Disclaimer: Gravitation pertence a Maki Murakami. A série "A Mediadora" pertence a Meg Cabot.
Crossover: Gravitation x A Mediadora
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Prólogo
Minha vida é ferrada e fudida. Pensei enquanto colocava um cigarro na boca e o acendia, encolhendo os ombros ao ver a estrutura de metal na minha frente tremer nas bases e finalmente desmoronar, ocasionando um estrondo ensurdecedor. Correção então, a minha vida é ferrada, fudida e mal paga. Suspirei, soltando a fumaça por entre os lábios e erguendo os olhos para o horizonte.
Já amanhecia, foi o que pude notar ao ver o sol despontar atrás dos prédios ao longe e com um relance para o meu relógio no pulso vi que já era quinze para as seis. Merda! Não consegui segurar o xingamento que me veio à mente ao ver que eu tinha passado a noite inteira em claro, de novo, e agora teria que correr para casa para poder me aprontar para mais um dia de aula.
Realmente, a minha vida já passou do estágio do ferrada, fudida e mal paga. Já estava na merda mesmo, e até o pescoço. Joguei o cigarro no chão, o esmagando com a sola da minha bota estilo coturno e mexi a cabeça de um lado para o outro estalando as juntas do pescoço.
Soltando mais um suspiro dei as costas para a construção agora em ruínas e caminhei até a minha moto, posicionando-me sobre o selim dela e girando a chave na ignição. Em gestos mecânicos coloquei o capacete e passei a marcha, arrancando com o motor e sumindo do local "do crime" bem a tempo, pois ao longe eu já ouvia as sirenes costumeiras ecoarem pelas docas.
O trajeto do porto até a minha casa foi consideravelmente rápido, visto que as ruas da cidade estavam ausentes da movimentação matutina usual por causa das horas. Em um piscar de olhos vi o cenário mudar de área urbana para uma mais residencial e antes que percebesse já estava entrando no terreno que abrigava um grande templo budista.
Ainda agindo mais por reflexo do que por pensamentos, desliguei a moto antes mesmo de subir a ladeira que dava para a entrada exclusiva de moradores que o templo possuía, descendo dela e começando a empurrar a máquina estrada acima. Não queria que meu pai reconhecesse o ronco do motor e viesse me indagar o que estava acontecendo… de novo. As minhas desculpas começavam a se esgotar com o passar dos anos.
Por um momento, enquanto estacionava a minha moto na entrada de veículos, pensei que estaria livre do interrogatório. No entanto, foi apenas eu virar sobre as solas de meus sapatos para ver um velho monge parado sob o beiral da varanda com os braços cruzados sobre tradicional robe e me olhando com aquela expressão desapontada de sempre.
- De novo Tatsuha? – ele soltou em um suspiro e eu até pensei em abrir a boca para me defender. Mas o que eu iria dizer? "Desculpe pai, passei a noite fora tendo um encontro físico com um espírito que não querida desencarnar"? Acho que ele não levaria muita fé em mim. O homem era monge, não otário. Na educação dele consistia em acreditar em reencarnações e paraíso, e não em almas desgarradas que insistiam em permanecer onde não era o seu lugar.
Com isto ele fez um "tsc" com a boca e sacudindo a cabeça em negativa virou-se, retornando para a casa com os ombros arriados em clara demonstração de como estava decepcionado comigo. Agora eu pergunto: eu já disse que a minha vida era ferrada, fudida e mal paga? Pois é… aparentemente ainda tinha como ela piorar.
