Sustain (ou Concerto para Famintos em D Menor)

Uma tradução de Ligya F.N. do original de MaybeAmanda

Betado por Daiane Rossi

Tradução devidamente autorizada pela autora

Sinopse: É possível o desejo de outra pessoa mudar seu destino?

Estamos sempre nos esforçando por coisas proibidas,

E, cobiçando aquilo que nos é negado.

- Ovídio

CAPÍTULO 1

Dra. Hooper odiava o Dr. Watson. Ou, colocando de outra forma, Molly odiava John. Ela o odiava por convidá-la para o seu casamento e por ser uma pessoa tão genuinamente boa que ela não poderia recusar sem se sentir rude. Ela o odiava por se apaixonar por uma mulher realmente muito agradável e se casar. Odiava-o por seguir em frente e encontrar alegria e celebrar amor e vida, quando a própria Molly estava presa em um barranco. Pior do que um barranco: um poço, um buraco.

Ela sabia que era errado se ressentir com a felicidade de outras pessoas, que tais sentimentos eram um claro sinal de que ela estava a um passo de se tornar uma senhora amarga, algo que ela nunca quis ser, uma espécie de freira médica. Tendo passado o seu tempo inteiro antes da universidade em uma escola católica, Molly tinha uma saudável aversão a qualquer coisa que se parecesse com freiras. No entanto, aqui estava ela, sozinha, completamente abandonada no mundo, pesando cérebros após cérebros, cortando incisões em Y após incisões em Y. Nada do que ela faz importava. Afinal, seus pacientes estavam todos mortos, sendo assim não havia muito perigo em salvar a vida de alguém.

Ou até mesmo ser notada. Verdade, ela era uma autora com obras publicadas. Ocasionalmente. Muito ocasionalmente. E, quase sem exceção, suas publicações provocavam bocejos. Aparentemente, causas de morte parasitológicas em idosos simplesmente não eram sexies o suficiente para atrair a atenção de alguém.

Nada funcionou para ela. Não era uma idiota e sabia disso, mas isso pouco importava, porque não conseguia juntar duas palavras sem soar como uma imbecil, levando as pessoas a tratá-la como uma criança lenta. Ela era comum também e não tinha encantos femininos, nenhum ardil de qualquer tipo.

Ela era tão ridiculamente simples a maior parte do tempo que nem mesmo poderia entender ironias com sucesso. Não adiantava tentar ser legal e sarcástica se todos pensavam que você estava falando sério. Ela descobriu isto quando seus colegas de trabalho começaram a rir dela com aparente deleite sobre o mais recente episódio de Glee.

Merda.

Ela tomou outro gole de seu terceiro Screaming Orgasm e suspirou. O 'Negócio com Jim' tinha sido terrível. Ele havia sido tão doce e, francamente, o sexo foi tão incrivelmente bom, e então tudo tinha dado muito, muito errado. O que ela fez para merecer isso? Ela sempre foi infeliz no amor, mas, honestamente, o 'Negócio com Jim' resolveu a questão. Sem mais namorados para ela, obrigada. Ela não podia aceitar outro fiasco.

Então, seu gato morreu.

E, quando ela pensou que não poderia ficar pior, seu pai morreu.

Além disso, na semana antes do casamento de John, com a venda do restaurante do seu pai, ela se sentia como um balão que perdeu sua corda e estava indo direto para os fios de energia elétrica. Podia ver pessoas como John Watson e Sarah Sawyer lá na Terra se apaixonarem, se casarem, viverem suas vidas, mas ela sentiu como uma idiota sem laços a caminho de um desastre. Eles, provavelmente, teriam um bebê em breve também.

Mais do que qualquer outra coisa, isso encheu Molly com uma fúria culposa. Ela não conseguia se lembrar de uma época em que não queria um bebê. Quando era mais jovem, parecia que tinha todo o tempo do mundo para se apaixonar, se casar e tiver filhos. Agora, tinha a impressão que o tempo havia passado enquanto ela estava namorando todo o repolho medíocre e reaquecido que Londres tinha a oferecer.

Tudo o que ela realmente queria da vida era um pequeno – bem pequeno - bebê. Era pedir muito? Mas, parando para pensar, isso não era impossível, era? Ela considerou os prós e os contras, mencionando uma vez ou outra, apenas para receber deles olhares de pena ou horror.

Ela, provavelmente, não teria condições de criar um filho em Londres, mas tinha economizado o suficiente ao longo dos anos e, com a venda do restaurante, poderia comprar um lugarzinho pequeno em algum lugar do país. Por que não? Realmente, por que não?

Então, lá na recepção do casamento de John Watson, usando um pequeno vestido preto que ela mantinha no fundo do seu armário para ocasiões especiais, Dra. Molly Hooper tirou uma caneta e escreveu um plano num guardanapo de coquetel.

Se parecia com isso:

I.A.?

Novo emprego?

Casa? Jardim?

Então ela rabiscou desenhos de gatos na parte inferior.

Teve que admitir, ela havia bebido um pouco demais.

**SM**

Sherlock percorreu com os olhos a recepção do casamento, farto de bancar o melhor amigo responsável. Ele tinha feito todos os alegres e graciosos brindes e gentilezas que sua paciência permitiria. O que ele precisava era de algo para lhe ocupar até que pudesse escapar. Quarenta e sete minutos, mais ou menos, pela sua contagem.

Ele lançou olhares sobre o espaço pela trecentésima octogésima nona vez, entediado em deduzir os monótonos, com suas vidas monótonas de monotonia e convidados maçantes. Em uma multidão deste tamanho, estatisticamente, deveria haver pelo menos um mistério escondido em algum lugar que valesse a pena, mas nada havia aparecido. John e Sarah tinham a coleção mais chata de amigos e familiares de que qualquer pessoa em Londres.

Ele olhou em volta novamente. Ninguém pegou fogo nos últimos segundos. Isso é uma pena.

"Boa noite, Sherlock." Ah, Lestrade. "Belo discurso, amigo. Molly me deve uma dança. Você a viu?"

Sherlock franziu a testa.

Lestrade balançou a cabeça como se tivesse acabado de perceber a pergunta estúpida que tinha feito. "Sim, sim, eu sou um idiota. Saúde!" Ele disse e se afastou novamente.

Sherlock mentalmente suspirou. Lestrade, ele tinha deduzido até seus hábitos de higiene e Molly Hooper poderia muito bem ter sido feita de filme-plástico de tão transparente que era. O único mistério a envolvendo, não era ela mesmo: era Moriarty.

Havia uma pergunta que estava lhe perturbando como uma ameaça na sua garganta nos últimos seis meses. Por que Moriarty fez o que fez com Molly Hooper?

Ele entendia, sem reservas, que tudo o que Moriarty fez, fez por uma razão. Então, por que ele tinha seduzido Molly? Moriarty admitiu que não gostava de sujar as mãos, sendo assim, qual teria sido o seu objetivo? Se insinuar a Molly não era necessário a fim de obter acesso a Barts, ou ao próprio Sherlock, no final das contas. No entanto, houve uma razão, alguma razão tão convincente que Moriarty assumiu a tarefa a si mesmo. Então, por quê?

O ardil de Moriarty não tinha servido a qualquer outra função a não ser magoar Molly. O que tinha de valioso nisso? Ele sabia que Moriarty gostava de ferir as pessoas, mas Barts estava cheio delas, ele poderia ter devastado qualquer um. Por que fingir um relacionamento inteiro simplesmente para ferir uma mulherzinha tímida?

Sherlock conhecia Molly Hooper desde que ela tinha sido contratada em Barts, pouco depois de completar a residência médica. A filha única de um proprietário viúvo de um restaurante, Molly foi particularmente suscetível aos homens. Sherlock tinha percebido desde cedo que ela gostava da companhia deles mais do que a maioria das mulheres, por isso não foi o desafio que havia atraído Moriarty para ela. Ela não era bonita, ou particularmente inteligente ou especialmente sociável. Era, de fato, tão simples e honesta como um pedaço de pão – a mais comum das mulheres.

Ela não só não fazia mal a ninguém, como ela tinha poucos laços significativos com alguém fora dos muros do hospital. Agora que seu pai havia morrido, não tinha ninguém, realmente.

Exceto, talvez, ele mesmo, mas isso não importava.

Ou importava?

Moriarty tinha a machucado apenas para insultar Sherlock? Ele tinha de alguma forma, concluído, porém erroneamente, que Molly, de alguma maneira, era importante para Sherlock?

Oh. Será que ela importava para ele?

Ele nunca havia pensado no assunto antes.

**SM**

Molly acordou na manhã seguinte com apenas uma ligeira ressaca. Ela saiu da cama e foi até a geladeira em busca de suco de laranja. Preso a porta com um ímã de smiley estava o guardanapo de coquetel cheio de gatinhos da noite anterior.

Ela o pegou e o olhou. Esperava mudar de ideia na luz fria do dia, mas não, mesmo com a dor de cabeça e a boca seca, ainda parecia um plano maravilhoso.

Tudo bem então Molly Hopper, ela pensou, enquanto amassava o papel rosa e o jogava no lixo, é hora de começar com o resto de sua vida.

**SM**

John tinha saído na lua de mel mais absurda na história das luas de mel absurdas: seis meses - metade de um ano - de voluntariado médico com sua nova noiva em lugar africano repleta de disenteria e Ebola, deixando Sherlock a definhar de tédio e sem chá.

Sherlock colocou a última de suas culturas na incubadora e as trancou. Ele tinha que ocupar os seus próximos 45 minutos. Poderia responder alguns e-mails, supôs, mas no momento não conseguia reunir nenhum entusiasmo pra isso.

Poderia beber um café. Molly havia ido, provavelmente, ao necrotério. Se ele descesse e sorrisse corretamente, ela provavelmente lhe faria uma xícara. Se sorrisse corretamente e disse algo elogioso, provavelmente ganharia biscoitos. Não havia muitos biscoitos desde que John se mudou.

Molly estava, de fato, no necrotério, mas, estranhamente, não havia café.

"Boa tarde", disse ele por meio de saudação. "Alguma chance de um café?"

Molly não levantou os olhos de sua papelada. "Não está fresco, eu acho", ela respondeu.

Sherlock inspirou. Não, isso não estava certo. Não havia um frescor de café no ar abafado. "Oh, entendo", disse ele. Mas não entendeu, não de verdade.

Então parou para observar.

Sob seu jaleco, ela estava usando calça bege e um top verde pálido da seção de meninas de alguma loja, provavelmente H & M; um mínimo de maquiagem; nenhuma joia do que era habitual; e se comportando como se ela simplesmente não se importasse. Não apenas fingindo ignorar ele, realmente não lhe dando nenhuma atenção. Nenhuma mesmo.

Molly estava... Molly estava o ignorando. Isso era novo!

Ele sorriu vitoriosamente, esperando que ela notasse. Mas ela não o fez.

Tudo bem, pensou ele. Tudo bem.

"Então, Molly", disse ele, "como foi seu fim de semana?"

"Por que você pergunta?" ela disse distraidamente. "Você nunca se importou com o que eu faço nos meus dias de folga."

Sherlock não tinha ideia de como discordar disso. "É verdade."

Ele a assistiu trabalhar em silêncio por mais alguns momentos, tentando compreender o que estava acontecendo. Ele não tinha, para seu conhecimento, a insultado, a humilhado, ou a menosprezado recentemente, deliberadamente ou acidentalmente. Portanto, isto não era sobre ele. Isto era sobre ela.

"Há algo que você queira?" Molly perguntou, levantando os olhos dos seus formulários. Ela não parecia irritada, parecia não se importar.

"Café?", ele se aventurou.

"Há um Costa no fim da rua." Ela colocou sua assinatura em outro formulário e o colocou no que era claramente a pilha de 'concluído' para, em seguida, estender a mão para o outro. "Eu acredito que eles tenham café."

Sherlock sentiu como se o mundo – esse sem graça, previsível, e chato pedaço do mundo - de repente tivesse girado fora de seu eixo. Molly se desfez dele. Molly. Se desfez. Dele.

E ele não gostou. Nem um pouco.

Não havia outra escolha. Ele teria que arriscar. Interessado, mas não excessivamente, amigável, mas não muito amigável. Alguém preocupado com sua colega de trabalho, sem se intrometer demais na revelação. "Molly", disse ele com cuidado, "você está bem?"

Molly largou a caneta. Ela levantou a cabeça, inclinou ligeiramente para a esquerda e olhou para ele, como se, pela primeira vez em sua vida, ela o visse - não sua fachada, ou o que ele queria que ela pensasse que ele era, mas, perturbadoramente, o viu.

E, então, ela riu. E riu. "Eu estou bem, Sherlock", respondeu ela enquanto pegava a caneta de novo, voltando para a sua papelada. "Estou bem."

Intrigado, Sherlock decidiu apelar para um recuo tático.

**SM**

"Certo, querido", disse a Sra. Hudson duas manhãs mais tarde, quando estava no degrau em frente ao 221B, "Eu acho que é tudo."

"Tenho certeza que sim", disse Sherlock. Ela poderia dizer que ele estava tentando não parecer aborrecido, mas ela teve que se repetir. Sherlock era um gênio, mas ele tendia a se distrair no meio da frase quando se tratava de coisas não relacionadas a crimes. E ele estava tão distraído ultimamente. Nos últimos dias, cada vez que ela falava com ele, ela tinha a impressão de que ele estava ouvindo uma conversa em outra sala.

"Os homens vão estar aqui para começar a reforma na manhã de segunda -" ela começou.

"E o seu sobrinho Steven estará aqui para supervisionar," Sherlock terminou por ela, que deveria ser fácil depois dele ter ouvido 12 vezes.

"Espero que isso não lhe incomode, Sherlock, mas -"

"Sra. Hudson", disse ele, "é claro que não. E é hora de 221C ter alguém. Tenho certeza uma vez que a coleção excepcional de mofos e bactérias for exterminada, você não terá nenhuma dificuldade em encontrar um inquilino adequado.".

O táxi que ele chamou parou ao lado deles. Sherlock entregou o taxista às malas - ela havia embalado coisas demais, como de costume, mas era tarde demais agora - e abriu a porta para ela. "Você tem que pegar um avião, Sra. Hudson."

Antes que ela subisse, Sra. Hudson virou e o puxou para um abraço. Ele a abraçou de volta, é claro, porque isso era esperado e porque ele gostava quando ela o abraçava, mas ela sabia que ele preferia morrer a admitir isso. Ele beijou sua bochecha ruidosamente pelas mesmas razões. "Eu vou sentir sua falta, querido", disse ela.

"E eu de você", ele a assegurou.

"Tente não entrar em qualquer problema." Mas ela sabia que era inútil. Ele, provavelmente, entraria em mais problemas do que mesmo que não houvesse nada com risco de morte envolvido.

Ele abriu um sorriso de tubarão para ela. "Eu? Problema?"

"Oh Sherlock!" disse ela, o acertando com a mão levemente. "Eu só me preocupo, querido." E ela se preocupava, especialmente quando ele estava tão distraído como agora. Algo grande estava em sua mente, mas quem saberia o quê? Ela só esperava que a casa estivesse de pé quando ela voltasse.

"Não há necessidade. Tudo vai ficar bem", respondeu ele. Ele fechou a porta e ela, imediatamente, abriu a janela. "Aproveite a Nova Zelândia." Ele bateu no topo do carro, sinalizando ao motorista para sair. Ela o observou pela janela traseira enquanto ele acenava, mas ele não chegou a esperar até que o táxi tivesse na esquina para desparafusar o seu sorriso.

**SM**

A tranca da casa de Molly era tão fácil de abrir que ela poderia muito bem ter sido feita de manteiga.

A quitinete era um pesadelo patrocinado pela Ikea, e, assim como seu guarda-roupa do dia-a-dia, isso refletia a falta geral de Molly de consideração estética. Os móveis eram quadrados; os acessórios, desnecessários; e tudo tinham sido escolhidos, principalmente, porque era inofensivo e barato.

Talvez - talvez, por consideração, "modesta" era uma palavra melhor. Este era provavelmente a acomodação menos cara disponível na área passável de Kensington. Sherlock entendia que Londres era dificilmente barata, mas uma patologista de Barts não era mal paga, e pessoas conseguiam melhores apartamentos e salários semelhantes. Sarah Watson, antes Sawyer, por exemplo.

Intrigado, Sherlock tirou o telefone e começou uma busca. Não demorou muito para descobrir que Molly tinha um pé-de-meia bastante impressionante. A idade da conta indicava que ela era econômica por hábito, provavelmente como um resultado direto de crescer com um pai que tentava ter sucesso em um negócio difícil. Sua manutenção dos registros sempre foi imaculada, algo que ela provavelmente tinha iniciado com as contas de seu pai, assumindo a contabilidade em sua adolescência, se não antes. Registros indicam que nos últimos meses ela havia se tornado, ainda mais, um bicho econômico.

Ah, falando em bichos, suas suspeitas sobre o recém-falecido Toby foram confirmadas pelas fotos no refrigerador. O animal havia sofrido algum tipo de trauma na cabeça antes de ficar aos cuidados de Molly, lhe dando uma pupila permanentemente dilatada. Sherlock estava disposto a apostar que o gato possuía alguma dificuldade neuro-motor que o acompanhava também, então ele, provavelmente, andava como um bêbado, daí o nome. O senso de humor de Molly parecia ter um tom mais sombrio do que parecia à primeira vista. Mas, obviamente, ela era bem mais bem tocante. Interessante. Como ele não colocou estas duas coisas juntas antes?

O interior da geladeira era a única parte do pequeno apartamento que cheirava a produtos de limpeza, o que sugere uma limpeza completa recentemente. Ainda mais curioso, era que continha poucas evidências de fast-food ou refeições congeladas. Havia diversas variedades de produtos frescos e ainda estavam intactos, no entanto. Estranho para uma mulher que, de acordo com as observações de Sherlock, vivia da comida questionável do refeitório e de uma variedade de biscoitos de chocolate.

Havia uma cafeteira, mas não havia café em evidência, embora soubesse do fato de que ela normalmente consumia cafeína quase tanto ele. E, na prateleira mais baixa do armário, havia uma caixa, recentemente comprada, de chá descafeinado. Exceto uma garrafa de gin que estava meio vazia e ostentando pelo menos três meses de poeira, ele não encontrou nenhuma outra bebida alcoólica, embora também soubesse que a cerveja favorita dela era Speckled Hen e ela raramente bebia outra coisa.

A área de dormir havia sido separada do resto do flat por uma tela oriental falsa, completamente ineficaz. A história aqui era a mesma - o sofá-cama era barato e alegre, roupa de cama barata e de qualidade medíocre. Algumas coisas faltavam à mesa de cabeceira – um porta-retratos, ele supôs, e uma pequena caixa de algum tipo. O armário era simples, roupa mais comum ainda, a maioria do departamento juvenil, descuidadamente amontoadas muito juntas, mas depois separadas por espaços. Parecia que cerca de metade do conteúdo havia sido removida. Ela se livrou de uma boa parte de seu guarda-roupa, e, muito recentemente, mas sempre econômica e otimista, Molly manteve os cabides.

Moriarty, é claro. As lacunas, os vazios - estes eram os buracos deixados quando ela removeu as coisas que a lembravam dele. Sherlock se perguntou se era por isso que ela estava guardando mais dinheiro agora. Era exatamente o tipo de coisa de Moriarty; pedir dinheiro emprestado de que ele não precisaria, porque tirar dinheiro de uma garota como Molly era muito mais difícil do que dormir com ela. Se esse tivesse sido o caso, sem dúvida, teria o dado uma grande satisfação.

Molly, por qualquer motivo, gostava de Sherlock. Isso não era bem uma ocorrência comum. Na verdade, Molly era uma das duas pessoas na vida adulta de Sherlock que gostavam dele. Não porque ele resolvia o problema deles; não porque eles foram, de alguma forma, obrigados a isso; não porque os beneficiou de alguma maneira ou de outra; mas porque, bem, porque eles realmente gostavam dele. E Moriarty havia estragado isso.

Sherlock não estava totalmente certo de que não tinha conseguido isso.

Ainda assim, tinha que haver uma razão para isso. E, seja o que tivesse acontecido, provavelmente, havia acontecido aqui. Moriarty tinha a machucado. Sherlock estava tão intrigado e interessado quanto estava por qualquer crime "real". E, no entanto, estava intrigado com uma sensação de vazio no seu estômago, o que sugeriu que ele poderia em breve estar doente.

Ele escolheu culpar a hedionda escolha de Molly das cortinas. Pássaros, Molly? Sério?

E o que era isso? Um calendário de bombeiros na parte de trás da porta do banheiro? Molly, Molly, Molly. Sherlock sabia perfeitamente bem que ela iria corar e gaguejar se soubesse que ele tinha visto o bem dotado Sr. janeiro. Ela era tão previsível. E assim era a sua menstruação, dando uma olhada nas datas claramente circuladas em tinta vermelha e com 27 dias de intervalo. Ela tinha tentado manter o controle, mas só voltando três meses.

Sherlock cruzou a mesa onde o laptop de Molly descansava. O histórico do navegador mostrou que ela tinha procurado agentes imobiliários à procura de propriedades com preços moderados em áreas muito específicas, com especial atenção para creches e escolas locais. Petersfield. Bexhill. Hove.

Meu Deus. Molly queria ter um filho. Não só isso, mas queria ter um filho e fugir para Timbuktu.

Seu cérebro vacilou, imaginando quem seria o substituto dela em Barts. O rosto de Anderson continuou vindo à sua mente. Ele não se importava com Molly - ela estava livre para fazer qualquer coisa incrivelmente estúpida que ela quisesse. No entanto, não necessariamente ele ia ficar parado enquanto ela ficava grávida e corria para Hove.

Algo tinha que ser feito.

**SM**

O dia em que a clínica a indicou um candidato especial, Sherlock Holmes tinha que aparecer e tentar estragar tudo.

Ele estava no laboratório, olhando pelo microscópio. A troco de nada, disse: "Você tem alguma ideia da má qualidade de doadores de sêmen no Reino Unido?"

Molly piscou. Ela foi gentil com ele, mais agradável, às vezes, do que ela pensou que ele merecia, então por que ele constantemente tinha que fazer esse tipo de coisa?

"Eu... O que? Como você...?" Ela disse, passando de confusa para furiosa no tempo que levou para respirar. "Oh, não importa. Você sempre sabe de tudo, não é?"

"Geralmente, sim", respondeu ele. Ele estava comparando fibras, ela pensou. Fibras pareciam bem interessantes para ele ultimamente.

"Bem, isso... Isso não é da sua conta", disse ela, deixando cair uma pilha de pastas no balcão com mais força do que ela pretendia. "Nenhuma. Então, você pode manter o seu comentário para si mesmo, muito obrigada."

"Se você não se importar em ter o filho de algum universitário com o rosto irregular que, provavelmente, perdeu uma aposta", disse ele ajustando seu microscópio, "Eu suponho que é o que você procura."

"Eu suponho que sim", respondeu ela, acaloradamente.

"Há, no entanto, uma alternativa", disse ele, ainda continuando a se concentrar no que estava a frente dele.

"Uma alternativa? Do que você está falando?"

Sherlock levantou os olhos. "Eu poderia ser pai de seu filho, obviamente."

Isso foi tão inesperado, tão completamente inesperadamente surpreendente que Molly sentou-se no banco com um baque. "Perdão?"

"Que parte do que você achou tão desafiador, Molly?"

"Isso... Isso não é... Não é engraçado, Sherlock.", disse ela. "Não é nem um pouco en..."

"Eu não estou tentando ser engraçado", ele respondeu um pouco irritado. "Eu estou apenas afirmando um fato."

Ela olhou para ele, tentando... o quê? "Você está falando sério, não é?"

"Sou, definitivamente, superior a qualquer masturbador anônimo", disse ele. "Além disso, em uma quantidade conhecida, eu ofereço várias vantagens distintas."

"Quantidade conhecida?" ela disse debilmente. "Mas eu mal sei sobre você do que eu sei sobre os doadores que me deram para escolher no centro de fertilidade. Quer dizer, eu conheço você, mas eu não conheço "conheço" você, não conheço sua família ou seu histórico médico, ou..."

Sherlock, lentamente, levantou os olhos do microscópio. "Os Holmes vieram com William, o Conquistador, em... seja lá qual ano tedioso era, como Normandos franceses. Minha mãe é um pouco francesa, da Bretanha de fato, e uma violoncelista de concerto. Teve câncer de mama em seus trinta e poucos anos, e se recuperou muito bem. Ambos os lados, irritantemente, tem uma vida longa e relativamente saudável. Quanto a mim: Harrow, Cambridge, autor publicado, violinista, nunca me casei, não tenho graves doenças ou lesões, sangue AB positivo.", disse ele. "O que mais você considera relevante?"

Com a mente rodopiando, tentou lembrar o que mais foi listado nas pesquisas de doadores. "Doenças da infância?" ela disse fracamente.

"Como os nomes sugerem, eu sem dúvida as tive na infância."

"Status de DST e HIV?"

Tudo o que ela teve em resposta foi um olhar fulminante. "Próximo"?

"Uso de drogas?"

"Oh Molly", disse ele, todo sorrisos, todas suas covinhas praticamente batendo em seus cílios, "O que você acha?"

Molly inspirou rígida. Isto era loucura. Pura e completa loucura. "Por que... Por que você iria sugerir...?"

Molly nunca tinha visto Sherlock totalmente desconcertado antes. Ele franziu a testa, o nariz, em seguida, apertou os olhos. Ele franziu os lábios, olhou para a esquerda, depois para direita. Ele olhou para a esquerda de novo, então respondeu: "Você me fez qualquer favor nos anos que te conheço. Eu pensei que talvez fosse a hora de ser recíproco?"

Recíproco? Recip-? Pelo amor de Deus, não era nem mesmo uma oferta, soou mais como uma pergunta. Ele não sabia por que ele estava oferecendo também.

"Obrigado." Molly coletou seus arquivos e se levantou. "Mas não, não obrigado."

Com a maior calma que ela conseguiu, ela atravessou o laboratório e garantiu que trouxesse a porta bem fechada atrás dela.

**SM**

Mais tarde, naquela noite, Sherlock sentou-se no seu microscópio. Liquefação, okay; nível de frutose, ok; concentração de espermatozoides, ok; mobilidade, vitalidade, morfologia, ok, ok, ok. Todos excelentes.

Quando Molly percebesse a verdade, ele estaria mais que à altura para a tarefa.

**SM**

No dia seguinte, Molly estava com algum pobre velhinho que morreu sozinho em seu apartamento. Ela estava pesando seu coração, verificando sinais de doença coronária, quando Sherlock entrou.

Ótimo.

Ela suspirou em sua máscara e se perguntou – esperava contra a esperança, na verdade - se havia deixado a ideia de ser pai de seu filho. Parte dela queria acreditar que tinha realmente sido um ato genuíno, se existisse um gesto de bondade da parte dele, mas parecia improvável. Bondade e Sherlock não costumam andar juntos, por experiência própria. Sua verdadeira motivação a iludiu, é verdade, mas muitas coisas na vida fizeram isso. Ela ficaria feliz se fosse um mistério que foi abandonado inteiramente, em vez de ser resolvido.

Hoje estava indo tudo bem para melhor, e ela não ia permitir que Sherlock o arruinasse. Ela estava indo para casa com sua lista e escolheria o seu filho, ou pelo menos a metade da informação genética para o seu filho. Continuou com autópsia do Sr. Plimpton, ignorando Sherlock completamente.

Sherlock limpou a garganta. "Talvez eu não tenha me expressado claramente ontem. Quando me ofereci para ser pai de seu filho, eu acreditava que o apoio financeiro estava implícito", disse ele, falando nas costas de Molly.

Bisturi na mão, ela se virou. "O quê? Não. Não!"

"O suficiente para uma babá, até que ele ou ela atinge a idade escolar", ele disse calmamente, encarando um ponto em algum lugar na testa dela, "e um apartamento com tamanho decente em um respeitável bairro familiar. Em Londres."

Molly sacudiu a cabeça. Isto era loucura. Mesmo sem o dinheiro - e ele estava falando de uma grande quantidade de dinheiro - aquilo era loucura. O ponto de ela ter um bebê só dela era apenas isso, para ter um bebê dela. Seu bebê, seus termos, suas decisões. "Sherlock, não. Não, obrigado, eu vou conseguir fazer isso sozinha", disse ela.

"Entendo". Sherlock, visivelmente, se irritou. "Então, quando seu filho ir até você, e acredite em mim, ele vai, e lhe perguntar quem é o pai dele, você prefere dizer a ele que ele é um...", ele pausou consultando as folhas impressas da clínica, "... cara de 19 anos, estudante ruivo de olhos azuis de Manchester, do que o único detetive consultor do mundo?"

Muito deliberadamente, Molly virou-se para seu trabalho. "Sim".

"Gostaria de acrescentar também que, desde que a chance de me casar e produzir qualquer outra prole é nula, a criança irá entrar em alguma herança."

Molly sacudiu a cabeça. "Mais uma vez Sherlock, obrigado, mas não."

Depois de um breve período de silêncio, Sherlock disse, soando vagamente alarmado: "Por que não?"

Apesar de sua determinação, Molly virou-se para ele de novo.

"Porque Sherlock, eu... Eu superei você, okay? Por mais difícil que possa ser para você entender, estou pronta para seguir em frente. Eu perdi meu pai. Eu... Eu fui ferrada e ferrada por um gênio criminoso psicótico. Até meu gato está morto. A última coisa que eu preciso- realmente a última coisa - é estar presa, mesmo que na menor maneira, a você para os próximos 18 anos. Pra mim chega.", disse ela com raiva. "Eu cansei".

"Mas você não vê, isso é o ideal!" Sherlock disse alegremente, colocando as mãos nos ombros dela. "Você vai ter o bebê que você quer, eu vou poder continuar o meu trabalho sem interferência de mudanças na equipe de Barts, e nós dois vamos estar livres de desagradáveis envolvimentos emocionais."

E ali estava finalmente: a motivação de Sherlock. Ele estava, sem surpresas, apenas preocupado com si mesmo, sobre o livre acesso contínuo ao necrotério e no laboratório, e a capacidade de fazer o que quisesse, sem ter que se preocupar com alguém com coragem de substituí-la. Por isso ele estava, essencialmente, disposto a trocar seu próprio filho.

Ela se sentiu mal.

Ela encolheu os ombros. "Eu tenho trabalho a fazer. Por favor, vá embora."

Sherlock franziu a testa fixamente para ela. "Minha oferta está de pé. Você deve considerar, cuidadosamente, antes de ir à clínica e receber uma pipeta estéril cheia de, no máximo, algum universitário idiota."

Molly olhou para Sherlock. Ele estava tão polido, tão elegante, tão equilibrado, ali de pé, como se estivesse posando para uma revista masculina de moda. Ela desejou ter algo pesado para que ela pudesse acertá-lo. Repetidamente.

Ela teria pensado em uma maneira de calá-lo de uma vez por todas, mas no tempo que ela pensou em algo, ele se foi.

**SM**

Sherlock havia retornado para Baker Street para considerar como proceder a partir deste ponto.

O que, ele se perguntava, havia de errado com Molly Hooper? Não havia, simplesmente, nada de errado com a sua oferta. Havia, de fato, algo bem correto sobre isso. Seu plano dava a cada um deles o que queriam. E, no entanto, ela estava sendo ridícula. Irracional. Irritante!

Ele tinha pensado que tinha considerado essa questão por todos os ângulos. Por mais que o irritava admiti-lo, porém, ele sempre sentiu falta de algo e ele, obviamente, sentiu falta de algo aqui. Mas o quê?

Sherlock pegou seu violino e começou a dedilhar uma das suas peças de contemplação favoritas, A morte de Julieta de Prokofiev. Às vezes, ele raciocinou, o toque pessoal era melhor. Molly era, por natureza, muito sentimental. De acordo com cada definição de que ele entendia, alguns mililitros de material genético em um recipiente estéril não era de qualquer maneira sentimental. Talvez esse tenha sido o problema - a percepção dela de sua oferta como impessoal.

Talvez ela se sentisse mais inclinada a aceitar sua oferta, se ele viesse a tomar uma abordagem mais "manual"? Para engravidá-la pessoalmente?

Ele abaixou o arco do violino. Levou um momento para se ajustar à idéia. Não havia tido relações sexuais - relações sexuais não-orais - desde que esteve na universidade. Sempre havia um nível de encenação envolvido, fingindo isso ou aquilo, a fim de garantir o seu objetivo. Uma vez que descobriu a fórmula - quem se interessar, a rapidez de proceder, que tipo de elogio seria mais eficaz - e foi infalivelmente bem-sucedido, o encanto tinha evaporado. O jogo inteiro havia se tornado repetitivo, enfadonho, maçante.

Mas poderia valer a pena o transtorno se mantivesse a sua vida de ser interrompida. Se isso resultasse em Molly permanecer, era um preço minúsculo a pagar.

**SM**

A última coisa que Molly queria fazer era pensar sobre o maldito Sherlock Holmes e sua maldita oferta estúpida. Assim, naturalmente, ela pensou sobre isso enquanto preenchia formulários, pensou sobre isso enquanto catalogava amostras de tecido, pensou sobre isso enquanto fazia uma xícara de café, depois, irritada com a distração, jogando fora pelo ralo abaixo e bebendo, ao invés do café, o horrível chá descafeinado. Em suma, ela pensou em quase mais nada pelo resto do dia.

A audácia dele. Ela já tinha lhe dado sua resposta, disse-lhe, claramente, "não". Na verdade, duas vezes. Claro, ele tinha colocado as coisas tão bem, ela poderia ficar em Londres, ficar em Barts, conseguir um apartamento maior, e, se pior acontecesse, a criança - seu filho - seria provido, pelo menos, financeiramente. Sherlock não iria interferir, não parecia muito interessado, obviamente não de forma significativa, em seu bebê.

Ela sabia que provavelmente deveria permanecer firme com seu "não" - permaneceria firme com seu "não" - mas ela não conseguia deixar de imaginar um pouco. Em um mundo teórico, quando ela registrou tudo isso, a escolha de Sherlock parecia uma boa opção. Parecia uma opção melhor enquanto fazia todo o caminho para casa no metrô. Parecia uma opção melhor enquanto ela estava assistindo televisão.

A única questão faltando era: por quê? Era uma coisa a oferecer para se livrar, como uma espécie de reciprocidade, dos favores que ela lhe fez ao longo dos anos, mas era completamente outra coisa oferece-la dinheiro, segurança, estabilidade para ir em frente com isso. Por que ele iria fazer uma oferta tão generosa? O que ele realmente iria ganhar com isso?

Ela continuou pensando nesses pensamentos irritantes, todo o caminho pelas escadas e todo o caminho até o trailer de comida indiana, estacionado no caminho do seu apartamento. Ela pensou nisso até quando o atendente a olhou com expectativa.

"Hum, oh, um tikka de frango, por favor", disse ela. Ela quase pulou para fora de sua pele quando uma voz familiar atrás dela acrescentou:

"Dois, por favor."

Ela girou. Sherlock passou por sobre o ombro dela tanto para pagar, como pegar a refeição dela.

"Bem, isso... isso é... é uma surpresa", ela gaguejou.

"É mesmo?" ele perguntou, franzindo a testa. Seus olhos se estreitaram levemente. "Ah. Vejo que você está reconsiderando a minha oferta. Bom."

"Não, eu não..."

Sherlock revirou os olhos, em seguida, saiu da fila para longe do resto dos clientes. "Sim, você está, e com sensatez você começou a ver a inerente sabedoria em aceitá-lo."

"Sabedoria? Não há sabe-" ela começou.

"Molly, por favor," disse Sherlock. O que ela reconheceu como seu: 'Estou muito entediado com seu tom estúpido'. "Nós dois sabemos que eu estou certo."

Molly olhou para Sherlock, de cima a baixo, pernas longas, cabelos pretos encaracolados, cérebro assustadoramente grande. Havia uma razão, uma razão evolucionária e biologicamente válida, para as mulheres acharem alguns homens mais atraentes do que outros. Se nada mais, Sherlock estava certo em ser um material biológico muito bom.

Nesse instante, ela soube. Não havia outra escolha, não agora.

Seus mamilos se endureceram de repente e o cabelo na parte de trás do seu pescoço se arrepiou. A pele dos seus braços estava arrepiada e seus pensamentos estavam começando a girar como um cão particularmente estúpido, correndo atrás do seu particularmente estúpido rabo. Ele realmente era o ideal. Lindo, estúpido, brilhante e ideal.

Aturdida, Molly se atrapalhou na bolsa até encontrar o que estava procurando. "Certo. Este é, hum, este é o endereço da clínica. Podemos marcar um horário, mas..." Ela hesitou.

"Mas o quê agora?" ele estalou.

"Sherlock, honestamente, diga-me: Por que? Por que você quer isso?

Sherlock inclinou a cabeça levemente para a direita. "Em suma, seria vantagem para mim você continuar na sua posição em Barts o maior tempo possível." Com uma ligeira franzida das sobrancelhas, ele acrescentou: "Eu acho que você subestima o valor do acesso que você me concede no necrotério."

"E é isso?" ela exigiu. "Isso é tudo?"

Ele zombou. "O que mais poderia ser?"

Molly pensou sobre isso. Bem. Ela supôs, quando colocado dessa forma, ela podia ver o que ele quis dizer. Ela se sentiu um pouco estúpida, agora, para questionar seus motivos, pensando que poderia haver algum mistério profundo e escuro envolvido. Mas não.

Às vezes, ela se perguntava por que ela gostava de Sherlock tanto quanto ela gosta, especialmente quando ele tem o talento especial para fazê-la se sentir horrível. Outras vezes, porém, ele era legal, ou tão legal quanto ele poderia ser capaz de ser. Ele não era um amigo, não exatamente, mas um pouco mais do que um colega. Um colega, alguém que você pode dividir uma refeição no refeitório sem ser questionado sobre... Bem, sobre qualquer coisa, realmente, uma vez que ele já descobriu e rejeitou tudo.

Alguém que você poderia ajudar no laboratório e nunca se preocupar em ficar entendiado. E, mesmo que ele lhe peça para fazer algo que não pareça fazer o menor sentido, no final, 99 vezes de cem, ele estava certo.

Ela pediu a Deus que este fosse uma destas 99 vezes.

"Aqui está... Aqui está o cartão da clínica de fertilidade", disse ela, colocando-o em cima da caixa de frango.

"Ah. Isso é estritamente necessário?" Sherlock perguntou. "Pode demorar semanas ou mesmo meses antes que você possa avançar nisto. Poderíamos facilmente..."

"Ah. Ah. Uma seringa de peru, não é? Ou um equivalente... hum... médico?" Ela se sentiu corar. "Claro, claro. Não há razão para não podermos. Uh... Acho que eu poderia pegar o equipamento necessário no trabalho", disse ela. Bem, isso era bem prático da parte dele, mesmo que a ideia dela mesma fazer à inseminação a fez estremecer um pouco quando ela considerou a logística.

"Não é exatamente onde eu queria chegar," Sherlock disse. Pela primeira vez naquela noite, olhou diretamente nos olhos dela. "Eu ia sugerir um método mais convencional."

Ela piscou. "O que? Por quê?", perguntou ela, com a cabeça girando. Sexo? Ele estava realmente sugerindo sexo? Com ele? Com ela? Essa era, facilmente, a coisa mais confusa que ele já tinha dito, e ele havia falado algumas coisas muito confusas para ela ao longo dos anos.

Sherlock, por apenas um momento, parecia estar surpreso também. Então, ele tinha uma resposta em seus olhos, um brilho, que poderia ter pertencido a qualquer homem no mundo.

Ela corou.

"Ah. Oh! Você é uma daquelas mulheres que acham que uma relação sexual é desagradável?", ele perguntou, com curiosidade.

Contra a sua vontade, o sexo muito, muito, Deus, muito bom que ela teve com Jim veio à sua mente. Ela corou com a excitação mesmo se sentindo mal em seu estômago. "Não, não, não, não normalmente não, mas, bem, desde... huh... Jim...".

"Ah." Sherlock balançou a cabeça como que para si mesmo, aparentemente, perdido em pensamentos. Então, ele sorriu. "Bem, nós daremos um jeito nisso." Ele entregou-lhe o jantar, e o dele também, beijou-a superficialmente no rosto e começou a se afastar. "Você deve estar ovulando domingo", ele disse por cima do ombro. "Eu te mando uma mensagem com uma localização."

Molly ficou na esquina, com comida na mão, perguntando o que tinha a acertado.

**SM**

Sherlock esperou até que virasse a esquina para expressar seu prazer. Ele sorriu todo o caminho de volta para casa, satisfeito consigo mesmo. Ele havia triunfado.

Não que ele tivesse duvidado de sua capacidade de obter o consentimento de Molly, nenhum pouco. Ela poderia ser ingênua, bastante teimosa quando colocada na parede, mas como ela poderia resistir eficazmente a ele? Ele era Sherlock Holmes e sabia qual dos seus poucos e bem marcados botões apertar. Brincadeira de criança.

Ainda assim, independentemente de sua capacidade intelectual, os pratos em sua pia pareciam relutantes em se ordenar. A única coisa mais relutante em se ordenar, além dos pratos mencionados, era ele mesmo. Não importava, não era como se eles fossem se levantar e exigir serem ouvidos ou lançarem a si mesmos pela janela. Ele deveria ser, como disseram, tão sortudo.

Ele olhou através de uma pilha de correspondência. Contas, contas, contas, propagandas, e, oh olhe, contas. Maçante.

Seu e-mail não fornecia nenhum alívio.

"Caro Sr. Holmes" elas geralmente começavam:

Está meu/minha

marido / esposa / empregador/ empregado / Alsaciano

me traindo com/ dormindo com / roubando / transando com meu

negócio / filho / filha / esposa / marido / melhor amigo

?

A resposta era, na maioria dos casos, "sim", que quem perguntava sabia muito antes da resposta, antes mesmo de colocarem os dedos nas teclas. Ah, o tédio!

Ele rolou a lista para baixo. Spam, vírus, estupidez, estupidez total, mais spam. Mais três. Ferozmente tedioso, sem dúvida. Excluídos sem abrir.

Não havia nada na televisão - já houve? Não estava com humor para ler, apesar das pilhas de jornais e revistas que estavam começando a tomar toda a superfície horizontal no apartamento. Intelecto impressionante, provavelmente, não iria lhe ajudar com esse problema também. Isso é uma pena.

E ele não estava com fome. Ou sede. Ou cansado.

Talvez fosse hora de dar uma olhada nas suas culturas?

Sherlock colocou o casaco de volta. Assim que o fez, uma mensagem de texto chegou.

Lestrade. Caso. Homem verde?

Interessante.

Sherlock sorriu. A noite estava melhorando.

**SM**

Sherlock tinha sido horrivelmente dúbio sobre qual era plano e isso a irritava.

Não que não fosse um bom apartamento. Era um sobrado em Belgravia, pelo amor de Deus, e parecia que tinha saído de uma revista. Bom demais, se você perguntasse a Molly. Não que Sherlock tivesse, ou estava prestes a perguntar.

Molly e Sherlock ficaram de pé no quarto, dolorosamente de bom gosto, olhando um para o outro no segundo silêncio mais terrível de que Molly Hooper tinha estado em sua vida. O primeiro tinha se seguido pela perda de sua virgindade na van de trabalho do seu primeiro namorado, e tinha sido bastante diferente disso.

Ou talvez não. Aquilo tinha sido o silêncio sobrenatural que, inevitavelmente, segue pelo sexo horrível, isto era, da parte de Molly pelo menos, a antecipação da mesma coisa.

E uma coisa boa seria também. Sexo ruim era, bom, mal, mas, certamente, serviria para tirá-lo completamente fora de seu sistema de uma vez por todas. Ela nunca seria capaz de olhar para Sherlock Holmes novamente sem pensar no sexo terrivelmente estranho e, sem dúvida, breve em uma tarde de domingo, e por isso ela ficaria grata. Nunca mais perderia o controle de um pensamento, porque estava olhando para sua garganta. Nunca mais seria sugada para um de seus projetos especiais, porque ele sorriu e elogiou seu cabelo ou lhe deu aquele olhar de súplica. Seria livre para almoçar com outros homens, outros homens que poderiam estar realmente interessados nela, o que seria bom mesmo se ela, particularmente, não quisesse um namorado. Ela veria Sherlock e apenas acenaria e tudo em sua vida seria mais simples. Mesmo que ficasse grávida depois desse único encontro - e, estatisticamente, qual a probabilidade disso? - as coisas seriam diferentes. Para o melhor.

Ainda assim, para ser justo, ela tentou encorajá-lo. Não tinha ilusões sobre ser sexy ou glamorosa, mas usou batom. Tinha comprado uma lingerie nova, depilou as pernas com cuidado extra. Ele não seria sugado por uma neblina hormonal, mas não teria nenhuma razão para reclamar.

Ela estava desabotoando a blusa quando o notou franzindo a testa.

"O que?" Suas mãos se acalmaram e seu coração afundou. Oh Deus. Ele mudou de idéia? Ou pior, se isso tivesse sido tudo uma piada de mau gosto horrível? "O que há de errado?"

"Nada," Sherlock respondeu, ainda franzindo a testa.

Molly riu, nervosamente. "Não é como se você nunca tinha feito isso antes, certo?"

Sherlock piscou. Era como se ele estivesse preso na resposta. Qual era essa expressão? Descrença? Ou... ou, e se ela descobrisse? Talvez ela estivesse apenas meio certa.

"Você já fez isso antes, não é?" Ela perguntou inquieta. "Com uma mulher, eu quero dizer."

Então, lentamente, um sorriso, que não era em nada um sorriso, se espalhou pelo rosto de Sherlock. "Com certeza", ele disse, e seus olhos se iluminaram, brilhando da mesma maneira como quando estava no encalço de uma ideia interessante.

Ela estremeceu em contemplar apenas o que essa ideia poderia, neste caso, ser.

"Seus poderes de dedução deixam a desejar", ele sussurrou, enquanto roçava seus lábios contra a orelha dela. Um claro formigamento lhe percorreu a espinha e caiu bem entre suas pernas, como uma campainha.

Então, ainda segurando seus olhos, Sherlock tomou um passo para trás e tirou o paletó. Direto no chão. Molly mal podia acreditar, provavelmente, custava mais caro do que tudo o que ela estava vestindo e ele jogou no chão.

Bom Deus, seus ombros eram largos. Não só especialmente largos, eles só pareciam largos em relação à sua cintura fina e quadris. Ela raramente o via sem um casaco. Agora, usando apenas uma camisa, era óbvio; Sherlock tinha a construção de um corredor, um nadador, de um maldito cachorro galgo.

Em seguida vieram os seus punhos. Ele arrancou suas abotoaduras de madrepérola, colocou-os no bolso da calça e, bom Deus, seus dedos eram tão longos e suas mãos eram enormes. Sherlock era a única pessoa que ela sabia que usava punhos franceses. Ele tinha que estar vestindo £1000 em roupas, pelo menos. Era ridículo.

Molly, supostamente, deveria se despir, mas não conseguia desviar os olhos dele.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Ele abriu os botões de sua camisa e jogou no chão também. Sua pele era branca como mármore Elgin e, outra surpresa - ela parecia tão dura e cuidadosamente esculpida. Você nunca teria imaginado isso com suas roupas. Honestamente, ele tinha um estranho tipo de rosto, mas, até agora, o corpo era, bem, era perfeito.

Ela olhou de volta para seu rosto. Ele estava mordendo o lábio, e ela percebeu que estava mordendo o lábio, também.

Os olhos dele brilharam e ele sorriu e moveu suas mãos ao seu cinto.

Oh Deus.

Sherlock Holmes estava prestes a deixar cair suas calças.

Oh Deus.

Oh Deus.

Oh Deus.

Ele era adorável. Cabeça aos pés, apenas, adorável. Havia, talvez, 1% de gordura em todo o seu corpo. Molly viu pessoas nuas todos os dias no trabalho, jovens e velhos, magros ou não. Todos mortos, é claro, mas nem mesmo um deles jamais pareceu como este.

Era tão injusto.

Ela fechou os olhos. Não é preciso se derreter toda só porque Sherlock Holmes aconteceu de ser um pedaço de bom caminho. Que tem um pedaço de bom caminho.

Ela nunca tinha visto um pênis que realmente parecia simpático antes. Este parecia. Por que ele tinha que pertencer ao maldito Sherlock Holmes?

"Molly?" Em um passo ele tinha se aproximado e pegou sua mão. "Problema?"

Molly deu de ombros, afastando-se. "Não é nada. Você só, hum, você parece muito bem, isso é tudo."

Em menos de um segundo, tudo sobre Sherlock mudou. Um sorriso, nada como o que ele já tinha usado antes, suavizou seu rosto. Ele virou a cabeça para um lado, as suas pálpebras baixadas.

Ele olhou lisonjeado.

"Ah. Obrigado." A mão dele foi para a blusa dela. "Posso?"

"Eu... eu devo avisá-lo", disse ela rapidamente, para que não perdesse a coragem. "Meus seios são decepcionantes e minha bunda é enorme."

"Vou me considerar avisado." Sherlock riu e sem pensar, ela bateu-lhe no ombro com a mão aberta.

Ele só riu mais ainda.

"Você também tem o gosto mais apavorante em se vestir que eu já vi em uma mulher adulta. Que me diz sobre isso?" ele perguntou antes de gargalhar novamente.

Molly já tinha ouvido o suficiente. "Chega.", disse ela afastando-se dele.

Em um movimento hábil Sherlock havia interceptado o movimento dela e a beijou nos lábios. "Eu não te trouxe aqui para uma sessão de fotos", ele sussurrou antes de beijá-la novamente, ainda mais intensamente, ao longo de sua mandíbula, uma sequência de beijos, como pérolas. Suas mãos não perderam tempo, arrancando sua blusa e deslizando suas calças pelos seus quadris também.

Oh Deus, não. Ele não ia ser horrível? Se a sua técnica de beijo era qualquer tipo de indicação, ele seria magnífico. Caramba.

Ela não podia evitar, ela gemeu em sua boca. Sherlock gemeu de volta, em quase harmonia, enquanto ele pressionava seu corpo contra o dela todo tempo. Suas mãos, as palmas das mãos e dedos, acariciando suas costas, quase como se ele estivesse faminto pelo contato pele a pele.

Suas próprias mãos percorriam as costas dele, largas e musculosas, e ela teve que se perguntar: quantas vezes alguém tocou Sherlock Holmes?

As mãos de Sherlock se moveram para baixo, primeiro para sua cintura, em seguida, mais baixo ainda, até que ele segurou seu bumbum. "Enorme que nada", disse ele entre mordidas na pele macia abaixo da orelha dela.

Oh Deus. Seus joelhos realmente se enfraqueceram. Quão patética ela poderia ser?

Molly correu as mãos pelo cabelo dele, enquanto ele a segurou pelo bumbum. Ela sempre gostou de seu cabelo, mas nunca percebeu como era grosso, nem imaginava como seria a sensação de enrolá-lo entre os dedos. Ela inalou profundamente. Ele estava usando perfume, algo leve e totalmente masculino, e cheirava deliciosamente. Ela esteve perto dele muitas vezes o suficiente para saber que ele não usava colônia normalmente, não esta, particularmente, então ele tinha colocado para ela.

Molly se sentiu ridiculamente lisonjeada. E então, tola. Ela estava lendo muito, demais em um pouco de perfume.

Aquele pênis lindo e lindo estava pressionando com força sua barriga agora e a língua dele estava em sua boca, transformando o que restava de seu cérebro em mingau.

Normalmente, Molly tentava se segurar quando se tratava de sexo. Ela não queria parecer ansiosa demais, especialmente pela primeira vez. Ela gostava de sexo, francamente, mas muito entusiasmo poderia apagar um homem tão rapidamente quanto muito pouco, em sua experiência. Havia sempre uma necessidade de preservar algum mistério, para deixar a plateia, como se costuma dizer, querendo mais.

Mas ela nunca teria Sherlock depois de hoje, teria? Esse show seria estritamente de "uma noite somente". Então, qual era a finalidade em tentar manter as aparências? Estava claro de que Sherlock não ia ser uma porcaria na cama, nem um pouco, e ela não ia ficar deitada ali como um cavalo morto e deixá-lo pensar que ela era. Ele podia não se importar de uma maneira ou de outra, mas ela certamente se importava. Ela tinha seu orgulho.

Ela puxou sua boca da dele e se soltou em pensamentos loucos. O sabor da pele dele naquele lugar sem nome entre o pescoço e o ombro a fez se sentir tonta.

Sherlock gemeu - gemeu de verdade - em resposta. Ela gostava disso. Ela gostava muito, mesmo muito disso.

Ele arqueou as costas, pressionando bastante o rosto dela para seu peito nu. Ela tornou-se intimamente consciente de seu aroma absurdamente bom, não colônia, mas o perfume sob a colônia, o cheiro inebriante insano do seu corpo. Como era mesmo possível que ele cheirasse tão bem? Ela enroscou os dedos em um mamilo plano e depois no outro, e, se sentindo ousada, abaixou a mão direita para que agarrar o fantástico pênis dele.

Ótimo. Tão bom como o anunciado.

Ela não sabia se ela poderia fazer isso corretamente, se ela parasse para se lembrar com quem ela estava fazendo isso. O pensamento foi quase paralisante. Ela fechou os olhos com força e pegou seu mamilo pálido entre os dentes.

Com seus olhos ainda fechados, ela beijou o caminho do seu peito quase sem pelos para baixo. Honestamente, quase perfeitamente sem pelos - ele tinha talvez 12 cabelos em volta do seu mamilo e 14 em volta do outro, descendo para o abdômen, e o cabelo púbico preto encaracolado...

"Molly", disse ele suavemente, soando quase estrangulado, "Molly, isso dificilmente é necessário. Nosso objetivo aqui é a fertilização."

Sim, era sim, ela se lembrou. Então, o que? Ela limpou a boca com as costas da mão. "Me permita", disse ela.

Ele não respondeu de imediato, por um momento louco ela pensou que ele iria recusar. "Por favor, prossiga", ele sussurrou.

Mantendo os olhos em seu objetivo, ela sorriu. Ela era boa nisso. Sabia que era boa nisso. E o sortudo, sortudo Sherlock, estava prestes a descobrir também que ela era boa nisso.

Tão suavemente quanto ela sabia, encostou a ponta do prepúcio contra o lábio inferior.

Ele respirou fundo.

Uma, duas, três vezes, sua língua suavemente roçou a cabeça do pênis, que aparecia debaixo de seu prepúcio.

A mão direita dele envolveu o cabelo dela.

Molly relaxou sua mandíbula, e engoliu-o ao máximo, parando apenas um momento na metade. Sempre muito gentil, ela moveu a língua de lado a lado. E novamente. Três vezes. E...

"Molly, pare. Pare!" ele gritou, afastando-se. Ele olhou para ela como se ela fosse algo que ele nunca tinha visto antes. "Isso, isso quase acabou antes de começar", disse ele, respirando com dificuldade.

Molly assentiu satisfeita consigo mesma. Ela não queria que isso fosse longe demais, era só para ter certeza que ele se lembraria dela quando tudo acabasse.

"Eu acho que isso prova, então", ele disse.

"Prova o que?"

"O que eles dizem sobre as meninas de escolas católicas", ele respondeu com um sorriso de lobo. "Oh, não me olhe assim, Mary Magdalen Hooper. É tão óbvio que você pode até usar um cartaz."

"Eu deveria ficar insultada?", perguntou ela, e limpou a boca novamente.

"Absolutamente não." Ele sentou-se inquieto na beira da cama. "Sua habilidade é infinitamente mais intrigante do que qualquer proporção arbitrária sobre sua parte traseira."

"Obrigada." De repente, ela se sentiu idiota e ficou muito consciente de que ela estava nua. "Eu acho".

"Venha aqui", ele ordenou da forma dele, gesticulando para ela se sentar entre as pernas dele sobre a cama. "Bom, agora..." Ele a virou, gentilmente, para que ela ficasse de costas para ele. "Bom".

Ela fez como instruído, e foi recompensada por lábios em seu pescoço e as mãos em seus seios. A pele dele estava muito quente, e seu toque muito preciso. Ele era fabuloso.

Então, com cuidado deliberado, quase como se ele esperasse que ela o impedisse, ele estava tentando lhe dar o aviso justo de sua intenção, Sherlock deslizou as mãos de seus seios para seu sexo.

Mais de uma vez ela teve que lidar com homens que eram todos polegares quando o assunto era estimulação manual. Sherlock nem estava olhando, e ainda o seu toque era delicado e leve e a fez querer pedir por mais.

"Diga-me o que você quer Molly", ele brincou.

"Mais," ela sussurrou, porque sussurro foi tudo que conseguiu.

Um dedo longo correu, bem leve, pela fenda entre seus lábios, e fez cócegas, malditas cócegas, ameaçadoramente perto, mas não tocando seu clitóris.

"Mais. Do. Que. Exatamente?" Ela podia sentir o sorriso dele contra seu ombro.

"Mais disso, seu maldito idiota", disse ela, ao final de sua sagacidade.

Ele riu. Não apenas uma risadinha, mas ele riu alto. "Oh, Molly, eu posso fazer muito melhor que isso."

E com isso, ele pegou-a e jogou-a, literalmente, em cima da cama. Foi um movimento que não deve ter sido nada sexy, mas, como tudo com este homem irritante, isso de alguma forma era. Ela teria se ressentido com tal manuseio se ainda tivesse duas sinapses funcionais para se esfregarem juntas.

Ele deu ao sexo dela um olhar avaliador. "Posso?", perguntou ele.

"Oh Deus, sim", disse Molly.

Ela não poderia dizer o que ele fez com sua língua. O que ela podia dizer que, seja lá o que fosse, isso enviou ondas de calor e frio se espalhando do seu sexo através de seu corpo, até que suas mãos apertarem com força o lençol branco e seus dedos dos pés se curvarem com tanta força que quase doíam. A sensação que deveria ter sido, mas não foi, dolorosa espetando seu clitóris, e ela sentiu como se seu cérebro fosse uma flanela molhada que havia sido torcido e deixado para secar. Ela poderia jurar que estava voando, levitando, pelo menos, como se seu corpo levantasse por si próprio para fora do colchão enorme. Mas isso não podia estar certo, podia?

Provavelmente não. Ela descobriu que não se importava. Só queria que isso nunca, nunca acabasse.

Sherlock ainda estava bombardeando suas coxas com beijos enquanto a loucura diminuía.

"Isso foi... foi...", disse ela antes que ela pudesse pensar no que dizer e calar a boca.

Sherlock lambeu os lábios com uma velocidade felina, e riu. "Oh, isso foi apenas para aguçar o apetite." Ele a puxou pelas pernas até que ela estava abaixo dele. Ele riu mais nos últimos três quartos de hora do que tinha rido em todo o tempo que Molly o conhecia.

E agora ele estava em cima dela, o peso sobre os cotovelos em ambos os lados de sua cabeça, aquele pênis de aparência amigável descansando entre os lábios de sua vagina. Ela não podia vê-lo, claro, mas podia senti-lo, o seu peso pressionando pressionando pressionando sobre ela. O que ela podia ver era um brilho selvagem nos seus olhos de mercúrio, e um sorriso - um sorriso muito satisfeito, completo com covinhas - em seu rosto marcante. Sherlock parecia... ele parecia feliz.

Era fácil esquecer como muito maior do que ela ele era, quando se sentou a sua frente na cafeteria em Barts. Era impossível ignorar o tamanho dele quando estava pairando sobre ela assim. Impossível, e um pouco devastador. Normalmente, ela preferia homens menores, caras mais próximos do seu próprio tamanho. Ela se sentia como se estivesse se afogando em Sherlock. Ele parecia estar em toda parte, tocando-a em todos os lugares, exceto o lugar em que ela mais queria.

Ele a beijou novamente. E de novo e de novo e de novo, até que cada beijo individual se misturasse ao próximo. Ela nunca tinha imaginado, quando ela concordou com isso, que ele iria beijá-la tanto, tão avidamente, ou tão docemente. Que ele mesmo quisesse isso.

"Posso?" Sua voz era baixa em seu ouvido.

Não havia dúvida do que ele estava pedindo.

"Sim, por favor,", ela sussurrou. Foi o melhor que conseguiu diante das circunstâncias.

E então, sim, lá estava ele.

E, ó Cristo, ele estava.

Com nenhuma barreira entre eles, ela tinha imaginado que ela seria capaz de sentir cada êxtase, cada veia. Na realidade, tudo o que ela sabia era como incrivelmente quente ele estava, o quão duro, movendo-se dentro dela. Ela perdeu alguns momentos perdida na sensação, tentando catalogar cada respiração, cada batida do coração, cada nanosegundo que se passava entre eles. Muito em breve, mas breve demais, ela sentiu a mão dele deslizar habilmente entre seus corpos, infalivelmente visando seu clitóris.

"Bom?" ele grunhiu.

Incapaz de falar, ela deu um aceno de cabeça.

Então, em um instante, os quadris de Sherlock se acalmaram, mesmo quando seus dedos pegaram velocidade, ou assim parecia. Tudo o que ela realmente sabia era que ela enrolou as pernas em volta de seus quadris, e quando ela recuperou o senso comum, ela estava chamando seu nome.

Ele sorriu, acariciou o lado de seu pescoço. Então beijou a mão dela. Foi estranho, doce e totalmente cativante.

Ela deve ter mostrado isso em seu rosto, porque assim que os olhos dele fixaram nos dela, algo aconteceu, seu sorriso aberto e fácil endureceu.

De repente, o Sherlock Holmes que ela tinha conhecido durante todos estes anos estava de volta. E ele não parecia particularmente feliz por ter retornado.

Ele ficou sem graça, se afastou, sem disposição até mesmo para olhar para ela.

"É agora ou nunca, eu acho", ele suspirou. "Fazer ou morrer. Sobre as mãos e joelhos, Molly."

Ele mal fez contato, dificilmente tocando-a em qualquer lugar, além dos locais onde era necessário. Ele a entrou por trás nela e ejaculou após algumas longos e estocadas técnicas.

Ele caiu na cama ao lado dela como um edifício explodido e puxou as roupas de cama sobre si mesmo, recatadamente. "Coloque isso debaixo do seu bumbum", disse ele, entregando-lhe um travesseiro.

Humilhação queimava dentro dela, completamente. Ela queria ir embora. Queria sair agora. Assim que encontrasse sua calcinha, ela estava saindo, e deixar toda essa bagunça triste para trás. Em que merda ela estava pensando?

Ela sentou-se rapidamente.

"O que você está fazendo?" Sherlock parecia genuinamente alarmado. "Você está diminuindo significativamente a probabilidade de fertilização. Deite-se."

Atordoada, ela não se moveu.

"Agora, Molly", ordenou a partir do outro lado da cama. "Coloque as costas na cama. Faça isso agora."

Molly hesitou, e se odiava por isso. Ela não tinha que ouvi-lo. Não tinha que fazer o que ele disse. Mesmo que, neste caso, estivesse certo.

Tão rapidamente como tinha levantado, ela se deixou cair e puxou o lençol até o pescoço.

Sherlock se esticou, não mais nem tão duro nem tão sorridente como antes. "Faz muito tempo que eu transei sem camisinha", disse ele, como se estivessem discutindo o tempo ou uma amostra da pele realmente interessante.

"Eu nunca tinha.", disse ela. "Bem, nunca antes de hoje, obviamente", ela respondeu, parecendo tímida e estúpida até para si mesma.

"Sério?" ele perguntou, parecendo realmente interessado. "Mary Magdalen Hooper, estou surpreso com você."

"Pare com isso, Sherlock", disse ela.

"Parar com o quê?"

"O nome", respondeu ela.

"Esse é o seu nome, não é?"

"Sim, tecnicamente, ele é", explicou ela. "Mas Mary Magdalen Hooper é o meu nome 'você está em apuros agora, mocinha'. Molly é o meu, oh, eu não sei, o meu nome 'está tudo bem com o mundo graças a Deus', você poderia dizer."

Ela virou a cabeça e observou seu perfil. Ele estava olhando para o teto e ela praticamente podia ouvi-lo pensando. O que ele estava pensando não precisava de contemplação. "E você?"

"Eu?"

"Do que a sua mãe te chamava quando você estava em apuros?"

Sherlock respirou fundo, exalando lentamente. "Será que 'Você, meu jovem, é igual ao seu pai' conta?"

Oh. Ela, obviamente, atingiu um nervo, um bem difícil. Antes que ela pudesse se desculpar, Sherlock saltou da cama, levando a colcha com ele. "Fique deitada, lembre-se," ele disse, "pelo menos por duas horas."

"Por quê? Onde você vai?"

"Procurar provisões," ele respondeu. Ele pegou a mão dela, e por um momento ela pensou que ele ia beijá-la novamente. Em vez disso, ele deu-lhe um aperto suave, em seguida, a liberou.

"Eu, oh..." ela começou.

"Já estarei de volta", garantiu ele, sua voz ecoando pelo corredor.

Depois disso, tudo foi um resmungo, e, não pela primeira vez, Molly se perguntou onde diabos eles realmente estavam. Ela deve ter caído no sono, porque a próxima coisa que ela sabia, Sherlock estava vestido, seu cabelo estava molhado, e ele estava empurrando uma garrafa de água superfaturada no rosto dela.

"Acorde, Molly," Sherlock disse, seus ridículos cachos ainda pingando. "Beba isso. Havia biscoitos, mas eu comi enquanto você estava dormindo. Nenhum prejuízo para você, realmente eles eram medíocres. Devemos sair em 45 minutos."

"Tudo bem." Molly assentiu entorpecida, mas não se moveu.

Sherlock olhou para ela com expectativa.

"Privacidade? Posso ter um pouco?" disse ela, ainda acordando.

"É claro," Sherlock respondeu, distraidamente, e se moveu para fora do quarto.

Ela não conseguiu encontrar suas meias por algum tempo, ou sua calcinha de maneira nenhuma, e com Sherlock andando para cima e para baixo no corredor, os nervos de Molly passaram de cansado para morto no momento em que saiu do edifício. Quando ele levantou seu longo braço para chamar um táxi, tudo que ela queria era estar de volta em seu próprio apartamento, sozinha.

"Vou pegar o metrô", informou ela.

"Não seja estúpida," Sherlock disse. "Você tem uma mancha de sêmen bem perceptível na frente de suas calças."

Ela sentiu-se corar. Oh, as coisas estava ficando cada vez melhores.

"Eu preferiria que não", disse ele, rapidamente. "Taxis são ótimos. Mas está tudo bem, eu vou colocar meu casaco no meu..."

A testa de Sherlock enrugou assustadoramente. "Não, eu vou pagar o táxi. Você vai entrar no táxi. Você parece ter prazer em fazer questões simples absurdamente controversas."

"Eu não... eu não quero um namorado," Molly deixou escapar, muito para sua própria surpresa e horror. "Eu não preciso de um namorado."

Sherlock inspirou através de seus dentes. "Isso é conveniente, já que eu não tenho interesse em ser namorado de ninguém", disse ele, irritado. "Certamente não o seu. Eu, porém, quero que você entre no taxi antes de perdê-lo. Agora".

Eles ficaram em silêncio todo o caminho, olhando para fora das janelas opostas.

**TO BE CONTINUED**

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N/B: Que história é essa, gente! Sherlock! O cara do pênis simpático. Como assim?! huahuahua Adorei! E outra, até quando ele vai deixar falar mais alto seu superego? Relaxa, Sr Holmes.. Li, sua linda, que venha logo esse segundo capítulo. Molly vai engravidar ou não, qual que é a desses dois?! Bem, eu amei a história e, principalmente, adorei betá-la, quanta venham as próximas! beijos! beijos!

N/T: Eu amo tanto essa historia que resolvi traduzi-la. Foi a fic Sherlolly que me fez me apaixonar pelo ship. Espero que você curta tanto quanto eu. Capitulo 2 tá prontinho e já na mão da Daí. Logo vocês irão saber se a tentativa de Molly e Sherlock vingou.

Referências:

Screaming Orgasm – drink que pode ser bebido com gelo ou não, que vai 30 ml de Cointreau, 30 ml de Bailey's e 20 ml de Grand Marnier.

Costa Coffee – Cafeteria britânica fundada por irmãos italianos.

Calendário de Bombeiros – Na verdade, foi à maneira mais simples para eu traduzir, já que usam a palavra "beefcake calendar". Bombeiros são costumeiros em fazerem este tipo de calendário, mas há diversos outros que fazem até mesmo o pessoal do Fangtasia dos livros da série True Blood. Eric é o Senhor Janeiro. Na minha cabeça, por causa desta informação, o Senhor Janeiro do calendário de Molly só podia ser Eric Northman.

Timbuktu é a capital do Mali, país do norte da África. Grande parte do seu território fica no Deserto do Saara. Só Sherlock para comparar bairros distantes e mais modestos, com uma cidade africana.

Harrow School – escola fundada em 1572, durante o reinado de Elizabeth I (apesar de haver evidências que ela existia em 1243). Escola famosa por ser extremamente tradicional, por exemplo, faz parte do uniforme: fraque, cartola e bengala. Estudaram lá os Primeiros-Ministros Britânicos Winston Churchill e Robert Peel, assim como o Rei Hussein da Jordânia e Faisal II, o último rei do Iraque. Também estudaram ali diversos escritores, aristocratas, políticos e esportistas britânicos. E claro, o próprio Benedict Cumberbatch.

Tikka de frango masala- prato indiano, mas bem indiano mesmo. Com especiarias e coco. Bem picante!