I Can See In Your Eyes (What You See In Mine)

Era preciso perguntar, mesmo ele sabendo que a dor só poderia ser insuportável em lembrar daquilo - a ideia o mataria, se algo pudesse fazê-lo, e certamente era ainda pior para ele. Mas ele precisava saber - como poderia ter acontecido? Jack não acreditava, jamais tinha acreditado, que Cybermans ou Daleks pudessem matar Rose Tyler, não a mulher que os salvara de uma morte certa. Ela tinha conquistado o mundo, de formas misteriosas, quando era pouco mais que uma menina; o que poderia tê-la feito tombar?

(Ela era invencível e imortal, de uma forma diferente da dele, pois jamais se entregaria, e jamais o deixaria. O que a fizera partir?)

E o alívio em nos olhos dele era toldado pela dor da perda, como eram nos olhos de Jack. Ele contou sobre todas as vezes que a visitara, a vira crescer, amando-a de longe, amando-a de uma forma tão maior e mais intensa do que poderia ter amado qualquer outro humano, de uma forma que só poderia amar aqueles que tinham estado junto com ele dentro da TARDIS. Uma forma especial e que tornava insuportável a ideia de que a realidade decidira seguir sem ela.

Ele poderia fingir que estava tudo bem, que não se importava, mas Jack via - no fundo do olhar, no tom das palavras, nas reclamações sobre a conversa que ele nunca podia sequer suportar a ideia de que ela não estava mais ao seu lado. Ele precisava dela - Martha parecia excelente, mas não era Rose, e não podia inspirá-lo da mesma forma.

E as coisas que viram juntos, então, o fizeram temer - pois aquilo era o que o Doutor corria o risco de se tornar sem Rose, outro Mestre, outro Deus Vingativo, outro maníaco, louco, incompreendido. Ele precisava da compreensão e do temor da repreensão que só Rose poderia trazer.

(O que Martha precisara convencer o mundo inteiro a fazer, Rose teria feito sozinha, ele sabia. Ela era capaz de dar a ele tudo que ele poderia precisar e mais, sem jamais se exaurir, essa era Rose. Ela dera a ele vida eterna, o quanto mais ela daria pelo Doutor?)

E Jack sabia como o Doutor se sentia, e sabia que tudo que jamais poderia ser seria sal na ferida, lembrando-o do que perdera. Mesmo que não tivesse mais nada, ele não poderia ficar e vê-lo sofrer, não amando-o como amava, e não poderia sofrer também junto com ele, então foi embora.

(E separados de fato, continuaram juntos no coração).