Nome da Fic: Por Sua causa
Autor: Roxane Norris
Beta-reader: BastetAzazis
Personagens: Severus Snape / Personagem Original
Censura: M
Gênero: Romance
Spoilers: do quinto e sexto livro.
Summary: Uma viajante do tempo interfere no mundo bruxo por saber demais sobre os livros de JK, e sobre Fanfictions. Muda a ordem das coisas, a vida de Snape e a sua própria, até o ponto em que terá que escolher entre a realidade ou o sonho. E você, qual seria sua escolha?
Spoilers Especiais: aqui venho agradecer a todas que com sua imaginação nos presentearam com Fanfictions maravilhosas. Principalmente ás minhas amigas, minha família virtual, o Esquadrão da Madrugada. A relação de Fanfictions aqui citadas constará no final desta, tendo o consentimento de suas relativas autoras.
Agradecimentos: à minha beta querida Bastetazazis, pela sua enorme paciência em me aturar, e por me encaixar em seu tempo escasso.
Agradecimentos Especiais: Ao meu querido Snape, Keanu Reeves, que apesar de não me conhecer aceitou participar dessa fic ao meu lado! Hihihihi... Bjus!
Disclaimer: Harry Potter e seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros. Ou seja, quase todo mundo, menos eu.
POR SUA CAUSA
Presente
29 de agosto de 2006, 14:12 h
Ela chegou da rua molhada, a calça preta que vestia colada ao seu corpo devido à umidade do tecido, mas não se importou. Tirou a capa de chuva, deixando apenas o pulôver preto, e ligou o computador. O sinal da máquina iniciando o Windows soou, e Roxane se levantou para fazer um café. Era assim que passava a maior parte de seu tempo nos últimos seis meses, em frente a um terminal.
O Rio de Janeiro não era um lugar tão frio, mas aquele dia especialmente a fez lembrar de Londres; a chuva fina, o vento batendo no rosto, e o céu nublado. Raramente via filmes ingleses em que o céu surgisse tão azul quanto o que estava acostumada a ver todos os dias de verão no Rio. Novamente se pegou pensando nos livros de Harry Potter, penetrando em suas histórias, interagindo com as personagens... As personagens... Ela sorriu.
Tinha dois filhos, um com seis e outro com quatro anos, que naquele exato momento estavam na escola. Ela sempre gostara de escrever poesias, e agora, por uma peça do destino, escrevia histórias paralelas aos livros de J. K. Rowling, a autora aclamada de Harry Potter. Não era a única, havia um enorme grupo na internet com o qual ela passava as madrugadas, suas noites vazias, que eram preenchidas pelas suas amigas.
Como as conhecera? Bom, esbarrara por acaso com elas no site "Snapefest" do Yahoo, uma comunidade dedicada a escrever fanfics sobre o professor de Poções de Hogwarts, Severus Snape. Um homem taciturno, arrogante, sarcástico e extremamente atraente... Bonito? Não, definitivamente não; nem feio. Um homem dividido entre o bem e o mal, cercado de mistérios, e que arrasta atrás de si uma legião de fãs.
Conhecera várias outras autoras de fanfics. Formavam uma família na madrugada; um esquadrão, era assim que Andy as chamava. Mia, a mana; Ferporcel, a filhota; Sheyla Snape (Leila), outra filhota; Clau, Mara, Su, Carla, e muitas outras, ficavam na madrugada discutindo esse universo paralelo, discutindo Severus.
Severus... Severus... Esse nome repercutia em sua alma o dia inteiro, inebriava seu sentidos. Gostava de ficar imaginado situações diversas para suas fanfics, e aquele nome sempre martelava em sua cabeça. Aquele homem descrito nas linhas dos livros, que andava pelos corredores de Hogwarts à noite nos filmes, era de fazer qualquer mulher espreitar atrás de uma porta para vê-lo surgir.
Ela pensava em tudo isso bebericando seu café e pesquisando nos livros de Harry Potter para fazer sua fanfic para o Amigo Oculto do esquadrão, quando suas pálpebras pesaram pelas noites mal dormidas. Não conseguia fixar sua atenção, mas precisava ler... Harry estava na sala de Snape tendo suas aulas de Oclumência; a penseira perto, onde o professor depositara suas lembranças para que o menino não as visse... Mas Snape saíra da sala com o Draco, e então Harry se inclinou sobre a penseira, sobre as memórias de Snape; os olhos de Roxane turvaram...
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Um som chegou aos seus ouvidos, sentiu-se erguida no ar, uma sensação de desmaio, e em seguida bateu com os joelhos no chão frio. Antes de se erguer, ouviu a voz fria perguntar novamente, ao seu lado:
– Andou se divertindo, Potter?
Ela devia estar enlouquecendo. Aquela voz lhe era familiar, muito familiar; assim como a frase dita a pouco. Abriu os olhos, ergueu-se cambaleante do chão, e fixou a imagem à sua frente. Um menino de cabelos rebeldes escuros com óculos arredondados, magro e de olhos verdes, estava sendo sacudido por um homem alto, de cabelos pretos oleosos, olhos também pretos, um nariz adunco, a pele pálida, envolto numa capa negra.
Segurou a respiração, reconheceria aquela cena em qualquer lugar, tinha acabado de lê-la no livro da J.K.R., "Harry Potter e a Ordem da Fênix", e não havia como contestar que estava diante de Harry e Snape. Ela atentou para a sala, escura e fria como descrita nos livros. Sorte estar de pulôver - pensou. À sua frente estava a mesa com a penseira; o resto do ambiente era rodeado de estantes contendo vários frascos e livros, havia pergaminhos sobre uma mesa menor a um canto, e caldeirões. Levando-se em conta a quantidade de coisas que havia ali dentro, ela notou sua organização. Roxane sorriu.
Definitivamente estava sonhando. Costumava ter esses rompantes, e depois as histórias para as fanfics surgiam em sua cabeça. Eles não tinham percebido sua presença, o que significava que não devia ser real. Lembrando-se horrorizada que sentira o joelho colidir com o chão frio da sala, deu um passo para trás, batendo de encontro a uma estante e derrubando alguns livros no chão.
Foi o bastante para que os dois pares de olhos que se encaravam virassem em sua direção. Harry a fitava com curiosidade, enquanto Snape estreitou seu olhar frio sobre ela. Instintivamente, ela recuou ainda mais, ficando presa contra a parede de pedra. Sentiu novamente o frio daquela sala penetrando em seus ossos. Não pode ser verdade... Eles não estão realmente ali, ou estão? Foi tirada de seus pensamentos pela voz fria que se dirigiu a ela.
– Posso saber quem é a senhorita e o que faz em minha sala? – disse ríspido, encarando-a com os olhos pretos.
Roxane abriu e fechou a boca. Aparentemente não encontrava uma explicação para estar ali. Não sabia o que dizer, então fitou os olhos dele, tão escuros e penetrantes. Snape continuava esperando uma resposta, e ela lembrava bem como ele era; se não a desse, viria uma avalanche de palavras e impropérios.
– Bom, Prof. Snape, eu devo ter me enganado de sala – disse tentando ser firme.
– Enganado de sala? – ele estreitou os olhos em sua direção. – Não tem mais idade para ser uma aluna e está vestida como uma trouxa. Então, ouso acreditar que seja uma intrometida funcionária do Ministério - disse fitando-a longamente. A mulher à sua frente era bonita, mas de uma beleza comum, cabelos e olhos castanhos, um sorriso infantil que o fez pensar duas vezes sobre sua idade antes de retomar seu discurso: – Estou inclinado a achar que está me espionando para a Profa. Umbridge, e se eu descobrir que minhas suspeitas são verdadeiras... Não vou tolerar esse tipo de coisa. O que nos traz de volta à minha primeira pergunta: o que a traz aqui, senhorita? – frisou as últimas palavras.
– E-eu sinceramente não sei – ela disse temerosa da reação dele em face da veracidade de suas palavras.
– Não sabe? – disse crispando os lábios num sorriso de desdém e completou: – Se fosse minha aluna eu a colocaria em detenção por esse desafio, mas é melhor irmos até a diretora, talvez ela possa me dar explicações e refrescar sua memória. – E virando-se para Harry. – Saia, Potter. Continuaremos nossa conversa mais tarde. – E fechando os dedos longos sobre o pulso dela, arrastou-a em direção à porta, ordenando: – Venha.
Ao chegarem no corredor, ele a soltou, passando à frente dela. Quando ia começar a segui-lo, Roxane estancou lembrando-se que Dumbledore não estava na escola, mas ele era a única pessoa capaz de ajudá-la a voltar, e quanto menos pessoas soubessem de sua existência, melhor. Snape percebeu que ela não o seguia e virou-se para ordenar que assim procedesse, mas ela foi mais rápida.
– Você tem razão. A Profa. Umbridge poderia lhe dar explicações, mas prefiro fazer isso eu mesma... – disse virando-se de volta para a porta que tinham acabado de deixar. Ela tinha certeza que apesar do tom que dera às palavras, ele atenderia a seu pedido. – Tenho certeza de que achará interessante o que tenho para lhe contar, venha.
– Com quem você pensa que está falando? – disse frio ao parar ao seu lado e fitá-la por um instante.
– Com Severus Snape, o professor de Poções de Hogwarts – respondeu categórica. – E se fizer o favor de abrir a porta, talvez eu lhe diga quem sou. – Ela o encarou enquanto seus olhos pretos como ônix a fulminavam.
A porta à sua frente se abriu. Roxane sentiu um alívio, intimamente não sabia de onde tirara forças para se dirigir ao Snape daquele modo, mas, como as heroínas das suas fanfics, não se deixaria intimidar diante da máscara que ele teimava em usar.
Não esperou que ele a convidasse, passou à frente dele, penetrando no ambiente escuro da sala do professor. Sentiu um frio percorrer seu corpo mais uma vez e esfregou os braços sob o pulôver enquanto Snape apontava sua varinha para a lareira, acendendo-a.
– Agora, Srta. Mistério, poderia me dizer o que fazia em minha sala com o Potter? – perguntou sarcástico, analisando-a. – Espionava minhas lembranças também?
– Não. Não preciso espioná-las para conhecê-lo, professor. – Ela deu uma nota de bravata à última palavra e, sem dar-lhe atenção, continuou: – Preciso falar com Dumbledore. Sei que ele não está na escola, mas não haveria uma maneira de contatá-lo através da Ordem? – Seus olhos encontraram os dele, e ela os desviou.
– Ordem? Você está tentando arrancar alguma coisa de mim da forma mais patética que já vi. – Ele avançou até ela, segurando-a novamente pelos pulsos. – Não devia menosprezar minha inteligência, senhorita. Vamos, diga – ordenou -, quem é você, afinal?
– Se eu lhe contar minha história, promete acreditar nela e me levar até Dumbledore, não importa o quão surreal lhe pareça? – Roxane ergueu seu olhar até o dele e o sustentou dentro dos olhos pretos.
– Acaso não teria uma desculpa melhor para sua postura hoje à tarde do que inventar histórias, senhorita? – Ele mantinha seus dedos ao redor do pulso dela, que arroxeavam.
– Está me machucando, Severus. – Ela o encarou novamente. – Poderia me soltar? - Parecendo perceber o que fizera, ele a largou. – Obrigada, entendo que desconfie de mim, afinal você não me conhece, mas não tem escolha. Posso começar?
– Pode – bufou contrariado.
– Meu nome é Roxane, Roxane Norris. Moro no Brasil, tenho dois filhos, e por mais que isso lhe pareça estranho, escrevo fanfics. Histórias paralelas, ou complementares, às de livros. Neste caso, os de J. K. Rowling, intitulados Harry Potter. – Ela esperou por uma reação da parte dele, mas Snape apenas estreitou os olhos mais uma vez e analisou-a. – Aparentemente, dormi sobre um deles durante uma pesquisa que fazia para uma dessas fanfics e vim parar bem no meio da história.
– Você fugiu do Saint Mungus? – Ele a fitava divertido. Ela nunca vira uma descrição de Snape assim e começou a duvidar de sua sanidade mental. – Por Merlim, Srta. Norris! Acredita mesmo que vai me convencer com uma história tão ridícula? Qualquer aluno da Grifinória seria mais brilhante para inventar uma desculpa.
– Tinha certeza de que teria essa reação, professor – ela disse calmamente. – Bom, sendo assim, poderia me explicar como sei exatamente o texto da profecia que marcou o Harry? Ou como sei da sua posição como espião da Ordem? – Seus olhos castanhos se tornaram intensos, prendendo os dele. – Ou melhor ainda, como sei do plano de Voldemort de entrar no Ministério para resgatá-la ainda este ano? – Pela palidez do rosto dele, ela sentiu que ganhara sua atenção.
– Como, por Merlin, você sabe dessas coisas? – Snape se esforçava em manter o controle. – Você está blefando. – Ele se levantou e foi até a lareira.
- Acredite em mim, eu sei; estão nos livros. O ataque acontecerá, e muitas coisas mudarão. – Roxane abaixou os olhos e sussurrou baixinho: – Você ensinará Defesa Contra as Artes das Trevas ano que vem... e fará coisas que nunca pensou em fazer.
– Não está me dizendo nada de novo, senhorita. Faço coisas que nunca pensei em fazer a todo o momento. – Ele parecia cansado, ela pode sentir que baixara sua guarda por instantes, mas logo depois o viu reassumir sua postura costumeira. – Parece que seus livros não a informaram de tudo sobre mim.
– Talvez não. Você é, muitas vezes, uma incógnita para muito dos leitores dela, mas o que sei sobre você me basta... – ela hesitou em terminar a frase, mas prosseguiu –, o resto eu posso imaginar.
– Não tente pintar com tons pastéis o que é ser um Comensal. – Sua voz adquirira um tom raivoso. – O quanto sabe do meu passado? Nada – afirmou ríspido.
– Eu o compreendo e não ousaria fazer isso. – Notou que havia pisado num terreno perigoso e que o tratara como um ser inanimado. Burra – pensou. – Não pretendo saber mais do que devo. – Ela o fitou com interesse; a luz do fogo emprestava-lhe um ar de mistério intenso. Isso a fascinou, e teve vontade de tocá-lo para saber se era real, mas se conteve, dizendo: – Ou que possa me contar.
– Deveria saber que essas coisas a colocariam em perigo iminente. O Lorde adoraria saber os pontos fracos de Dumbledore e de toda a Ordem. Se você conhece os dele, muito provavelmente também sabe os do diretor – completou. Desviando a conversa, olhou-a friamente. – Você é um tesouro, senhorita.
– Eu confio em você, Severus. – Devolveu-lhe o olhar frio. – Caso contrário não me arriscaria, não sou uma tola.
Tinha que admitir que era corajosa, mas havia algo mais, algo naqueles olhos que faziam-no acreditar nas palavras dela. Snape vasculhara sua mente a procura de resposta; ela estava sendo transparente, e isso o assustou.
– Desculpe. – Roxane sorriu, ainda zonza por senti-lo dentro de sua cabeça. – Não entendo de Oclumência, não mais do que está nos livros. Afinal, sou uma trouxa.
Snape a fitou com interesse. Sim, ela era uma trouxa, e isso a tornava vulnerável, muito vulnerável. Ela não pareceu ter noção de onde estava se metendo, nem com quem, mesmo que acreditasse que sabia. Tomou sua decisão.
– Preciso de um tempo para levá-la ao diretor, mas obviamente, você não vai a lugar nenhum. – Lançou-lhe um sorriso cínico. – Venha. Até se encontrar com Dumbledore, precisa ficar segura.
– Você deveria ser estúpido e cruel, como sempre. – Ela o fitou curiosa.
– Vejo que minha fama me precede, em qualquer mundo que eu habite. – Ele crispou os lábios e saiu pela porta.
Roxane o seguiu. Imaginou que ele estivesse levando-a para seus aposentos, e isso provocou-lhe uma sensação inquietante; ficar perto dele nunca fizera bem às suas personagens. Andaram apenas até o fim do corredor, e Snape parou em frente à porta de madeira escura. Como a outra, esta se abriu a um simples gesto dele.
Ao contrário do seu escritório como diretor da Sonserina, este aposento era mais acolhedor. Estavam num vestíbulo, muito similar ao que ela fantasiara em suas fanfics. A mesa pequena com as duas cadeiras; imaginou a Ravena sentada ali e desviou seu olhar para a porta que certamente daria acesso ao quarto.
Snape já tinha entrado. Sentiu o calor invadir o ambiente e suspirou, imaginando como seria entrar no quarto daquele homem. Tantas vezes fizera isso, mas por mais incrível que esse pensamento lhe parecesse, agora era real. Juntou suas forças e atravessou o portal com os olhos fechados.
Pôde sentir a atmosfera igual a dos seus sonhos; o calor aqueceu sua alma, e Roxane abriu os olhos. Sorriu. A não ser pela localização da cama e da escrivaninha, tudo parecia igual à imagem que fazia da alcova dele. Aquela palavra a lançou até a cama. Ela desviou o olhar, caindo dentro dos olhos dele. Por um segundo achou que ele lera seus pensamentos e se sentiu ruborizar.
– Preciso de um banho... Posso? – disse, tentando se esconder atrás destas palavras e fugir dali.
– Claro... – ele respondeu sem pensar, ainda preso aos olhos dela.
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N/A: Obrigada á todas que chegaram até aqui. Deixo mil bjos no coração de vcs, e se gostaram por favor deixem reviews, senaum... Tb deixem!
