase todos os dias nos ensaios e viajar em turnê de tempos em tempos junto a ele. Tudo porque eu era um idiota que não levava a sério a máxima de 'não se envolver com companheiros de banda.'

Caminhei até o quarto, entrando no banheiro, fazendo exatamente o que fazia todos as vezes em que tinha aqueles encontros com Aoi. Fitei no espelho as marcas que ele havia feito em meu pescoço, quase satisfeito com elas, sabendo que teria dificuldade em escondê-las na manhã seguinte. Suspirei, ao lembrar que aquelas eram as últimas marcas que recebia dele e pela primeira vez desde que me descobrira apaixonado pelo guitarrista moreno me peguei chorando, sem emitir som algum, os soluços angustiados morrendo antes mesmo de chegar a garganta.

Tomei banho, me desfazendo do cheiro dele, as lágrimas continuando a cair pelo meu rosto e eu já previa a dor de cabeça que sentiria devido ao choro, esperando que quando acordasse toda aquela dor e aflição desaparecessem.

Mas tudo estava ali presente na manhã seguinte e provavelmente estaria nos dias que se seguiriam. Só me restava acreditar que com um tempo aquela sensação sumiria e as lembranças dos breves momentos íntimos que dividira com Yuu seriam apenas doces.

E mesmo conformado com a minha situação, a realidade era tão dura que o que eu mais queria era sumir da minha vida. Nem me dei ao trabalho de esconder o mal-humor e o abatimento ao chegar ao prédio da PSC para mais um dia de ensaio. Aoi era sempre o último a chegar e eu só precisava vestir minha máscara quando ele aparecesse por ali.

Só não esperava que ele decidisse justamente nessa manhã achar que deveria chegar antes de todos. E lá estava ele, largado no enorme sofá na sala que usávamos para os ensaios, parecendo absorto em alguns acordes do violão, me perguntando em um tom calmo, sem levantar os olhos das cordas do instrumento assim que fechei a porta:

- Dormiu bem, Uru-chan?

Não consegui responder, lembrando da noite horrível que tive sem conseguir dormi com dor de cabeça e chorando de tempos em tempos. Virei de costas, caminhando até um canto da sala onde estavam os amplificadores, jogando minha mochila no chão e pegando a guitarra no estojo que deixara ali. E mesmo de costas percebi Aoi se levantar, o som baixo vindo do violão cessando.

Prendi a respiração ao ouvir seus passos se aproximando de mim, me sentindo patético por estar reagindo daquela forma.

Aoi encostou-se à parede quase de frente para mim, sorrindo de forma enigmática e me olhando com atenção.

- Parece ter tido uma noite péssima – murmurou, soando meio preocupado e fazendo algo doer em meu peito.

- Yuu... Eu cheguei tarde em casa e por isso acabei dormindo pouco.

- Se você me falasse a verdade ao menos uma vez, as coisas poderiam ter sido diferentes.

Arregalei os olhos ao escutá-lo, sem conseguir esconder o misto de surpresa e choque que devia ter transpassado no meu rosto. E o vi se afastar ao mesmo tempo em que Kai chegava, cumprimentando-nos com um alegre bom dia.

Mas nem cheguei a responder, ainda processando o que Aoi havia dito. E por um instante eu desejei ter feito tudo diferente. Ter começado do jeito certo, ao invés de pensar apenas no meu prazer e esquecer que sempre há conseqüências, boas ou ruins.

Porque se eu fosse um pouco menos temeroso e não tivesse aquele medo palpável de rejeição talvez pudesse realmente ter feito tudo diferente.


N.A: Era pra ser uma shortfic, mas eu não consegui terminar onde queria nem como queria, então vai ter uma segunda parte. Não mandei a fic para nenhum beta, mas li e reli diversas vezes para que escapasse os mínimos erros possíveis, por isso peço desculpa por qualquer coisa.

Reviews, hai? É a única coisa que sustenta uma ficwriter e nem dá tanto trabalho assim. Além do mais ia me deixar tão, mais tão feliz nesse momento.