Partindo

Narrada por Lily

Eu acordara naquela manhã, apavorada. Acabara de ter um sonho, um sonho em que Voldemort, o mais temido bruxo do momento, invadia minha casa, matando a mim e Tiago. É só um sonho, Lily, eu repetia para mim mesma, por mais que alguma coisa dentro de mim dizia que aquilo não era apenas um sonho, era um futuro, um futuro próximo.

Tentei ignorar os pensamentos ruins sobre meu sonho e fui até o banheiro, Tiago ainda dormia e Harry, nosso filho, também. Cheguei até lá e me despi, tomando uma ducha fria, tanto para acordar, tanto para a tentativa de receber energias positivas. Sai de lá colocando um vestido simples e verde, de mangas curtas.

Desci até a cozinha e fiz vários acenos com minha varinha, ordenando os objetos se mexerem, preparando o café da manhã. Eu arrumava a mesa quando escuto um choro familiar vindo do segundo andar de minha casa. Sorrio para mim mesma e me dirijo na direção do choro.

Chegando lá, encontro o bebê mais lindo que eu já vira. De cabelos escuros e bagunçados, exatamente como os do pai. Retirei-o do berço, afagando seus cabelos e interrompendo o choro. Uma sensação de perda se tornou presente naquele abraço, uma sensação que eu tentava ignorar.

Coloquei Harry em uma cadeirinha de bebês e coloquei torradas cortadas bem pequenas em formas de leão, serpente, águia e texugo (das casas de Hogwarts) em sua frente.

Mais tarde Tiago se juntou a nós, e tivemos um café da manhã agradável e tranqüilo. Após o café ordenei que Tiago lavasse a louça enquanto eu ia pegar um papel, tinta e uma pena, pois eu desistira de lutar contra aquela sensação.

Na hora do almoço recebemos a visita de Sirius, nosso querido amigo e padrinho de Harry. Ele se juntou a nós na refeição, animando-nos.

Passamos a tarde com Tiago e Sirius vendo jogo de Quadribol na TV bruxa, Harry brincava com hipogrifos de pelúcia e eu contemplava o crepúsculo que nascia no céu, pensando.

Sirius se foi e Harry adormeceu, então eu o levei até o quarto. Enquanto eu o fazia dormir, ouço um estrondo vindo do andar de baixo. Uma voz fria dizia coisas que não conseguia entender. Ouvia a voz de Tiago, desesperada.

Então eu soube, era meu sonho, estava acontecendo. Tiago estava prestes a morrer, e eu também. E Harry... Eu não estaria viva para saber que fim ele levaria.

- Avada Kedavra! – ouço a voz fria gritar.

- NÃO! – gritei.

Imediatamente, me desespero, perco meu chão, minha razão de viver. Tiago morrera. Voldemort o matara. E ele estava vindo agora tentar fazer o mesmo comigo e com Harry.

As lágrimas rolavam desesperadamente por meu rosto. Dentro de mim havia uma dor que eu não conseguia suportar. Tiago morrera, ele se fora, para sempre. O meu amor morrera. E eu custava a acreditar, assim como custei a admitir que o amava.

Se só houvesse mais eu naquela casa, eu teria me entregado a morte. Mas havia Harry, eu tinha de lutar por nossa vida, eu sabia que era isso que Tiago iria querer.

Então uma longa capa escura invade o quarto. Eu abraço Harry com toda a força, o bebê, desesperado, chora, assim como eu. Eu queria lutar contra Voldemort, queria me vingar por ele ter tirado Tiago de mim. Mas como eu lutaria contra ele? Ele era o mais poderoso bruxo das trevas. Não havia chance, eu e Harry morreríamos, assim como Tiago.

- Por favor – falo aos prantos – Não mate Harry, me mate, mas não o mate, por favor.

Coloco Harry no berço, pois eu já sabia o que aconteceria, eu havia sonhado aquilo. Eu morreria.

Uma varinha surge por debaixo daquela capa escura e ela é apontada para mim. Eu me virei para ela, chorando.

Tiago, sinto muito, espero me unir a você agora, eu te amo, amo muito, mesmo, meu coração é pequeno para te amar, palavras são poucas para representar o que sinto por você.

Harry, sinto muito meu filho, eu estou morrendo agora, tentando salvar sua vida. Se você sobreviver, seja feliz e tenha uma vida maravilhosa.

- Avada Kedavra! – gritou a voz fria.

Então uma dor invadiu meu peito, e um clarão verde iluminou o quarto. De repente, tudo foi perdendo a cor, eu fui perdendo os sentidos, até que a escuridão me dominou, e foi como em meu sonho, eu havia morrido.

Uma semana depois, Sirius Black entra na casa dos Potter, rosto marcado pelas lágrimas que ainda rolavam por seu rosto e sua face estampando a dor profunda que ele sentia no peito.

Sirius se aproximou do berço, sabendo que fora ali, que Lily morrera, que morrera por Harry. Ele passava delicadamente as mãos pelo colchão quando acha uma folha. Ele abre o papel e imediatamente reconhece a caligrafia, que pertencia a Lílian Potter.

Seja lá quem for:

Sei que se você está lendo esta carta, eu morri. Quero que saibam que eu não queria deixar a vida tão cedo, que não queria abandonar Harry, se ele sobreviveu, o que eu espero.

Eu não me arrependi da vida que vivi, pois foi uma vida maravilhosa, cheia de alegrias. Me casei com o homem que eu amava e tivemos um lindo filho juntos, Harry Potter. Os divertidos Marotos Sirius Black e Remo Lupin, eu os amo.

Quero que saibam que eu amei muito Tiago Potter, muito mesmo. A maior prova de nosso amor é Harry. Agora eu sei que estou morta, mas eu estou junto dele. Eu sempre soube que a morte não nos separaria. E eu não consigo pensar em alguém melhor que ele para estar após a morte.

Se Harry sobreviveu, cuide bem dele.

Digo Adeus a este mundo, deixando nele amigos queridos, e indo para um outro, indo com meu amor, Tiago.

Estou partindo

Adeus

Lílian Potter

N/A: Oiii gente, tentei fazer uma fic mais triste agora, uma fic TL, da parte que eles morrem. Espero que tenham gostado. Beijinhos, Sunny.