Prólogo.
Eu dei uma olhada boa no meu quarto, no meu violino quebrado, na minha cama bagunçada e em alguns livros de Mary Shelley e Edgar Poe enfileirados na minha estante.
Eu não queria ir, por que mesmo que ficar aqui significasse que eu teria que usurpar o lugar de uma personagem fictícia totalmente diferente de mim, e que eu também estava roubando o namorado dela e — o lugar onde ela viveria uma grande aventura com seu amante vampiro e seu melhor amigo lobisomem — eu queria ficar aqui e continuar de onde eu havia parado, eu tinha que viver com a culpa de ter dado, inconscientemente, um sumiço eterno numa garota esquisita que deveria estar vivendo essa história sobrenatural e patética ao invés de mim.
Estava quase me sentindo arrependida das minhas escolhas errôneas quando percebi as cortinas de linho da minha janela balançarem.
Quando eu percebi a presença daquele ser que podia ser facilmente comparado a Adônis e conseguia ficar totalmente na moda mesmo com os cabelos bagunçados eu só pensei numa coisa antes de sorrir discretamente para mim mesmo:
Foda-se, vadia, eu mereço isso.
