Disclaimer: Dragon Age não me pertence. Nem o Alistair, infelizmente.
Obrigada ao Holy por betar!
One-shot Alistair x Cousland bem bobinha. Mas minha primeira fic para o fandom português de Dragon Age! :D
Tempo.
Sentiu o leve toque da mão de Elissa em seu ombro. Desviou a atenção dos livros que observava, sem lê-los, e virou-se para ela.
- Eu gostaria de falar com você, Alistair. Em privado. – Elissa pediu.
O Warden concordou. A jovem Cousland indicou com a cabeça seus aposentos na casa do Conde Eamon e se dirigiram para lá, juntos.
- Sim, minha querida? – Alistair sorriu.
Elissa parecia estar lutando contra si mesma. Depois de alguns instantes em silêncio, suspirou e disse:
- Eu queria lhe pedir um favor...
- Ao seu serviço.
Ela esboçou um sorriso rápido e nervoso, prosseguindo:
- Há um lugar que eu gostaria de ir, antes de resolver qualquer outro problema. Será que... Você pode vir comigo, Alistair?
Apenas você, completou mentalmente.
- Claro. – O loiro piscou, surpreso pela apreensão da Cousland. – Onde é?
- É aqui perto. – Elissa mordeu o lábio inferior. – Um pouco adiante de Soldier's Peak. Não demoraremos muito.
Highever. Alistair pensou, compreendendo as intenções dela. Assentiu.
- Vamos.
Depararam-se com as muralhas sujas de um castelo que representou, por gerações, o poderio da família Cousland. Alistair sentiu Elissa tensa ao seu lado, e perguntou:
- Tem certeza de que quer entrar, Lissa? – Ele perguntou.
- Sim. Eu preciso fazer isso, Alistair. Preciso... Encontrá-los e... Dar um enterro digno a eles. Não há tempo para fazer isso por todos, então... Pelo menos, pelos meus pais.
O Warden aproximou-se da outra e beijou seus lábios com ternura.
- Isso provavelmente não serve de consolo, mas estou com você, minha querida.
Ela sorriu.
- É claro que serve. – Tomou a mão do loiro e entrou no castelo com ele.
Elissa precisou de todo o seu orgulho para não demonstrar o quão sofrível foi ver os corpos decompostos daqueles que marcaram sua infância e adolescência. Uma vez ou outra, murmurava um nome com sonora agonia.
- Eh... Elissa! – Alistair balbuciou, não podendo suportar mais o sofrimento da companheira. – Tente... Tente não olhar.
- Mas como vou reconhecer meus pais se não olhar para os corpos...?
- E-Eu faço isso por você! Conte-me, como eles são? Sua mãe se parece com você...?
A Cousland sorriu de maneira dolorosa. Apertou a mão dele e atravessou o salão destroçado, levando-o a outra parte do castelo.
- Eu lhe mostrarei.
Pararam diante da área reservada aos quartos. Na parede, havia dois quadros ainda intactos.
- Bryce e Eleanor Cousland. Meus pais, quando jovens. – Elissa pareceu se encher de orgulho. Alistair examinou os quadros com curiosa atenção e sorriu.
- Sua mãe se parece muito com você. – Ela corou, para a surpresa do Warden. – Oh! Isso te constrange?
Elissa bufou.
- Ande logo.
- Por que não há um quadro seu aqui?
- Haveria, se eu herdasse o castelo. O mais provável seria que meu irmão e sua esposa ganhassem um quadro. – Ela franziu o cenho. – Que droga... Não esperava que as lembranças do tempo que passei aqui também doessem tanto. Já não bastam os corpos...
- Pelo menos são boas lembranças? – Alistair sorriu.
- Algumas. A maioria é vergonhosa. Pela graça de Andraste, eu fui uma garota tão travessa. – A Warden sorriu. O rapaz percebeu que ela se perdia em recordações. Aproveitando o momento, perguntou:
- Como uma nobre aprendeu a lutar igual a uma ladina? – Ergueu as sobrancelhas, fazendo uma expressão divertida.
- Ora, minha mãe manejava um arco e flecha muito bem! Mas nunca me adaptei a eles... As adagas caíram melhor em minhas mãos, eu creio. – Elissa sorriu. – Eu me lembro de que a primeira coisa que cortei com elas foi meu próprio cabelo.
- O quê?
Ela riu.
- Yeh. Eu fiquei de castigo por isso. Mas já entendia bastante de fechaduras nessa época. – Seu sorriso desapareceu lentamente. Elissa envolveu Alistair pela cintura e aconchegou-se ao peito dele. Murmurou: - Obrigada por ter vindo comigo. Sem você, eu não teria conseguido nem passar pelos portões...
- Não é preciso agradecer, minha querida. – Ele passou a mão pelos cabelos dela. – Você já me ajudou tantas vezes, inclusive com a minha irmã. Eu tenho que retribuir de alguma forma, não?
- Já retribuiu de outra forma, Alistair. – Ela ergueu a cabeça e o beijou demoradamente. – Obrigada, mais uma vez. – Mudou o tom de voz, recuperando seu orgulho: - Vamos prosseguir?
- Claro.
- Eu me despedi dos meus pais na despensa... Eles devem estar por lá. Vamos...
Elissa escolheu um lugar ensolarado para enterrar Bryce e Eleanor Cousland. E, ao deixar uma rosa sobre o túmulo deles, deixou de lado sua soberba e se desmanchou em lágrimas. Alistair ficou completamente sem reação, mas achou melhor deixar a Grey Warden chorar.
Ela demorou a se acalmar e voltar a falar. Quando o fez, ainda assim, sua voz estava falha.
- Se... Se eu falhar e cair... Deixe-me descansar ao lado deles...
Alistair correu até a Cousland, segurando o rosto dela entre as mãos. Elissa fitou-o com os olhos lacrimejantes.
- Você não vai cair! – Ele disse, com firmeza. – Minha amada, nós vamos ganhar essa guerra e, depois, você poderá dar um enterro digno não só a seus pais, mas a todos aqueles que viveram com você.
- E depois...? – A voz dela foi um sussurro trêmulo.
Alistair corou.
- Você... Montará uma nova casa. C-Comigo. Se você quiser, é claro.
A Cousland sorriu.
- É o que eu mais quero. – Ela o beijou novamente, profunda e demoradamente. – Mas, primeiro... – Murmurou, entre um selinho e outro. – Temos uma guerra a vencer.
- Ahh, não me lembre, minha querida!
Sim, o Blight viria primeiro. E, depois, Elissa Cousland teria todo o tempo do mundo. Tempo para reparar os estragos; tempo para o luto, para fazer com que todos aqueles que morreram bravamente descansem em paz e, enfim, para sofrer e chorar por seus pais e por aqueles que amou. Mas haveria todo o tempo do mundo para ele: o futuro que passaria com Alistair.
~ Mahorin, 16.05.12
