A minha antiga Rose

By: DanielaMPotter

I did my best to please you

(Eu fiz o meu melhor para te agradar)
But my best was never good enough

(Mas o meu melhor nunca foi bom o suficiente)
Somehow you're only able to see

(De qualquer forma tu só és capaz de ver)
All I am not

(Tudo o que eu não sou)

Tu costumavas chorar quando gritavas, e eu sempre odiei isso.

E costumavas enumerar todos os meus erros, a cada novo que eu cometia. Era como se de certa forma tu me quisesses mostrar que nunca te esquecerias de nenhum.

E a forma como dizias, como me rebaixavas, fazia-me acreditar que eu não era realmente ninguém digno de ti.

Por vezes discutíamos durante horas. O teu rosto vermelho, os cabelos ruivos balançando, os teus olhos azuis fitando-me com mágoa e fúria. E eu ficava simplesmente ali, ouvindo-te gritar, dizendo o quanto eu te magoava, como eu era infantil e imaturo.

E depois tu ias, tiravas o casaco com força do cabide e batias com a porta. Desaparecias durante horas enquanto eu me deixava ali ficar, consumido pelo medo que nunca mais voltasses, que desta vez te tivesse perdido para sempre, tentando a sair pela rua e procurar-te mesmo não fazendo a mínima ideia de onde poderias estar.

Até que tu voltavas, num silêncio incomodador, o rosto seco e duro, os cabelos despenteados e batias com a porta do quarto, fechando-te á chave.

E eu ficava ali mesmo, a dormir no sofá esperando que os raios da manhã te trouxessem o perdão e a compaixão por mim…

Did you ever look behind?

(Alguma vez olhaste para trás?)
Aren't you afraid of the pieces you'll find?

(Não tens medo dos pedaços que vais encontrar?)
I have failed you

(Eu falhei contigo)
But you have failed me too

(Mas tu falhaste comigo também)

E passavam-se dias até que me dirigisses a primeira palavra e tudo voltasse ao normal, àquela rotina quotidiana que na verdade nunca se adaptou a nós, muito menos a ti.

E as fotografias felizes repletas de sorrisos e abraços pareciam trazer momentos distantes, de dois estranhos que eu já nem reconhecia. De dois estranhos que nem parecíamos nós.

E tu costumavas sorrir quando eu te pedia para relembrares os momentos junto ao lago em Hogwarts, os beijos escondidos nos corredores escuros… e por momentos, efémeros, curtos, tu voltavas a ser a minha Rose. A Rose descontraída que sempre sorria, que sempre compreendia… A Rose que brincava, que fazia tudo em nome do amor, em nome desse amor puro que tu dizias sentir por mim.

E não essa Rose exigente, de expressão dura que parecia apenas ver defeitos em mim.

Alguma vez pensaste que a culpa não era só minha?

Pergunta estúpida…

It's so easy to destroy and condemn

(É tão fácil destruir e condenar)
The ones you do not understand

(Aqueles que tu não compreendes)
Do you ever wonder if it's justified?

(Alguma vez pensaste se isso é justo?)

E poderia ter sido apenas mais uma discussão. E tu poderias ter levado apenas o casaco. E sabes, também poderias ter voltado…

Mas não, tu fizeste daquela noite, o fim de tudo. E o barulho das malas, das gavetas e portas a bater feria-me os ouvidos de uma forma que tu nunca conseguirias entender. Assim como doeu, muito mais do que eu imaginaria, ver-te sair por aquela porta, com as malas na mão e o rosto repleto de lágrimas sofridas.

Acho que naquele momento eu soube que tu nunca mais voltarias.

E tu ouviste os meus gritos no meio da noite, chamando pelo teu nome?

Leste todas as palavras de cada carta que escrevi?

Ou fizeste como ao nosso amor? Simplesmente deitaste fora?

I close my eyes as I walk the thin line between love and hate

(Eu fecho os meus olhos enquanto caminho pela linha que divide o amor e ódio)
For the person with the same blood in his veins

(Por aquele que tem o mesmo sangue nas veias)

E agora aqui estou eu, a ver-te caminhar para o altar, com um sorriso capaz de iluminar meio mundo, com uma alegria que eu conheci em ti há alguns anos atrás, quando ainda era por mim que o teu coração chamava.

E agora no fim, eu sei que foste tu que erraste, quando o vejo no altar. A ele, àquele cujo sangue também me corre nas veias, cuja traição eu nunca esperei.

Era para ele que corrias nas noites em que batias com a porta, era no seu ombro que choravas, era os seus lábios que tocavas, no tempo absurdo que não me deixaste aproximar? Diz-me Rose, com tantos homens no mundo por que tinhas de te apaixonar, porquê o meu irmão?

E eu tive de sorrir, fingir que tu já não me afectavas, quando ele veio ter comigo e me perguntou o que eu sentia.

E eu sorri, com o sorriso mais falso que consegui trazer á tona, para lhe dizer que tu eras passado, embora apenas um ano se tivesse ido desde o momento em saíste pela porta e nunca mais voltaste.

E agora tu estás aí, és de novo a Rose que amei, mas não és mais a mulher que posso amar.

E amar-te para sempre, é um destino que terei de suportar. É o cargo que tem de ser meu quando vir os teus filhos crescer e imaginar que eles podiam ser os meus.

You show no regrets

(Tu não mostras arrependimentos)
About all the things you did or said

(Por todas as coisas que fizeste ou disseste)
I have failed you

(Eu falhei contigo)
But believe me you failed me too

(Mas acredita em mim tu falhaste comigo também)

Arrependes-te?

FIM