POV's Thor

Assim que chegamos a Asgard vi nosso pai ao lado de Heimdall. Junto com O Pai de Todos – que montava em seu cavalo - estavam alguns guardas que logo percebi serem para Loki. Meu coração apertou.

Curvei-me diante de meu pai, enquanto que meu irmão manteve-se de pé, encarando nosso pai com ódio. Depois que me levantei pude vê-lo olhar para mim, ambos. Mas tão logo Loki virou o rosto, antes mesmo de eu conseguir olhá-lo nos olhos.

- Venha Thor. – ordenou Odin a mim.

Mas eu me mantive ali, ao lado de meu irmão. Apertei sua corrente em mãos e somente quando o guarda veio até mim, que finalmente decidi soltá-lo. E nesse percurso pude finalmente olhar em seus olhos, e ele igualmente olhou para mim. Mas seus olhos só refletiam dor e mágoa. Loki se virou, começando a seguir o guarda enquanto que eu, ainda olhando para meu querido irmão, fui à direção de meu cavalo.

Odin já estava no castelo, e por essa mesma razão, corri com meu cavalo até lá. Assim que cheguei encontrei Frigga, minha madrasta e Sif, minha amiga. Recebi-as com um abraço, enquanto que perguntava a Frigga onde estava meu pai. E como de costume: sala do trono.

Abri as grandes portas que davam para um salão vazio, exceto pelo rei e alguns poucos guardas na sala. Fechei as portas e aproximei-me de meu pai, em uma nova reverencia.

- Por favor, meu pai.

- Não quero mais discutir isso, Thor. Loki será punido sim.

- Reconsidere meu pai. Eu te peço, ele não sabe o que faz...

- Por isso mesmo, assim aprenderá o que certo! – bradou Odin – Não adiantará de nada Thor se eu deixar isso passar.

- Mas eu não entendo meu pai. Deixe-me conversar com ele, pelo menos...

- Não! – gritou.

- E por que não? – gritei de volta – É meu irmão! Teu filho! Um de nós!

- Isso não tem importância para ele! – meu pai olhou para baixo - Loki será punido, essa decisão cabe somente a mim e não a você, Thor! Eu sou o Rei de Asgard! – ele voltou a me encarar sério.

- Certo Rei de Asgard... Que seja como quiser... – eu saí da sala batendo o pé.

Abri a porta num estrondo só, passando direto por Sif e os Três Guerreiros Volstagg que já me gritavam, me seguindo. Do lado de fora eu já via começar uma tempestade e estava pouco me importando, que viesse abaixo um dilúvio.

POV's Loki

Eu era levado para a masmorra, onde ficaria até meu julgamento. O céu claro já tomava coloração escura, despontando uma furiosa tempestade.

- Acalma-te Thor... – pensei, lembrando-me de coisas nostálgicas – Acalma tua cabeça, teu coração, ou não será capaz de suportar o que tem por vir...

Assim que os guardas param, sai da carruagem e entrei na prisão. Fui revistado totalmente. Minha capa foi retirada, bem como a parte superior e os adornos de minha roupa. Fiquei apenas com minha calça e a blusa em verde escuro. Fui obrigado a abandonar minhas botas e permanecer apenas em sandálias velhas.

Minhas mãos – que haviam sido libertas para que esses imundos ratos me retirarem a roupa – voltaram a ser presas, me impedindo de conjurar qualquer magia graças às escrituras gravadas no metal.

Levaram-me para a cela devagar, eu não podia dar passos muito longos pela corrente em meus pés. Assim que chegamos fui colocado pacientemente dentro da cela e caminhei bem de vagar para perto da janelinha com barras. Minhas mãos ainda estavam presas atrás de meu corpo, a corrente em meus pés não me deixava caminhar direito e em minha boca, mantinha-se a mordaça metálica.

Tive de ficar nas pontas dos pés para observar o palácio de 'meu pai'. E a chuva já começava a cair forte e imponente, sobre os terrenos límpidos de Asgard. Olhei para e céu escuro, sentindo finalmente algumas gotas de água cair em meu rosto, e sorri por debaixo da amarra, fechando meus olhos e apreciando a fúria dos trovões e os assustadores barulhos do lado de fora.

- Acalma-te, Thor... – eu queria que minhas mãos estivessem livres para tocar a água que caia das nuvens – Sinto tua fúria daqui, Deus do Trovão...

Abri meus olhos ainda ao ponto de ver a chuva ficar mais mansa, porém, ainda estava forte. Voltei para um canto da cela, onde me sentei e fiquei a esperar pacientemente pelo dia seguinte.

Eu sequer havia percebido quando adormeci naquele chão fétido, mas acordei com um dos guardas abrindo a cela. Senti uma dor deveras incomoda nas costas, efeito das trancas em minhas mãos, logo deduzi. Levantei-me e logo que de pé o guarda pegou em meu braço e me conduziu novamente para fora da prisão. Descemos varias escadas até que eu pudesse finalmente ver o céu claro.

Colocaram-me dentro da condução e me levaram ao palácio, onde encontraria aqueles que me exilariam. Senti um arrepio percorrer meu corpo, me causando uma deliciosa sensação de prazer ao imaginar a cara de Thor quando me vir como 'gigante de gelo'.

Pensando um pouco falar disso é irônico, os Gigantes de Gelo fazem realmente jus ao nome que tem, uma vez que são demasiado maiores que nós, mas eu – como de costume, um bastardo – mesmo filho de Laufey, tenho a altura de uma mulher Asgardiana.

E ainda que seja seu filho e que corra em meu sangue os de minha espécie, minha habilidade para projetar gelo era nula. Na verdade, tudo relacionado a mim era nulo quanto aos gigantes, exceto o aspecto azulado da pele, mas que também é mais claro.

Deixei meus devaneios de lado quanto à minha vergonhosa herança sanguínea para analisar uma ultima vez as pilastras da minha antiga casa, os corredores por onde brinquei e as salas onde pratiquei. Ah! E a biblioteca será sem duvidas o que mais sentirei falta desta casa.

Eu tinha que caminhar descalça e usava as mesmas roupas da prisão, mas estas já estavam sujas, o que me causou desconforto enorme.

Percebi as portas do grande salão de audiência se abrir e a visão longínqua de 'meu pai' vi aparecer. Ao seu lado, minha madrasta me olhava com olhos molhados eu entrar na sala. Suspirei e olhei para as arquibancadas acima, encontrando Sif. Olhei ao seu lado e deparei-me com os olhos azuis penetrantes de Thor, e me mantive ali, sentindo meu estomago revirar.