Essa fanfic está sendo escrita à pedido de um conhecido. Espero que aproveitem a leitura tanto quanto eu estou aproveitando a experiência de escrever esse estilo.
Disclaimer: Tokyo Ghoul e seus personagens pertencem à Ishida Sui. Verifique a classificação antes de seguir com a leitura.
[Prólogo]
Ela mantinha seus olhos voltados para o teto enquanto tentava pensar em alguma coisa, qualquer coisa, que a fizesse esquecer mesmo que por poucos instantes do corpo pesado sobre o seu que investia cada vez com mais força, os dedos grosseiros afundando na carne de seu braço onde com certeza deixaria hematomas. O cheiro do suor que unia seus corpos a enojava.
Mordia a própria língua até sentir o sangue quente encher sua boca e ter de se forçar a engolir, era a única medida que conhecia para aguentar a dor e o ódio depois que o efeito das drogas que recebia no começo da noite passava.
Quando o último cliente saiu ela continuou largada sobre a cama, tateando, buscando algo para se cobrir, mas os lençóis estavam no chão e seu corpo estava cansado, doía tanto que apenas se virou para dormir. Tão pequena e magra, a pele pálida como mármore, o longo cabelo negro grudado em suas costas e braços devido ao suor, jogada ali, quebrada daquele jeito. Uma criança que nem havia chegado aos treze anos e que provou do gosto do inferno mais do que deveria, ou merecia.
–Desgraçado. – cuspiu para o crucifixo de madeira preso na parede à frente.
Colocou o travesseiro sobre a cabeça e se entregou à dor e exaustão. Não havia sonhos, apenas a escuridão reconfortante.
Acordou com o gritou das outras garotas e um calor insuportável. Fumaça a fazendo engasgar e seus olhos lacrimejarem: um incêndio.
Seus pés tocaram o chão de madeira que sentia estranhamente morno. Nua e descalço ela seguiu até sua mão pousar sobre a maçaneta.
Devia abrir? – se perguntou enquanto com a ponta do dedo traçava o contorno da maçaneta, os gritos estavam cada vez mais altos.
Com uma calma não humana ela girou a maçaneta. Ao abrir a porta uma espessa camada de fumaça amarga arranhou sua garganta e se dissipou aos poucos enquanto se espalhava pelo quarto. O ar quente envolvia sua pele a cada passo em direção ao quarto onde ouvia Rikka-nee-san gritar.
De pé ali ele não podia fazer mais do que sentir nojo ao olhar para a mulher encolhida no chão a sua frente. A forma como ela abraçava seus próprios joelhos e mordia os dedos, como seu rosto torcia em uma careta a cada lágrima que escorria pelas bochechas e pescoço. O corpo voluptuoso, as marcas recém-deixadas ali pelos homens que a visitaram essa noite, sua voz baixa, mas ainda audível implorando por sua vida repetidas vezes.
Respirou profundamente, seus olhos semicerrados enquanto o tédio e a irritação eram mais e mais visíveis.
Através da janela aberta a lua cheia brilhava tão pacificamente naquele céu sem nuvens e coberto de estrelas que parecia ironizar o caos abaixo.
Os passos leves e macios vindos do corredor o fizeram virar antes que a porta do quarto fosse completamente aberta.
A dona dos passos veio em sua direção parando a menos de meio metro dele, a luz da lua que entrava pela janela refletia em sua pele. Mas o que chamou sua atenção foram seus olhos: os olhos de alguém que já tinha desistido da vida.
Ele a encarou por cinco minutos enquanto encostada à parede a outra mulher repetia o mesmo pedido como um mantra. Ainda sem desviar os olhos da criança nua ele foi até onde a mulher estava encolhida, se agachou e deixou que a sombra de um sorriso se espalhasse por seu rosto.
–Não importa o quanto peça – o fantasma do sorriso continuava ali, embora as palavras soassem frias –alguns vermes devem ser apenas esmagados.
Os olhos dela se arregalaram como se fosse saltar de seu rosto.
–Seus olhos não são bonitos. É uma pena. – ele comentava como se fosse uma criança que ganha um sorvete, mas de um sabor que não gosta –Mas vou pegar mesmo assim.
Com cuidado e lentidão ele levantou a pálpebra e enfiou seu indicador na cavidade orbitária. Conforme seu dedo adentrava cada vez mais fundo os braços e pernas dela se contorciam, só foram parar quando o som de seu olho sendo arrancado se espalhou pelo aposento.
Continuava parada perto da janela observando com pouco mais do que um leve interesse as ações daquele homem. Tudo nele era estranho: desde seu cabelo raspado apenas de um lado, a pele coberta com tatuagens, roupas largas e aqueles olhos. Escleras negras com íris de um vermelho brilhante hipnotizador. Nunca tinha visto nada igual.
Via-o mordiscar parte por parte do globo ocular, antes que percebesse teve que limpar a saliva que escorria pelo canto da boca nas costas da mão. Não é que fosse canibal ou coisa do tipo, mas a forma como ele mastigava lentamente cada pequeno pedaço como se fosse seu doce preferido, o modo como sua pupila se dilatava ou contraia levemente que parecia ser a única expressão de verdadeiro prazer da qual ele era capaz. Ver aquele homem estranho devorar os olhos de sua irmã antes de matá-la de alguma maneira a fazia salivar, permitia que um estranho e prazeroso tremor percorresse seu corpo.
Assim que terminou ele veio em sua direção.
Então agora é minha vez. – cogitava friamente – Gostaria que ele deixasse meus olhos por último, do contrário não vou poder vê-lo me devorar. Eu quero sentir mais uma vez. Aquele tremor...
Enquanto sua mente vagava por esse caminho ele simplesmente passou por ela e seguiu para a porta.
–Espera! – sua pequena mão branca agarrava no moletom preto que ele vestia.
–Hm? – foi toda a reação que ela conseguiu dele.
Abriu a boca para falar, mas mais uma vez se viu presa daqueles olhos vermelhos que eram como um grande letreiro com a palavra 'perigo' escrito em gigantescas e amigáveis letras garrafais piscando em neon. Pensou em soltar o tecido e deixá-lo ir, mas algo dentro dela empurrava aquele pensamento para fora, a obrigava a perguntar. Pigarreou para limpar a garganta seca, a fumaça a deixava cada vez mais sonolenta. O quarto girando lentamente em movimentos graciosos, o sangue que escorria do cadáver de sua irmã molhava seus pés e se enfiava por entre os dedos. Uma brisa fria entrou pela janela aberta limpando um pouco da fumaça e fazendo a pele arrepiar onde resfriava as gotículas de suor.
–Por que não faz comigo o mesmo que fez com ela?
Seus olhos novamente a focavam como da primeira vez em que se encararam.
–Não me interesso em coisas mortas.
Sim, eu sei que está curto e peço desculpas por isso x.x
O próximo capítulo estará aqui em breve.
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Vejo vocês no próximo capítulo XD
Att,
Persona.
