Capítulo feito no meio da madrugada. Eu ia deixar pra postar depois de corrigir, mas não agüentei esperar. Então desculpem os erros.
Era um ano de mudanças para Dégel. Primeiro seu primo viria para sua casa e agora tinha um calouro irritante pra cuidar. Não podia ser pior...
o.o.o.o.o.o..o.o.o.o.o.o.o.o.o
Então era isso. Depois de anos morando sozinho, ia ter que se acostumar a dividir a casa com alguém de novo. Ele estava na faculdade de Atenas e cursava medicina. Dégel estava no fim de suas férias, ia pro segundo período e era um rapaz calado, introspectivo e muito estudioso.
Tirava as últimas tranqueiras do quarto de hóspedes, onde seu primo se instalaria, e aproveitou pra dar uma geral na limpeza do apartamento. Muito em breve ele chegaria. Morava sozinho num apartamento de dois quartos, grande demais para ele apenas. Fazia três anos que deixara a família na França e fora morar na Grécia para terminar o ensino médio e iniciar a faculdade. Agora, seu primo também passara pra mesma faculdade que ele. Também faria medicina.
Tinha alguns parentes na Grécia, mas era bem longe de Atenas. Por isso, fazia anos que não via o primo. Quatro anos, na verdade. Apesar de tanto tempo sem vê-lo, tinha algumas lembranças dele. Pegou em seu álbum uma foto dos dois, quando eram menores. Ele estava ruborizado, nunca gostara de fotos, e o primo estava sorridente mordendo um pêssego.
Lembrava-se de brincarem no quintal da casa dos pais do primo grego, sempre arteiros. Ele coletava insetos e guardava num pote de maionese. E congelava. Sim, Dégel tinha a mania... Não... A obsessão absurda de congelar coisas... Inesperadas. Hora ou outra alguém achava insetos ou líquidos de aparência duvidosa no congelador e já sabiam: Experiências do Dégel. Um pequeno cientista.
Já o grego, era aventureiro e gostava muito de subir nas árvores dos pomares. Fora ele quem ensinara o francês a não ter medo de altura e a acertar flores do campo com o xixi, mesmo estando no topo da árvore mais alta.
" – Eu vou cair! – O francesinho estava assustado, agarrado ao tronco da árvore. Não queria subir mais alto do que já estava. E estava bem alto. - Não vai não, confia em mim. – O garoto estava um galho acima, mas Dégel não quis se mexer. – Me dá sua mão. O aquariano olhou desconfiado, mas pegou a mão do primo. - Isso. Vamos com cuidado. O grego já estava acostumado a tudo aquilo, subia sempre em árvores. Diferente do francês que passava suas tardes a desenhar e ler no sótão frio de sua casa. Era asmático, não podia nem com o frio nem com a poeira, mas o sótão era seu lugar favorito. Gostava do silêncio. Também não podia com exercícios muito intensos. E subir em árvores era bastante intenso pra ele. Os garotinhos, que deviam estar quase em seus 10 anos, talvez 8 ou 9... Chegaram ao topo. - Olha, Dégel! Tudo lá em baixo é pequeno daqui de cima! Podemos ver tudo! Somos poderosos!– O grego agitava os braços sentindo a brisa. - Deve ser assim que Deus se sente. – O francês olhou pra baixo, ainda segurando a mão do primo, e apertou os óculos no rosto. Uma mania que tinha. O grego olhou pra o primo, surpreso, e sorriu. - Você diz coisas estranhas. Mas tudo bem, eu sei que franceses são esquisitos mesmo. – O menino arrancou uma folha, jogou-a ao vento e passou as mãos pelos curtos cabelos loiro-acastanhados. O grego olhou para o primo, que olhava o céu numa expressão abobalhada, e reparou que ele estava mais solto. Sorriu ao ver que ele já não estava mais com medo dali. E achara ótimo, teria com quem brincar nas árvores. - Já sei! Vamos acertar as flores lá em baixo com xixi. – O grego desabotoava as calças. - O que? - Dégel gritou espantado. Na França sempre eram rigorosos com a educação e o modo de se portar e aquilo definitivamente não seria bem aceito em seu país. - Vamos, é divertido. Presta atenção. Naquela laranjinha lá oh! Que parece a sua cabeça ruiva! – Ele riu e Dégel fez língua. Dégel observou o outro começar a urinar. O grego rebolava pra cá e pra lá procurando acertar. Não tardou muito pra que ele conseguisse. - Há! Viu? To acertandooo! Anda, mija comigo. – O loiro ainda olhava fixo a própria urina. Parecia divertido. Oras, sair um pouco da linha não o mataria. Era só uma criança curiosa. - Ta! – Sorriu e abaixou as calças também e pôs-se a urinar. – Isso é difícil. Ele não chegava nem perto da flor branca que se dispusera a acertar. O grego sorriu. - O segredo ta na cintura. Vai mexendo oh! Que o xixi não cai onde você mira. Ele cai em... Sei lá... É sempre em outro lugar. Tem que mexer pra acertar. - Ah, é lógico. O vento atrapalha né? Que burro eu sou. – O francês inclinou-se uma vez somente e acertou o alvo que queria. - Eita! Você aprende rápido mesmo. – O loiro acabou de urinar e arrumou as calças. – Eu levei bastante tempo até pegar o jeito. "
Os cabelos do francês eram diferentes do seu. Eram ruivos, lisos e compridos.
Sempre achara muito estranho o comprimento do cabelo de Dégel, embora adorasse a cor. Sempre gostou daquele tom entre laranja e vermelho, como se a cabeça do francês pegasse fogo.
Ouviu tocar o interfone e atendeu. Era seu primo. Mandou que o porteiro o deixa-se entrar.
Guardou umas últimas coisas e se dirigiu para a porta assim que ouviu tocarem a campainha de seu apartamento.
- Dégel! Quanto tempo! – O loiro havia mudado. Seu jeito era o mesmo, seus cabelos continuavam curtos, mas os anos o tornaram mais homem do que menino. Largou as malas no chão e agarrou o francês num abraço apertado e eufórico. Era grego, afinal.
- Argh! Que coisa mais... Efusiva. Continua caloroso demais, não é... Regulus?– Abraçou o primo também, mas de forma contida.
- Ora! É você que não derrete seu jeito frio nem sob o sol da minha amada Grécia. – Ele sorriu e deu um soco de leve no ombro do primo.
- Vamos, entre. Vou te mostrar seu quarto, calouro!
x.x.x.x.x.x.x.x.x.x. Um loiro, na casa dos 20, andava pelas ruas estreitas de vendas de livro.
Beleza! Passara para medicina. Han! E seus pais que acharam que ele nunca daria em nada. Não que ele fosse burro, ele apenas não fazia questão de estudar tanto. Finalmente estava indo morar sozinho, como os pais prometeram, caso ele passasse na faculdade. Sim, esse foi o principal motivo dele ter metido a cara nos livros como um louco ano passado.
Jogou os longos cabelos cacheados para trás, por causa do calor, e entrou na loja. Não, ainda não ia comprar nada. Nem sabia o que teria que comprar. Só queria sentir o gosto da vida de universitário, que mal começara.. E já era incrível.
As pessoas o olhavam diferente por estar na área de livros de medicina. As garotas o olhavam, os homens o olhavam. Se bem que... Não era de se espantar. Era grego, um pouco moreno do sol, cabelos longos que lhe ajustavam muito bem. Além de ser forte e ter um corpo invejável.
Levantou os olhos dos livros e viu um panfleto colado na parede.
"Procura-se companheiro de quarto. Apartamento bom, porteiro 24h, elevador, quarto próprio, fachada sul, perto da universidade de Atenas..."
Maravilha! Tratou de arrancar o panfleto e seguir o endereço indicado.
Afinal, estava às beiras de começar as aulas e ainda não tinha arrumado um apartamento pra ficar.
Chegou ao local e se anunciou como interessado em dividir o apartamento.
O porteiro recebeu ordens para deixá-lo entrar. Já tinha gostado daquilo.
O prédio era bonito e bem localizado.
Apertou a campainha e enfiou as mãos nos bolsos, apreensivo e excitado. Raspava o all star no chão enquanto esperava. Detestava esperar.
Tocou de novo.
- Já vai! – Ouviu a voz do rapaz do outro lado da porta.
Recostou-se na parede e resolveu esperar. Não demorou muito até a porta se abrir e uma morena muito bonita aparecer.
Como é? Aquela voz de macho era dessa aí? Começou a se assustar, mas viu um homem aparecer por trás da moça, que já caminhava para o elevador.
- Tchau, Leila. A gente se vê. – O moreno forte gritou, ignorando o loiro confuso à sua porta.
Quando o moreno pareceu notá-lo, ele ergueu uma sobrancelha.
- Vim conversar sobre o apartamento. Ainda tem o quarto?
- Claro! Entre. – O moreno tinha sotaque, não devia ser dali.
- Sente-se. - Ele indicou um sofá ao loiro, que se sentou.
A sala era grande, bem arejada. Muito bom. Muito bom.
- Vamos começar direito. Eu sou Manigoldo Rezzani, moro em Atenas há 6 meses. – Ele estendeu a mão.
- Kardia Petro Katsaros. – Apertou a mão do outro. – Você não é da Grécia, é?
- Itália, ragazzo. – Ele juntou os dedos no gesto "coxinha" tipicamente italiano, sorrindo. – Então, quer a vaga? Importa-se se eu fizer uma entrevista? Sabe como é... É cada maluco que a gente vê por aí.
O grego riu espalhafatoso. Eles combinavam bem. Gregos e italianos eram povos calorosos.
- Quero sim. Vou entrar na faculdade agora e preciso de um lugar pra ficar. Pode fazer a entrevista sim, eu não me importo. Sei bem como por aqui há malucos.
- Ótimo, Ótimo. – Manigoldo pegou um bloquinho de papel e caneta, colocou óculos de grossos aros pretos e o olhou sério. Kardia até mesmo se assustou. – Você tem quantos anos?
- 21 – Kardia limitava-se a responder, assustado com a mudança do italiano.
- De que signo você é?
Kardia fez careta. Que diabos aquilo importava?
- Escorpião.
Manigoldo sorriu de lado.
- Auspicioso. Auspicioso. Funk, axé ou sertanejo?
- Sertanejo.
- Bom. Bom. Alienígenas: verdes ou cinzas?
- Cinzas. – Será que era muito tarde pra sair correndo da casa daquele maluco?
- Certo... Você usa drogas?
Ah, agora sim. Uma pergunta decente.
- Não. – Kardia viu Manigoldo suspirar aliviado.
- Fuma?
- Não. – Mais um sorriso do outro foi visto por Kardia.
- Bebe?
Vixe! Kardia prendeu o fôlego. E agora? Bebia sim. E não era pouco. Mentiu, então.
- Não.
O outro parou de anotar, cruzou as pernas e olhou-o.
- Que pena...
- Espera, eu bebo sim. – O grego inclinou-se pra frente.
- Não precisa mentir só pra me agradar.
- Não. Eu bebo. É sério. Olha só. – O loiro pegou sua mochila e retirou de lá uma garrafa de vodka. – Comprei pra um porre que eu e uns amigos estamos arrumando. Está convidado se quiser ir.
O canceriano riu.
- Esse é dos meus. Quer saber? Dane-se a entrevista. Vamos nos dar muito bem. – Manigoldo jogou de lado o bloco e os óculos. – Me chame de Mani!
Kardia também abriu um sorriso, reconhecia bem os ares divertidos de gente como ele. E gostava disso. Mas logo parou de sorrir.
- Ei! Seus óculos! A lente saiu. – O escorpiano levantou e pegou o objeto do chão.
- Ah, isso? Tudo bem. Ele não tem grau. – Riu-se ele.
- Pra que diabos você usa, então? – O grego fez uma expressão incrédula.
- Pra assustar os meus entrevistados e os calouros, ora. Uma tortura psicológica é importante.
- Compreendo. Você cursa o que?
- Medicina. Segundo período e você?
- Nossa! Eu acabei de passar pra medicina também. Vou ser seu calouro, Mani!
- Caramba, ma que mundo pequeno, è vero? – O italiano passou o braço pelos ombros de Kardia. – Venha, venha. Vou te mostrar o resto do apartamento. Ah, mas vá se preparando. Não é porque você vai morar comigo que eu vou aliviar no seu trote, hein?
- Ora e eu nem esperava isso, mesmo! Pra um cara que faz toda essa pompa de mau só pra uma entrevista! Porra! Vamos nos dar bem mesmo!
X.X.X.X.X.X.X.X.X.X
Regulus ajeitava suas coisas no quarto. O primo já mostrara tudo a ele e agora o deixara desfazendo as malas em paz.
E o grego já cuidava para que tudo estivesse bem a sua cara. Já montara seu computador na mesa de estudo e pendurara suas katanas nos pregos das paredes. Eram pra fotos, mas ele não colocava fotos em paredes.
Ele tinha fotos sim, mas em porta retratos, que colocou ao lado da televisão. Um com uma foto dele com os pais, outro com a dele e o Irmão, Sisyphos, e o último dele e de Dégel. Claro que ele apareceu em todas. Era leonino!
Guardara a foto com carinho. Tinha outras fotos da família nos seus álbuns, mas aquela com Dégel era especial. Ele e o francês sempre foram muito ligados desde pequenos. Talvez fosse pela proximidade de idade. Apesar de terem ficado quatro anos sem se verem, ele continuava a ter muito carinho pelo primo. Era como um irmão, mas gostava mais dele que de Sisyphos.
Claro. Aquele irritante certinho que se estressava com tudo e enchia seu saco quando chegava tarde em casa.
O leonino riu ao ajeitar a foto com o irmão. Não falaria nunca em voz alta, mas a verdade é que até iria sentir falta do sagitariano chato.
Olhou pra uma mala à parte. Seus mangás! Depois os tiraria dali.
De longe, ouvia a música que vinha do quarto do ruivo. Um rock, com certeza.
Desde pequeno, Dégel ouvia Rock. E ele se lembrava bem disso. Aproximou-se e parou no batente da porta do francês.
- Ainda ouve essas músicas velhas? – Provocou brincalhão.
- Ora essa! Clássicos, isso sim! Isso é música de verdade. Não suas garotinhas do escândalo. – O ruivo também alfinetou. – Um passarinho andou me dizendo que você ouve isso.
- Affe! Sisyphos! Aposto! E É SCANDAL! E elas são legais. – Regulus entrou no quarto do primo e se jogou na cama. – Seu rock parece tudo igual. Não sei quando termina uma música e começa outra.
- Hah! – Regulus viu Dégel virar a cadeira de rodinhas do computador até ficar de frente para um pôster de um bando de caras estranhos de roupas esquisitas e justas. Viu o francês juntar as mãos em súplica. – Perdoem-no. Ele não sabe o que diz!
O grego explodiu em risada. E o francês deu um meio sorriso quase inexistente.
- Quem são esses esquisitos? – Ele apontou para o pôster que Dégel suplicara.
- Mais respeito com uma das melhores bandas de toda a história! Esses são os Scorpions! E a música que está tocando agora também é deles.
- É. E a camisa que eu vi no varal também, e esse caderno aí na sua mesa. Nossa! Que vício. – Regulus brincou.
Dégel levantou e virou se frente para o primo, deixando a mostra o desenho da capa de um dos CDs do Scorpions, com o nome da banda na frente. O ruivo girou e mostrou um enorme escorpião branco atrás da camiseta preta.
- E eu tenho os CDs bem guardados também. E DVDs dos Shows e algumas canecas personalizadas também.
- Ta. Não é vício! É obsessão! – O leonino riu.
- É amor! Eu amo os Scorpions! Eles são perfeitos.
- Devo acreditar que esse escorpiãozinho que você tem nesse aquário é por conta da sua obsessão?
Dégel fez que sim com a cabeça e tocou de leve a parede do aquário onde o animal recostava.
- É o Stinger! Lindo, não é? Veja como é arisco.
O escorpião andava cauteloso e apontava ao ferrão perigosamente para o leonino à medida que ele se aproximava.
- Dégel, porque você não pode ser normal e encher esse bendito aquário de peixes? O que tem a ver colocar um escorpião no aquário?
- Ah, peixes são chatos. E o Stinger é meu bichinho de estimação. Eu gosto do perigo. Olha pra ele, olha! – Dégel curvou o indicador imitando um ferrão e bateu no vidro. Stinger virou pra ele e mostrou seu ferrão também. – Seu bonitinho!
- É? Vou colocar um escorpião na sua cama pra ver se você acha tão legal! Seu doente! – O grego não entendia como o primo podia gostar de algo tão perigoso e exótico quanto um escorpião.
- Nhé, nhé! Engraçadinho!
- Olha... – Regulus levantou da cama. – Eu lembrava que você era inteligente pra caralho e adorava estudar, mas... Meu... Olha o seu quarto! Você é muito nerd!
O loiro foi olhando canto por canto do lugar. Os pôsteres de banda e de filmes organizados harmoniosamente na parede. Não parecia o quarto de um bagunceiro. Era nerd mesmo. Até pra encher a parede de pôster ele tinha estilo! Scorpions, Guns and Roses, The Beatles, os seis pôsteres de Star Wars, mais alguns outros também.
A estante recheada de livros de todos os tipos. Das coleções de Harry Potter, a mangás, passando por clássicos de época até Nietzsche! Filmes que ele nunca ouvira falar e pareciam chatos demais pra querer ver, séries e mais séries, e Star Wars inteira em DVD.
- Você gosta mesmo de Star Wars hein? - O loiro disse, colocando de volta na estante uma miniatura do mestre Yoda. – Tem até bonequinho.
- Figuras de ação, por favor!
- Você já era esquisito antes, agora... Deus! Eu não acredito. Agora que eu reparei. – Regulus correu até o canto da cama do outro pegando um boneco de pelúcia, preto e bastante grande. – É o vilão!
- Darth Vader! Ele é o máximo! – O ruivo sorriu e se aproximou do grego. – Esse aí tem 86cm e é anti-alérgico.
- Meu Deus! Você colocou uma camisetinha do Scorpions nele! Seu maluco.– Tinha que se controlar pra não rir. – Você dorme com isso?
- Eu preciso abraçar alguma coisa de noite, se não fica difícil dormir. E ele é muito macio e fofinho. Ah, e o Darth gosta de Scorpions.
- Ah, é? – Já estava rindo e entrou na brincadeira do primo pra sacanear. – E vocês se conheceram, num show deles foi isso? Que romântico.
- Ah, não enche! – Dégel tirou seu pequeno Darth dos braços de Regulus .- Esse cara travou batalhas estelares e essa banda viu a guerra fria! O que as suas escandalosas têm de legal?
Ambos pararam e riram. Aquilo estava ficando ridículo. Dégel jogou Darth na cama e foi pra cozinha, seguido de Regulus.
- Então, Dedé? Se abrirmos seu freezer ainda encontramos formigas e besouros congelados? – Ele riu.
- Pare de me chamar assim. É irritante! – O ruivo aliviou a expressão e brincou também. – Infelizmente esses estão em falta no estoque. Uma pena, mas se tivesse chegado oito anos antes eu ainda teria. Agora eu tenho sorvete, quer? – Mais um meio sorriso.
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A última semana passou voando. E já era o primeiro dia de aula. Regulus estava animado. Meu Deus!
Vida de universitário. Agora estava oficialmente fazendo medicina. Que legal!
Estava nervoso, mas pelo menos tinha Dégel para auxiliá-lo se precisasse. Mas claro, ia tentar fazer tudo sozinho. Já pensou iniciar seu ensino superior precisando do priminho como babá? Não. De jeito nenhum.
Dégel explicou ao primo o que iria acontecer e lhe deu um mapa, que ele mesmo desenhara, avistou um grupo de desinformados e logo os reconheceu: Calouros. E pela área da faculdade em que estavam e pelas roupas brancas que usavam – Pobres ingênuos. Tentando saciar nas roupas brancas a vontade de gritar que eram médicos, embora acabassem de entrar na faculdade. Demorava um pouco pra cair a ficha de que eles estão APENAS estudando. – eram os de medicina.
- Vai. É ali que está a sua turma. Desenhei o trajeto de sala no mapa, vá lá se exibir de sabichão e salvá-los. Eu sei que você gosta disso. – Empurrou o primo, que acenou. – Cuide-se.
- Pode deixar. – Regulus apressou o passo pra perto da turma. Dégel o conhecia mesmo.
Tendo a certeza de que o primo estava encaminhado, Dégel foi para seu próprio bloco achar a sala do segundo período.
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- Viu, agora você já sabe de todos os bares aqui perto da faculdade. Manigoldo vinha andando com Kardia para o bloco da sala do primeiro período. Eles estavam no bloco de Manigoldo, o do segundo período, mas o canceriano queria deixar o novo amigo seguro. - Agora você só tem que se enturmar, mas pra você vai ser vem fácil não é?
Kardia riu.
- Espero que sim, Mani! To tão ansioso. Os veteranos são muito azedos hein? To louco pra conhecer. – O escorpiano gesticulava e estava animado.
- Relaxa, garoto. Vai conhecer todos na hora do trote. Ou a maioria, pelo menos. – O italiano coçou a cabeça. – Ah, cole no professor de histologia. Ele da nota pra puxa-saco. Mas não se aproxime muito do de anatomia. Dizem que ele é meio... você sabe... Viado.
O loiro olhou sem saber que reação ter diante daquilo. E daí que o cara era gay? Ele não era gay, mas também não queria bater em um. Apenas riu então, pra não deixar o outro sem resposta.
- Ahh! Eu quero ver logo como vai ser tudo! – O loiro estava explodindo e saiu correndo animado. E em sua euforia trombou com a primeira vítima de sua agitação naquela faculdade – Ouch! Descul... – Kardia tentou se desculpar, mas foi interrompido.
- Olhe por onde anda. – O ruivo com quem trombara disse, visivelmente chateado.
Por um instante Kardia parou de perceber o mundo. Que rapaz... Excêntrico estava ali na sua frente! Cabelos cor de fogo, pele clara e sem uma mancha sequer. Olhos âmbares, uma expressão séria e carregada. Usava um jeans preto e uma camisa marrom bem claro. Estava com fones de ouvido e nem sequer tirou para ouvi-lo se desculpar. O escorpiano não sabia ao certo o que tinha acontecido. Só sabia que, de algum modo, aquele enfezado chamava sua atenção.
Ele era tão diferente de tudo ali que Kardia teve vontade de segui-lo e atazaná-lo mais um pouco.
O ruivo ignorou o olhar estarrecido de Kardia e seguiu a marcha.
- Ei, Leveque! Porque esse mau humor? Já leu todas as suas revistinhas japonesas e está entediado? Te dou umas revistas que você nunca viu! Eu garanto. Chama-se Playboy! Você ta precisando. – Manigoldo tentou cutucar o francês, mas este nem lhe deu bola. – Ei Kardia! Acorde.
- Han?
- Eu sei que ele é esquisito, mas nem todos os seus veteranos vão ser assim. Olha eu aqui de prova.
- Ele é meu veterano? É da sua turma? – Kardia estava bobo ainda.
- Sim, sim. Mas não se preocupe. Não é do tipo que você vai conviver. É um daqueles nerds que sentam na primeira fileira e não vão a festa nenhuma.
- Leveque... – Kardia pensou alto. – É francês?
- É sim. Vai ver por isso ele não gosta de ninguém e se acha muito bom. Ah, vai saber. Deixa isso pra lá. Olha lá os seus colegas. Aquele grupo retardado ali de branco oh! – Manigoldo riu alto. – Só calouro mesmo pra vir de branco no primeiro dia de aula! Eu te avisei pra não vir, não avisei? Já já eles percebem que estão bancando os bestas.
- Obrigado, Mani!
- Relaxa, guri. É tranquilinho! Você tira de letra.
Kardia afastou-se, indo pra perto dos outros, mas não conseguindo tirar os pensamentos do ruivo. Não sabia se o achara interessante ou esquisito. O fato é que o francês tinha capturado sua atenção. Não sabia se aquilo era bom ou ruim, apenas atrativo.
X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.XDégel viu um alvoroço na sua sala. A maioria dos seus colegas de turma se empoleirava no quadro de notícias. Ficara curioso, mas de jeito nenhum entraria no meio daquela guerra.
Avistou um loiro calado, sentado na primeira fila. Como no período passado, como no dia que se conheceram.
O ruivo caminhou até ele e sentou-se a seu lado.
- Bom dia, Albafica. O que está acontecendo?
- Bom dia, Dégel. Parece que a faculdade inventou uma gracinha nova pra nós.
- Mesmo? E o que é? – O francês ficou preocupado.
- Vamos ter que "apadrinhar" um calouro. Sabe? Ajudar no que eles precisarem e aquela coisa toda. – Albafica parecia chateado.
O ruivo respirou aliviado. Ele não precisaria se preocupar. Poderia apadrinhar o primo, não teria problemas.
- Eu tenho um primo calouro.
- Então reze pra ficar com ele, porque os alunos estão se alvoroçando é pra ver quem foi o calouro sorteado pra eles.
O francês arregalou os olhos e foi se enfiar no meio das pessoas.
...
Kardia estava apressado, olhando para o cartaz que continha o nome do veterano que devia procurar. H. J. K... Kaila... Kana... Ah, sim! Kardia!
Agora que achara seu nome, rolou os olhos pra coluna dos veteranos, ver o nome correspondente ao seu.
Nem acreditara. Será que era o mesmo? E se fosse?
Dégel Simon Leveque Então era esse o nome do ruivo genioso de hoje mais cedo? Nossa! Era um dia de muitas surpresas mesmo.
o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o.o Ta aí, gente! Pra quem ta acompanhando a "O que você quer?" deixo um aviso: Já estou trabalhando na continuação. É q eu to meio apertada com horário de estudos. E essa fic me pediu pra ser escrita. Rsrs Por favorzinhooo! Deixem reviews! Façam uma autora feliz! *-* Kissus!
O primeiro capítulo! Espero que vocês gostem. Essa fic surgiu meio do nada na minha cabeça.
Isso vale pros anônimos também. Viu gente? Não precisa ter conta pra deixar review.
