Vitorégia, a escola de magia brasileira
O Segredo do Anhangá
PrólogoAritã correu pela trilha que dava no riacho. No final dela havia uma árvore cuja copa era um esconderijo perfeito. Talvez fosse mais usada nas brincadeiras das crianças, mas era a única saída que ele encontrara.
Escondia-se de pessoas que ele acolhera como irmãos. Homens e mulheres estrangeiros que faziam coisas espetaculares que ninguém da tribo de Aritã jamais vira. Ergueram estranhas construções e aprenderam os segredos do povo de Aritã. E depois destruíram sua aldeia cruelmente, usando os poderes que antes todos acharam tão fascinantes.
Foram os bichos da floresta que contaram isso a Aritã, pois ele próprio só sobrevivera porquê os estrangeiros haviam, sabiamente, o afastado da tribo. Pediram-lhe a "água que protege do mal", e não adiantou Aritã lhes dizer que toda a água da região é assim. Queriam a água do Rio Maior, que deveria ser mais poderosa. Em todo caso, agora, ele não tinha tanta certeza se aquela água evitava a maldade mesmo...
Algo afastou o pensamentos de Aritã. Do alto da árvore, ele viu o Anhangá, o ser mais poderoso que conhecia (pelo menos antes da chegada daqueles estrangeiros), se aproximar da margem do riacho. Tinha uma expressão de pânico e insegurança que Aritã nunca vira nele antes. O Anhangá tinha poderes fantásticos, que sempre usou para proteger a floresta e os que viviam nela, então se ele estava com medo, era por quê o algo realmente terrível o perseguia.
Antes que Aritã pudesse chamá-lo, vários estrangeiros surgiram do nada e começaram a exclamar coisas que Aritã não entendia. Raios de luz coloridos saíram daqueles pedaços de madeira (que chamavam de varinhas) e atingiram o Anhangá, que berrou alucinado e, depois de segundos, encolheu-se paralisado. Aritã então usou sua própria mágica e um escudo de luz dourada formou-se sobre o Anhangá, mas não foi o suficiente para protegê-lo quando todos os estrangeiros atacaram-no simultaneamente.
A luz verde brilhou sobre o Anhangá e ofuscou a vista de todos, e então o Anhangá reapareceu, mas parecia diferente. Recuperara seu ar presunçoso e arrogante, mas havia algo sinistro em seus olhos quando encarou diretamente Aritã na copa da árvore e ordenou:
— Desça!
Aritã, inexplicavelmente sem controle sobre o próprio corpo, caiu aos pés do Anhangá. Os estrangeiros pareciam abismados, e Aritã não menos que eles, mas ninguém disse nada ou se moveu.
— Eu sempre os fiz de idiotas, humanos tolos — disse o Anhangá, saindo do círculo de estrangeiros, que nada fizeram para detê-lo. — Até a vista, caros inimigos.
Por mais de três séculos, Aritã não viu mais nada.
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