Prólogo

Eu me controlava para não cair na risada com aquela situação.

Quando fomos avisados que faríamos a próxima busca durante o dia eu protestei com todas as minhas forças.

Mas alguém me ouviu? Nããããão!

Michael planejou para invadirmos o castelo durante o dia, pois assim estariam todos do lado de fora e poderíamos entrar discretamente. Eu falei que era melhor durante a noite, na troca de turno dos guardas onde iríamos disfarçados de empregados e eles mal notariam.

Mas alguém ouve a gênia aqui? Ninguém, e no fim quem se ferrou? Isso mesmo, euzinha aqui.

Eu tenho a vantagem por ser mais ágil do grupo e conhecer melhor o castelo, então era minha função escalar as prateleiras e pegar os livros e documentos mais altos. Mas o imbecil do Travis fez palhaçada com uma tiara que encontrou e fez o grupo dos mais jovens cair na risada, o que chamou atenção de um guarda e começou toda a confusão.

Como eu estava num lugar complicado (não faço ideia de como me meti ali) fiquei um pouco para trás. Connor me esperou e assim que consegui descer peguei o máximo de livros que consegui e saímos correndo.

Estávamos no meio da floresta e eu já estava com falta de ar, os livros estavam cada vez mais pesados e meus pés doíam. Diminuímos o ritmo conforme fomos nos afastando do palácio, mas não paramos.

– Devíamos ter vindo à noite – Bufei.

Connor me encara com seus olhos avelã e seus cabelos negros um pouco compridos caindo por cima deles. - Eles não estariam do lado de fora à noite. – Replicou.

Continuamos a correr.

– Deixe-me carregar alguns. – Ele se oferece ao perceber meu desconforto com o peso dos livros.

Mas é claro que eu tinha o meu orgulho. – Eu consigo. – Teimo e ele revira os olhos.

Mais alguns passos e a sacola na qual eu carregava os livros se rompe, fazendo todos caírem no chão.

– Droga! – Praguejo.

– Eu disse para você me deixar ajudar.

– Fica quieto! – Eu lhe xingo meio brincalhona e empurro suas pernas lhe fazendo rir. Connor sabe o quanto gosto de ser independente e adora me jogar na cara quando minha teimosia me ferra.

Ao longe ouvimos um assobio.

– Será Jeremy? – Pergunto

– Parece. – Connor diz se abaixando para me ajudar.

– Vá buscá-lo. Estou logo atrás de você.

Ele parece não gostar muito da ideia e hesita, mas depois assente concordando e me dá um beijo na testa. Droga! Espero que eu não esteja ruborizando, ele ás vezes me pega de surpresa.

Connor desaparece pela floresta e eu volto a trabalhar nos livros caídos. Pego minha adaga e corto a alça da bolsa e enrolo os livros para prendê-los. Quando vejo que eles não vão se soltar me lavanto para prosseguir.

Meus cabelos castanhos e longos estão soltando do rabo-de-cavalo de tanto que corri e estão caindo para a minha cara e eu faço um movimento jogando a cabeça para trás na esperança de jogar as mechas soltas junto.

Aí eu a vejo.

Ela parece apavorada quando eu a encontro ali, mas não se mexe nem um centímetro.

Eu seguro uma gargalhada forte que esta implorando para sair. Que situação mais curiosa, de todas as pessoas eu cruzo justamente com America Singer. Ela estava petrificada acho que em estado de choque, mas ainda assim ela não deixava de me encarar e eu solto um riso baixo.

Ouço outro assobio e dessa vez sei que é Connor, ele deve estar surtando por eu não ter aparecido. Ambas, eu e ela olhamos na direção do som

Eu olho novamente para a selecionada em cima da árvore, jogo uma perna para trás da outra e faço uma reverência lenta e graciosa.

Ela arregala os olhos surpresa pelo meu gesto inesperado e eu volto a sorrir. Em seguida me viro a saio em direção ao grupo que está se reunindo logo adiante.

Curioso. Muito Curioso.