Disclaimer: Nada é meu. Nem os personagens, nem a música. Eu só pensei, pensei... E fiquei fissurada em usar essa música da Madonna (minha ídola!), para fazer essa fic.

Essa história é completamente ficcional, ok? Ela é para uma nina muuuito linda... Júlia, mais conhecida como Black Scorpio no Nyx. ´

Nina, você me pediu uma fic como a da Sheila. Mas eu ouvi essa música, lembrei do clip, da Madonna com a camisa escrita "Italianos fazem melhor", e vi que era uma deixa e tanto! Mas prometo que a próxima vai ser pura comédia, tá?

Beijos! E Aproveitem!


Papa Don't Preach

- Volta aqui menina!

Papa I know you're going to be upset

'Cause I was always your little girl

But you should know by now

I'm not a baby

Ela correu pelas vielas escuras, com as lágrimas turvando seus belos olhos cor de chocolate. Os cabelos castanhos com reflexos vermelhos balançavam contra o vento, enquanto as pernas corriam sem parar. Sentia uma angústia, um peso, um medo... O que estava acontecendo em sua vida? O que iria fazer? Só tinha 16 anos… Lembrou de quando era somente uma menina sem grandes problemas; sua maior preocupação era ficar bonita para os rapazes do colégio, tirar boas notas, cuidar do amado pai, que a cercava de mimos e cuidados desde a tenra idade. Lembrava de cada detalhe do dia em que tudo havia mudado.

Era uma tarde de outono, onde as folhas secas amontoavam-se pelos jardins e davam ao parque um ar tão irreal. Ela estava ali, vestindo sua camisa favorita – "Os italianos fazem melhor" -, um shortinho jeans e os inseparáveis All Star pretos. Estava rodeada de amigas, rindo de bobagens e dos meninos que por ali circulavam. Foi quando ela o viu.

Foi paixão à primeira vista.

You always taught me

right from wrong

I need your help

daddy please be strong

I may be young at heart

But I know what I'm saying

Cabelos compridos e grisalhos, jogados para trás. Olhos de um azul tão intenso, pele morena... Corpo jovem, malhado e trabalhado. Percebeu que os braços eram fortes por trabalhar muito como mecânico, o que explicava aquele macacão sujo de graxa. A despeito dos cabelos grisalhos, era só um ano mais velho do que ela. Quando seus olhos se encontraram, sentiu que nunca mais ia ser a mesma.

Foram apresentados por amigos em comum, durante uma festa. Ao dançar com ele, sentiu os braços fortes em sua cintura, a respiração quente em seu pescoço, o cheiro dele... Não, não podia negar: estava apaixonada. E era correspondida.

Foi em um passeio no dia seguinte que o primeiro beijo aconteceu. Um encontro de lábios fortuito, seguido de suspiros de ambos. Olhos azuis fixados em olhos castanhos. Até que os olhos se fecharam e os lábios novamente se encontraram.

The one you

warned me all about

The one you said

I could do without

We're in an awful mess

And I don't mean maybe.. please

O namoro era turbulento, com direito a cenas de ciúmes de ambos. E foi durante uma dessas brigas que a primeira vez aconteceu. Eles gritavam um com o outro, e de repente estavam se beijando, fundidos em um abraço apertado. Ela sentiu as mãos trêmulas ao abrir a camisa dele, e suspirou de prazer ao sentir os lábios fartos dele em seus seios. Fechou os olhos e se deixou levar por aquele momento único.

Ele tornara-se um vício; não podia ficar mais de um dia longe dele, do seu cheiro, da sua pele. As tardes de amor na sobreloja da oficina mecânica tornaram-se cada vez mais comum. E a cada tarde o prazer tornava-se maior, a experiência e a paixão contribuíam para sensações indescritíveis.

Papa don't preach..

I'm in trouble deep

Papa don't preach..

I've been losing sleep

But I made up my mind..

I'm keeping my baby

I'm gonna keep my baby mmm

Os enjôos, os seios doloridos, o sono cada vez maior e uma sensibilidade crescente a alertou de que alguma coisa estava errada em seu corpo. Com medo procurou um médico, que a orientou a fazer um teste de gravidez. Não, não podia ser. Passou dias se remoendo, com medo de tudo, pensando no que fazer com um bebê. E como contar para o pai? Teria que falar para o namorado, e o medo dele não aceitar era imenso.

Sua cabeça rodava, ficava deitada a maior parte do tempo. Afastou-se de amigas, começou a ficar silenciosa, com medo de se denunciar. Ao pegar o resultado, intimamente já sabia que daria positivo. Chorou por duas horas, enxugou as lágrimas e, resoluta, encaminhou-se para a oficina.

-Romeo, a gente precisa conversar.

He says that he's going to marry me

We can raise

a little family

Maybe we'll be all right

It's a sacrifice

O italiano só a olhou. Não falava. Não gritava. Ela ficou mais nervosa ainda, se é que era possível.

-Tem certeza?

-Sim. O resultado é esse – e estendeu o papel na direção do namorado.

Ela não conseguiu entregar, porque ele a levantou no colo, a beijando e gritando sem parar. Ele estava encantado com a novidade. Ia ser pai!

-Eu não sei o que fazer… - Aos prantos, ela encostou a cabeça no peito do namorado.

-A gente vai casar.

But my friends keep telling me

to give it up

Saying I'm too young

I ought to live it up

What I need right now is

some good advice.. please

E agora ela corria, depois de ouvir coisas terríveis do pai. Lembrou de quando era criança, e a mãe foi embora. Ficou ela e o pai, o herói, o amigo, o parceiro. Aquele que a colocava para dormir com carinho, cantando músicas antigas. Aquele que a ensinou a mascar chiclete e a cuspir. Aquele que a consolara dos machucados e que lhe ensinara a respeitar as pessoas.

Aquele mesmo homem que agora a chamava de irresponsável, que dizia que ira matar seu namorado. Que a chamava de criança, que dizia que ela não podia ter aquele filho daquele jeito. Que afirmava que ela tinha acabado com sua adolescência, que nada mais ia ser a mesma coisa. Que ela não iria poder estudar, sair com amigas e ter uma vida normal.

Era dele que ela fugia, correndo por vielas escuras.

Papa don't preach..

I'm in trouble deep

Papa don't preach..

I've been losing sleep

But I made up my mind..

I'm keeping my baby

I'm gonna keep my baby ooh oh

-Júlia!

Os gritos do pai ecoavam pela noite, criando mais angústia no coração da jovem. Ela corria, corria...Quando parou, percebeu que havia ido parar no parquinho em que seu pai a levava quando era criança. Sentou-se em um dos balanços e chorou.

Levou um susto ao sentir uma mão a empurrando, e olhou para trás. Era seu pai, que com os olhos cheios de lágrimas a olhava com carinho e medo. Ele continuou a empurrar, enquanto dizia:

- Júlia, não estava dizendo para você tirar o bebê, Dio Santo! Eu estava mostrando tudo o que você vai perder. É o que você quer, ter esse bebê?

- A gente vai casar, pai. O Romeo vai vir falar com o senhor amanhã. Ele queria estar aqui hoje, mas eu quis contar sozinha para você – respondeu a jovem entre soluços.

- Casar não é fácil bambina. Namoro é bom, é gostoso, mas casar é diferente. É isso o que quer?

Daddy daddy if you could only see

Just how good he's been treating me

You'd give us your blessing right now

'Cause we are in love

We are in love.. so please

-Sim. – ela respondeu.

-Pelo poder investido em mim, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar sua bela esposa, rapaz.

Era uma cerimônia discreta, com amigos íntimos e poucos familiares. Estavam todos na casa do pai de Júlia, onde seria servido um legítimo almoço italiano. Ela olhou em volta e viu que seu pai e Romeo conversavam animados, discutindo nomes de meninos. Ela sorria, pensando em como eles eram bobos, afinal já tinha escolhido um nome. Passou a mão pela barriga de quase cinco meses, falando baixinho "Giovanni". Nesse momento seus olhos encheram-se de lágrimas mais uma vez. Ela sentiu, pela primeira vez, o chute do seu bebê.

Papa don't preach..

I'm in trouble deep

Papa don't preach..

I've been losing sleep

But I made up my mind..

I'm keeping my baby

I'm gonna keep my baby