Aviso: Naruto e todos os seus personagens pertencem a Masashi Kishimoto. E esta é uma história recheada de drama, tristeza etc. Então estejam avisados, aqui é angst na veia.
Boa leitura :)
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"Quando você se tornar Hokage, eu serei o seu apoio…
Eu irei te proteger!"
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Sunagakure no Sato (Vila Oculta da Areia), atualmente.
O sol brilha forte no céu, seus raios refletindo na areia que estava por todos os lados. Sunagakure é um lugar conhecido pelo clima seco, e como era verão, a sensação térmica conseguia ser ainda mais inquietante, principalmente para nossa comitiva, que acabava de chegar aos portões. Nosso grupo, liderado por mim, havia se dirigido até o País do vento para a realização do tradicional Exame Chuunin, onde os mais novos shinobis de cada vila tentariam provar seu valor através de provas e batalhas.
Eu já conseguia avistar o Kazekage, sua figura tão imponente quanto sempre fora. De pé ao seu lado se mantinham seus companheiros e amigos de infância, aguardando a nossa aproximação. Quando finalmente estávamos de frente um ao outro, apertamos nossas mãos num gesto de gentileza e cordialidade, reafirmando a boa relação que as duas vilas mantinham há muitos anos. O clima que emanava de nós nem de longe representada o que se passava em minha mente e coração, consequências causadas pelo que havia acontecido há alguns anos atrás.
— Espero que tenham feito uma viagem tranquila até aqui, estou ansioso para ver como estão os genins de Konoha. Seja bem vindo… Boruto.
— É bom que seus genins estejam preparados, pois viemos com a intenção de voltar para casa com vários Chuunins. Obrigado por nos receber aqui em Suna… Shinki.
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Fomos guiados até o lugar onde ficaríamos hospedados durante todo o Exame. Nos instalamos rapidamente, e em seguida segui com Shikadai até a sala de reuniões do prédio. Apesar da viagem ter sido relativamente curta, me sinto um pouco cansado. Saber o que posso — e irei — encontrar em Suna me tirou várias noites de sono, mas as obrigações enquanto Kage não podem ser adiadas tão facilmente. Shikadai e Araya se posicionam cada um de um lado da porta, e eu entro sozinho. Lá dentro, Shinki já me aguarda. Seus braços estão cruzados enquanto seu corpo repousa no batente da janela. Ele sorri ao me ver e ergue sua mão, indicando meu assento. Eu aceno brevemente e tomo meu lugar, esperando que ele diga o motivo de estar sendo convocado imediatamente.
— Sinto muito por ter te chamado tão imediatamente, Boruto. Eu só queria conversar um pouco antes de resolver alguns problemas no conselho. Fizeram uma boa viagem? — Shinki perguntou, e sua expressão era tão vívida que tenho a impressão que meu estômago ameaçou embrulhar. De certa forma, eu desconfiava um dos motivos que poderia o fazer tão feliz.
— Tudo ocorreu bem desde Konoha até aqui, não se preocupe. Estou particularmente ansioso para o início do Exame, os boatos dizem que teremos confrontos monstruosos nas finais. — respondi, cruzando as pernas sob a mesa. — Espero que esteja confiante.
— Você pode esperar que sim! Pelo que pude ver, teremos genins poderosos de todas as vilas. Serão lutas verdadeiramente formidáveis, o público definitivamente ficará satisfeito. — ele sorriu abertamente — E as provas preliminares deste ano também serão muito interessantes…
— Shinki — não me contive, o interrompendo — Você não me chamou aqui apenas para jogar conversa fora, certo? Vá direto ao assunto, por favor. Esse brilho todo não combina com você.
— Eu sabia que você não cairia nessa… — Shinki bufou, relaxando os ombros — Eu só queria ter certeza que tudo está bem. Achei que, depois do que aconteceu, você poderia ter algum sentimento ruim guardado a meu respeito. Ela era sua companheira de time, afinal.
— O que aconteceu foi um acordo entre a Folha e a Areia, eu não tenho nada contra você. — sou seco em minha resposta, afinal, esse não é um assunto que eu queira pensar dessa maneira — Como ela está? Achei que também estaria nos portões para nos receber.
— Ela adoraria ter recebido vocês, acredite. Mas Sarada tem uma função importante na administração desse Exame Chuunin. Achei que Shikadai tivesse lhe contado. — ele me explicou, parecendo levemente confuso com minha pequena revelação.
— Ele deve ter deixado escapar esse detalhe, ou eu posso ter esquecido com a quantidade de informações que recebo todos os dias. — eu me justifico, coçando os olhos — Não é a primeira vez que algo assim acontece.
— Claro… É totalmente compreensível. — percebo quando Shinki faz uma expressão que entrega que ele não acredita totalmente em mim, mas rapidamente seu rosto relaxa e ele abre um pequeno sorriso em seguida — Sarada está muito feliz em poder ver os amigos novamente, para falar a verdade. Vocês a encontrarão em breve.
— Você parece feliz.
— Eu estou. Apesar do casamento ter sido arranjado, nós temos aprendido a verdadeiramente amar um ao outro. — ele faz uma pausa, passando a mão pela nuca. Ele me olha de lado, e então seu sorriso abre um pouco mais — Sabe… Nós planejamos ter um filho em breve. Começamos a tentar de verdade recentemente. Mas isso ainda é um segredo, tudo bem? Não quero inflamar o conselho com uma notícia assim, então conto com sua discrição.
Tentar de verdade, eu repito mentalmente. Não consigo evitar que minha imaginação comece a trabalhar, e por um momento, sinto meu estômago se revirar. Eu forço um sorriso e me levanto, andando na direção dele.
— É mesmo? Fico feliz por vocês dois. Esperarei boas notícias em breve, então. — eu suspiro, tentando manter minha expressão firme — Se você não se importa, eu gostaria de me retirar agora, preciso descansar e organizar a papelada que trouxemos. O trabalho continua a me seguir aonde quer que eu vá, mas você me entende, não é?
Estendo minha em sua direção, e Shinki pisca algumas vezes até entender o que quero. Ele me parece nervoso de certa forma, mas eu duvido que seja por causa de minha presença aqui.
— Ah, mas é claro! Onde eu estava com a cabeça te prendendo aqui? — ele me responde, me guiando até a porta em seguida — Nos vemos muito em breve, Boruto. Tenha um bom descanso.
Aceno e saio pela porta, me despedindo brevemente de Araya. Shikadai começa a me seguir de imediato, e embora meu rosto transmita serenidade, minha mão direita está fechada em punho, tremendo levemente. Escuto Shikadai suspirar atrás de mim, e em seguida sua mão esquerda está em meu ombro, como se ele quisesse me consolar. Quando nós viramos pelo primeiro corredor, eu sussurro, alto o suficiente para que apenas meu assistente me escutasse.
— Eles estão tentando ter um filho. Uma criança, Shikadai.
Shikadai baixa a cabeça mas se recompõe rapidamente, me respondendo:
— Eles são casados, Boruto. Era esperado que algo assim acontecesse em algum momento. Não importa o quê, você deve manter a compostura.
Eu não o respondo.
Às vezes acredito que esse tipo de situação me acontece apenas por pura provocação do universo. Seja lá quem estiver em seu controle, deve gostar de me ver tremer em agonia, impedido de surtar e gritar aos quatro cantos do mundo todas as injustiças que me aconteceram, que aconteceram com ela. Mas talvez só seja esse maldito lugar me enlouquecendo, e eu apenas acabei de chegar.
Continuamos a caminhar em silêncio até chegarmos aos meus aposentos. Todo o resto da comitiva está provavelmente descansando, e por isso não encontramos ninguém. Shikadai me segue até minha porta, e sei que ele provavelmente supõe que eu queira desabafar sobre todas as merdas que ouvi, mas eu não tenho a mínima vontade de fazê-lo. Então eu o dispenso com uma mão, mostrando que prefiro ficar sozinho. Ele hesita por um instante, mas acaba aceitando meu pedido, se curvando e indo ao próprio quarto, mas não antes de afirmar que estaria ali para qualquer coisa. Eu murmuro um ok sem muita emoção em resposta.
Entro no cômodo que foi reservado para mim. A decoração, apesar de mais sóbria que qualquer coisa que possa ser encontrada em Konoha, transmitia o cuidado em nos acomodar da melhor maneira possível. Abro as cortinas, permitindo que a luz domine o quarto por completo. Retiro meu manto e chapéu e suspiro, soltando meus ombros numa tentativa patética de aliviar a tensão que sinto.
Me deito na cama e permito que meu corpo relaxe verdadeiramente pela primeira vez desde que pus meus pés em Suna. Eu sabia que vir até a Vila Oculta da Areia reviveria fantasmas que acreditei ter superado, ou no mínimo aprendido a conviver. Na verdade eu só não esperava ter sido recebido com uma notícia daquela magnitude. Não assim, não sem ser da boca dela. Giro para o lado, olhando para a janela, e percebo que ainda falta muito até o anoitecer. Mesmo assim, fecho meus olhos, tentando dormir de qualquer maneira, com a expectativa de que meu sono lavasse a mistura de mágoa e expectativa que ameaça dominar minha mente e coração.
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Konohagakure no Sato (Vila Oculta da Folha), dois anos atrás.
Meus cabelos balançam junto com o vento, dada a velocidade em que corro. Mais uma vez estou agindo furtivamente, escapando pela janela de casa para me encontrar com ela. É cada vez mais difícil sair sem que meus pais e Himawari percebessem, mas eu sempre cumpro o desafio com maestria. Afinal, é imprescindível que ninguém saiba onde estou indo ou o que estou prestes a fazer.
Após saltar de uma árvore e pousar sem fazer barulho, aguardo por alguns minutos até avistar a silhueta por mim tão conhecida. Sarada andava devagar, observando atentamente seus arredores. Um sorriso malandro surgiu em meu rosto ao mesmo tempo que minha mente formulava uma pequena, mas interessante ideia.
Ocultei minha presença por completo, me escondendo nas sombras, aguardando que ela se aproximasse o suficiente. Por alguma razão ela parecia distraída, mas suponho que o treinamento com meu pai a tenha deixado cansada.
Quando ela finalmente parou de andar, olhou de um lado para o outro, obviamente a minha procura. Foi nesse momento em que me aproveitei de sua distração e a abraçei repentinamente por trás, arrancando um gritinho de susto da garota em meus braços e provocando uma crise de riso em mim mesmo.
— Boruto, seu idiota! E se alguém estiver passando por aqui e me escutar?
Ainda rindo, a virei de frente para mim. Os olhos escuros contrastavam com as bochechas coradas, a dando um ar adorável. O lado que ela tanto lutava para esconder, sempre exposto para mim.
— Relaxa, Sarada. — respondo, me defendendo dos tapas que ela tentava me dar — Cheguei aqui antes de você, não há ninguém por perto. E ainda que houvesse, está escuro o suficiente para que alguém seja capaz de nos reconhecer. Nós conseguiríamos fugir facilmente.
Ela abre a boca para me retrucar, mas rapidamente a puxo para um beijo. Ele é necessitado, já que não nos encontramos assim há quase uma semana. Minhas mãos vão automaticamente para sua cintura, e Sarada entrelaça seus dedos em meus cabelos, me puxando para mais perto.
Tem sido assim há alguns meses. Em algum momento percebemos que não conseguíamos mais nos manter afastados um do outro, e quando nos beijamos pela primeira vez, enquanto guardávamos o acampamento durante uma missão, tive a certeza que jamais nos separaríamos novamente.
Mas apesar de desejar gritar para que Deus e o Mundo Shinobi inteiro saibam de nosso envolvimento, Sarada foi bastante incisiva ao exigir que guardássemos segredo. Segundo ela, o que temos seria um empecilho em nossa performance enquanto ninjas, o que atrapalharia o Time 7. Apesar de discordar completamente de sua lógica, aceitei seu pedido em manter nosso relacionamento sigiloso. Desde então nós temos nos encontrado assim, às escuras, para satisfazer nossos desejos.
Empurro Sarada até que suas costas batam no tronco de árvore mais próximo, e um pequeno gemido escapa de seus lábios, fazendo meu corpo se arrepiar em resposta. Ela beija meu pescoço, e eu puxo seu casaco para que ele caia no chão. Quando levo minhas mãos até sua blusa, Sarada segura meus braços, me parando completamente.
— Aqui não, estamos no meio de um bosque. — ela diz, me empurrando em seguida. Seus lábios estão inchados, e o cabelo, desalinhado. Mas essa visão me excita, porque sei que sou o único capaz de vê-la desse jeito.
— Me desculpe, foi um impulso. — me justifico, colocando a mão em minha nuca — Você está bem?
— Uhum, tirando o fato de você tentar me engolir viva, sim, está tudo bem. — ela coloca o dedo em meu peito, mas eu seguro sua mão novamente, entrelaçando nossos dedos.
Sarada sorri de maneira travessa antes de se livrar de mim, apanhando seu casaco do chão. Então ela anda em círculos por mim, parando em minhas costas e colocando as duas mãos em meus ombros. Sinto quando ela se apóia em mim para alcançar meu ouvido e sussurrar provocantemente.
— Descobri um bom lugar há alguns dias atrás, você quer ver? — ela pergunta, chupando meu lóbulo em seguida.
Minha resposta sai num murmúrio, e eu balanço a cabeça concordando. Sarada sabe como conseguir o que quer e eu agradeço silenciosamente por ser aquele com quem ela divide esse seu lado. Não penso duas vezes antes de puxá-la novamente para mais um beijo, dessa vez ainda mais ardente. Consigo sentir quando ela sorri entre os beijos, e tenho certeza que mesmo nos encontrando às escondidas, o que sinto é real.
N/A: Esta história foi escrita originalmente para o 'BoruSara Fanfiction Week' do Tumblr borusarafics, dias 4 e 7. Só que o texto final ficou longo demais para que eu postasse como uma one-shot lá, então cá estamos nós. Participarei lá no Tumblr com uma parte específica da trama (que deu ideia a história em primeiro lugar) e o resto vai ser postado aqui. Não tenho previsão de atualização, minha prioridade é terminar o que tenho preparado para participar lá no Tumblr. Espero que gostem
