Vida... Deveria ser mais fácil de se explicar o significado dessa palavra. Pelos termos técnicos, vida é o período em que você está respirando, interagindo, falando, pensando... Mas, eu não sou muito adepta desta teoria simples sobre algo tão complexo. A vida, na minha opinião, é ter motivos para se manter respirando. O problema é quando os motivos lhe faltam, e a única coisa que lhe resta é permanecer na "vida" simples de respirar, interagir, falar, pensar...

Meu nome é Layla Lee Phillips, tenho vinte anos. Morei em Washington até meus quatorze anos, foi então nos mudamos para Nova Jersey.

Você não sabe o que é uma mudança de vida se nunca mudou de colégio. É simplesmente o inferno! Sair de um lugar aonde todos já estavam acostumados com sua presença para ir a um lugar aonde todos lhe julgam como a nova atração do local. A novata!

Meus cabelos negros, razoavelmente compridos e com as pontas pintadas de branco, deixavam minha pele extremamente clara. Mas eu, particularmente, gosto disso. Meus olhos têm um tom de chocolate, lábios rosados. Não sou muito alta - sou até meio baixa, admito -, e sou magrinha.

Eu era considerada uma princesinha. Praticamente uma boneca de porcelana até meus treze anos, quando nos mudamos para Jersey.

Meus gostos musicais e modos de me vestir e agir nunca foram problema para ninguém, pelo menos até ir para uma nova escola.

Sofri desde o primeiro dia, todos os alunos riam de mim, zoavam meu estilo, minhas bandas preferidas, meu cabelo, minha altura, meu peso – eu era um pouco gordinha quando criança, nada exagerado, apenas o suficiente para que zombassem de mim.

Ninguém gostava de mim, e eu também não gostava de ninguém de lá. Fiz apenas duas amizades ao longo dos anos seguintes, Diana e Leticia. Elas eram como eu, mas nunca mostraram muito isso, justamente pelo medo de sofrer com as brincadeiras idiotas das pessoas da escola.

Minha mãe, Eliza Turner Phillips, sempre foi minha amiga. Estava sempre me apoiando, tentando me colocar pra frente, me dizendo para levantar a cabeça e ignorar aquilo tudo. Mas nem sempre isso é o bastante, às vezes não há como superar algumas coisas.

Meu pai se chama Richard Phillips, nós brigávamos muito. Ele sempre foi um tanto autoritário, queria que eu fosse uma eterna criança e uma exemplar adulta ao mesmo tempo. Eu sempre odiei isso.

Quando completei dezesseis anos tentei suicídio. Não me orgulho nada disso, foi um momento de desespero, uma odiotice que eu pretendo jamais repetir. Consegui alguns antidepressivos com um garoto do colégio – ele também vendia coisas mais ilícitas do que antidepressivos, mas usar drogas era contra alguns de meus princípios, se é que os tenho – e tomei-os todos de uma vez. Minha mãe encontrou-me caída em meu quarto mais ou menos meia hora depois. Fiquei três dias no hospital e recebi o castigo de não poder sair de casa por dois meses, coisa que não foi muito difícil de cumprir, já que eu nunca saía.

Hoje moro com Diana e Leticia em um apartamento no centro de Jersey, estamos com alguns planos de nos mudar para Nova York, mas isso ainda não é certo.

As coisas andam melhores agora... E eu, realmente, espero que continuem assim!