Haruno Sabi era uma mulher muito bela. Aos dezessete anos trabalhava em um bordel e conquistava vários clientes com sua beleza exótica constituída por seus cabelos cor de rosa e seus olhos azuis celestes.
Um de seus admiradores era o jovem Hatake Kakashi, diferente dos outros não a procurava para se divertir e sim para conversar e conhecer melhor aquela que julgava ser a mulher mais linda que já vira em toda a sua vida. Por sua vez, Sabi passava o tempo com ele apenas porque ele pagava por isso. Na verdade, o único "cliente" do qual ela fazia questão de receber e inclusive se apaixonara era um rico comerciante, porém havia um problema: ele era casado.
Tsunade, a dona do bordel que mesmo transmitindo uma imagem firme, tratava todas as meninas como verdadeiras filhas, alertava Sabi sobre o risco de se apaixonar por um freguês, mas a garota não dava ouvidos, ficando cada dia mais apaixonada.
Amava-o tanto que passara a não atender nenhum outro que não fosse ele, até o Hatake não tinha mais a oportunidade de vê-la. Quando descobriu que estava grávida, contou-lhe alegremente. Este por sua vez, ficou surpreso e prometera que deixaria a esposa e ficaria com ela e o bebê. Porém isso nunca aconteceu, muito pelo contrário, o homem jamais dera as caras por lá novamente.
Depressiva e arrasada, Sabi mesmo contra as ordens de Tsunade saiu do bordel vagando sem rumo pela capital. E assim foram os meses restantes da gestação, como Sabi sobrevivera durante esse tempo ninguém saberia responder.
Voltara ao bordel já com sua filha nos braços: Haruno Sakura. Porém Sabi havia se tornado outra pessoa, voltara a trabalhar no bordel o mais rápido possível e decidida de que, nunca mais se apaixonaria por nenhum daqueles homens. No entanto, não era uma boa mãe, se é que podia se considerar uma. Não dava atenção á pequena que fora criada praticamente por Tsunade, que desconhecia cada vez mais a mulher que há pouco tempo atrás era alegre e espontânea.
Oito anos depois Sakura crescia cada vez mais bela e esperta, aprendera a tocar piano e mesmo estando feliz, passou a notar que a mãe nunca lhe dava carinho e se perguntava se ela não era digna disso. Tsunade ficava cada vez mais preocupada, Sakura era uma criança e não devia viver naquele ambiente e Sabi tinha de aprender a arcar com suas responsabilidades. Depois de uma discussão com a jovem de cabelo rosa, esta saiu do bordel novamente levando consigo sua filha.
Porém os guardas do mais recente Rei Uchiha Madara, pensando que se tratava de uma ladra passaram a perseguir a mulher. Sabi ordenou que Sakura se escondesse e mesmo sem entender obedeceu à mãe. Os homens agrediram covardemente a mulher e a deixaram lá agonizando.
A pequena Sakura então, preocupada com a mãe saíra do esconderijo procurando por ela e a encontrou jogada no chão, envolta por uma poça de sangue. Era início de inverno e as pequenas partículas de neve começavam a cair lentamente sobre a mulher manchada de vermelho, os olhos azuis paralisados, bem abertos, sem brilho para todo o sempre...
Um homem que passava por ali viu primeiro a menina e sentiu que a reconhecia, em seguida viu o corpo estendido no chão e lembrou-se a quem a garotinha se assemelhava: Haruno Sabi, a mulher mais linda que já vira em toda a sua vida e pela qual era profundamente apaixonado.
Sim, aquele era Hatake Kakashi que diante da tortura de ver a mulher que amava ali morta diante de si, sentiu que algo se quebrava. A pequena garota observava paralisada e de repente as lágrimas começaram a rolar por sua face. Kakashi então a tirou daquele lugar, levando-a para sua casa na simples aldeia um tanto distante dali.
Sakura crescera ao lado do homem de cabelos prateados que sempre utilizava uma máscara, sua maior curiosidade era ver o rosto por baixo dela.
Podia parecer estranho que um homem solteiro vivesse só com uma garota, mas o Hatake não ligava para o que as pessoas pensavam e tinha Sakura como sua filha, a filha que ele não teve a oportunidade de ter com Sabi.
Na adolescência, Sakura entendeu o trabalho de Kakashi: ele matava em troca de dinheiro. Seria algo mais absurdo se eles não vivessem na situação em que viviam: o Rei e os donos de terras cobravam altos impostos e parte das mercadorias que os camponeses produziam em suas terras, fazendo com que vivessem na miséria.
Kakashi então matava, o motivo ou quem quer que fosse não importava desde que recebesse sua recompensa depois de efetuar sua "tarefa". Nunca influenciou a garota a seguir esse caminho, mas ensinara á ela quase tudo o que sabia, dizia que ela devia ser capaz de proteger á si mesma e a quem ela considerava importante também.
Porém aos quinze anos, a aldeia foi atacada pelos homens do Rei. Kakashi estava cercado e num momento, por impulso Sakura atacou fatalmente um dos homens.
A sensação de ter matado alguém lhe proporcionara um sentimento estranho. Se por um lado sabia que aquilo não era o certo, por outro foi como se toda a angústia dos seus primeiros anos de vida se dissipasse.
Posteriormente, Sakura foi para a cidade onde reencontrara Tsunade. Esta ficara muito feliz em vê-la e triste ao saber do fim de Sabi. A rosada então foi morar novamente, depois de tantos anos no bordel da loira.
Aos dezoito anos Sakura conservava uma beleza encantadora, seus cabelos róseos caiam até metade de suas costas e os olhos verdes-água pareciam desvendar os sentimentos mais ocultos das pessoas.
Por mais que vivesse num lugar como aquele nunca havia ido para a cama com ninguém, Tsunade não permitia, com medo de que a filha cometesse o mesmo erro de sua mãe. Por sua vez, Sakura jamais quisera isso, nunca havia se apaixonado, mesmo que cavaleiros elegantes lhe cortejassem todas as noites, mas ela nunca se sentiu atraída por nenhum deles. Então ela entretinha os frequentadores de uma outra maneira, ao fundo sempre podia-se ouvir as suaves e envolventes melodias que ela tocava no piano.
O que a loira não sabia era que Sakura adquirira um trabalho extra, poucas pessoas sabiam e tinham a coragem de procurar seus serviços. Assim como Kakashi, era uma mercenária, uma assassina de aluguel, inclusive o Hatake descobrira isso e ficara muito triste em saber que ela teria uma vida como á dele.
Ela sempre aparecia encapuzada diante de seus contratantes de forma que ninguém sabia quem ela era de fato, a única coisa que conheciam á seu respeito é que era boa no que fazia.
Afinal, quem desconfiaria de uma bela jovem tão delicada, meiga e inocente? Era a combinação perfeita para que vivesse no anonimato e efetuasse suas tarefas sempre ás escuras.
Nesse momento, mais precisamente numa madrugada a bela garota de cabelo rosa andava, ou melhor, arrastava um homem já de meia-idade pelas ruas de mãos dadas, barbudo e pançudo que estava bêbado e sorria de uma maneira idiota.
Sakura que dessa vez não estava encapuzada, havia usado sua beleza para atrair a vitima, o conduziu até um beco escuro e deserto onde ficou diante dele que a olhou de uma forma maliciosa e tentou tocá-la, mas ela o impediu: Então tirou de um pequeno compartimento em seu vestido uma fina e bem desenhada adaga prateada e mostrou-a ao homem. Ele primeiramente olhou para ela depois para a arma em suas mãos, ficou confuso e antes que pudesse protestar ela foi fincada em seu peito, no ponto mais vital de todos os seres vivos.
Ele caiu para trás, os olhos perdendo o foco e tendo como sua última visão a bela garota e a raridade de seus gélidos olhos verdes.
Quando adentrou o casarão em que se localizava o bordel que já havia fechado, a loira de olhos cor de mel lhe esperava sentada no primeiro degrau da escada.
_Sakura onde você estava até uma hora dessas? Por kami eu fiquei preocupada! –disse aflita como uma mãe que não sabe o paradeiro de seus filhos.
_Eu estava espairecendo as ideias, não se preocupe comigo eu sei me defender. –disse tranquila tentando acalmar a mulher.
_Espairecendo as ideias?! Sakura isso não são horas de você fazer isso e além do mais sei que você foi treinada por aquele tal de Kakashi, porém se um bando de malfeitores lhe atacam, não conseguirá se defender! –argumentava ficando ainda mais nervosa.
_Tsunade acalme-se, estou aqui não estou? Olha, eu preciso disso. Necessito do silêncio da madrugada e da solidão que são as ruas nesse horário. –falou enquanto se abaixava diante da mulher e segurava suas mãos juntas. _Agora acho que nós duas precisamos ir para cama não é mesmo?
A mulher acenou e juntas subiram a seus quartos. Já sozinha novamente, Sakura foi á suíte onde retirou a adaga que estava envolta num lenço. Primeiramente limpou a arma com água e alguns outros produtos de limpeza, depois queimou o lenço sujo de sangue e atirou suas cinzas pela janela...
