Notas: - Fic de minha autoria.

— Nenhum dos personagens no mundo de Saint Seiya me pertence, tudo da autoria da nossa querida Shiori Teshirogi.
— Os demais personagens que aparecer como as ninfas e outros, são de minha autoria.
— Peço que não plagie minha fic, pois não quero ter que delatar ninguém para a equipe do site e causar transtorno e passar por sufoco como já passei.

- Capa feita por mim.

Notas Iniciais: Olá, queridas leitoras(es), estou aqui com mais uma nova fic e espero que gostem. Já tem um tempo, na verdade, um booooom tempo que queria escrever sobre ninfas no universo de Saint Seiya, mas nunca havia encontrado ou formado um enredo então deixei essa fic guardada, mas depois de pesquisar e decidir quais ninfas fariam parte e pegar pra valer nesse mundo delas, comecei a trabalhar na fic... Eu já tenho alguns capitulos escritos, mas irei postando devagar.
Primeiro quero falar sobre a fanfic e as ninfas. Neste primeiro capitulo irei apenas retratar a chegada delas e apresentá-las mais ou menos, os detalhes e quem são cada uma será tudo dito no segundo capitulo. Haverá fotos sobre elas e detalhes também sobre suas historias.
Segundo que já quero avisar que as ninfas aqui apresentadas serão diferentes do que nós ouvimos falar ou já lemos sobre elas. Cada ninfa nessa fic possui um passado, uma dor. Umas são dores profundas outras nem tanto assim, mas não deixa de fazer uma marca nelas. Então iremos acompanhar aos poucos e irei mostrando o passado delas, mas tudo isso é para beeem lá pra frente da fic kkkkkkk Mas já quero deixar aviso ;)
Espero que gostem o capitulo e nos vemos nas notas finais.
Boa Leitura.


[Capitulo 1 – As ninfas de Hérmia]

O sol mal havia começado a tocar o solo quando uma pequena movimentação se fez presente na enorme floresta que cercava os domínios do santuário. Ainda era muito cedo e para elas a caminhada apenas havia começado, uma delas liderava o pequeno grupo e vez ou outra causada agitação e os animais se voltavam para ela causando agitação na líder. Um crispar de lábios era o suficiente para que entendessem que deviam se manter quietas até chegarem ao grande templo onde a deusa da guerra se encontrava.

Enquanto andavam seguindo em direção a uma montanha com vários templos ao longo da escadaria sua mente se voltava para a conversa que teve dias atrás, antes de iniciar aquela jornada e tomar uma decisão tão difícil quanto aquela.

Sua feição se tornou perplexa, sua boca abriu em um grande 'O' e seus olhos fitavam a figura exuberante e de longos cabelos vermelho escarlate sentada no trono diante de si.

{***}

- Sair da floresta, Hérmia? – indagou.

Hérmia era a rainha das ninfas, uma rainha na qual concedeu abrigo quando chegou machucada após uma breve batalha com um cavaleiros misterioso e que queria colocar as mãos no bem mais preciso do Olimpo: o Oráculo de Delfos. Mas se engana quem pensa que o Oráculo é um objeto precioso, muito pelo contrario, ele é uma pessoa... Uma garota mais precisamente. Com poderes inimagináveis de previsões e uma arma mortal nas mãos daqueles que querem o mal para aquela Terra.

O templo em Delfos era o lugar mais seguro e ela, uma pitonisa* era responsável pela sua segurança e quase falhou vergonhosamente. Chegara machucada nos domínios da floresta de Hérmia que as acolheu e cuidou da segurança da menina, que apesar do tamanho não demonstrar era sim uma jovem adulta. Porém toda aquela proteção deixou-a aflita, sair dos domínios da floresta com ela era arriscado demais para se permitir se quer pensar no assunto. Tentou de todas as formas contestar, mas a decisão final fora de Hérmia e de Eudora, o Oráculo.

- Sei que tem medo de sair e teme ainda mais pela garota, mas talvez sair e ir para um lugar onde há mais proteção seja melhor – aconselhou ela – Também não gosto da idéia de deixar que Eudora saia de minha floresta, ela tem estado tão tranqüila em compania das minhas ninfas – sorriu amorosamente – Mas não posso deixar de pensar no futuro, mesmo que ele ainda seja incerto.

- Mas por que levá-la para o santuário de Athena?! É como entregá-la para o inimigo! – exclamou erguendo a cabeça e fitando a rainha das ninfas – O que está havendo? Está escondendo algo de mim? Eudora previu alguma coisa?

- Píton, se acalme – pediu Hérmia – Não há o que temer, como disse apenas tenho que pensar no futuro e por mais que odeie admitir, ficar com Eudora aqui será mais perigoso que enviá-la para o santuário. Lá haverá cavaleiros prontos para protegê-la assim como irão proteger Athena – disse – Sage é um amigo meu e patriarca do santuário, o mesmo já foi um cavaleiro e apesar da idade ainda continua forte como já foi um dia – contou.

- As Têmides não vão gostar disso, elas já ficaram temerosas e preocupadas pelo ataque a Delfos, não sei o que elas irão pensar sobre o assunto – falou.

As Têmides são ninfas superiores as outras categorias de ninfas, elas ficam no Olimpo protegendo e defendendo artefatos importantes dos Deuses e fazendo valer a lei que Zeus impõe a todos os deuses. Foram elas quem as escolheram para ser uma pitonisa, uma sacerdotisa que protege o Oráculo. Mas já começava a pensar se aquele era realmente seu destino. Questionava sua força internamente.

- Não faça isso, Píton. Não se machuque desse jeito, o que houve em Delfos fora uma fatalidade – disse se aproximando da sacerdotisa, tocou-lhe os ombros e mostrou um sorriso singelo que somente ela sabia dar – Você é forte, caso contrario, não teria agüentado chegar até meu templo com Eudora. Quanto as Têmides... Elas já sabem sobre a proposta.

- Como assim?

Sua feição se tornou confusa e Hérmia apenas virou o rosto caminhando pelo salão do trono dela, um lugar sem mobília tendo somente o trono como único objeto naquele enorme cômodo de coloração roxa escura e cheias de pilastras onde nos pés havia detalhes em dourado dando um ar magnífico. Seu andar era sensual e calmo, os cabelos escarlates se moviam graciosamente e seu vestido verde musgo se movia levemente.

- No inicio desta semana, o irmão de Sage veio falar comigo, logo depois recebi um recado de Zeus através de Hermes. Ele aprova a decisão desde que as três principais Têmides as acompanhe – falou sentando-se novamente no trono e fitando a sacerdotisa – E aceitei! Mas também avisei que algumas de minhas ninfas irão com vocês, Eudora se apegou bastante a Fésile e Cléia. E creio que outras ninfas irão querer ir junto – sorriu.

- Deixe-me adivinhar... Eríthia e Pasithea – falou esboçando um sorriso cúmplice – Nesse caso creio que não tenho escolha, não é?

- Deixe que Eudora decida, apesar de ser um Oráculo, ela também é um ser humano e tem que aprender a ver o lado bom desta vida que ela terá. Não é justo alguém como ela conhecer somente a dor e destruição – explicou – Deixe-a decidir e então vocês poderão partir – falou.

- Sim, Hérmia – assentiu meio relutante.

{***}

Após a rápida decisão de Eudora, elas partiram. Esperaram somente as guardiãs e então iniciaram a jornada de seis dias a pé até o santuário, poderiam usar o portal, porém tal artefato era perigoso e as ninfas não sabiam usá-lo perfeitamente. Pelo canto do olho ela olhou para Eudora, que possuía um semblante cansado apesar de seu rosto estar tampado por causa do capuz da capa. Todas estavam encobertas apesar de estarem sempre a mostra com suas roupas quase transparentes e curtas. Mas toda a descrição era necessária, não sabiam quantos cavaleiros de Hades estava a espreita.

- Cansada? – indagou sem olhar para ela.

- Um pouco – disse e em seguida deu um suspiro.

Mais atrás o grupo vinha em silencio, andando sempre em dupla para se protegerem e não se perderem. Mas manter-se em silencio era doloroso para as mais escandalosas como Fésile e Eríthia, que eram sempre as mais agitadas, algumas vezes Cléia se enturmava e as seguia.

- Como será que são os cavaleiros de Athena? Será que são fortes... Bonitos? – deixou que um gritinho escapasse de seus lábios, mas logo os tampou quando percebeu o olhar de Píton, mas a ruiva ao virar para frente acabou sorrindo minimamente.

- Por Zeus, quanta especulação – reclamou Pasithea – Do que adianta serem lindos se nem vamos ficar por muito tempo?

- Como é pessimista – ralhou Cléia emburrada – Me disseram que a vila Ródorio é bem bonita, há uma floricultura bem grande lá, podemos ir visitá-la? – indagou para Píton.

- Desde que vá acompanhada – disse dando de ombros.

A especulação sobre o santuário continuou, mas Eudora nem ao menos conseguiu se dar ao trabalho de prestar atenção nos comentários. Há dias que sonhos estranhos rondam seu sono, mas ela tinha certa duvida se era mesmo um sonho ou outra de suas visões. Porém o mais esquisito nisso tudo era que ela não conseguia ver do que se tratava, sabia que havia um homem, mas seu rosto era ocultado por uma sombra espessa impossibilitando sua visão. Ela se via nessa visão também e sempre que pensava nesta visão sentia sensações que jamais sentiu antes.

Sentia o corpo tremulo com a presença dele, mas também curiosidade, pois ao mesmo tempo em que uma áurea hostil emanava dele havia também dor e rejeição. Perguntava-se se fora isso que a motivou a aceitar ir para o santuário ou fora sua imensa curiosidade de conhecer a vida além daqueles muros de espinhos e ganhos que protegiam o vale de Hérmia. Mas seja qual for à resposta para sua decisão ela não poderia sentir tamanha euforia lhe dominar, estava ansiosa demais para conseguir pensar algo coerente no momento.

- Quanto ainda falta para chegarmos? – indagou Aerica.

Aerica era uma das Têmides*, as ninfas do Olimpo, assim como suas duas irmãs: Lipara e Asterope. Píton pegou a folha no qual fora desenhado um mapa para que pudessem andar por trilhas seguras e sem colocar Eudora em perigo, seus olhos esverdeados escuro vasculharam o mapa e vendo a localização delas.

- De acordo com o mapa já nos encontramos no território do santuário, mas ainda falta um bom pedaço. Hérmia disse que haveria alguém no esperando na metade do caminho, já que teremos que evitar as doze casas – explicou caminhando e mantendo seu semblante sempre alerta e compenetrado.

- E quem está esperando por nós? Algum cavaleiro? – questionou outra Têmides, Lipara.

De repente Píton parou de andar e esticou o braço a frente de Eudora, que interrompeu seus passos bruscamente assim como as outras. Aerica e Lipara também sentiram uma presença estranha em meio a aquela floresta cercada de árvores densas e matos de todos os tamanhos, um lugar perfeito para emboscada, mas também ótimo para percorrendo quando se estava fugindo de encrencas.

Um barulho vindo dos arbustos as deixou em alerta e as mais novas amedrontadas, uma silhueta saiu de entre a mata e junto a face cansada um sorriso emoldurava seus lábios levemente enrugados.

- Acho que estavam falando de mim – disse o homem erguendo uma mão e acenando brevemente – Lamento se as assustei – mirou cada uma delas – Quem de vocês é Píton? – uma ruiva de cabelos intensos ergueu a mão ainda mantendo sua desconfiança como arma – Me chamo Hakurei e sou irmão do grande mestre do santuário, Sage. Fui eu quem visitou Hérmia alguns dias atrás – explicou-se – Sejam bem-vindas!

- Então você é um cavaleiro? Mas não é muito velho para isso? – indagou Fésile.

- Fésile! – brigou Cléia com a irmã, que a olhou sem entender a bronca – Perdão – olhou para o lemuriano.

- Bom, mocinha, eu fui um cavaleiro – disse ele – Mas a idade me pegou e tive que arrumar um substituto, logo conhecerá meu pupilo, ele sim é um cavaleiro – sorriu – Me acompanhem – pediu.

[***]

Quando em fim saíram daquela floresta que não parecia ter mais fim, as ninfas de Hérmia se depararam com um gigantesco jardim, cujo o qual as recordava dos bosques da deusa das ninfas. Inúmeras flores compunham o magnífico jardim, havia uma fonte retangular com dois anjos usando arco e flecha no centro e jorrando água por suas bocas minúsculas, mais a frente bancos de mármore para que pudessem se sentar e no gramado bem cortado e cuidado, uma única mesa redonda que era capaz de "abrigar" dez pessoas.

Continuaram andando por aquele mágico caminho onde as ninfas se encantavam com cada decoração feita para aquele belíssimo lugar, porém Píton parecia ser a única que apenas seguia Hakurei sem se abalar com nada ao seu redor, mas não pode conter uma onda de felicidade ao ver um pequeno sorriso nos lábios de Eudora. O primeiro sorriso que ela dera em toda sua vida e de certa forma se sentia um tanto culpada por ela não sorrir.

Um pouco a frente ainda sobre o gramado verde estonteante, as ninfas se depararam com uma grande construção que mais parecia como um templo, mas totalmente diferente do que estavam acostumadas. Era possível ver várias janelas ao longo daquele templo, que era enorme e com certeza precisariam de um mapa para andar lá dentro.

- Esse é o décimo terceiro templo – explicou Hakurei após ver as faces questionadoras das ninfas – É aqui que a deusa Atena vive, terão uma vista privilegiada das doze casas e de todo o santuário – contou fazendo Píton agradecer por isso.

- Ah, desculpe perguntar, mas... O que são as doze casas? – perguntou Asterope, a única ninfa que ousava mexer com animais venenosos e possuía uma cobra egípcia enrolada no pescoço e que era de estimação.

- As doze casas são templos dos doze cavaleiros de ouro, logo serão apresentadas a eles – avisou educadamente – Cada casa represente um signo do zodíaco e são o alto batente de cavaleiros de Atena – disse as olhando de perfil.

Logo todo aquele esplendor de jardim ficou para trás quando adentraram o décimo terceiro templo, o piso macio e colorido deu lugar a um liso e duro de tonalidade acinzentada reluzente, combinando com as cortinas em tons avermelhados com pequenos detalhes minuciosos em dourado na barra das mesmas. As janelas, todas escancaradas, permitiam que um vento fresco adentrasse aquele local que parecia tão sério e tenebroso.

- É muito diferente do templo de Hérmia – comentou Eríthia para Fésile, que assentiu se sentindo um tanto intimidada com aquelas cores neutras e sem vida.

No templo de Hérmia as cores vibrantes eram uma presença constante, menos no salão de seu trono onde cores escuras predominavam, mas no restante as cores entravam em harmonia com as flores do bosque e da floresta ao redor de seu domínio.

Novamente pararam de andar ao se depararem em um corredor mais largo que os outros, este possuía um tapete no centro do chão desde a porta, por onde entraram, até um vão bloqueado por uma cortina branca de aparência pesada. Diante delas se encontrava um homem bastante similar com Hakurei, mas este trajava roupas mais sofisticadas e tinha uma postura elegante e ao seu lado uma garota de longos cabelos roxos com uma franja farta cobrindo-lhe a testa.

A mesma exibia um sorriso convidativo e meigo nos lábios pintados, seu vestido branco e de um tecido leve esvoaçou quando uma rajada de vento invadiu aquele corredor.

- Sejam bem-vindas ninfas de Hérmia – disse o homem requintado, que se curvou momentaneamente assim como a menina que estava ao seu lado – Eu sou Sage, o grande mestre do santuário e esta é Sasha, a deusa Atena – fez as apresentações.

- Muito prazer – disse Sasha cordialmente.

Todas se curvaram respeitosamente e em seguida Aerica tomou a frente e fez as apresentações.

- Deusa Atena, eu sou Aerica, uma ninfa Têmides – se apresentou – Estas são minhas irmãs: Eríthia, Pasithea, Fésile, Cléia, Lipara e Asterope. E essa é Eudora, mais conhecia como o Oráculo de Delfos e sua sacerdotisa Píton – disse pousando sua delicada mão nos ombros pequenos da garota loira.

- Ela é tão jovem – comentou Sasha sem perceber.

Aerica deixou escapar um riso.

- Eudora pode parecer uma criança, mas ela já possuí maturidade suficiente – falou.

A ninfa não tirou a razão da deusa, afinal até mesmo ela ás vezes não acreditava na idade do oráculo. Mas talvez fosse pelo fato de que Eudora era a mais baixa de todas, possuía uma feição delicada demais dando a impressão de que ao mínimo toque ela se quebraria como o mais fino cristal, o cabelo todo ondulado e longo em um loiro radiante apenas contribuía para aquele ar angelical e inocente.

- Creio que devam estar cansadas – falou Sage – Pedirei a uma criada para que as acompanhe até seus quartos, lamento, mas terão que dormir separadas. Espero que não haja problema – disse.

- De maneira nenhuma, grande mestre – sorriu Aerica.

Logo em seguida a criada chamada pelo grande mestre apareceu e após as apresentações novamente, foram encaminhadas para seus quartos.

~O~

Minutos depois após a saída das garotas, Sasha retornou para o salão do trono e se sentou nele, mas ficou ali por apenas cinco minutos, logo depois se encontrava andando de um lado para o outro proferindo palavras nas quais os irmãos lemurianos não conseguiam entender.

- Atena, por Zeus, se acalme! – pediu Sage tocando seus ombros, era visível seu nervosismo.

- Ah, Sage, será que eu fui mal educada com as ninfas? Não sabia o que fazer naquela hora, não consegui nem se quer pronunciar algo – disse juntando as mãos frente ao corpo como se rezasse – Será que elas não gostaram de mim? Não quero que elas fiquem aqui se sentindo incomodadas.

- Seria impossível não gostar de você, minha deusa – sorriu Hakurei – Elas estão cansadas da viagem, afinal foram dias andando. Terá tempo de se familiarizar com elas – assentiu.

Sasha sorriu e se deixou ser posta no trono novamente por Sage que queria que ela se acalmasse. Desde que ficou sabendo sobre a vinda delas que ficara apreensiva, o grande mestre até já a vira ensaiar uma frase de boas vindas a elas.

De repente Sasha se levanta mostrando um sorriso no rosto.

- Já sei! Já é quase hora do almoço, mandarei prepararem o almoço no jardim – disse colocando sua cabeça para funcionar – Se são ninfas aposto que gostam de flores e o jardim anda tão bonito – falou consigo mesma fazendo Hakurei e Sage sorrir.

- Uma boa idéia, Atena – se pronunciou Hakurei – As ninfas ficaram encantadas com o jardim, creio que irão gostar – a encorajou.

- Irei falar com a cozinheira – disse saindo do salão do trono – Ah, e sobre os cavaleiros? Quando eles irão conhecer as ninfas?

- À tarde, minha deusa – falou.

E logo depois Sasha sumiu de seu campo de visão.

- Aonde vai? – questionou Sage ao ver o irmão caminhar para fora do templo.

- Irei avisar aos cabeças de vento que terão uma reunião na parte da tarde – disse rindo e acenando ao outro.

~O~

A criada acompanhou as ninfas até seus quartos, percorreram longos corredores e subiram uma escada para o andar de cima. O corredor em questão era formado por paredes brancas que entravam em contraste com o piso extremamente liso e com desenhos geométricos em cores amarronzadas, havia duas portas no corredor em que elas entraram e diante das mesmas janelas grandes que permitia a claridade entrar. Alguns vasos de plantas davam um ar mais leve.

- Este é um dos quartos reservados para vocês, senhoritas – disse a criada que abriu a porta do ultimo quarto do corredor.

O mesmo era grande e possuía o piso de madeira, havia cinco camas: três do lado direito e duas do lado esquerdo. Três janelas grandes compunham o quarto e todas estavam com suas cortinas abertas e amarradas deixando o quarto mais iluminado, a cor do mesmo era de um tom róseo bem claro e era quase apagado pelo branco intenso dos rodapés e do teto.

- Adorei o quarto! Vou ficar nele! – exclamou Fésile adentrando o mesmo e se jogando em uma das camas.

- Se você vai ficar eu também vou – comentou Cléia sem muito animo.

- Você podia ficar com a gente, Eudora! – sugeriu Eríthia animada – Né meninas?!

No mesmo instante as ninfas mais novas sorriram, porém Píton como sempre zelava pela segurança do oráculo e muitas vezes esquecia que ela era uma humana antes de ser uma pessoa importante, tanto quanto Atena.

- Nem pensar, preciso ficar com Eudora para caso aconteça algo – disse ela séria.

- Como é chata – reclamou Fésile – Não vai acontecer nada, estamos no santuário!

- Não é como se fossemos ser atacadas aqui dentro do quarto – disse Cléia, que ultimamente andava impaciente com as atitudes super protetoras da pitonisa.

- Olhem uma vela, ah não, vamos ser mortas pelo fogo baixo! – zombou Eríthia e logo as outras a acompanharam.

- Ah essa não! Tem um lustre aqui, pode cair na cabeça de Eudora e matá-la!

- E esse travesseiro? As penas vão sufocá-la até a morte, é muito macio!

Para cada móvel ou qualquer coisa que havia no quarto as ninfas faziam comentários a respeito de como o mesmo poderia matar Eudora e como o mundo acabaria em tragédia. Vez ou outra elas não se agüentavam e acabavam rindo, deixando Píton ainda mais irritada e sua raiva aumentou quando risos baixos vieram pelas suas costas. Ao se virar viu as ninfas Têmides segurando as risadas.

- Vocês não ajudam – disse brava.

- Tudo bem, meninas! Agora já chega – pediu Pasithea – Já que vão ficar aqui, então ficarei para tomar conta de vocês!

- O que? Quem disse que eu concordo em deixar Eudora aqui? – exasperou.

- Já chega, Píton! – disse Aerica, que adotara uma voz mais severa – Deixe Eudora respirar um pouco, quem vai acabar matando ela é você com essa proteção exagerada! Fésile e Cléia têm razão, você a protege demais – brigou – Eudora, pode ficar aqui com as meninas – ao virar-se para o oráculo exibiu um sorriso amigável.

- Então ficaremos no outro quarto, pelo jeito – o comentário saiu de Lipara, que até então se mantinha calada e com a feição de tédio de sempre.

Aerica apenas assentiu e depois empurrou Píton para fora do quarto e foram "conhecer" o quarto delas. O mesmo não era muito diferente do outro, apenas possuía uma cama a menos e as paredes possuíam um tom verde-água bem claro.

- O que é isso? – indagou Cléia ao ver baús serem colocados nos pés de cada cama.

- São suas roupas, senhorita – disse um criado.

- Se lembra quando pedimos para vocês escolherem algumas roupas? – proferiu Pasithea que se encontrada na cama do lado esquerdo e ao lado dela estava Eudora.

- Então foi para isso, já estavam planejando isso a muito tempo então – pensou Eríthia.

Logo em seguida os criados saíram do quarto e foram levar o restante dos baús ao outro quarto.

- O que vamos fazer agora? – indagou Cléia que já demonstrava seu tédio.

- Por que não saímos e exploramos o santuário?! – sugeriu Eríthia animada.

- E ganhar uma bronca da Píton-super-protetora? – resmungou.

- Ela não é o problema, os cavaleiros ainda não nos conhecem, teríamos problemas se fossemos descer as escadarias. Pelo que ouvi Hérmia explicar, cada casa possui um protetor e temos que ter permissão deles para passar – explicou Pasithea.

- E quando vamos conhecê-los?

- Quem sabe? – riu.

~O~

À hora do almoço chegara tão rápido que as ninfas até se assustaram quando uma criada as chamou para a refeição. Seguindo a criada elas foram encaminhadas para o magnífico jardim, deixando as ninfas contentes por comerem em um lugar tão belo e familiar. Sendo ninfas elas adoravam estar em meio aos bosques, florestas, vales e belos jardins como aquele.

Próximo a grande fonte que viram ao chegarem, se encontrava a mesa redonda, agora, repleta de comida e com um forro fino. Havia pequenos bordados delicados de tom dourado nas pontas das bordas do forro. A pratearia era toda refinada e branca com pequenos detalhes nas bordas, taças de vidro tão limpos como a mais límpida água cristalina. Os talhares de prata se misturavam naquele requinte todo. Jarras de prata também faziam parte da decoração junto aos pequenos vasos de flores que enchiam a mesa ao redor da comida que cheira deliciosamente bem.

Sasha se encontrava de pé e bem arrumada para almoçar com as ninfas, possuía boas expectativas sobre aquele almoço. Queria tirar aquela impressão que deixou quando as conheceu mais cedo e quem sabe fazer amizade com elas.

- Olá, ninfas – disse cordialmente – Achei que seria mais agradável se almoçássemos aqui fora, fiquei sabendo que gostaram do jardim – comentou.

- Gostamos? Nós amamos! Ele é muito lindo! – exclamou Eríthia, que sempre possuía uma animação além do normal – Quem cuida dele?

- Há pessoas especializadas que cuidam desse jardim, tenho uma amiga na vila Ródorio e a mesma possui uma floricultura e é ela quem cuida desse lugar e o deixa tão... Vivo! – disse – Fico feliz em saber que gostaram, creio que minha amiga ficará ainda mais feliz ao saber disso – sorriu – Creio que devam estar com fome, sente-se e sintam-se avontade.

Mais que depressa Fésile se sentou a mesa, fazendo algumas das ninfas rirem.

- Poderia ter mais modos – brigou Cléia, mas ela apenas ganhou uma língua atrevida por parte da irmã.

- Como não sabia do que gostavam pedi que preparassem um pouco de cada coisa – disse sem jeito, mas ainda esperando que tudo aquilo as agradassem.

- Está tudo ótimo, Atena – sorriu Asterope.

- Sasha... Podem me chamar de Sasha – sorriu e elas assentiram.

Entre uma garfada e outra as ninfas mais soltas, como Fésile e Eríthia aproveitavam para fazer perguntas a Sasha, que feliz respondia a todas com um belo sorriso no rosto. Apesar de, aparentemente, estarem se dando bem, a deusa ainda não conseguiu ver perfeitamente a personalidade de cada uma. Sempre ouviu historias de ninfas e nelas sempre diziam que as mesmas eram delicadas e de gestos refinados, mas ao olhar mais de perto viu que cada uma possuía uma característica única e duas das oito ninfas tinham personalidades mais sérias.

- Algum problema, Atena? – indagou Aerica ao notar que a menina se encontrava aérea.

- Ah, não é nada – dispersou – É que...

- Pode falar – encorajou a ninfa.

- Sempre ouvi historias sobre vocês e nelas sempre diziam que eram delicadas e pareciam bonecas de porcelana, mas olhando de perto vejo que possuem características fortes e únicas – contou e sentiu as bochechas esquentarem.

- Ficou corada, que gracinha – sorriu Asterope.

- E tem algum problema em sermos diferente do que ouviu nas historias? – indagou Cléia, mas sua pergunta saiu um tanto severa demais e ela ganhou um olhar sério de Pasithea.

- Ah não, de maneira nenhuma! Apenas fiquei surpresa, mas gostei – sorriu e as ninfas as acompanharam.

Eudora se mantinha em silencio, dentre todas ela era a mais calada, mas bastante observadora. Enquanto comia seus olhos azuis expressivos observavam o vasto local em que se encontrava, estava tão acostumada ao aperto do templo de Delfos e ao templo de Hérmia que ver um lugar como aquele lhe causa receio, mas também excitação em desvendar o recinto. Sentia um formigamento nos pés à medida que sua vontade de sair correndo por aí aumentava.

Queria sentir o vento em seus cabelos, a grama sob seus pés e contemplar paisagens magníficas. E como de costume, gostaria de pintá-las. Eudora sempre adorou pintar, aquela era uma maneira que achou para se ocupar, possuía telas e mais telas e papeis também que usava para colocar sua imaginação para funcionar. Sentia sua mão coçar ao se imaginar desenhando algo novo e jamais visto por ela.

- Está gostando da comida, Eudora? Acho que deve ser bem diferente do que costuma comer e até mesmo as paisagens deve ser diferente – comentou Sasha virando-se para a loira sentada ao seu lado.

Porém, Eudora emudeceu e engoliu a comida com dificuldade.

- Bom... Diferente é, mas... Não conheço muitas paisagens para dizer se é ou não diferente – comentou sem jeito.

E ao ver o semblante entristecido do oráculo a deusa se desesperou achando que havia falado algo de errado.

- Oh, perdão! Falei algo que não devia – disse se desculpando.

- Não se preocupe, Sasha, você não disse nada de errado – assegurou Cléia – Acontece que Eudora não pode sair de seu templo. Por ser perigoso e por essa daí ser mandona e chata demais! – moveu a cabeça em direção a uma Píton irada.

- Faço pelo bem do oráculo – se defendeu empinando o nariz.

- Faz porque é vidrada em ordem... Tudo tem que ter controle, já se soltou alguma vez na vida? Acho que não né! – ralhou a ninfa.

- Não tenho tempo para "me soltar" – fez aspas com os dedos.

Cléia apenas rolou os olhos e segurou outra resposta bem dada.

- Meninas, já chega! Não vamos estragar o almoço com coisas banais – pediu Aerica – O que Sasha vai pensar? Que somos bárbaras?

- Ah! E sobre os cavaleiros? – indagou Eríthia.

- Zeus, você ainda está nessa? – disse Lipara que rolou os olhos.

- Hare... Haku... Harukei... É, é esse o nome dele... – riu Eríthia devido sua própria confusão – Harukei disse que cavaleiros protegem as casinhas que estão ao longo da escadaria. Como eles são?

- Está falando dos cavaleiros de ouro? – indagou e a ninfa assentiu eufórica – Bom... Ao todo são doze cavaleiros, vocês irão conhecê-los após o almoço, já que irão precisar de autorização caso queiram andar pelo santuário – explicou a deusa – São todos legais, apesar de possuir afinidade com poucos. Um deles eu o considero meu melhor amigo, ele é Kardia de escorpião.

- Oh – emitiu em euforia.

- Cada cavaleiro representa um signo e eles são da alta batente dos cavaleiros de Atena – completou – Não posso dizer muito, acho que terei que deixar vocês com suas próprias conclusões.

- Não vejo a hora de conhecê-los – grunhiu Fésile animada.

Outra que se encontrava eufórica e de certa forma ansiosa era Eudora, mas isso ela já sentia desde antes de ser informada que iria para o santuário. Ainda se sentia confusa em relação as visões que via a respeito daquela pessoa, torcia para que elas ficassem mais claras quando visse os cavaleiros já que sentia que as imagens e sonhos que andava tendo estavam ligados a eles.

Só de imaginar conhecê-los sentia seu peito palpitar fortemente. Seria tudo apenas ansiedade? Pensou ela.

~O~

Após o almoço e um pequeno tempo para descanso, os cavaleiros naquele momento se encontravam subindo as escadarias das doze casas indo rumo ao décimo terceiro templo. Harukei havia ido até a arena avisar da chegada das ninfas de Hérmia e para falar um texto enorme de como deviam se comportar diante delas e do Oráculo, o lemuriano conhecia muito bem certos cavaleiros para saberem que não se conteriam diante da beleza exótica que aquelas ninfas possuíam.

Se até mesmo ele que era um velho se sentiu encantado e fascinado com a beleza delas, imagina o que aqueles cavaleiros fariam já que ainda se encontravam na flor da idade?

O inicio de tarde parecia querer castigar cada ser que vivia naquele santuário, de repente subir os degraus se tornou algo difícil e Manigold, que se encontrava na companhia de Dohko e Shion, já começava a reclamar.

- Céus, desse jeito vou chegar todo suado e as ninfas vão pensar que sou um desleixado – murmurou retirando seu elmo e limpando sua testa com as costas da mão coberta pela armadura reluzente.

- E você não é? – retrucou Dohko com um sorriso.

- Muito engraçado – comentou.

As reclamações continuaram até ultrapassarem a casa de sagitário e após passarem pela casa de escorpião, alguns degraus à frente encontram-se com Kardia deitado na escadaria e um Degel de cara enfezada tentando erguer o amigo, junto deles estava Regulus.

- Desmaiou florzinha? – indagou o canceriano com um sorriso largo.

- Cala a boca! – disse – É sério, acho que não consigo mais andar.

- O que houve?

- Kardia aceitou participar da série de exercícios que Hasgard passa para seus alunos, mas parece que Kardia está ficando mole – explicou ao ariano.

- Não estou ficando mole! E você? Você também participou dos exercícios, com certeza está com o corpo todo dolorido – fez bico.

- Sim, Kardia, estou com dor tanto quanto você, mas eu não sou frouxo a ponto de me jogar nos degraus e ficar fazendo drama – ralhou Degel.

A frase do aquariano fez os outros rirem e Kardia fechou ainda mais a cara.

- Vamos logo ou então Sage vai brigar conosco – ordenou ele puxando o amigo pelo braço – Pare de ser molenga e ande! – brigou.

Depois da bronca, Kardia não teve outra escolha a não ser se mover. Degel andava ao seu lado pronto para dar um tapa em sua cabeça se necessário. Mais atrás Manigold continuava com sua tagarelice, mas desta vez o assunto era as ninfas. O sol quente daquela tarde pareceu se tornar insignificante de repente.

Enquanto isso, dentro do templo, as ninfas se preparavam para conhecerem os cavaleiros. Todas as ninfas estavam eufóricas para ver de perto os poderosos guerreiros de Atena, mas o nervosismo delas não chegava nem perto da ansiedade e agitação que Eudora sentia naquele momento. Seu coração simplesmente não conseguia parar de palpitar de forma frenética e sua respiração ás vezes se tornava tensa e pesada demais, mas por sorte nenhuma das meninas perceberam sua súbita mudança.

Os fios dourados do oráculo eram penteados por Aerica, com uma escova grossa para deixar as ondulações ainda mais perfeitas. Por ter um longo cabelo, até abaixo da cintura, ela precisava de ajuda e sorte a dela ter varias mãos para ajudar. Todas as ninfas gostavam de pentear aqueles fios reluzentes e claros destacando seus olhos azuis como o mar mais límpido.

No canto do quarto Fésile ajudava Cléia que estava tendo problemas para escolher uma roupa, Eríthia e Pasithea já se encontravam prontas e esta ultima estava em sua cama lendo um livro que pegada da biblioteca do santuário. A irmã estava deitada ao seu lado mexendo no cabelo cacheado e platinado. O silencio era encantador e nem mesmo as reclamações de Cléia parecia estragar aquele momento, porém...

- Alguém viu a Ari?! – exclamou Asterope entrando no quarto feito um bicho que fugia de um caçador, sua feição era de pura preocupação e aflição.

- Não me diga que você trouxe aquela coisa pra cá?! – ralhou Lipara vindo logo atrás.

- Claro que sim! Acha mesmo que eu deixaria minha Ari para trás? Ela faz parte de mim!- retrucou com as mãos na cintura.

Lipara rolou os olhos.

- Onde a viu pela ultima vez? – indagou Aerica – E cadê a Píton?

- Está nos esperando perto do salão do trono – contou Asterope – E eu deixei a Ari no quarto quando fomos até a biblioteca – disse – Será que eu deixei a porta aberta ao sair?

- Não duvido, do que jeito que é meio avoada – riu Eríthia e Asterope apenas mostrou a língua, mas acabou rindo.

Ela sabia daquele defeito dela.

- Procure por Ari depois, agora temos que ir. Não quero deixar os cavaleiros e o grande mestre esperando – disse Aerica colocando a escova de cabelo na cômoda ao lado do enorme espelho.

Cléia terminou de se vestir rapidamente e ainda terminava de prender os últimos botões de sua roupa com a ajuda de Fésile. Seus longos cabelos róseos eram penteados com os dedos por Pasithea. Andaram apressadas e logo estavam no corredor localizado atrás do trono do grande mestre, sendo este mais utilizado por Sasha. O grande pano branco cobria a passagem fazendo-se de porta, era possível notar o silencio um tanto absurdo que se fazia.

Ao chegarem Píton procurou por Eudora e a puxou para perto de si, ficando na frente das outras. Já que elas seriam as primeiras. Logo atrás vinham as mais novas e depois as mais velhas, sendo elas as Têmides. Lipara moveu a mão como se pegasse algo no ar e sua cara séria pareceu se endurecer.

- Mais um pouco e eu poderei apalpar o silencio – comentou.

- Será que estão todos os cavaleiros de ouro? – questionou Cléia que começou a se sentir nervosa.

Não demorou muito e em seguida a voz de Sage foi ouvida e todas prestaram atenção.

No salão, todos os cavaleiros estavam agachados e formavam uma linha reta estando um ao lado do outro, ao contrario de como normalmente ficavam. Assim seriam melhor para as ninfas os verem. Sage deu um passo à frente enquanto Sasha ficava sentada no trono e segurava seu cetro em uma das mãos.

- Cavaleiros! – proferiu fazendo todos o olharem – Como sabe algumas ninfas vieram para o santuário, mas não foi para uma colônia de férias que elas vieram. Junto delas um artefato muito importante veio junto – disse e no mesmo instante Eudora abaixou a cabeça ferida com as palavras. Sempre se sentia incomodada quando se referiam a ela como um artefato dos deuses, mas ela sabia que aquela era a verdade – Uma batalha dura se aproxima e para nos auxiliar em nossas batalhas, teremos o oráculo de Delfos conosco! Então quero lhes apresentar ao oráculo e as ninfas!

Ao dizer isso a cortina branca foi aberta e todas elas saíram para se apresentar aos cavaleiros.

Quando elas saíram todos dos doze guerreiros viraram a cabeça para a porta de onde haviam vindo, contemplando a beleza única de cada uma. Sage fez um movimento com as mãos e Píton se aproximou com Eudora em seu encalço, a pobre menina tremia de nervosismo e andar era algo complicado já que suas pernas pareciam gelatinas.

Ela parou ao lado de Atena e virou-se para os belos homens a sua frente, a loira sentia suas bochechas arderem tamanha era sua vergonha e timidez. Afinal, para alguém como ela conhecer pessoas novas era sempre algo difícil, nunca tivera um contato grande com diferentes pessoas, a sua única companhia era Píton, mas até mesmo ela tinha seus afazeres. Depois que fora para os bosques de Hérmia que teve algum contato, mas ainda sim era pouco.

Eudora sentia sua mão suar e seu queixo tremer levemente diante de tantas faces a olhando e logo acabou abaixando o olhar. Vendo o nervosismo da menor, Sasha se levantou e andou até a mesma e tratou de fazer as apresentações.

- Essa é o oráculo de Delfos, mas podem chamá-la de Eudora – disse Sasha pondo suas finas mãos nos ombros da garota – E esta é a sacerdotisa Píton, encarregada de proteger o oráculo – apresentou.

No mesmo instante em que Eudora ouviu seu nome ser pronunciado pela deusa, ela acabou erguendo suas orbes azuis cristalinos e então deparou-se com olhos intensos e de uma profundidade perturbadora. Uma descarga elétrica percorreu seu corpo quando o cavaleiro em questão sorriu de lado mostrando um canino afiado, seu coração pareceu falhar uma batida e de repente o ar lhe fez falta, para então notar que o havia prendido.

Os cabelos azulados contrastando com a pele levemente bronzeada fez a garota arfar ao mesmo tempo em que um pequeno flash passou diante de seus olhos, fora uma imagem muito rápida, mas o suficiente para saber que aquele cavaleiro estava de alguma forma ligada com os sonhos estranhos que andava tendo.

Mas não era somente ela que observava, além dos outros cavaleiros, o rapaz de olhar profundo também a observava.

Eudora possuía estatura mediana, mas era mais baixa que as outras. Seu corpo era delicado e sua pele alva parecia possuir uma maciez única e entorpecente, seu rosto redondo combinava com o cabelo longo e cheio de ondulações e os olhos azuis intensos e cristalinos. A mesma usava um vestido branco justo na altura dos seios e abaixo deles uma fita vermelha foi amarrada e as pontas caiam a frente do corpo, as mangas do vestido era larguinhas e leves. Em seu cabelo havia dois enfeites de cada lado, era no formato de uma folha e havia três perolas em cor rubi formando um minúsculo cacho de uva.

Por outro lado, Píton era totalmente o oposto de Eudora. A pitonisa possuía feições mais duras e seu semblante era sério, apesar de observar cada cavaleiro diante de si. Mas ainda sim ela possuía uma beleza nata, seu cabelo era longo e liso e de uma tonalidade de vermelho beirando a vinho intenso, sua franja repicada cobria parcialmente os olhos que ora pareciam ser de um azul bem escuro e ora parecia ser um cinza cintilante. Sua pele clara deixava o destaque para o vestido longo e em cor vinho escuro com detalhes em preto, uma tiara prateada adornava sua cabeça de forma discreta.

- Agora lhes apresento as ninfas Têmides! Elas são ninfas filhas de Zeus – disse Sasha com um sorriso – Essa é Aerica, Lipara e... Onde está Asterope? – indagou ao notar falta dela.

As outras ninfas logo se moveram a procura da ninfa fujona, mas sem sair do lugar. Cléia bateu na própria testa e Lipara suspirou, já esperando por isso, provavelmente ainda estava procurando pela cobra.

Quando Aerica abriu a boca para dizer onde a irmã estava, um ruído de algo caindo se fez presente no salão ao mesmo tempo em que a cortina branca era puxada. Asterope logo apareceu quase despencando diante de todos e só não o fez por ter conseguido de endireitar antes de pagar mico. Acenou ao ver as irmãs e só então notou o salão cheio de belos cavaleiros, fazendo os olhos da ninfa brilharem.

- Oi! – acenou para eles enquanto ia para seu lugar.

Era possível ouvir risos baixos em meio aos cavaleiros, Kardia e Manigold colocavam a mão na boca para não rirem alto. A entrada da ninfa fora triunfal e digna de graça e pensar nisso os dois acabavam rindo. Regulus mordia o lábio inferior tentando conter o riso também, não por causa da ninfa, mas pelos comentários sussurrados que aqueles dois soltavam. Até mesmo Dohko que era sempre certinho estava tentando se conter e acabou ganhando uma cutucada de Shion.

- Tinha que entrar desse jeito? – brigou Lipara ao sussurrar para a irmã.

- Ai, não tive culpa! Eu tropecei e meu pé se enrolou na barra da cortina! – disse alisando os fios achocolatados.

- Ser desastrada é coisa da Pasithea e não sua – riu Eríthia e a irmã suspirou concordando.

Sasha voltou a fazer as apresentações das Têmides, mas a ninfa atrapalhada ainda movia sua cabeça a procura de sua cobra de estimação. Logo depois Sasha apresentou as Hespérides: Eríthia e Pasithea. Ao ter seus nomes proferidos as duas acenaram e deram um passo a frente, causando ainda mais suspiros de alguns cavaleiros. Logo retornaram a seus lugares. Em seguida foi a vez das ninfas Híades: Fésile e Cléia, que fizeram a mesma coisa.

Em seguida o grande mestre tomou a frente dizendo alguns avisos que os cavaleiros principalmente deveriam tomar, tais como: não faltar com o respeito as ninfas. E jogou um olhar mortal para Kardia e Manigold. Lipara ouvia atentamente as palavras de Sage, mas logo se irritou ao ver a irmã constantemente movendo a cabeça e parecendo que havia pisado em um formigueiro.

- Quer ficar quieta? – brigou.

- Não consigo, to preocupada com a Ari e se ela se perdeu? – questionou a si mesma.

- O que?! Ainda não encontrou essa cobra?! – Cléia ralhou baixo, ela era a ultima da fila.

Asterope fez bico mostrando seu desapontamento e negou.

- Será que ela saiu do templo? – murmurou Pasithea.

- Uma cobra não se rasteja tão rápido assim – ponderou Fésile – Já olhou debaixo da cama? – a ninfa assentiu.

Lipara soltou o ar de seus pulmões, aquela historia ainda daria confusão. Atena provavelmente não estava acostumada com animais selvagens assim e aquela cobra da Asterope perambulando por aí poderia arrumar problemas.

- Devia cuidar melhor da sua cobra – disse Lipara – E se ela picar alguém?!

- Ari não é esse tipo de cobra – emburrou e a irmã lhe lançou um olhar de tédio.

Em seguida voltou a olhar para o grande mestre que ainda falava com os cavaleiros e inconscientemente seu olhar se suspendeu ao lustre localizado ali em cima. E no mesmo instante os olhos de Lipara se arregalaram, mas depois se frustrarem.

- Eu achei sua cobra! – disse entre dentes.

- Sério? Onde?!

Asterope se virou para ela toda sorridente, Lipara então pegou no queixo dela, quando a cabeça inquieta da irmã ainda se movia para os lados, e mirou a mesma para o lustre. Asterope abriu o maior sorriso que poderia dar ao ver a cobra, mas logo depois este se desfez.

- Opa... – disse ao ver sua amada cobra, Ari, pendurada no lustre.

Como Ari chegara até lá em cima? Vai saber...

- Só pode ser brincadeira – proferiu Cléia ao olhar para o lustre assim como as outras.

As ninfas se preocuparam e todas elas se agitaram, e essa ação não passou despercebida pelos cavaleiros. Principalmente Sísifo que notou uma delas olhar para si e tampar a boca enquanto uma expressão de pavor se apossava dela, em seguida os olhos da ninfa voltaram a fitar algo acima de si.

- O que que ta acontecendo com aquelas ninfas? – indagou Dohko erguendo uma sobrancelha.

- Elas estão agindo estranho – completou Degel, principalmente ao ver uma delas ser empurrada pelas outras.

- Vá falar com o grande mestre! – empurraram Eríthia.

- O que?! – olhou para as irmãs – Nem pensar... Vá você, Asterope, a cobra é sua!

Asterope fez uma cara de desolação e suspirou.

Enquanto as ninfas ficavam de um lado do trono de Atena, Eudora e Píton ficavam do outro e logo a loira notou a agitação das mesmas e estranhou.

- O que elas tanto tagarelam? – disse Píton.

- Píton... – chamou e em seguida apontou, ao ter a atenção da pitonisa para si.

Píton não acreditou quando viu Ari naquele lustre e se questionava sobre a possibilidade dela ter subido até lá. Que tipo de cobra era aquela, do tipo voadora? Pensou.

Enquanto isso, Ari parecia tranqüila ali em cima como se estivesse tendo a aventura de sua vida. Borrões se formavam em sua visão e ela tentava se locomover e seu "andar" fez as ninfas se alarmarem mais e deixar os cavaleiros confusos e concentrados nelas e não no que Sage falava.

- Bom, alguma pergunta cavaleiros? – disse Sage por fim.

- Não! – gritou Asterope e no mesmo instante ela teve sua boca tapada por três ninfas, mas fora segurada por todas.

Sage se virou olhando-as curioso e elas apenas sorriram desconcertadas. Logo ele se virou para frente.

Percebendo a movimentação de Ari e que provavelmente ela cairia, Aerica então tentou avisar um dos cavaleiros fazendo gestos. Sobrando para Hasgard tenta decifrá-la. A ninfa movia o dedo para cima enquanto olhada para ele e se preocupou quando o cavaleiro ergueu uma sobrancelha, logo Shion e Dohko estavam prestando atenção na ninfa também e tão perdidos quanto o taurino.

- O que diabos ela quer? – indagou Dohko.

Shion ao entender o que ela queria olhou para cima e sentiu o corpo travar ao ver a cobra, ela não era grande e nem muito larga, mas uma cobra era uma cobra e todas eram venenosas para ele.

- A-Acho melhor a gente sair daqui – proferiu ele ainda olhando para o lustre.

- Por que? – Dohko questionou, mas o amigo apenas apontou para cima – Como essa coisa foi parar aí em cima?! – indagou retoricamente.

Mas antes mesmo que Shion ou Dohko pudessem avisar aos outros, Ari se moveu novamente pelo lustre, mas por falta de espaço e ser um lugar impróprio para uma cobra a mesma despencou de lá caindo bem em cima dos dourados. Uma vez que o lustre estava bem rente a eles, no entanto o sortudo a receber a cobra fora... Manigold.

Os outros já começavam a notar algo de errado nas ninfas, mas não entendiam os gestos mudos delas e quando o canceriano foi cutucar Kardia para questionar o que estava havendo sentindo algo mole e gosmento em cima de si.

- AAHHH! Tira isso daqui! – gritou ele caindo para trás, enquanto o restante se levantava e afastava dele.

- Ari! – exclamou Asterope.

- O que estão esperando, tira esse troço de cima de mim?! – ralhou o canceriano fitando os olhos escuros da cobra, que parecia se divertir como nunca.

Eudora riu e se aproximou.

- Eu pego ela – disse.

- Mas nem pensar – ralhou Píton segurando o oráculo pela cintura e a trazendo de volta para seu lugar, uma face descontente deu lugar a risonha – Ta querendo ser picada?

- Ari não é venenosa e nem agressiva – debateu Asterope e todas olharam para ela com descrença e a ninfa fitou o chão.

- Pegue logo aquela cobra! – exigiu Cléia.

Rapidamente Asterope foi até o corpo tenso e temeroso de Manigold e pegou sua adorada cobra. Tal gesto fez Eudora rir novamente, mas desta vez seus olhos caíram em cima do cavaleiro de olhos penetrantes e seu sorriso morreu novamente ao ver aqueles olhos grudados em si. A feição dele estava séria e parecia alheio ao que acontecia no salão, mas ele logo desviou o olhar e uma expressão estranha habitou sua face. Mas Eudora não soube descrever. Mas sorriu minimamente.

- Você tem uma cobra de estimação?! – exclamou Manigold ainda sentado no chão, enquanto Asterope falava com Ari como uma mãe fala com sua filha recém-nascida – Você é louca?

- Não e sim... Não sou louca e sim, Ari é minha cobra e é como uma filha para mim – retrucou – Então tome cuidado quando a vir, não saia atacando a pobre coitada – avisou.

- Ah, então eu devo deixar ela me picar? E se eu morrer? – ralhou.

- Ari não é agressiva e mesmo que ela te pique não irá morrer – deu de ombros.

Manigold abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu dela e em seguida fitou os companheiros de batalha perplexos. Aquelas ninfas não batiam bem.

- Peço perdão pela minha irmã, cavaleiro de Atena, isso não... Costuma acontecer – Aerica tomou a frente e se curvou em respeito ao cavaleiro – Peço perdão pelo ocorrido.

- Contanto que ela não chegue perto de mim... – falou ele.

- Está certo, podem se retirar ninfas, creio que ainda queiram descansar da viajem – disse Sage – Sasha, acompanhe-as – pediu.

- Sim, grande mestre – disse a deusa.

Quando elas saíram Sage olhou para os cavaleiros e negou com a cabeça, enquanto tentava inutilmente segurar o riso.

- Francamente, vocês enfrentam inimigos poderosos e deuses e temem feito bambu diante de uma mera cobra – falou – Atena está perdida se for depender de vocês – acrescentou – Já pode se levantar, Manigold, creio que não irá cair nada mais do lustre – disse antes de sair.

Assim que o grande mestre saiu, a gargalhada foi geral. Pelo menos para metade deles. Outros preferiram apenas mover a cabeça em negação.

- Isso vão rindo mesmo, queria ver se fosse com um de vocês! – reclamou ele, erguendo-se do chão.

- Zeus, essas ninfas são doidas, ter uma cobra de estimação – comentou Kardia, ainda entre as risadas.

- Bem que elas tentaram avisar, mas nós que não soubemos interpretá-las – Regulus coçou a cabeça – O que achou delas, tio? – indagou.

Sísifo deu de ombros, mas avaliou atentamente.

- Me parecem diferentes das ninfas que ouvimos falar, as filhas de Zeus parecem ser mais sérias, com exceção da dona da cobra... E não esperava que o oráculo fosse uma garota, ainda mais uma pessoa – avaliou.

- Bom, eu vou pro meu templo tirar qualquer vestígio dessa cobra... Passar bem – falou Manigold caminhando em direção a saído do templo, e mais risadas o acompanharam.

~O~

- Trate de amarrar bem essa cobra, Asterope! Quase que mata um dos cavaleiros de susto – falou Píton, mas até ela ria do ocorrido – Concordo com o grande mestre, Atena está com problemas tendo eles para defende-la – riu.

E logo foi acompanhada pelas outras. Até mesmo Lipara, que era a mais séria riu.

- Falando em cavaleiros, adorei eles, são mais bonitos do que eu esperava – Asterope se animou.

- Lembre-se que não viemos para o santuário para ficar babando em homens e sim auxiliar Atena no combate contra Hades, ou melhor, Eudora irá auxiliar a deusa – ponderou – Temos uma missão aqui, não se esqueçam!

- E como podemos com você nos lembrando a cada minuto? – falou Cléia, deitada em sua cama.

Píton negou com a cabeça e em seguida saiu sendo acompanhada por Lipara e Asterope.

- Não fiquem com essas caras, sabem como Píton gosta de organização – riu Aerica – O santuário é um lugar lindo, poderemos aproveitar bastante – emendou antes de sair do quarto.

Cléia se jogou na cama e soltou o ar dos pulmões enquanto fitava o teto, logo teve a irmã deitada ao seu lado. Mas logo a atenção fora voltada para o oráculo que parecia distante daquele cômodo, sentada em sua cama e abraçada ao travesseiro. No entanto, a deixaram quieta com seus pensamentos. Não era bom perturbar o oráculo.

Mas o que elas não sabiam era que Eudora apenas repassava a cena delas adentrando o salão do grande mestre em sua cabeça e se recordando daqueles olhos intensos e que carregavam uma grande profundidade. E ela estava tentada a pular neles.


Notas finais: Então espero que tenham gostado. Como falei antes, as ninfas serão devidamente apresentadas no próximo capitulo. Deixarei aqui links e curiosidades a respeito da pitonisa e do oráculo.

A respeito do oráculo: o_que_e/oraculo_

A respeito da pitonisa: na Grécia antiga, sacerdotisa do deus Apolo.

A origem do nome Píton: Píton, na mitologiagrega, é uma serpente gigantesca, que nasceu do lodo na Terra após o grande dilúvio. Foi mandada por Hera para perseguir Leto. A serpente foi morta a flechadas por Apolo e seu corpo foi dividido. Na juventude, Apolo matou a serpente Píton, que vivia em Delfos e tomava conta do oráculo de Têmis, e tomou o oráculo para si.

As fotos das personagens estão na minha pagina no facebook: Pandora Cipriano Fanfic. Nos vemos no próximo capitulo.