- Internato
por: laari w. black
Capítulo 1 – Mudanças
Ok, ok. Talvez eu estivesse exagerando. Talvez. Mas eu quero dizer, minha vida está aqui em Lawrence. Minhas amigas falsas... meu namorado inexistente, meu time que perde sempre... hã, chegou a hora de falar os pontos ruins?
Tudo bem, é verdade, minha vida aqui é uma droga. Mas eu cresci aqui, poxa. Meus pais se conheceram aqui e eu queria viver até o ultimo suspiro da minha vida nesse fim de mundo.
E acho que quando a tia Márcia me contratar para trabalhar na biblioteca eu vou ter mais chance de crescer, hm, profissionalmente. Er, quando eu sair da escola. Assim vou poder ficar atrás de uma estante de livros ranzinza até as crianças começarem a jogar bolinhas de papel em mim, quando eu ficar falando com aquela vozinha fina e rouca 'Façam silêncio crianças!'.
Apesar de tudo, eu sempre gostei daqui. E agora eu estou indo para um internato? As mães sempre vêm com aquela conversa de: "Vai ser melhor para você e blá blá blá." Ah e quem liga se a escola é boa ou não? E daí que você tem que sair do estado por causa do emprego?
Eu, Kagome Higurashi, simplesmente não nasci para conviver em quarto com, er, outras pessoas. Qualquer ser simplesmente não consegue me aturar.
Primeiro: eu sou desorganizada. E eu simplesmente odeio que tentem ajeitar minha bagunça. Qual é, é impossível achar alguma coisa quando está tudo organizado e arrumadinho.
Segundo: eu tenho que ser legal com outras pessoas. Não, vocês devem estar pensando, como assim, é por que você é chata com todo mundo? Não é isso. Mas e se eu simplesmente não vou com a cara da minha colega de quarto? Não é que eu seja muito barraqueira, mas bom, ás vezes eu me descontrolo e falo na cara, sabe. Eu não sou muito... hm, sutil.
Terceiro: afinal, é uma escola, dã. E eu se eu for tachada de nerd insuportável? Não que já tenham me chamado assim. Ok, só uma vez.
Quarto: sou anti-social. Pessoas anti-sociais não conseguem fazer amizades rápido. E é difícil confiar nas pessoas. Nas ultimas vezes que ignorei meus 'instintos' de confiança, bom, não deu muito certo.
Quinto: acho que a parte de querer ser bibliotecária e ser taxada de nerd já fala tudo, certo? Eu sou só inteligente, mas eu gosto muito de ler. Apesar de que minhas notas em Geografia não serem lá muito boas, eu sempre fui ótima em exatas, então já viu, né?
Eu acho que isso já esclareceu bastante, certo?
Ah e nem comentei. O lugar é do outro lado do mundo. Minha mãe já tinha feito a minha matricula antes mesmo de me consultar e adivinha? Eu tenho que ir de trem para lá. E eu achando que isso só acontecia em Harry Potter. ¬¬'
Pior de tudo? Minha revolta não adiantava em nada. Minha mãe havia me contado exatamente duas semanas antes do período letivo começar. Acho que era para eu não ficar brigada com ela as férias inteiras.
Mas não adiantou muito, já que uma semana e meia já se passou e eu ainda continuo tentando convencê-la de não me deixar ir para lá. Eu vou ficar completamente isolada. E se ninguém falar comigo? E se a biblioteca for pequena? E se as garotas forem patricinhas e cheerleaders estúpidas? E se o time de vôlei for péssimo?
É, outra coisa. Eu pratico esportes. Adoro vôlei, basquete, handebol, futebol e tal. Mas eu só jogava vôlei na minha antiga escola, por que era o único que tinha time. Não posso dizer que eu era boa, afinal, as garotas do meu time eram péssimas.
Mas eu acho que eu era... hmm, razoável.
Ei, dentro de um colégio interno vai ter uma quadra? E se não for grande? Eu sei que um colégio interno é super caro, por que fala sério, tem que ter muitas instalações para tantos estudantes. E acho que esse é um dos maiores do país.
Minha mãe fica falando o tempo todo que está dando o maior duro para me colocar nessa escola.
Outro motivo. Todo mundo lá deve ser riquinho. E quem não tiver grana não vai ficar entre os 'grupinhos pops' da escola. Ok, o 'grupinho pop' foi meio idiota, mas é mais ou menos assim.
Eu só tinha mais três dias e ¼ na minha casa, antes de ir para prisão, digo o internato. Como eu aproveitava? Com um pote de sorvete Häagen-Dazs (que apesar de ser caro pra caramba, é o melhor sorvete do mundo *-*), em frente ao computador ou á televisão. O problema da TV é que às vezes não passava filmes bons, mas dessa vez eu me encontrava enrolada na minha manta azul clara com o potinho de sorvete sabor Crocante. Estava passando uma maratona no Cartoon Network de Ben 1O. (supimpa o/) Então como minha vida é absolutamente interessante, eu me encontrava bem ali, com os cabelos negros presos num coque bem mal-feito e com e uma roupa confortável que era um blusão marrom super quentinho e folgado e uma calça de moletom cinza.
Minha mãe tinha saído á trabalho, então eu estava sozinha, somente com a Chel.
Chel, a minha Golden Retriever de porte médio, que possuía lindas orelhinhas caídas, que possuía pêlos em um tom caramelo. E falando nela, era isso que tornava a minha ida para aquela prisão ainda pior, animais domésticos não eram permitidos, por isso eu só poderia vê-la uma vez por mês, quando minha mãe fosse me visitar e nas férias.
Ela não vai agüentar ficar tanto tempo longe de mim, e sabe, ela é a minha melhor amiga. Para vocês terem uma noção da minha vida social, minha melhor amiga é uma cadela.
Estava fazendo carinho na cabeça da Chel quando a porta foi escancarada repentinamente. Já eram oito horas da noite, então não me surpreenderia se fosse minha mãe que estivesse fazendo todo esse escândalo.
- Ká! – ela gritou, num tom animado. – Adivinha o que eu comprei? – ela disse e eu escutei o barulho do sapato de salto alto entrando no cômodo.
- O quê? – eu perguntei com a voz desanimada e irritada. Provavelmente devia ser outra geringonça inútil para a minha viagem. É, minha mãe estava determinada a comprar o maior numero de porcarias para eu levar para o internato dizendo que era para 'se lembrar de casa'. ¬¬
- TÃ-RAN! – ela falou segurando pelo cabide alguma roupa que não estava à mostra pelo pano azul que era fechado na frente por zíper. Eu apenas franzi a testa e esperei ela abrir até ver do que se tratava e o encarei com os olhos arregalados. – Ele não é lindo?
Então fiz a típica carinha dos desenhos animados, com um olho maior que o outro. Eu me aproximei e encarei aquela coisa.
- EU NÃO VOU USAR ISSO! – eu berrei observando mais de perto.
Era o uniforme da escola. Ele era composto de uma saia de pregas xadrez vermelha com detalhes em preto, uma blusa de botões branca e uma gravata vermelha. Vinha também com um casaco vermelho e meias-altas junto com um par horrível de sapatos.
- Ah, querida, eu achei tão adorável. – é, com certeza adorável transmite tudo o que essa roupa significa.
Então a única coisa que eu tive a fazer foi me jogar no sofá novamente e pegar meu pote de sorvete enquanto olhava para a TV e via a Chel pulando no sofá até ir para o meu colo e deitar sua cabeça grande na minha barriga.
Você tá entendendo? Eu estou FERRADA.
Por favor, Deus, se você existe, me tira dessa.
Ok, ou Deus não existe, ou ele não está nem aí para mim.
Eu já estou aqui na estação. Ótimo, não? Os meus três dias e ¼ se passaram mais rápido e dolorosamente do que eu pudera imaginar.
Minha mãe estava toda animada, ao contrário de mim, que parecia um zumbi ambulante segurando uma cachorra pela coleira que se encontrava desanimada, provavelmente já entendendo a minha partida. Eu na verdade nem devia ter trazido ela até aí, mas me pareceu frio demais me despedir dela desse jeito.
E além do fato de ficar sem a minha mãe e a minha cachorra num lugar em que eu não conheço ninguém, eu tenho que ir pegar um trem ás nove e meia da manhã, e sim, eu acho isso muito cedo.
Eu tratei de colocar a roupa que minha mãe me obrigara a separar na noite anterior. Era uma camiseta preta com detalhes em azul e um casaco azul escuro. Também estava com uma calça jeans folgada e um All Star preto, que era cheio de desenhos, feitos por mim. Ele é uma gracinha *-*
E lá estava o trem. O maldito que me levaria para aquela prisão domiciliar. O maldito que estava me condenando. Como minha mãe conseguia sorrir? O que ela estava pensando?
Minha bagagem já havia sido colocada no trem e eu só estava com uma bolsinha preta que eu usava nas costas e tinha tudo o que eu usaria durante a viagem. Meu celular, fone de ouvido, o livro que eu estava lendo, minha carteira com os meus documentos e bastante dinheiro, que minha mãe me deu para ficar o inicio do ano letivo, mas de qualquer forma, ela sabia que em breve eu poderia mandar uma carta á ela e pedir mais, dependente da ocasião.
Meu notebook já fora devidamente guardado na mochila e estava seguro, hm, acho. Espero.
Também havia na minha mochila dois pacotes de Trakinas, a bolacha que eu mais amava no mundo. *-* Havia obviamente, mais pacotes dentro da bolsa, afinal, eu não sabia quando eu poderia voltar a comprar novamente aquelas deliciosas bolachas. Mas tinha que ser a com recheio de morango. Eram definitivamente as melhores.
Então um sino que veio do além, soou em meus ouvidos e eu soube que já era hora de partir da civilização e do mundo que eu conhecia. Minha mãe também entendeu quando viu vários alunos entrando no trem, então ela se aproximou de mim e me deu um abraço que me fez perder o ar.
Eu correspondi, meio sem jeito, batendo minha mão nas costas dela.
- Ká, não importa o que for, saiba que eu te amo e que estou tentando fazer o melhor para você. – quando escutei os soluços e vi que lágrimas saiam dos olhos dela, presumi que apesar de tudo, também devia ser difícil dela, se separar assim de mim.
É, por que você não pensou nisso antes, hein?
Ela sorriu para mim e secou as poucas lágrimas que escorriam do canto dos olhos. Então eu me ajoelhei para fazer um carinho de despedida na Chel, era com ela que eu me preocupava
Dei um ultimo sorrisinho para ela, e em troca ela me lambeu e assim que eu me levantei, ela se esfregou na barra da minha calça.
Arrumando coragem sabe-se lá de onde, eu entrei no trem e passei a procurar uma cabina vazia. Cheguei bem no fim do trem e vi uma cabine vazia e entrei, fechando a porta.
A cabine era bem espaçosa, parecia que cabiam no máximo seis pessoas, três em cada banco. O trem pelo que eu já tinha reparado era uma locomotiva preta, com detalhes em dourado. Os detalhes eram de madeira brilhante e o banco era estofado e parecia ser de um couro vermelho.
No topo da cabine, havia uma grade, em ambos os lados para se colocar pertences, mas eu preferia deixar minhas coisas à mão, por isso deixei minha mochila ao meu lado.
Havia percebido que no lado oposto ao que eu me encontrava havia uma mochila no topo, masculina, mas desconhecida á mim. Dei em ombros.
Então peguei meu celular e passei a escutar musica em um tom bem baixinho e peguei o terceiro livro da coleção "A Mediadora". Da Meg Cabot é claro, eu amo os livros dela. *-*
Afundei no banco e apoiei meus pés no banco estofado a frente e comecei a ler, bem confortável, só esperando e desejando que o tempo passasse mais rápido.
- Ei, Miroku! Achei a nossa cabine. – escutei repentinamente e arqueei uma sobrancelha. Não estavam falando da minha cabine, estavam?
Então a porta da minha cabine se escancarou e foi aí que eu o vi.
Mas ele, era diferente de qualquer garoto que eu já tenha visto. Não sabia se era por causa dos cabelos prateados, quase brancos, a pele branca e clara, o rosto bem daqueles modelos, sabe? E pelo que deu para notar, o corpo não ficava para trás, os músculos eram bem visíveis pela camiseta preta, mas que estava encoberta por um casaco vermelho e preto, bem masculino, da Nike. E também podia ver a calça jeans escura, um pouco larga, de um jeito sexy. Corei imediatamente pelo pensamento bobo.
Então percebi que no topo de sua cabeça havia um par de orelhinhas brancas, que fizeram um movimento engraçado, se contraindo e pareciam de longe macias. Encarei o garoto e percebi que seus olhos eram dourados. Num tom âmbar profundo, de um jeito que eu nunca havia visto.
Imediatamente eu pensei "Youkai."
Ele também ficou me encarando por um tempo, mas depois que parei de analisá-lo, arqueei a sobrancelha novamente e ele parou, antes que ele encostasse na minha perna que barrava a passagem dele.
- Na verdade, ela já está ocupada. – eu falei, e então franzindo a testa, o garoto de olhos dourados inclinou a cabeça para cima e vi que ele olhou para o topo e pareceu localizar a mochila, então ele voltou a olhar para mim.
- Está vendo aquela mochila ali? – ele apontou e pude ver as garras que havia em seus dedos. Eu não olhei, apenas fiquei o encarando, esperando que ele falasse logo o que estava querendo com aquilo. – É a minha mochila, o que significa que nós tínhamos chegado aqui antes.
Quando ele disse 'nós', eu percebi que havia uma sombra disforme atrás dele, então eu retruquei:
- Bom, não havia ninguém nessa cabine quando eu cheguei. Então, trata de pegar essa mochila e dar o fora daqui. – eu respondi grosseiramente e voltei a pegar o meu livro, desviando os olhos dele que apenas me encarava furiosamente.
- Ei, Inuyasha eu acho que a maioria das cabines já estão ocupadas há essa hora. – eu escutei uma voz baixa.
- E daí? – o garoto de olhos dourados falou irritadamente.
- Ah, sai da frente. – eu escutei a mesma voz falando novamente, eu desviei a atenção do livro, e ao olhar para a porta pude ver um garoto. Ele era bem bonito para falar a verdade. Ele tinha uma pele clara também e cabelos pretos e curtos e chamativos olhos azuis-escuros. Esse garoto já estava com uma camiseta azul com alguns detalhes e a calça jeans escura também e estava com as mãos nos bolsos da frente, despreocupadamente.
Ele abriu um sorriso de galã para mim, ele parecia bem do tipo conquistador, sabe?
- Oi, eu sou o Miroku. – ele disse, expandindo o sorriso. – Esse é o Inuyasha, – ele continuou puxando o garoto de olhos dourados pelos cabelos prateados. – er, nós tínhamos deixado nossas coisas aqui e nós deveríamos até sair, já que você agora está nessa cabine, mas provavelmente agora não há mais nenhuma cabine vazia, então estava me perguntando... – ergui a sobrancelha novamente. – se nós não poderíamos ficar nessa cabine também.
Ele abriu mais um sorrisinho simpático e galanteador, enquanto eu vi o tal Inuyasha bufar atrás dele.
- Claro. – eu sorri. Eu tirei minhas pernas para deixar Miroku passar, mas antes que o tal Inuyasha pudesse fazer menção de se mover, eu recoloquei minhas pernas e olhei para ele. – hm, você não pediu.
Vi o garoto soltar um risinho, e em seguida o garoto de olhos dourados cruzou os braços e fechou a cara.
- Eu não vou pedir ficar na minha cabine. – ele falou revirando os olhos. – Nós chegamos antes!
Eu dei em ombros.
- Ótimo, fica aí. – Miroku se acomodou no banco á minha frente, do lado da janela.
- Então qual é o seu nome? – ele me perguntou, antes que eu pudesse pegar o meu livro. Eu sorri para ele e respondi:
- Eu sou Kagome Higurashi, sou nova na escola. Vou entrar no 3º ano do colegial. – tentei sorrir simpática de volta, eu acho que devia comentar que eu não me dou bem com garotos.
- Ah, eu e o Inuyasha... – eu escutei um bufo, que só podia vir do próprio Inuyasha. – também somos desse ano.
- Olha, você vai me deixar passar por bem ou por mal. – ele me ameaçou em seguida. Dei em ombros, ele que tentasse.
Então Inuyasha ergueu a perna para passar pelas minhas, então eu dobrei o joelho e o ergui, impedindo que ele colocasse a perna, o que ele não previa o fazendo se desequilibrar. Mas o que eu não contava era que o trem chacoalhasse, mostrando que já estava partindo.
Inuyasha com o solavanco acabou caindo para dentro da cabine. E adivinha para onde ele foi? Há, de cara na janela.
Eu comecei a rir, então o trem mexeu mais uma vez e por fim começou a se mover.
O garoto caiu e passou a massagear a testa, que parecia vermelha. Eu ainda ria e continuei, mesmo depois de ver que ele me lançara um olhar raivoso.
- Tudo bem, depois dessa você pode ficar na cabine. – eu falei, deixando escapar mais um riso.
- Você está achando isso engraçado, garota? – ele retrucou e eu disse, pacientemente:
- Kagome. Meu nome é Kagome! – ele apenas se jogou ao meu lado e disse:
- Tudo bem, garota. – eu revirei os olhos, mas não disse nada.
Eu voltei a pegar o meu livro, mas não estava mais lendo. Estava só pensativa. "Esse garoto youkai pode ser o garoto mais bonito que eu já vi, mas mesmo assim não passava de um idiota." Eu pensei e espantei esses pensamentos.
Então escutei Miroku perguntando para o Inuyasha:
- Inuyasha, você viu a Sangô e a Rin?
- Ainda não, mas a Sangô disse que ia trazer a Rin, lembra? Elas devem ter chegado juntas e nem visto a gente. – eu ainda estava fingindo estar concentrada na minha leitura, mas me perguntei quem seriam essas garotas. "As namoradas deles?" eu pensei, mas resolvi não comentar nada em voz alta.
A conversa deles mudou de rumo e eu passei a começar mesmo a ler, já que estava ficando entediada. Eu estava na verdade com vergonha de puxar assunto com eles, afinal, falar com garotos nunca foi meu ponto forte.
- Ei, Kagome? – Miroku me chamou.
- Hm? – eu perguntei aérea, abaixando o livro.
- Você pratica algum esporte? Lá no campus tem uma quadra bem legal, e tem times e tal, mas a maioria são garotos que jogam.
- Bom, eu jogava vôlei e futebol na minha antiga escola... – eu falei, mas eu corei e completei. – Mas eu não sou lá muito boa.
Inuyasha soltou um risinho e eu lancei um olhar raivoso á ele.
- De qualquer forma, é só falar com os treinadores, eles são bem legais. – eu sorri agradecida.
- Você gosta de lá? – eu perguntei, timidamente.
- Claro. Ser aluna nova deve ser duro, né? Os estudos são um pouco puxados, mas você pega o ritmo logo. É claro que tem os piores professores também, o Profº. Querry de Química...
- Cara, esse professor é um saco. – Inuyasha se meteu, repentinamente. – Ano passado ele me deu uma detenção só por pegar em um tubo de ensaio enquanto ele ficava falando sem parar. – ele fez uma careta.
Eu comecei a rir, e o assunto foi surgindo. Inuyasha participava da conversa ás vezes, mas ás vezes também fazia comentários irritantes o que me fazia retrucar e ás vezes discutíamos, mas Miroku sempre surgia com outro assunto para amenizar a situação.
- Quantas horas de viagem são? – eu perguntei, me espreguiçando no banco e enfiando propositalmente o braço na cara de Inuyasha. Este abriu a boca e logo eu percebi sua intenção e recolhi o braço antes que ele o mordesse.
- Três e meia. E já passou... – ele se perguntou olhando no relógio, – uma hora e meia.
- Nós comemos assim que chegamos? – eu perguntei com um olhar esfomeado.
- Tem o almoço que é servido no salão, depois eles nos mandam para os quartos, acompanhar as instalações, sabe como é. – Miroku me explicou.
Dei em ombros e peguei a bolacha da minha mochila e a abri, pegando a primeira bolacha do pacote e colocando a mão, sentindo os olhares dos dois garotos em mim.
- Quer? – eu ofereci á Miroku, mas antes que ele pudesse me responder, a bolacha já fora arrancada das minhas mãos.
Eu encarei Inuyasha e vi ele já com a bolacha na boca e cruzei os braços e disse:
- Que bom que eu estava oferecendo ao Miroku, né. – eu falei e Inuyasha apenas deu em ombros.
- Obrigado Kagome, mas eu não quero mesmo. – Miroku recusou, enquanto Inuyasha colocava outra bolacha na boca.
- Você podia pelo menos ter pedido. – eu exclamei, tentando pegar o pacote da mão dele.
- Hm, valeu. – ele só disse isso, colocando outra bolacha na boca. – Cara, eu estava com fome. Que bolacha é essa?
- Devolve, você já comeu demais. – eu falei me inclinando no banco para roubar o pacote de suas garras.
- Não. – ele respondeu, colocando outra bolacha na boca.
- Inuyasha, devolve a bolacha. – Miroku falou, sem esconder o riso.
Então eu pulei em cima do Inuyasha e ergui minha mão até o braço dele, mas ele estava segurando a bolacha bem no alto e ria de mim.
- INUYASHA! – eu berrei, colocando o meu joelho na perna dele, para ficar mais alta. Fiz bastante pressão, tentando fazer com que ele se machucasse.
Claro que por ser youkai, isso não seria possível. Mas eu tinha ilusões.
- Ei, saí de cima, garota! – Inuyasha falou então, com uma mão apoiada no ombro dele, eu peguei com a outra mão a bolacha de sua mão.
- Ufa. – eu falei, saindo de cima dele e pude perceber que Miroku estava rindo no outro banco. – EEI! Você comeu quase todas as bolachas!
Inuyasha deu em ombros enquanto, eu cruzava os braços, birrenta.
- O que você tem no seu joelho, garota? – Inuyasha me perguntou, massageando a perna com dois dedos e fazendo movimentos circulares.
- Hm, machucou? – eu perguntei, mas Inuyasha não me respondeu, e eu presumi que talvez tivesse incomodado, o que era estranho já que por ser youkai, eu duvidava que fosse doer. – Espero que sim.
- Inuyasha é um hanyou. Metade youkai e metade humano. – Miroku me disse, respondendo minha pergunta mental.
- Miroku! – Inuyasha exclamou e eu me virei para ele.
- O que é? Não confia em mim? Mas o que isso tem demais? – eu perguntei, mas Inuyasha ficou quieto.
Há muito tempo a sociedade já tinha aceitado os youkais. Era já normal ver youkais convivendo normalmente com humanos, apesar de eles serem um pouco exclusos, por interagirem melhor entre si. Nunca havia ficado muito perto de um youkai, eles eram como se fossem uma raça diferente, era difícil ver youkais perto de humanos, assim como seu numero nas escolas também era raro.
O silêncio que se seguiu foi constrangedor, mas eu não quebrei o silêncio, apenas encostei minha cabeça contra a parede de madeira, fechando os olhos.
Com um solavanco do trem eu abri meus olhos repentinamente. Mas não me movi. Minha visão estava meio torta, quando olhei para o que eu estava apoiada, vi o corpo de Inuyasha bem em baixo do meu e corei que nem um tomate e então senti um peso na minha cabeça e pude ver que havia fios prateados que se misturavam com os negros da minha franja rebelde.
Me perdi olhando a cor daqueles fios. "Que cor estranha, é tão... viva e..." aquele brilho prateado me segou até que eu pisquei duas vezes e me toquei.
O Inuyasha estava dormindo apoiado em mim.
- INUYASHA! – eu gritei, erguendo a cabeça, apenas vendo o lance do hanyou se jogando no chão.
- O que foi, louca? – ele falou sussurrando. Ele colocou a mão na cabeça e a massageou. Estreitei os olhos e percebi que na verdade ele estava massageando suas orelhinhas.
- VOCÊ ESTAVA DORMINDO EM CIMA DE MIM! – eu continuei gritando, sem entender por que ele estava sussurrando.
- Você que estava dormindo no meu ombro. – ele retrucou, ainda sussurrando. Eu fiquei sem graça, mas ainda respondi, gritando. Agora, por que eu estava gritando mesmo? Não faço idéia.
- NÃO ESTAVA NÃO! – negue, negue, negue. Ele estava dormindo, como podia saber?
- Tá tanto faz, – ele falou, se possível, num tom mais baixo, apesar de ainda, perfeitamente audível. – agora... dá para parar de gritar?
- POR QUE EU DEVERIA? – eu respondi ainda aos gritos.
- POR QUE TÁ ME IRRITANDO, OK? – ele respondeu com um grito bem mais alto que o meu e fez eu me encolher, tímida. Não pela fala em si, mas pelo seu tom de voz agressivo.
Então percebi que suas orelhas ficavam se mexendo sem parar no topo de sua cabeça, fazendo movimentos sincronizados e engraçadinhos.
Engraçadinhos? Alo-ôu Kagome, são as orelhas do Inuyasha.
- Ah, desculpe. – eu sussurrei.
- Feh! – por fim ele se levantou e se sentou ao meu lado, cruzando os braços.
- Ah, Kagome, – escutei a voz de Miroku, sonolenta e então me virei para ele que estava com uma expressão bem irritada, por isso sorri sem graça. – obrigado por ter me acordado aos gritos, muito delicado da sua parte. E você também Inuyasha. – ele então abriu um sorriso mal-humorado para nós dois, Inuyasha apenas virou a cara soltando outro "Feh!", percebi que esse era o seu típico resmungo mal-humorado.
- Er... desculpa?
Miroku apenas balançou a cabeça em sinal de negação e falou ainda, com a voz sonolenta.
- Deixa pra lá. Afinal já são... – antes que ele olhar no relógio digital em seu pulso o trem deu outro solavanco e eu acabei sendo jogada para frente e indo de cara na parede.
Por fim, escorreguei e caí no banco com a cara toda a vermelha e eu estava ainda me sentindo um pouco zonza.
- Kagome? – perguntou Miroku e eu o vi aparecer na minha frente. Então vi que ao seu lado, se encontrava outro Miroku.
- Olha, Miroku... é um clone seu! – eu falei apontando de um para o outro, afinal, não tinha idéia de qual era o verdadeiro.
Escutei a gargalhada de Inuyasha e por fim os dois Miroku's que balançavam na minha frente se uniram formando um só, que me encarava fixamente.
- Vamos logo, novata, não temos o dia todo. – Inuyasha reclamou. – Já chegamos. Achei que tivesse reparado que o trem parou.
Eu me levantei rápido demais, por isso coloquei a mão na cabeça, mas não deixei de retrucar:
- É, eu reparei. – eu falei bufando.
Então eu acabei me levantando, senti a mão de Miroku sobre a minha me ajudando e sorri agradecida.
- Viu Inuyasha? Seu amigo podia te ensinar uns truques sobre como ser gentil com alguém. – eu alfinetei, pegando minha mochila e a fechando depois de conferir rapidamente se estava tudo no lugar.
- Ah, claro. – Inuyasha riu e eu não entendi, parecia ser uma piadinha interna, mas dei em ombros e terminei de ajeitar minhas coisas.
Miroku saiu da cabine me deixando apenas com Inuyasha na porta, que estava ajeitando a mochila nas costas.
Quando estava quase saindo, Inuyasha me parou e falou baixinho:
- Acredite em mim, você ainda não conheceu Houshi Miroku. – então com um ultimo risinho ele saiu da cabine. Eu revirei os olhos e dei em ombros.
Pois é. Agora não tem mais salvação.
Ferrou de vez.
N/A:
Olá pessoas! :)
Minha primeira fic I/K. OMFG-morri³. Bom esse é o primeiro capítulo e espero que tenham gostado!
O próximo já está em produção, mas só com reviews, ook?
beeijo :*
- laari w. black
