Os personagens desta fanfic não me pertencem. Mas eu não pretendo comercializá-los ou ganhar qualquer coisa por ter escrito esta fic além de comentários preciosos.

Desafio: nenhum

Ship: Harry/Draco

Capa: por DarkAngel – link no meu perfil

Sinopse: O recipiente do sangue puro. O seu filho. A razão da sua união.

Spoiller: 7 – ignora o epílogo e entrevistas da JK

Beta: no one

Finalização: 05/04/2009

Quantidade de capítulos: 11, e serão postados um por semana, por enquanto toda sexta, porque assim é mais legal XD

Merus Cruor Vena

Capítulo 1

A dor.

Uma pontada fina como uma espada que cruza de seu ventre à sua espinha, fazendo-o travar o maxilar e inspirar fundo, fechando os olhos com força, até passar.

Não é como se não estivesse esperando por isso.

Sua mão treme, calafrios percorrem seu corpo e o medo começa devagar a penetrar por baixo da pele de uma forma quase paralisante. Havia chegado a hora.

Outro espasmo de dor e a mão se dirige à barriga proeminente de forma automática. Ele já quase não consegue respirar, parecia mais rápido do que jamais imaginara. A dor passa e a mão agarra o espaldar da cadeira à frente com força, buscando equilíbrio.

Ele precisava de ajuda.

Um passo e sente algo quente escorrer entre suas pernas. Não há mais tempo. Seu corpo todo treme e ele tenta continuar caminhando, se apoiando na parede. A última coisa que se sente capaz de fazer no momento é olhar para as próprias pernas.

- Binky! – o primeiro chamado sai fraco demais. Ele pára e respira fundo – BINKY!

O elfo doméstico surge ao seu lado, fazendo uma reverência.

- Senhor?

- Vá até o consultório do doutor Clement e traga-o aqui. É urgente. E diga-lhe que precisa de toda discrição possível... Ah, Binky... Antes... Recolha as jóias da minha mãe e qualquer outro objeto de valor não-mágico que tenha em casa, coloque em um estojo e leve para o meu quarto. Eu aguardo o doutor lá.

O elfo desaparatou e Draco encarou a escadaria que tinha a sua frente, separando-o de seu quarto, e respirou fundo, sentindo outra onda de dor tomar seu corpo. Passo a passo, se obrigou a andar, a mente concentrada em ficar longe do medo que sentia daquele momento. Nove meses, com tudo o que havia passado, foram muito pouco para que se preparasse para aquilo.

Seu filho estava nascendo.

o0o

- Draco, querido. – Narcisa deitou a cabeça do filho em seu colo, beijando os cabelos loiros enquanto lágrimas silenciosas corriam pelo rosto do garoto – O que você pretende fazer?

- Eu... Eu não sei. – a voz era quase um soluço, e tudo o que ela queria nesse momento era privá-lo de tanta dor.

- Talvez não seja tarde para abortar. Será muito mais perigoso para você se isso acontecer de forma natural. Você sabe que todos nós podemos ser presos agora...

Draco se levantou de forma quase abrupta, se encolhendo contra a cabeceira da cama, abraçando as pernas.

- Draco...

- Eu estou de mais de três meses, mãe. Severus disse que passando de dois, um aborto poderia me matar. E... E... – ele engoliu em seco e Narcisa voltou a se aproximar quando sua mão desceu em direção à barriga e sua testa caiu contra os joelhos.

- Você quer ter esse filho. – ela constatou, quase triste, ao que ele confirmou com um aceno de cabeça – Faremos o possível, então, querido. Essa criança vai nascer.

o0o

- Senhor Malfoy? – uma batida fraca na porta e ela se abriu, dando passagem para o medibruxo entrar. O quarto estava quase escuro e tudo o que ele pôde ver é que havia alguém de pé, de frente para a janela – O senhor mandou me chamar?

- Sim. Eu preciso de ajuda médica. – a voz soava fraca e baixa, e ele não havia se virado para encarar o visitante – Sei que minha família já não corresponde ao mesmo prestígio de seus demais pacientes, mas acredito que, se ainda se dignou a atender meu chamado, é porque tem algum apreço pela sua profissão. Sei do que sofro e do que preciso, e, até para preservar seu nome neste caso, peço que antes de mais nada jure guardar este caso em segredo. Em cima da cama há uma pequena retribuição pela sua palavra e seus serviços, veja se é o suficiente.

O garoto pôde ouvir movimento às suas costas, e o som de metal tinindo antes da resposta do medibruxo.

- Preciso avaliar melhor o valor das peças, mas acredito que seja o suficiente. – respondeu, frio, antes de fazer o feitiço em que empenhava sua palavra.

Draco se virou, cambaleante, e se inclinou sobre a cama, se deitando da melhor forma possível enquanto era observado atentamente pelo medibruxo.

- Por Merlin! – o sussurro foi a última mostra de surpresa profissional antes dele começar a conjurar instrumentos e examinar o loiro – De quanto tempo você está?

- Não sei, exatamente. A concepção foi na última páscoa.

- E... como? – o medibruxo perguntou, assustado.

- Magia negra. Uma poção de fertilidade.

o0o

- Aproxime-se, senhor Malfoy. – a voz baixa e sibilada o fazia estremecer e Draco entrou na sala escura sem conseguir encarar a figura sentada na cabeceira de sua própria mesa de jantar.

- Mandou me chamar, Milord? – perguntou, a voz quase rasgando sua garganta para sair.

- Sim. E suponho que seus pais já lhe informaram o porquê. Gostaria de saber sua resposta ao convite que lhe faço para ser o primeiro de uma nova geração.

- Milord... eu... eu...

- Eu espero, senhor Malfoy, que tenha ficado claro para o senhor todas as implicações deste convite. Você não é, em hipótese alguma, o único sangue puro jovem e saudável sob meu comando para realizar esse feito, então posso oferecê-lo a outro e livrá-lo facilmente deste encargo. – a voz continha uma ameaça implícita que fez Draco fechar os olhos com força - Você certamente não será o único, somente o primeiro, e se for bem sucedido, o experimento poderá ser repetido em breve e você receberá recompensas por sua fidelidade e dedicação à causa, obviamente. Então, espero realmente que você beba toda essa poção. Agora.

Um aceno de varinha fez com que a pequena garrafa flutuasse a apenas um passo a frente do garoto, e foi com mãos trêmulas que ele o apanhou e entornou todo o conteúdo.

- Merus Cruor Vena¹ – a voz sibilou e o sorriso que deformou aquela face fez Draco se arrepiar - Ótimo. Volte imediatamente para o colégio e procure pelo diretor. Ele irá orientá-lo sobre o que fazer e me enviará relatórios semanais sobre seu andamento. Procure não fazer nenhuma besteira dessa vez, senhor Malfoy.

E, com um aceno de cabeça, Draco deixou sua presença.

o0o

Mal a poção tocou seus lábios, Draco se sentiu como se não estivesse mais naquele quarto. A dor e o incômodo sumiram por mágica e ele somente permaneceu deitado enquanto o doutor afastava suas vestes, tendo acesso ao seu ventre.

O rosto sério de Clement enquanto ele avaliava e limpava a superfície da barriga de Draco deveria preocupá-lo em algum momento, mas ele estava anestesiado demais então. O primeiro corte veio perpendicular às cicatrizes que cruzavam todo seu corpo e ele já não sentia. O sangue se espalhou pelos lençóis e Draco se permitiu fechar os olhos enquanto o incômodo voltava, bem menor.

Estava cansado demais. Tudo aquilo, finalmente, acabava.

Ou começava ali.

Lágrimas silenciosas corriam pelo seu rosto enquanto o medibruxo trabalhava, rasgando seu corpo para ter acesso à criança que guardara com sua vida desde o fim da guerra.

Um choro forte tomou conta do quarto e Draco voltou a abrir os olhos, vendo as mãos ensangüentadas do medibruxo envolverem o corpo pequeno, avermelhado, em um lençol e colocá-lo sobre a cama ao seu lado. O bebê se movia, agitado, chorando, e Draco não conseguiu não sorrir, suas mãos dormentes tocando-o devagar, as lágrimas nublando sua visão.

Clement se aproximou, derramando mais poções em sua boca, e Draco não conseguia recusar, nem tampouco compreender exatamente o que ele lhe dizia. Seus olhos pesados se fecharam de vez e a consciência o abraçou.

Sua mão ainda tocava seu filho.

o0o

Draco acordou se sentindo estranho. Seu corpo doía, sua cabeça doía e ele estava confuso.

Abriu os olhos, verificando que estava em seu quarto, na mansão Malfoy. A luz do fim da tarde entrava pela janela aberta, uma brisa suave balançando as cortinas claras. Seu corpo estava vestido em um de seus pijamas e coberto com lençóis limpos. Ele poderia se sentir muito confortável, se ainda fosse capaz de se sentir seguro naquele lugar depois de tudo que viveu ali, como se pudesse ignorar a dor e o incômodo em seu corpo. Como se pudesse não sentir a ausência.

- Binki! – chamou o elfo, ouvindo sua própria voz mais rouca que o normal, tentando se sentar na cama.

- Senhor? – o elfo surgiu, fazendo uma reverência.

- O que aconteceu?

- Seu filho nasceu, senhor. O doutor Clement teve ele. – o elfo explicou de forma confusa.

- Sim, isso eu me lembro. Onde está meu filho?

- O doutor mandou ele embora, senhor.

- Como assim? – Draco perguntou, confuso, começando a se levantar, a dor em seu abdômen forçando-o a se curvar.

- Ele colocou em uma cesta, senhor, e a coruja levou. – o elfo explicou, observando o mestre – O senhor precisa de alguma coisa?

- Uma poção para dor. – Draco resmungou, caminhando até a janela, buscando apoio, tentado respirar e avaliar a situação.

Seu filho não estava mais ali.

-:=:-

¹ Expressão latina que pode ser traduzida como "O recipiente do sangue puro".

NA: A fic nova que eu prometi, meus amores.

Antes de mais nada, um aviso àqueles que não gostam – e aos que gostam também – de mpreg. Este será um caso isolado na fic. Embora os motivos da gravidez do Draco e suas conseqüências sejam tratadas durante todo o enredo, ninguém mais vai engravidar por aqui. Então, se você conseguiu chegar ao fim deste primeiro capítulo sem grandes traumas, eu sugiro que continue lendo ^ ^

Aliás, eu sugiro que todos continuem lendo XD

Espero que tenham gostado da idéia inicial e espero mais ainda por comentários que me digam o que esperam da fic.

Ah, um outro aviso, porque uma pessoa comentou sobre isso em Moitié e vai se repetir nessa fic: apesar dela ser mais longa, ter mais capítulos, não tem mais de 50 páginas no Word. Os capítulos são curtos. Por algum motivo que ainda não diagnostiquei, minha escrita tem saído assim nos últimos tempos, mais rapidinha. Espero que isso não incomode tanto assim .-.

Bem, acho que é isso. Fic dedicada à twin que atura meus surtos produtivos e que ama mpreg. Beijos, meu anjo!

E até sexta que vem, pessoas!