Título: Runaway
Autor: Marcia Litman
Categoria: missing scene, 2ª temporada (2X16 – Letter never sent), 2ª pessoa, Annie centric
Advertências: Alguns spoilers da série
Classificação: PG
Capítulos: 1 (one shot)
Completa: [X] Yes [ ] No
Resumo: " E você está fugindo da dor. Mais uma vez."


Runaway

Você pisa fundo no acelerador, o vento agitando os seus cabelos. É a velocidade, sua velha amiga. Como você aprecia sua companhia... é praticamente tudo o que você precisa nesse momento, como um conselheiro muito bem vindo.

Então você percebe que tudo o que não precisa agora é pensar. Toda a sua mente está tão confusa e você sequer consegue se concentar. Que venha então a velocidade a embaçar ainda mais seus pensamentos, porque é tudo o que você precisa. Os últimos dias foram simplesmente tão confusos, e você quer escapar. É mais ou menos o que você faz agora: foge, pelo menos por algumas horas, de tudo. Talvez seja a solidão a sua melhor companheira.

No entanto você costumava ter um outro companheiro.

Você aperta os dedos no volante, a lembrança invadindo sua mente num segundo. Ele estava ali, ao seu lado, ao alcance dos seus dedos, e você realmente tocou a mão dele, como clamando aquela presença que tanto a acalmava, especialmente nos momentos mais turbulentos de sua vida. Auggie era sempre a constante no incerto, e você sempre teve consciência disso. Você simpatizara com o humor dele logo de cara, e o modo como ele a ajudou naquela impossível primeira semana. E em todos os momentos posteriores.

E você sabe que se negou a pensar nele de outra forma que não fosse um bom amigo. Seu melhor amigo, na verdade. Aquele que a conhecia e a via – por mais irônico que isso pudesse parecer – melhor que qualquer outra pessoa que cruzara seu caminho. Embora seu coração lhe desse o sinal a cada vez que ele demonstrava saber que você estava perto apenas pelo seu perfume ou barulho dos seus sapatos. A cada instante que ele sabia exatamente o que dizer ou fazer para que você se sentisse melhor, ou os esforços que ele não poupava em seu favor.

Mas você também sabia que você era diferente ao redor dele. Não precisou exatamente que Danielle lhe dissesse isso. Sim, você agia de um modo com ele que não se assemelhava a mais nada e com mais ninguém. Isso pelo fato de você se sentir tão bem e à vontade como com nenhuma outra pessoa.

É simplesmente tão fácil estar perto dele. Você não precisa se esforçar ou mostrar nada diferente. Com ele você pode ser só Annie Walker.

Até foi esse motivo que a levou a procurá-lo, logo após o que aconteceu. Se alguém tinha a capacidade de fazê-la se sentir melhor após o impacto que seu primeiro homicídio lhe causou, seria Auggie Anderson. Ele certamente diria o que você precisava ouvir e, em seguida, faria uma piada para aliviar o ambiente. E você sorriria, já sentindo o alívio que a presença dele lhe tirar o peso das costas.

Mas agora, enquanto o vento bate em seu rosto e a velocidade nubla sua mente, você só consegue pensar no que ele disse, sobre dizer coisas que precisam ser ditas a alguém.

Você conhece bem Auggie, e sabe o que isso significa. E isso dói, em algum canto no seu coração, e você não sabe o que fazer para que isso passe.

A verdade é que você sabe o porquê desse sentimento tão devastador ter tomado conta de você. Mas você lamenta que só tenha percebido agora, quando ele pareceu tão decidido sobre outra pessoa. Talvez, se você tivesse ouvido aos próprios sinais, perceberia que nenhuma outra pessoa fez você sentir o que você sente com ele. Nem mesmo o conto de fadas construído em sua cabeça em torno de Ben e as três semanas no Sri Lanka chegava perto do relacionamento que você desenvolveu com Auggie.

Mas você deixou que as coisas acontecessem, e agora ele está indo para Eritréia. E você está fugindo da dor. Mais uma vez.