Como se fosse ontem

Sumario: Dean reflete a respeito de Sam e momentos de sua infância. Dean POV.


Lembro-me como se fosse ontem quando eu fiquei sabendo que teria um novo irmãozinho ou irmãzinha, e confesso que fiquei bastante nervoso. Fiquei tímido, se é que posso julgar assim. Andava pelos cantos com aquele jeito cabisbaixo, e achava que talvez mamãe e papai fossem gostar mais de você do que de mim, achei que eu fosse mesmo sobrar. Mas no dia em que fomos buscar você no hospital e eu te vi pela primeira vez… não fiz nada além de sorrir.

Você era pequeno. E eu achava engraçado como você cabia nos braços de papai, quase sumindo e se perdendo no colo da mamãe… seu choro era raro, pois você era um menino quieto e tranqüilo, só reclamava mesmo quando tinha fome.

Eu gostava mesmo quando você sorria pra mim. É claro que demorou algum tempo até que você pudesse realmente sorrir e reagir às coisas que eu falava com você. Eu adorava sentar ao lado de mamãe quando ela te segurava, ficava com meus olhos atentos a cada pequeno movimento que você fazia com seus bracinhos curtos e gordinhos. Você cheirava a talco, e perfume de neném.

Enquanto você crescia, eu me animava a cada dia mais com a idéia de poder jogar futebol com você, desenhar, soltar pipa e andar de bicicleta. Papai havia me comprado uma novinha, e eu estava aprendendo a andar com aquelas rodinhas. Eu te prometi que iria te ensinar assim que seus pezinhos pudessem alcançar os pedais.

Eu subia em seu berço todas as noites, te beijava boa noite e prometia mil brincadeiras no dia seguinte, mesmo sabendo que você tinha pouco mais de quatro meses.

Pequeno… sorridente… meu eterno companheiro de aventuras infantis. Eu estava com quatro anos, e não podia imaginar uma vida sem meu irmãzinho caçula. Eu me tornara então o responsável por você, devia te proteger e te amar a todo custo, como todos os irmãos mais velhos fazem.

Eu me sentia forte perto de você. Capaz de qualquer façanha.

Quando aconteceu a tragédia com mamãe, eu mal conseguia compreender e pensava somente no que faríamos pra que você ficasse bem e seguro, já que iríamos ser só nos e papai. Eu fiquei com medo, mas não chorei na sua frente nunca, sempre me mantive firme, companheiro para papai e amigo para você.

O tempo passou.

Você estava se tornando um garotinho curioso e muito inteligente, tanto que até mesmo eu me sentia confuso com as enxurradas de perguntas que você me fazia, dia após dia. Papai sempre estava fora, e sendo assim, eu deveria estar lá pra saciar suas dúvidas e também para te proteger da verdade cruel que nós esperava a cada esquina. Nossa vida era diferente, nós éramos diferentes.

Por mais que eu às vezes gritasse ou fosse chato… você continuava sendo meu companheiro, meu amigo, meu irmão. Eram dias difíceis. Hoje em dia nem sei como pudemos passar por tudo aquilo e ainda estar aqui, mas nem por um segundo me arrependo de nada.

Suprir suas necessidades era o que me bastava, e eu não me importava de passar fome pra que você estivesse bem alimentado. Eu estava feliz se você estivesse feliz, não precisava de devoluções e muito menos de palavras para que você pudesse me agradecer.

Eu só gostava de te ver sorrindo pra mim.

Te ensinei a amarrar os sapatos, te ajudei com as primeiras lições de casa, ouvi até mesmo sua primeira palavrinha. Vi você dar os primeiros passos. Ouvi suas primeiras gargalhadas.

Você cresceu. Eu também. Ainda fico surpreso ao perceber que hoje é mais alto do que eu, e me recordo com carinho de quando eu te abraçava antes de mamãe te colocar no berço, você pequeno e indefeso.

O tempo passa e a vida sempre prossegue, e ainda assim, mesmo com todas as adversidades que enfrentamos durante todo esse tempo, sinto que tudo valeu a pena quando vejo você sorrir direto pra mim.

Por que se a minha vida tem uma razão, esta se chama Sam Winchester. A minha maior missão, sempre foi garantir que você estivesse feliz.