Ok, ainda é a mesmíssima Fic...

Estou apenas trocando os capítulos, porque assim como havia acontecido com To Hell - A Ginevra´s Tale, eu não conseguia terminar porque não me encontrava mais naquele tipo de narrativa.

Vou substituir os capítulos até chegar ao ponto onde havia parado e depois vou continuar postando normalmente.

Enjoy it.


Chapter 1

Long Road to Ruin

Ginevra´s POV

Eu estava absolutamente exausta.

Eu havia dado cinco aulas hoje, e ajudar Lolly Paths, do sétimo ano, a fazer a Veritasserum havia sido mais difícil do que eu havia previsto.

Esvaziei os caldeirões e os deixei empilhados sobre a pequena e única mesa da sala, e terminei de guardar os instrumentos usados pela Paths. Havia uma boa razão para eu escolher esta pequena sala no quinto andar: não havia muito o que explodir aqui. Apenas a pequena mesa e uma restrita reserva de ingredientes e antígenos. Esse lado do prédio era praticamente inóspito, e eu gostava tanto do silêncio quanto da vista do lugar.

Deixei meus livros e os cadernos sobre a mesa e me aproximei da grande janela entreaberta. Ultimamente eu me sentia mais... introspectiva. Havia algo que me incomodava e que eu queria descobrir o que era- descobrir para poder me livrar desse sentimento irritante. O ar que entrava era fresco e limpo, um tanto gélido mas ameno. Encarei a janela aberta e a vista do alto da floresta, com seus abetos e carvalhos erguendo-se imponentes do chão e os pinheiros que margeavam os portões ao longe e o grande lago. Uma mixórdia de diversas nuances de verde, e depois o azul petróleo da água se misturando ao azul claro de mais um entardecer tranqüilo. Era lindo, e me transmitia paz. Eu gostava de Hogwarts. Eu era apaixonada por este lugar, pelas paisagens e pelas coisas que eu aprendia aqui. Tinha sempre a impressão de que Hogwarts tinha algum grande segredo que só revelaria a mim... um segredo que eu queria muito saber qual era.

A algum tempo eu vinha me sentindo irrequieta. Mas, por mais que eu me esforçasse, não conseguia descobrir o porque. Coisas com as quais eu antigamente sonhava agora me irritavam. Eu não conseguia mais ser naturalmente a adolescente idiota e sorridente que eu era. Eu finalmente conseguira namorar com o famoso e idolatrado Harry Potter – e as coisas não iam nada bem. A única coisa que me dava algum sentimento bom era este castelo, com seus segredos escondidos e meus estudos de poções, claro.

Alguma coisa estava errada.

Eu tinha de descobrir o que era.

Ouvi passos se aproximando da sala onde eu me encontrava. Eu conhecia aqueles passos, entretanto. Tinham sempre o mesmo ritmo fixo pelo qual meu coração se orientava, e então eu podia ouvir distintamente as duas batidas num mesmo ritmo. Professor Snape entrou na sala sério e calmo como sempre. Eu o admirava. Aprendi a admirá-lo com a convivência, quando decidi me dedicar às poções e ele não apenas me apoiou – me surpreendendo, afinal, eu era uma grifinória – como também me incentivou e se tornou meu mestre. Snape era meu professor favorito agora, e também um exemplo. Eu havia descoberto, também, que me sentia mais confortável na presença dele do que dos meus antigos amigos. Acho que ele me compreendia melhor que eu mesma, às vezes. E isso me agradava tanto quanto era perturbador.

- A Sta. Paths já foi? – falou, com os olhos cravados em mim.

-Sim, Professor.

-Como foi a execução do Veritasserum? – Os olhos escuros me perscrutaram, mas sem desconfiança.

-Sinceramente mais difícil do que eu pensei. Ela quase destruiu cinco dúzias de vagens soporíferas. Mas a poção foi bem executada.

-Acredita que ela vai conseguir realizar a poção de maneira aceitável no dia do teste?

-Estou contando com isso, Professor.

-Excelente. Está se saindo muito bem, Weasley – apesar da sua fisionomia permanecer fria, pude ver que os olhos do professor sorriam. Ele estava orgulhoso. Me mantive tão impassível quanto ele, mas não pude evitar a felicidade que me envolveu.

-Muito obrigada, Professor.

Caminhei até a mesa e agarrei meus livros. Eu queria desesperadamente minha cama. Mas o Professor Snape me deteve.

-Srta. Weasley?

-Sim, Professor – me virei para encarar os olhos que me fitavam com uma ternura inesperada. Muito embora sua expressão continuasse tão fria quanto antes.

-Decidiu o que pretende fazer quando terminar Hogwarts? Qual carreira vai seguir?

Não consegui evitar a tristeza que passou em um lampejo pelos meus olhos. O homem experiente a minha frente notou, claramente. Seus olhos se tornaram mais interessados e analíticos.

-Eu pensei a respeito, sim. A minha intenção sempre foi trabalhar na seção de poções do Quartel General dos Aurores. Mas lecionar também me parece atraente. Eu gostaria de trabalhar entre os muros de Hogwarts.

-Fico muito feliz com isso, Weasley – ele quase sorriu, e eu gostei disso. Me sentia ligada ao homem de negro a minha frente. – Tem se saído muito bem com as poções. Melhor do que eu imaginei. Seu potencial é surpreendente e você é dedicada e persistente. Tanto que me fez conversar com o Professor Dumbledore e ele próprio intercedeu por você perante o ministro. Há uma vaga para você no treinamento para Aurores no Ministério assim que terminar Hogwarts.

Se eu não estivesse diante de Severo Snape, provavelmente meu queixo teria caído. Eu tinha uma vaga na seção de treinamento dos Aurores. Era absolutamente inacreditável. Não havia como traduzir meu sentimento, tampouco a gratidão que senti por aquele homem; mas assim que meus lábios se abriram para agradecer me lembrei de um detalhe que destruiu os poucos segundos de felicidade que eu conseguira em muito tempo.

Como sempre, Snape notou.

-Muito obrigada, Professor – mantive o olhar fixo nos olhos dele. Desviar os olhos agora seria confessar que havia algo errado. Mas ele já havia percebido, e não havia muito que eu pudesse fazer além de esperar que ele não perguntasse. – Não tenho como agradecer seu gesto.

Mesmo com a gratidão que eu mesma pude ouvir em minha voz, não pude deter o interesse dele.

-Há algo errado, srta. Weasley?

-Nada importante, Professor – negar inteiramente não era uma opção.

-O que é, Weasley? –ponderei alguns segundos, mas decidi não revelar nada. Entretanto a pequena distração que eu tive foi o suficiente para que ele entrasse em minha mente.

-Você vai se casar? –ele pareceu indignado.

-Usar legilimência contra uma aluna indefesa não é antiético, Professor? – rebati

-Você não é indefesa e sabe usar oclumência melhor que eu. Agora responda a pergunta.

Pensei por alguns segundos mais. Eu não queria revelar o que me aborrecia. Fazia com que eu me sentisse fraca – e eu não gostava disso.

-Eu não pretendo, se é isso o que está perguntando, Professor.

-E porque é que isso vai atrapalhar seus estudos no QG?

-Porque a minha mãe pretende. Mais do que isso, ela está obstinada a me ver casada assim que possível.

-Pensei que se casar com Harry Potter fosse seu sonho, Weasley. – senti a pontada por trás das suas palavras. Ele havia entendido tudo, claro. Havia entendido mais do que eu havia dito. Não era preciso manter a conversa por esse caminho mais.

-Eu também pensei, professor.

Não sorri. Não havia motivo para sorrisos. Agarrei meus livros e saí da sala com passos firmes e calmos. Era uma sexta feira, e estavam todos no salão jantando, de forma que os corredores estavam vazios e pude andar tranquilamente até encontrar a passagem para minha casa. O salão comunal da Grifinória também estava praticamente vazio. Atravessei-o sem sequer olhar para o lado e subi as escadas em direção ao meu quarto.

Praticamente bati a porta, e atirei meus livros descuidadamente sobre a mesa de cabeceira. Me joguei na cama como fiz com os livros, e fiquei encarando o teto. Eu estava irritada. Não podia permitir que mais escorregões deste tipo acontecessem, ou qualquer um teria acesso a meus pensamentos. E eu estava realmente feliz com aquela nova possibilidade no quartel-general. Ser uma Auror junto a seção de confecção de poções seria uma excelente oportunidade, mais do que eu esperava.

Mas como eu iria desestimular minha mãe de um casamento com o queridinho dela? Eu não conseguira convencê-la nem mesmo de que ele não era a pessoa que ela imaginava – e ele passava pelo menos uma semana em casa todos os verões- como eu iria mostrar para ela que Harry Potter não era o bom garoto de quem todos gostavam?

Harry era um idiota. Sempre se exibindo, sempre se fazendo passar por um garoto sensível que teve traumas demais na infância e que perdeu os pais. Na verdade ele era grosso, arrogante e hipócrita. Aliás, mais arrogante até que Draco Malfoy – o filho bastardo da própria Arrogância.

No começo do meu namoro era como estar no céu. Eu não percebia a maneira estúpida como ele me tratava, e tentava desesperadamente justificar todos os seus atos rudes e suas grosserias. Cheguei a me culpar várias vezes enquanto ele me tratava como se eu fosse um pária. Até o dia em que Dino Thomas pediu minha ajuda.

Eu estava no salão principal, com meu irmão e Hermione. Harry me exibia como se eu fosse um troféu de quadribol ou algo do gênero- e só mais tarde fui entender que eu era para ele apenas uma garota que todos achavam bonitinha e que ele resolveu ganhar. Ele me viu falar com Dino, mas fingiu não dar atenção. E então, quando ficamos a sós, ele resolveu mostrar a cara de bastardo que ele tinha.

Eu ainda era uma tonta apaixonada na época. Harry gritou comigo, me xingou e me acusou de coisas das quais não compreendi a metade. E quando eu finalmente me irritei e voltei as ofensas que ele havia me feito, ele me agrediu. Me deu um tapa e me atirou na parede de uma forma que me deixou completamente aturdida. Tanto que nunca disse palavra a ninguém. Mas deste dia em diante, comecei a conhecer de verdade quem era Harry Potter.

E Harry Potter era o que eu não queria para mim.

Suspirei e resolvi me levantar e tomar um banho. Eu não estava com fome, mas minha cabeça parecia um ninho de fadas mordentes e quis dar uma volta nos jardins para espairecer.


N/A: Merece reviews?

Kisses,

Angelique.