Rosso Veleno

Capitulo 1- Apenas a Rotina Costumeira

Milo acabara de acordar, olhava em volta e constatava, sua cama estava vazia e mesmo sem esforço sabia que o templo de Escorpião se encontrava deserto. Levantou-se, percorreu os frios corredores de sua Casa Zodiacal, preparou seu desjejum sozinho, estava virando hábito já...sabia que em breve Marin lhe faria uma visita para lhe dar mais um sermão.

- Droga! - Milo ralhava consigo mesmo- aposto que Marin virá me dizer que não terei mais servos oficiantes na Casa de Escorpião depois disso!

O Grande Santuário de Athena tinha uma forte estrutura, havia, soldados, oficiantes, Cavaleiros e Amazonas...os Soldados faziam a segurança básica do local, e do vilarejo que se encontrava ao redor do Santuário, continham arruaças, zelavam pela ordem, os Oficiantes eram também cavaleiros em alguns casos, são os médicos, servos, sacerdotes, sacerdotisas, arquitetos, e assim por diante, eram o centro nevrálgico do lugar, cada Cavaleiro de Ouro tinha direito à pelo menos 1 Servo Oficiante para lhe ajudar nos afazeres domésticos, e Milo tinha um problema com isso, era a sexta serva que ele levara para a cama e geralmente as moças acabavam por pedir transferência de funções ou mesmo partir do Santuário quando ele as desiludia ...Marin é a Amazona de Águia, responsável pelos Jovens em Treinamento e pelo quadro de Oficiantes para serviços gerais, uma tarefa que Milo dificultava muito por sinal...

O Escorpião estava perdido em seus pensamentos, lembrando-se da noite...

Flashback

A moça aninhava-se no peito do Cavaleiro, traçando oitos no peito largo dele que repousava de olhos fechados...

- Quem diria que um dia eu estaria aqui, Milo, você me ama não é?

Milo sequer abriu os olhos

– Por que pensa isso? - a pergunta espantou a moça que se apoiou nos cotovelos ao lado do Cavaleiro.

- Oras, você disse que me queria, que...que ... - a moça foi interrompida quando o indicador da mão forte de Milo lhe pousou delicadamente sob o lábio

– Eu disse exatamente isso - fez uma pausa para olhar diretamente para o rosto da jovem – Disse que a queria, não que a Amava...perdoe-me se não me fiz entender, mas não quero que se iluda com promessas românticas...- Milo então retornou para a posição que estava, e fitou o teto, a moça chorava, ele ouvia ela chorando mas não quis olhar, se detestou por isso, mas não olhou...ela se levantou apressada, sentou-se na cama ainda chorando...

- Você não pode...não pode! – ela repetia mais para si que para o Cavaleiro – Pensei que me amasse, que me quisesse á seu lado, não em seu leito...- agora a voz da moça encorpava-se, e Milo sentava-se na cama para observa-la, vestia-se de modo raivoso e lhe dizia com raiva – Espero que sinta isso um dia seu maldito! Você um dia se apaixonará, e as mulheres que você seduziu e rejeitou como eu irão ser vingadas por esse ultrage!

fim do Flashaback

O Escorpião não conteve um sorriso triste no canto da boca, quantas vezes ouvira coisas semelhantes? Mas isso não importava afinal Marin se aproximava da Casa de Escorpião para lhe passar o Sermão costumeiro...

Ele sentou-se na mesa e começou a tomar seu café da manhã quando a ruiva entrou em sua casa, Milo deixou que ela adentrasse até sua cozinha...

- Gostaria de saber qual é a graça em atormentar meu trabalho Milo! – a amazona falava com calma, mas Milo sabia que ela estava muito zangada – Shina decidiu que será enviado um rapaz para ser seu Servo Oficiante, e que se desta vez você aprontar algo terá que ficar sem Servos...pela manhã sua ex-serva Oficiante, me procurou, disse que não pisaria mais nas Casas Zodiacais, e que se eu não lhe arrumasse imediatamente outros afazeres sairia do Santuário...Você está me escutando Milo?

- Hum hum, claro que estou, me perguntava quem nomeou Shina Mestra do Santuário para "decidir" quem será ou não enviado para onde...

Marin deu um suspiro irritado, se aproximou de Milo e sentou-se na cadeira de frente para ele, com as mãos apoiadas na mesa, o Cavaleiro podia-se ver refletido em sua Mascara prateada...

- Milo ela é a chefe de Segurança deste local, não percebe que esse entra e saí de Servos atrapalha o bom funcionamento do Santuário? Tenho 150 novos aspirantes a Cavaleiros e mais Oficiantes do que você possa imaginar para me preocupar do que seus caprichos, e se por sinal eu o vir, nas redondezas da Vila das Amazonas novamente, como na semana passada, terei o prazer pessoal de fazer com você o que Shina tanto gostaria...Fui clara Cavaleiro?

- Claríssima, Marin, mas se esquece que não sou um moleque? Não está falando com Seiya! – O Escorpião se irritava fácil, mesmo sabendo que agira errado, odiava ser tratado como um reles soldado, era um Cavaleiro Dourado!

- Seiya jamais me deu motivo para ter esse tipo de conversa com ele, e se quer o Respeito devido á um Cavaleiro Dourado, haja como um.

Marin se levantou e saiu sem dizer palavra, tinha um treino no Coliseu e assuntos urgentes a tratar, não perderia seu tempo ali...

Shina andava de um lado para o outro em frente a fila de Soldados do Santuário que se formava na diante de si, podia sentir o cheiro do medo deles, não pode evitar de sorrir protegida por sua Mascara prateada com listras negras nos olhos, divertindo-se com o medo deles.

- Vou perguntar uma única vez- pausou a fala e parou de frente para os homens- Qual de vocês saiu durante esta noite com isto – mostrava uma saca de vinho anizado – para os arredores da Vila das Amazonas?

Não houve resposta, os homens suavam frio, e permaneciam imóveis perante a Amazona de Cobra, que lhes parecia o Diabo em pessoa.

- Hunf...Fantte tutti cretino! Pois bem...que seja do jeito de vocês – se aproximou de um dos soldados e puxando ele pelo braço distanciou-se da fila.

- E..e...e...eu não sei de nada.nada mesmo, não fiz nada...não...não saio do alojamento...nunca saí...não mesmo...

- Responda apenas o que eu perguntar...você é Grego?

- Na...não senhora, sou Português, filho de uma mulher Grega...

- Ótimo, quem de seu pelotão é Egípcio?

- Egípcio? – o rapaz se espantava com a pergunta, não sabia o que ela queria, mas sentia a unha pontuda e cortante deslizar por sua jugular delicadamente – tem um...um sim...

- Pois bem então me diga quem é e pare de gaguejar...ou então perderei a paciência...e sabe o que farei se isso acontecer?

Os Homens observavam sem ouvir o diálogo, aliviados de não serem eles a estarem lá...sozinhos com Shina... alguns instantes se passavam não imaginavam o teor da conversa mas sabiam que ela era capaz de enfrentar até mesmo um Cavaleiro de Ouro, ela e a Ruiva eram poderosas, mas Shina desprendia uma aura de temor sobre os cavaleiros, enquanto Marin era respeitada por outros méritos...ambas temidas mas em graus completamente diferentes...Shina se aproximava com o homem, que agora se encontrava encharcado na própria urina.

- Acho que isso é seu – jogou em um soldado que estava na segunda fila a saca de vinho- vinho anizado é comum na sua terra não soldado? – A serpente agora estava tão próxima do soldado que a respiração dele podia embaçar sua Máscara – Aqui é a Grécia, se não fosse este detalhe jamais saberia ser você agora pode me dizer com quem estava ou posso providenciar que nunca mais fale nada... – Ela segurava o soldado pelo ombro e o fitava nos olhos o que o apavorava pois o homem podia ver-se refletido na Mascara reluzente. – Vai me contar aqui onde tem testemunhas para verem seu destino ou quer ir para um local mais deserto? – Shina se deliciava com a covardia destes homens...mas tinha de ser dura com eles

- E e eu assumo, saí com eles – o homem ameaçava desfalecer e ela não havia feito nada...mas sabia que boatos sobre ela circulavam pelos alojamentos contribuindo para sua fama, o homem apontava para dois soldados – pois bem, em primeiro lugar não se entrega um companheiro Soldado, você será punido duplamente, pela ousadia de violar as regras do Santuário e por entregar seus companheiros. Fez sinal para dois soldados levarem o homem, e virando-se para os outros dois fanfarrões noturnos disse – E quanto a vocês, solitária por uma semana.

Marin batia palmas, estava ali já á algum tempo observando a Cobra se divertir com o medo dos Soldados

- Não entendo seu prazer nisto

- Não entenderia realmente, mas na verdade não fiz nada, você viu, eles tem medo é dos boatos que eles próprios criam, eu só me usei disso...

- E o que tanto disse para o primeiro soldado que você interrogou reservadamente? –Marin estava genuinamente curiosa

- Oras se te contar meus Segredos de trabalho que graça terá?

Ambas as mulheres seguiram juntas conversando, um dia foram inimigas, depois rivais, hoje amigas, depois de tantas batalhas e guerras o Santuário desfrutava de um pouco de paz, Athena se instalou ali, viajando esporadicamente para resolver problemas relativos á Fundação GRAAD, e ter trazido do Submundo de Hades seus Cavaleiros mortos havia enchido de confiança os corações que habitavam o Santuário. Marin agradecia Athena todas as noites por ter seu Leão vivo, mesmo não resolvendo sua situação consigo mesma, não poderia negar que o amava, apenas não tinha coragem de dizer isso á ele. Shina por sua vez tinha preocupações mais mundanas, afundava-se na responsabilidade de manter seguro o Santuário, já se apaixonara uma vez, e se certificaria que não aconteceria novamente. Era cedo ainda, e ambas as Amazonas se dirigiram para o Coliseu, onde supervisionariam os treinos, de Cavaleiros de Bronze, Prata e Amazonas, graças a Mu vários armaduras haviam revivido do cemitério de Jamiel e muitos novos Cavaleiros e aspirantes fervilhavam no Santuário. Na arquibancada de pedra Aioria observava, dando dicas e palpites nos jovens que treinavam próximos dele.

Marin tinha dificuldade de se concentrar com a presença dele, Shina sabia disso, alias, quase todo o Santuário sabia, mas ninguém se atrevia a falar, a Serpente então acabava por deixar Marin com menos responsabilidade durante o tempo que Aioria permanecesse ali.

Foi quando um homem de longos cabelos azuis entrou no Coliseu, sentando-se na arquibancada, Milo queria distrair-se, observar os treinos poderia lhe ser bom.

Shina apenas manteve-se vigilante...vez por outra pousava seus olhos mascarados na figura irritante do Escorpião, tentando adivinhar o motivo de sua presença.