Oooooii *-*

Naruto nao me pertece, e nem a historia. Infelizmente por ser muuuuito velho, meu livro acabou perdendo a capa e a ante-capa y.y.

Tradução, nem sei a autora apenas o titulo, Um filho teu, espero que me ajudem caso saibam xD

Enfins...

CAPITULO I

"O gênio das finanças de Boston, Uchiha Sasuke, fica em sexto lugar em nossa lista de solteiros mais cobiçados do Nordeste. Uchiha, de trinta e dois anos, multimilionário com interesses financeiros em negócios diversos, ostenta a patente de Securi-Lock, uma inovação tecnológica criada faz dez anos que tem revolucionado o mundo da seguridade no lar. Viúvo faz dois anos, e sem filhos, é um homem que fez a si mesmo. Vive no exclusivo bairro residencial de Brookline, em Back Bay, Boston, mede um metro noventa e dois e pesa noventa e três quilos. Se você quiser captar o interesse deste eminente solteiro de ouro, não precisará mais do que ir nadar, remar, ou fazer jogging".

Uchiha Sasuke escutou seu acompanhante na mesa ocultando mal o mau humor. Olhou-a, e disse:

— Afasta isso de minha vista.

— Estou impressionada — respondeu Hyuuga Hinata guardando a revista na bolsa com um sorriso e um brilho no olhar que Sasuke conhecia bem, após terem crescido juntos —. Quem teria pensado que o fracote de meu vizinho ia se converter num "eminente solteiro de ouro"?

Mas a irritação de Sasuke durou pouco. Hinata estava tão linda como sempre, com seu traje de jaqueta cinza e suas botas pretas, de inverno. Sasuke sentiu uma vez mais a atração sexual que tinha sentido sempre por ela, só em sorrir.

— Se soubesse que ia trazer esse lixo, não teria vindo.

A verdade era que Sasuke jamais teria desperdiçado uma oportunidade de ver Hinata. E ele sabia. Hinata tinha sido sua vizinha durante a infância, seu primeiro amor não correspondido durante a adolescência, e sua melhor amiga durante toda a vida. Encontravam-se todas as terças e quartas-feiras do mês para comer. Hinata sacudiu o cabelo negro lançando brilhos. Sasuke era perfeitamente consciente de que mais de um homem a observava, no bar do hotel Ritz-Carlton.

— Pois me alegro de que tenha vindo. Tenho pensado em você, me perguntando se tudo estaria bem — respondeu Hinata contemplando o parque pela janela, com seus olhos perolados.

Ele sabia que não se referia a tudo bem em geral. Na realidade, o que a morena queria saber era se tudo bem estava depois da morte de Cho. Ela lhe tinha feito essa pergunta todos os meses, ao longo de dois anos, no meio da conversa e de uma forma completamente natural. Mas naquele dia Sasuke preferia não pensar nisso, de maneira que contestou com um tópico.

—A vida vai bem. Os negócios andam bem. E você, tudo bem?

— Bem — contestou ela com uma breve expressão de desaprovação, deixando passar —. Os negócios... São os negócios.

— Algo vai mal na galeria?

— Não, mau exatamente não — vacilou Hinata —. Esta manhã fiquei sabendo que meu maior competidor está se expandido. Por enquanto não me afetou, mas com um local maior, e mais mercadoria... Estou preocupada.

Hinata era proprietária de uma galeria de objetos artísticos a uma quadra dali, em Newbury Street, e provinha, de artigos seletos, aos ricos que aspiravam a um elegante estilo de vida. Sasuke tinha comprado presentes muitas vezes, e sempre lhe tinha impressionado a qualidade e a exclusividade dos objetos ali reunidos. Os preços, por suposto, iam dirigidos diretamente às classes mais podeNegross.

— E o que você vai fazer?

— Não sei, mal tive tempo de pensar — contestou ela acariciando o copo de vinho —. Esta manhã estive muito ocupada, mas já me ocorrerá algo — acrescentou encolhendo os ombros, sem dar importância.

— Com certeza — respondeu Sasuke levantando o copo em sua honra —. É uma mulher de recursos, a mais imaginativa que conheci. Isso para não mencionar sua cabeça dura e sua tenacidade.

— Vá! Obrigada. Eu acho — acrescentou Hinata dando um gole de vinho.

O garçom aproximou-se, e Sasuke pediu dois pratos de lagosta. Enquanto os serviam, falavam sobre o tempo, sobre um artista que Hinata acabava de descobrir, que confeccionava lençóis e lenços de seda a mão, e sobre uma nova ideia financeira de Sasuke. Minutos mais tarde, uma sombra alongada projetou-se sobre a mesa. Sasuke levantou a vista, achando que seria o garçom, mas era uma loira de uns vinte anos.

— É Uchiha Sasuke? — perguntou a loira num tom calculadamente sedutor.

— Sim, eu mesmo. E ela é Hyuuga Hinata.

Hinata fez menção de cumprimentá-la, mas a loira olhou-a breve e depreciativamente e voltou-se para Sasuke, oferecendo-lhe a mão como se esperasse que a beijasse.

— Olá, eu sou Yamanaka Ino, dos Hunt de Beacon Hill, sabe? Quer jantar comigo? Esta noite, se estiver livre, ou qualquer outra noite que lhe apeteça.

— Senhorita Yamanaka, dos Hunt de Beacon Hill, muito obrigado por sua oferta, mas temo ter que declinar — suspirou Sasuke soltando a mão da loira, enjoado, incapaz de reprimir o sarcasmo, e olhando significativamente em direção a Hinata! — contestou a loira olhando brevemente a Hinata e valorizando-a, provavelmente, por sua aparência —. Aqui tem meu cartão, se mudar de opinião — acrescentou inclinando-se sobre Sasuke e guardando o cartão no bolso superior da jaqueta, enquanto oferecia-lhe uma tentadora vista de seu decote —. Adeus.

Hinata tossiu, reprimindo uma gargalhada. Sasuke olhou-a com o cenho franzido. Não ia sair com aquela loira, mas também não era de pedra.

— Não digas nem uma palavra. Nem... uma... palavra...! — repetiu o moreno entredentes, calando quando o garçom se aproximou com os pratos.

— Bom, tendo em conta que me utilizou como desculpa para se desfazer dessa pobre garota...

— Sim, foi muito útil. A caminho daqui, outra mulher fez-me exatamente a mesma coisa. Teria sido muito melhor que viesse comigo.

Ambos começaram a comer. Bom, Sasuke a devorar, e ela a beliscar. HInata demorava tanto em comer como alguém qualquer em recitar a Declaração de Independência. Ao terminar, Sasuke olhou o prato de Jessie.

— De nenhum modo, querido — adiantou-se ela, o tampando.

— Tinha que tentar — respondeu Sasuke.

HInata mordia o lábio inferior, parecia inquieta. Algo a preocupava, suspeitou Sasuke. Tinham crescido juntos em Charlestown, ao norte de Boston, no centro do distrito irlandês.

O pai de Sasuke tinha sido pedreiro, enquanto Hinata com seus avôs e sua mãe, que toda a vida tinha sido uma polivalente. HInata tinha dois anos menos que Sasuke. Para ele, ela tinha sido seu primeiro amor. Bom, na realidade só tinha sido um capricho, ainda que tivesse durado muito tempo. Ademais, ela jamais lhe tinha correspondido. Nem sequer sabia. Que Sasuke soubesse, Hinata tinha descoberto o que ele tinha sentido quando adolescente. E provavelmente fosse o melhor, porque Sasuke apreciava muito sua amizade.

— Algo ronda a sua cabeça — afirmou ele.

— Sim — assentiu ela —, queria falar contigo sobre uma decisão que tomei.

— Comigo? Por que comigo?

— Porque você é meu amigo mais antigo, e provavelmente me conhece melhor que ninguém. Ademais, preciso de uma opinião sincera.

— Muito bem, de que se trata?

— Estou pensando em ter um filho.

Aquelas palavras bateram no cérebro de Sasuke como se tratasse de uma parede. Sacudiu a cabeça, tratando de dar-lhes sentido, mas foi inútil.

— Não sabia que... Que estava saindo com alguém — comentou Sasuke sem a olhar nos olhos.

— Não saio com ninguém.

Graças a Deus, pensou Sasuke de imediato, involuntariamente, sentindo um imenso alívio que associou simplesmente a um instinto de proteção para ela. Tinha-lhe um grande afeto. Tinha-a amado louca e inutilmente, durante anos, e tinha sofrido uma imensidão quando Hinata começou a sair com outro. Mas tinha sabido dominar sua abstenção e casar-se com uma mulher maravilhosa, Cho. HInata e ela tinham ficado amigas e nada mais. Cho costumava assistir aos almoços mensais, dos velhos tempos. Era natural que sentisse afeto por HInata, fazia parte de seu passado.

— Sasuke! Você está bem? — perguntou Jessie ao vê-lo calado —. Não pretendia assustá-lo.

— E se não sai com ninguém, como é que... pensa ter um filho?

— Para isso servem os bancos de esperma.

— Os bancos de esperma? — repetiu Sasuke incrédulo.

— Sim, guardam esperma congelado — explicou Hinata ruborizando-se, sem olhá-lo nos olhos —. De fato, fiz já uma série de teste de fertilidade, e me recomendaram vitaminas e alguma outra coisa. Supõe-se que sou uma candidata perfeita para a gravidez. O único que tenho que fazer é eleger um doador e iniciar o procedimento.

— O procedimento?

— De inseminação artificial. Selecionei já alguns candidatos, mas queria conhecer sua opinião — acrescentou Hinata pondo uma pasta em cima da mesa e a estendendo para ele.

— Diga-me que não está falando sério — Hinata calou —. Demônios! —exclamou Sasuke passando a mão pelos cabelos —. Fala sério, Hina...
Por que? Por que assim? E por que agora, precisamente?

— Vou completar trinta anos em novembro, Sasuke — afirmou HInata com calma —. Quero ter família. Filhos — corrigiu-se —. Quero ser mãe enquanto seja jovem ainda, e tenha energia para criá-los e os desfrutar.

Entre linhas, caladamente, surgiu em ambos à lembrança da desgraçada e solitária infância de Hinata, Sasuke recordava seus sufocantes avôs, sempre censurando, incapazes de perdoar a sua filha por ter ficado grávida estando solteira. E, quanto à mãe de HInata... Bom, o melhor que tinha comentado a respeito dela a mãe de Sasuke, que nunca tinha falado mal de ninguém, era que "não teria estado a mais que mostrasse um pouco de carinho por sua filha".

— Trinta anos não é tanto — argumentou Sasuke —. As mulheres agora têm filhos com quarenta. Por que não espera um pouco mais? Pode ser que mude de opinião.

— Não lhe peço a opinião para que me critique — contestou Hinata com dureza —. A decisão está tomada. Só queria saber que pensava sobre a escolha de doador, mas esquece — acrescentou retirando a pasta, que ele agarrou imediatamente.

— Espera, quero dar uma olhada — disse Ryan buscando argumentos para convencê-la de que era uma loucura, sentindo repugnância ante a ideia de que Hinata, sua Hina, fosse a um banco de esperma. Depois, abrindo a pasta, leu por em cima —. Aqui não há muita informação.

— Bom, são relatórios preliminares. Se gostar de algum candidato, não tenho mais que pedir a informação detalhada da pessoa em questão. O relatório é tanto a nível pessoal como físico. Família, lucros acadêmicos, esse tipo de coisas.

— E quem proporciona esta informação?

— O relatório é feito depois de uma avaliação médica e um teste de personalidade, mas a maior parte dos dados proporciona-os o doador.

— E comprova alguém que o que dizem é verdade?

— Bom, não sei, mas, por que iam mentir?

— Não sei, mas supor que essa informação é verdadeira me parece... Não é muito arriscado? Li o caso de um tipo que sabia que tinha um problema genético hereditário, um defeito do coração pouco frequente que produz a morte, e não o mencionou em sua declaração. Depois se sentiu culpado e consultou um assessor, mas era tarde. Seu esperma tinha sido utilizado em vãos casos. Armou-se uma situação complicada.

— Bom, mas esse será um caso isolado, não lhe parece?

— Sim, mas a decisão é irreversível — insistiu Sasuke com impaciência —. Que aconteceria se o doador esquecesse de comentar que há casos de diabetes em sua família, ou de esquizofrenia, ou de qualquer outra doença genética?

— Os doadores são examinados antes de aceitar seu esperma —contestou Hinata —. É feito um teste físico e outro genético. Tenho relatórios sobre isso.

— Os médicos não podem comprovar tudo — assinalou Sasuke —. Ademais, como sabem se esses homens dizem a verdade?

— Não... Não sei, duvido que saibam — contestou Hinata perplexa —. Supõe-se que respondem corretamente a todas as perguntas.

— E talvez seja assim — continuou Sasuke —. Seguro que em noventa e nove por cento dos casos esses homens dizem a verdade. Bom, pode ser que todos, inclusive. Mas deve assumir a possibilidade de que
mintam, para seu próprio bem.

— Maldito seja, Sasuke! — suspirou Hinata —. Deveria ter imaginado que falar com você só iria me confundir mais.

— Obrigado.

— Não era um elogio — sorriu Hinata guardando a pasta na bolsa, preocupada —. Pensava em fazer a inseminação em seguida, quando ovular, mas agora vou ter que meditar mais.

— Bom.

O resto do almoço decorreu sem incidentes.

Hinata tinha que substituir uma de suas empregadas, assim tinha pressa.

Ao despedir-se e beijá-la na bochecha a fragrância de Hinata invadiu Sasuke inesperadamente. Esteve a ponto de estreitá-la em seus braços, mas reprimiu-se a tempo. Hinata, inconsciente por completo de todas essas emoções, deu um passo atrás e pôs um dedo em seu peito: — Recorda, no mês que vem à mesma hora, no mesmo lugar.

Sasuke despediu-se e ficou olhando-a, enquanto Hinata caminhava por Arlington Street. Finalmente deu a volta e foi em direção ao escritório, em State Street, no distrito financeiro.

Estava desorientado, inquieto. Tinha lhe ocorrido que simplesmente tinha saudades de uma mulher em sua vida. Depois da morte de sua esposa, num acidente de trânsito, sua vida era bastante solitária. Tinha gostado de viver um casamento. Gostava. E detestava voltar à rica mansão solitária de Brookline, detestava o silêncio que se criava depois da ida dos empregados. Assistia coquetéis e festas de caridade, e que as mães jogassem a seus pés suas belas filhas. No fundo, o que detestava era estar solteiro de novo. Ademais, por outro lado, tinha a ideia dos filhos, ideia à que tinha tido que renunciar anos atrás. Até que Hinata tinha voltado a mencionar.

Filhos. Uma onda de anseio invadiu sua alma. Sasuke tinha desejado ter filhos com Cho, ambos tinham querido sempre fundar uma grande família... Mas as coisas não eram tão simples. "Pois case-se com Hinata. Ela quer ter um filho... E você quer ter família". A repentina ideia o sobressaltou tanto que Sasuke parou em seco no meio de Tremont Street, esbarrando com uma mulher que o olhou de mau humor.

Casar-se com Hinata. A mera ideia acelerava-lhe o coração. Era curioso, mas tinha que reconhecer que algumas coisas jamais mudavam. Em verdadeiro sentido seguia sendo o adolescente apaixonado de sua vizinha. Casar-se com Hinata. Ela e Cho não podiam ser mais diferentes. Cho tinha cabelos roseos, de olhos verdes, alta. Falante, elegante, ativa. Cho tinha se conformado com criar um lar, jamais tinha sentido a necessidade de demonstrar sua valia, exercendo uma profissão. Era musical, elegante. Esperava-o a cada noite no salão...

Em comparação Hinata... Jessie não era nenhuma dessas coisas. Exceto elegante, claro. Sim, aquelas longas pernas, aquela forma de mover-se, eram definitivamente elegantes. Mas só de pensar nela sentada no salão, esperando seu marido, morria de rir. Hinata era volátil, estava decidida a triunfar. E se em alguma ocasião suas opiniões não coincidiam, não duvidava em dizer. Tinha pouco ouvido para a música, mas se alguém lhe ocorria em sugerir se ofendia.

Pela primeira vez na vida, o fato de que comparasse ambas as mulheres o fez refletir. Seria possível que tivesse escolhido Cho precisamente por ser tão diferente de Hinata? A ideia era inquietante. Sasuke tinha se repetido mil vezes que seu amor por Hinata estava superado, que não tinha sido mais que uma fantasia de adolescente, que tinha casado com outra mulher e que a tinha esquecido. Mas no fundo de sua alma tinha que reconhecer que tinha passado mais de dez anos comparando todas as mulheres que conhecia com Hinata. De todos os modos, o tinha superado. O fato de que naquele momento não pudesse deixar de pensar nela não significava nada, exceto que ela seguia o atraindo fisicamente como sempre. Mas, se atraía, por que ia ser absurdo tratar de refazer sua vida com ela, de ter com ela os filhos que sempre tinha desejado?

Sasuke chegou ao edifício de escritórios, e ao sair do elevador tomou uma decisão. Nada mais de pendurar o casaco e revisar as mensagens pendentes levantou o gancho do telefone. Que tinha a perder?

Depois do almoço, Hinata estava atendendo um cliente quando soou o telefone. Desculpou-se, e atendeu.

— Galeria Reilly, em que posso ajudar?

— Hina?

— Sasuke? — perguntou ela surpreendida. Em geral, Hinata e Sasuke não voltavam, a saber, nada um do outro no prazo de um mês, a não ser que seus caminhos se cruzassem casualmente — Esqueci algo?
— Não — respondeu Sasuke com certa insegurança —. Perguntava-me se... Liguei para perguntar se quer jantar comigo.

— Por que?

Sasuke começou a rir, e de repente suas gargalhadas soaram como as de um adulto, como as do adulto seguro e confiante em si mesmo que sempre tinha sido.

— Me ocorreu uma ideia sobre sua... seu processo de seleção, e queria discuti-la com você.

— Ah — disse Hinata contente. Depois de ouvir a opinião de Sasuke durante o almoço, Hinata estava muito preocupada pelos possíveis riscos —. Onde e quando?

— Que lhe parece manhã? Irei buscá-la. Está bom para você às sete?

— Sim, amanhã tudo bem. As sete é uma boa hora.

Depois de desligar, Hinata comprovou que seu ajudante atendia o cliente e se dirigiu ao escritório. Sobre sua mesa jazia a solicitação de crédito que tinha recolhido no banco a caminho da galeria, após o almoço. Não tinha saída. Se quisesse competir com seu rival, tinha que expandir ela também o negócio. E para isso ou pedia um crédito ou utilizava o dinheiro reservado para a inseminação artificial. Mas a última opção não lhe convinha.

Hinata ficou olhando a solicitação. Pagava com regularidade as parcelas da dívida que tinha contraído ao fundar seu negócio, mas tinha que reconhecer que ultimamente lhe custava. Era uma situação temporária, devido ao enorme pedido que tinha sido feito, de cara, na primavera e no verão, vindo de turistas. No entanto era melhor liquidar essa dívida antes de pedir outro crédito. E depois estavam as vendas e a contabilidade... Levaria tempo pôr as coisas em ordem.

Outro empréstimo. A ideia inquietava-a. Tinha trabalhado muito, para chegar onde estava. Podia pagar suas faturas, viver comodamente e poupar para a aposentadoria. Mas se pedisse outro empréstimo teria que cortar seus gastos pessoais e poupar cada centavo na galeria. Ademais, estava segura de que o investimento não ia ser do agrado do senhor Brockhiser, o homem do Boston Savings com o que sempre tratava.

Ao chegar em casa à noite Hinata voltou a pensar em Sasuke. Temia que ele tivesse razão quanto aos doadores de esperma. Como podia saber que os dados eram corretos? Era uma dúvida. Nada mais se ao apresentar-se pela primeira vez na clínica de fertilidade, a primeira pergunta que lhe tinham feito era se tinha doador ou desejava solicitar os serviços do banco de esperma. Jessie jamais tinha pensado na possibilidade de pedir esse favor a nenhum de seus amigos, teria sido muito violento. Isso por não mencionar o fato de que, no fundo, se sentia persistente. Que ocorreria, se o doador decidisse um dia reclamar seus direitos?

Provavelmente tratava-se de um medo irracional, mas... Ademais, a maior parte de seus amigos estavam casados, e as suas mulheres provavelmente não teriam gostado.

Só ficavam os amigos solteiros. Hinata estremeceu-se. A maior parte dos homens solteiros que conhecia o era por uma boa razão. Hinata tinha saído com uns quantos, mas nenhum a tinha impressionado. Como pedir um favor assim a um homem que nem sequer gostava? As opções reduziam-se. Hinata abriu um prato de salada pronta, serviu-se de um copo de vinho e sentou-se a jantar enquanto preparava uma lista de possíveis candidatos.

Edmund Lloyd. Não estava tão mau, exceto por aquela pequena gagueira que às vezes não conseguia dominar. Seria um defeito hereditário? Jessie escreveu um ponto de interrogação junto a seu nome. Charles Bakler. Era um encanto, mas... Não era o homem mais inteligente do mundo. E ela queria que seu filho fosse inteligente, de maneira que anotou outro ponto de interrogação junto ao segundo nome. Bem, mas tinha que ter mais solteiros atrativos. E Sasuke? Não, pensou de imediato, eliminando a ideia em sua mente. Não podia pedir ao seu melhor amigo. Não era uma opção. Ainda assim... Devia incluí-lo na lista. No entanto Hinata não escreveu nenhum ponto de interrogação junto a seu nome. Geoff Vertier. Era uma possibilidade, exceto pelo fato de que gostava demais de vinho, e Jessie não queria que seu filho tivesse inclinação à bebida.

Hinata deixou a caneta e suspirou frustrada. Fazer uma lista era uma estupidez. Não sabia mais a respeito desses homens do que sabia a respeito dos candidatos anônimos do banco de esperma. De quem sabia tudo era de Sasuke, pensou. Hinata deu um gole de vinho. Sem dúvida, era o melhor candidato. Inteligente, amável, desportista, toda sua família tinha tido boa saúde. Fisicamente, era perfeito. E se alguma vez tivesse um filho que lhe parecesse, estaria encantada. Mas como lhe pedir?

Hinata sacudiu a cabeça e levantou-se. Impossível, não podia. No entanto, enquanto lavava os pratos, ocorreu-lhe uma ideia. Iria jantar com ele no dia seguinte, Sasuke tinha algo que lhe dizer. E se pensava oferecer-se voluntariamente como doador? Sim, devia ser isso disse Hinata tampando a boca. Por que outra razão ia querer jantar com ela?

Hinata saiu dançando da cozinha ao quarto. Era perfeito. Jamais teria se atrevido a lhe pedir, mas se ele se oferecia... Era simplesmente perfeito.

Ademais, não tinha esposa que pudesse se ofender. Era uma pura casualidade que Sasuke não estivesse casado. Hinata tirou a roupa e meteu-se na cama, mas não pôde dormir.

Quando Sasuke e Cho se conheceram, ela estava na Universidade de Alabama. Hinata nem sequer voltou a casa para assistir o casamento. Por aquele então, Sasuke tinha começado a ganhar muito dinheiro.

Cho. Hinata recordava perfeitamente do ciúme que tinha sentido quando Sasuke lhe apresentou. Era altíssima e de silhueta feminina, com olhos verdes e cabelo Negros. Agarrava-se possessivamente a Sasuke, provocando nela um sentimento de perda e de ciúme. Sasuke tinha sido sempre seu melhor amigo. Durante anos, era a pessoa à que ia quando tinha um problema, tinha-a ajudado a sobreviver a uma infância triste e amarga. O laço que os unia tinha sido sempre muito especial. Era verdade que sua amizade se tinha debilitado quando ela começou a sair com Kiba, e depois ainda mais, ao ir com ele ao Alabama, mas, de algum modo, Sasuke tinha seguido sendo seu.

Por aquilo então, Hinata se tinha escondido seu ciúme de Cho. Tinha decidido ser amável com ela, pensando que se tratava de uma atitude infantil. Ademais, não tinha no mundo uma pessoa mais leal e amiga que Cho. Hinata e ela chegaram a ser boas amigas. De fato, tinha sido Cho quem tinha sugerido que se vissem na terceira quarta-feira de cada mês. Quem teria pensado que Sasuke e ela seguiriam se vendo, depois de falecer Cho, seis anos depois? E quem teria pensado que Sasuke seria o pai de seu filho? Porque Hinata estava convencida de que
isso era o que Sasuke lhe ia dizer. Mal podia esperar.