Autor: Gobuss e Ariel Lindt
Título: Desiderium Intimum
Gênero: Romance / Drama / Dark / limão
par: Harry / Snape
Quantidade: 65 capítulos + Epílogo
Tradução: Alma Frenz
Atenção: profanidade, cenas eróticas, descrições de perversão, estupro.
Descrição: Harry descobre algo que faz seu mundo virar de cabeça para baixo. Ele pode rejeitar sua descoberta, ou ... aceitá-la.
Link para a página do original: .?page_id=1
Nota: O volume sexto e sétimo não estão incluídos.
1 Eu devo estar sonhando.
Quando Harry Potter estudante do sexto ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, acordou numa manhã chuvosa de outono, ele não sabia que o dia seguinte seria o pior dia de sua vida. Mas sua mente mágica sentiu que algo não estava certo. Algo estava no ar, ainda sentia o eco de presságios ruins em seu subconsciente, trazendo com ele a sensação desagradável de medo e ansiedade. Talvez por isso foi tão difícil para sair da cama. Sentia que se colocasse os pés para fora, os portões do inferno se abririam.
Mas ele fez isso. Ele se levantou, pronto para enfrentar o que viesse.
Ele não esperava, no entanto, que "o inferno" viresse tão rápido e inesperadamente.
Quando deixou o dormitório, tropeçou, soltou um grito selvagem e caiu sobre o tapete na sala comunal. Vários grifinórias viraram suas faces surpresas para olhá-lo. Gemendo e esfregando a mão machucada, levantou do chão, e os grifinórias, vendo que ele estava bem, voltaram a sua algazarra anterior.
"Ótimo, ótimo" - pensou Harry, encontrando os óculos quebrados no tapete. Vermelho de vergonha, ele afundou os óculos às pressas no nariz e estava prestes a desaparecer da vista divertida de seus colegas quando se lembrou que havia se esquecido de carregar os livros, tinha que retornar ao dormitório. Mas antes que tivesse tempo de se virar, ele avistou seus amigos, Ron e Hermione.
Ron tentou imprimir uma expressão muito séria no rosto, mas ele não estava se saindo muito bem.
- Você está bem, cara? - Ele perguntou, então, virou-se e riu. Harry cerrou os dentes. Bem, poderia esperar isso dele ...
- Ron, que comportamento é esse? Você não viu que Harry quase se quebrou! - Hermione olhou para Harry com preocupação. - Você não se machucou? Não teve nada sério? Que tal ir até Madame Pomfrey para ser examinado?
Harry gemeu intimamente.
- Não, Hermione, eu realmente não preciso.
- Bem ... tudo bem. - Hermione ainda não parecia convencida, mas, felizmente, deixou de inssistir. - Mas, Harry você ... - Apontou para seus óculos. – quebrou os óculos novamente? - Ela puxou sua varinha. - Oculus reparo... – a pronúncia do feitiço foi seguinda de um grito de espanto e um gemido de dor, quando Bichento pulou em suas costas e começou a subir. Um outro feitiço saiu da varinha e Harry sentiu algo perfurar a pele de sua face. Gritou surpreso quando algo fino e flexível começou a crescer em seu rosto.
- Opa! - Hermione cobriu a boca com a mão, e Ron teve um ataque histérico de riso, tentando recuperar o fôlego, quase sem sucesso.
- Desculpe, Harry - guinchou quando o menino abriu caminho através de alguns grinfinórias risonhos, até chegar ao espelho e ver-se com longos bigodes em suas bochechas. Ele fechou os olhos e repetiu como um mantra: "... Não entre em pânico, não se assuste ... expire, inspire. Estes são os seus amigos, eles só querem ajudar".
- Harry, eu acho que agora você realmente deve ir para a ala hospitalar - disse Hermione, envergonhada.
Harry só podia suspirar de desgosto.
Oh sim, as portas do inferno abriram-se diante dele, agora ele iria atravessá-las ...
Madame Pomfrey cerrou as mãos quando o viu. No entanto, vendo o rosto de desespero de Harry, tranquilizou-o, dizendo que ela o poderia curar de forma relativamente rápida, mas seria um processo doloroso.
E foi.
Depois de uma hora de tortura, tempo em que permaneceu deitado esperando que os bigodes diminuissem, imaginando que eles poderiam ser tão indolores para quebrar, e tão dolorosos de "puxar", Harry estava sonhado em voltar para cama e dormir o dia todo até esse pesadelo passar. Mas tinha que ir para as aulas. Quando conseguiu finalmente chegar a aula de adivinhação, ficou-lhe claro que, enquanto ele sofria tormentos inimagináveis, seus colegas estavam descansando e relaxando. Firenze o centauro, lhes deu hoje uma aula de relaxamento, onde ficavam descasando ao sol quente, que era uma ilusão conjurada pelo professor. Ficavam na grama, ouvindo o canto dos pássaros e os grilos, e ainda poderiam usar esse tempo para um cochilo.
Harry cerrou os punhos, mas disse a si mesmo que este pesadelo chegara ao fim.
Ele estava errado.
Na Transfiguração, pela primeira vez em sua vida, Harry acabou por ser pior do que Ron. Em vez de transfigurar seu balão inflado em uma tartaruga, transformou-o em uma tartaruga voandora com uma cara estúpida. Além disso, ao tentar reverter o feitiço, a tartaruga fugiu e começou a voar pela sala de aula, derrubando tudo o que estava em seu caminho, até que a professora McGonagall interviu restaurando a ordem e tirando dez pontos da casa de Harry. Após essa aula, Harry ficou deprimido, Ron e Hermione tentaram confortá-lo, mas falharam. Ele começou a suspeitar seriamente que uma maldição pesava sobre ele.
Além disso, estava terrivelmente faminto, porque perdeu o café da manhã enquanto estave na ala hospitalar. Portanto, saudou a chegada da hora do almoço com um alívio real. No entanto, ele foi para aproveitar muito bem, porque logo depois do almoço, ele teria duas horas de Poções com Snape, e isso era razão suficiente para acabar com o apetite do mais faminto dos grifinórias depois da aula.
Felizmente, já tinha se recuperado das aulas passadas.
Forçou-se a esquecer tudo o que aconteceu com ele hoje, porque um verdadeiro pesadelo estaria esperando por ele na aula de poções. Isto não significava que sempre fosse, mas agora pressentia algo ainda mais difícil. Sabia que teria de alguma forma, de passar por esta provação. Snape não poderia esecrá-lo! Ele decidiu verificar novamente seu material ali no almoço, no caso do professor resolver surpreendê-los com seus testes surpresa, como era de seu costume. Mas quando ele olhou dentro da bolsa, ficou verde de terror.
Esqueceu-se dos livros de Poções!
Ele saltou por cima do seu assento e caminhou em direção a saída.
- Harry, o que ...? - Hermione gritou atrás dele, totalmente surpresa com o seu comportamento.
- Mais tarde! - Gritou por cima do ombro e caminhou até o dormitório.
Quando, cansado e suado, chegou na passagem de acesso a sala comunal da Grifinória, ele encontrou a Mulher Gorda dormindo pacificamente em sua moldura. Foi quando se lembrou que aquele era o dia de mudança de senha e havia se esquecido de perguntar qual era a nova a Ron e Hermione.
"Merda!"
Com um gemido alto ele se virou e caminhou de volta para o Grande Salão.
Quando chegou quase sem fôlego à porta, a primeira voz que ele ouviu foi a de Draco Malfoy, zombando na mesa da Sonserina:
- O que é isso, Potter? Vendo onde Filch jogou o seu cérebro com uma etiqueta?
Os sonserinas cairam na gargalhada.
Harry fechou os olhos, suspirando, exasperado. Em sua mente surgia uma visão extremamente fascinante em que assassinava Malfoy com as próprias mãos. Mas agora ele não tinha tempo para isso! Ele teria de matá-lo mais tarde.
Ele correu para Rony e Hermione, e engasgou:
- Senha ... De hoje... Oh ... para entrar ...
- Senha? Quer saber a senha para a sala comunal? Pomo de Ouro - Hermione respondeu. - Mas Harry, o que ...?
- Agora não! – virou-se e saiu correndo.
Superar muitos degraus uma segunda vez foi um grande desafio e quando finalmente chegou ao topo, ele tinha a sensação de que, em algum lugar ao longo do caminho, havia perdido seus pulmões. Ofegante, disse a senha para a Mulher Gorda, esperou um momento, até que ela parasse de reclamar e abrisse o acesso, correu para o dormitório. Os livros estavam na parte inferior do armário. Quando finalmente os pegou, percebeu que já havia passado a hora do almoço, e logo começaria a aula de poções. Colocou os livros na bolsa, amaldiçoando Snape, poções, escadas, Mulher Gorda, e seu ármário, em seguida, saiu para fora da sala comunal e começou a correr pelas escadas rumo às masmorras.
Mas não conseguiu chegar até o próximo andar, porque as escadas estavam se movendo em outra direção e parando num ponto do castelo a partir do qual não havia outro caminho de volta.
"Isso aos poucos deixa de ser divertido" - pensou, tentando não entrar em pânico. Aterrorizado pela ideia de que a aula de poções já devia ter iniciado, começou a correr pelos corredores, tentando encontrar alguma saida. Finalmente, achou uma passagem estreita, com escadas sinuosas que o levaram para uma parte do castelo totalmente desconhecido para ele.
À medida que perambulava pelos corredores, incapaz de encontrar a saída, sentiu cresecer dentro de si um temor pelo que o Mestre de Poções poderia fazer com ele. Sabia que Snape não admitia atrasos. Ele fechou os olhos e começou a xingar tudo o que ele não havia xingado antes.
Finalmente encontrou o caminho para as escadas, rezando que não acontecesse mais nada para atrapalhá-lo, então chegou à porta da classe do Mestre de Poções. Ele respirou fundo várias vezes, tentando acalmar a respiração irregular. Mordeu o lábio com nervosismo e tocou a maçaneta da porta, mas antes que ele abrisse, surgiu em sua mente um cenário muito pessimista do que poderia lhe acontecer caso ele abrisse aquela porta, teve a nítida sensação de que ao fazer aquilo estaria violando as portas do inferno.
"Vamos examinar os fatos ... o dia de hoje foi, de longe, um grande desastre. – pensou - Aulas perdidas com Snape pode até mesmo acabar pior do que o habitual. Talvez eu deva voltar para a Madame Pomfrey e tentar escapar da aula? Mas se eu não aparecer na aula de Snape, ele é bem capaz de me encontrar no mais escondido canto do castelo e me arrastar à força para a aula."
Parecia que o grifinória não tinha escolha. Ele suspirou de novo e resolveu. Girou a maçaneta.
Como era de se prevê, foi uma má decisão.
No momento em que cruzou o limiar da entrada e se aproximou do grupo dele, ouviu a voz do Mestre de Poções:
- Ah, Sr. Potter, nos agraciou com sua presença. Como somos gratos. - Harry fechou os olhos por um momento, sentindo que a raiva misturada com medo começava a ferver nele, exalando nuvens densas de frustração, mas seu rosto permaneceu impassível. Ele sabia que era só o começo. Snape poderia se dar ao luxo de muito, muito mais... - O que foi tão importante para a nossa pequena celebridade para ter chegado atrasado a minha aula?
Harry pensou que era mais aceitável morrer do que admitir para Snape que ele havia esquecido os livros. Já estava formulando em sua mente alguma desculpa plausível, quando de repente Draco Malfoy com uma voz doce disse:
- Senhor, eu posso explicar por que o Potter chegou tarde. - Seus olhos brilhavam maliciosamente. - Potter não poderia estar presente no momento, porque ele estava correndo pelo corredor do castelo a procura do próprio cérebro.
Os sonserinas cairam na gargalhada.
Harry ainda podia sobreviver as provocações tolas, mas no momento em que viu a sombra de um sorriso nos lábios finos do Mestre de Poções, ele sentiu a onda de fúria desenfreada crescer nele.
- Cale a boca! - Sussurrou ao lado de Malfoy, mal dominando os punhos trêmulos.
- Menos vinte pontos para a Grifinória por causa da sua expressão, Potter! - Os olhos de Snape estreitaram-se perigosamente. - E mais vinte pelo atraso! Agora sente-se se você não quer levar embora mais pontos da sua casa!
Harry ficou furioso diante do professor. Com dificuldade para controlar-se , arrastou-se até onde estavam seus amigos – para afastar-se o mais possível de Snape – jogando um olhar furioso para Malfoy, sentou-se pesadamente no banco e começou a tirar os livros da bolsa.
- Como estava lhes dizendo antes da interrupção do Sr. Potter – Snape fitou Harry – vocês irão aprender a fazer hoje uma poção extremamente difícil e rara chamada Desiderium Intimum. Alguém sabe o que é essa poção?
A mão de Hermione disparou.
Snape olhou para a classe , certificando-se que ninguém mais fosse capaz de lhe dar a resposta, em seguida, rosnou asperamente:
- Sim, senhorita Granger?
Hermione respirou fundo:
- A poção Desiderium Intimum, é conhecida como capaz de revelar os mais profundos desejos. Ela é muito antiga e, até recentemente, era proibida, é usada para saber os mais profundos desejos de uma pessoa. Quem bebe essa poção, deixa de perceber tudo e todos a sua volta e se torna um escravo de seu desejo. Ele não pode resistir a ela ... - Concluiu suspendendo a voz sugestivamente.
Snape ignorou a resposta dela, mas causou sensação entre os alunos.
- O importante nesta poção é que ela produz, divulga, ou talvez melhor ... ativa os desejos mais profundos de uma pessoa. Às vezes, mesmo aqueles desejos de que essa pessoa não tem ideia - Snape terminou em um tom de voz obscura.
Pela classe passou um murmúrio de sussurros animados.
- Estes...- Snape acenou com a varinha – são os ingredientes e o procedimento necessários para a preparação. Vocês têm até o fim dos dois tempos da aula. Comecem o trabalho. - Snape voltou para seu lugar em sua mesa, em seguida, varreu a sala mais uma vez com o olhar antes de voltar-se para a correção dos ensaios. Harry teve a sensação desconfortável de que os olhos negros pousaram sobre ele um pouco mais. Sacudiu a impressão desagradável e olhou fixamente para a mesa suspirando com alívio.
Felizmente, Snape não iria testá-los hoje...
Ele se levantou e foi buscar ingredientes. Não gostou de sentir os olhos do professor pousando nele de tempos em tempos, como se estivesse planejando algo nada bom...
Harry nunca foi muito bom em Poções, e todo o pesadelo que já havia passado naquele dia não o deixava se concentrar na tarefa. Isso resultou que, no final da aula, sua poção em vez de estar na cor vermelho-sangue, estava na cor rosa-algodão-doce. O menino olhou ao redor da sala de aula, tentando ver como os outros se sairam e, com alívio, descobriu que quase ninguém conseguiu obter a cor desejada.
- O tempo acabou! - A voz profunda de Snape rasgou o silêncio reinante na classe fezendo Harry sobressaltar-se na cadeira.
O professor levantou-se da sua mesa e, lentamente, começou a andar pela sala de aula, olhava a poção de um sonserina e acenava educadamente, olhava a de um grifinória e torcia um riso sarcástico soltando comentáros virulentos.
Harry congelou quando Snape parou em frente ao seu caldeirão, e depois ele ouviu aquele tom familiar e sarcástico de voz:
- Por favor, por favor ... O que temos aqui? - Snape se inclinou sobre seu caldeirão, e Harry, inconscientemente, prendeu a respiração. - Pelo que vejo, o Sr. Potter tem muito que se preocupar com seus desejos, sua poção chegou a ser a pior de todas aqui presentes. Ele conseguiu superar Longbottom, e esta é uma grande conquista. - O professor sorriu venenosamente, e da mesa da Sonserina chegou um riso, individual e divertido. - Talvez devêssemos ajudá-lo a descobrir seus desejos ...?
Os olhos de Harry arregalaram-se com horror.
O que é que isso quer dizer? Poderia Snape querer que ... ele queria ...?
Não, é impossível!
- Experimente a poção para nós, Sr. Potter, e verifique seu funcionamento. – As palavras de Snape confirmaram as piores suposições que penetraram na cabeça de Harry. Em um momento ele se sentiu quente de raiva e frio de terror. Ele olhou altivamente tentanto devolver-lhe o olhar obscuro, fitou os olhos brilhantes e maliciosos, prendeu a respiração, tentando não desviar de seus olhos, nem piscar.
Então é isso ... Snape estava planejando desde o começo!
Como ele o odiava!
Os sonserinas eram só alegria, enquanto os grifinórias cairam na indignação.
- Mas, senhor - começou Hermione - Não é permitido testar poções em estudantes!
- Pedi sua opinião? - Rosnou Snape, olhando-a com desprezo. - Menos dez pontos por responder sem permissão.
"Eu não vou ser provocado" - pensou Harry, tentando a todo custo encontrar uma maneira de sair daquela situação. E então lhe veio à mente um pensamento muito reconfortante - "Felizmente, estraguei minha poção, posso no máximo perder meus cabelos..."
A sensação de vitória foi retratada em seu rosto em um sorriso fugaz, mas Snape já tinha percebido. Seus olhos se estreitaram perigosamente.
- Mas, se a senhorita Granger está tão pronta para ajudar, então irá testar a poção dela, Potter.
Harry congelou. Ele sentiu um suor frio e calafrios correrem ao longo da espinha.
Ele olhou para Hermione suplicante, como se lhe pedisse que pelo menos uma vez houvesse errado a poção, mas quando o caldeirão chegou às mãos de Snape, Harry viu um vermelho-sangue. Hermione com uma expressão apologética em seu rosto, baixou os olhos e afundou-se no banco.
Harry engoliu em seco.
- Não bebo isso - disse ele. Um pouco mais calmo do que o pretendido.
- Potter... - Disse Snape suavemente, pousando as mãos em cima da bancada e inclinando-se para ele. Olhos apertados, pretos como poços sem fundo mergulharam nos olhos de Harry, penetrando em seu medo, arrancando-lhe a esperança do seu coração e o fiosinho de coragem de tomar a poção - Não posso obrigar você a beber. Mas eu tenho uma sugestão para você, e você deve considerar. Se você não beber a poção, ficaremos todos aqui sentados enquanto você não fizer isso, e a cada cinco minutos eu vou retirar da sua casa cinquenta pontos por conta da sua insubordinação e desrespeito ao comando de um professor.
Harry sentiu uma onda de terror gelado inundar seu coração. Arregalou os olhos, olhando, incrédulo para o professor. Snape sorriu maliciosamente em resposta e endireitou-se. Por um momento ele olhou para ele como se tentando penetrar os pensamentos de Harry, então se virou e saiu da mesa, deixando a poção em seu banco.
- Tome o tempo que quiser, Potter. Temos muito tempo - ele terminou a frase sentado-se à sua mesa e calmamente tomando um monte de ensaios.
Todos os olhos estavam dirigidos a Harry. Grifinórias olhavam para ele com horror. Sonserinas, com interesse.
Quando Harry finalmente conseguiu superar o primeiro choque, fechou os olhos e respirou fundo, tentando acalmar as batidas frenéticas do coração.
Ele abriu os olhos e olhou para a substância vermelho-sangue, sentindo como se seus pensamentos entrassem em pânico e começassem a correr como loucos, colidindo uns com os outros criando um caos difícil de controlar . "O que pode acontecer se eu beber esta poção? Tudo bem, todo mundo vai saber o mais profundo dos meus desejos. Bem, ok, mas qual é o meu maior desejo?" - Mas ele não sabia. - "Parece-me que o desejo de ser o mais bonito do mundo, mas isso pode, não é nada demais, não é? Talvez eu queira algo mais? E se o meu maior desejo é matar Malfoy? Hmm, seria bastante interessante ... Mas o problema é que, se depois de beber a poção eu matá-lo, irão me mandar para Azkaban, ou talvez levem em conta as circunstâncias atenuantes, porque eu vou estar no efeito da poção e não será minha culpa ... "
- Menos cinquenta pontos para a Grifinória - a voz de Snape atravessou a mente de Harry e restituiu-lhe a realidade.
Harry fechou os olhos, sentindo como as palavras lhe esburacavam a mente. Se Ele não beber a poção, Snape se vingará não só nele, toda a Grifinória irá sofrer. E mesmo se Harry contar a Dumbledore sobre isso, Snape encontrará uma maneira de ter a última palavra sobre este assunto. Snape era capaz de transformar sua vida num inferno ...
Ele levantou os olhos e levou as mãos trêmulas para a garrafa contendo um pouco da poção. Seu olhar vagou cheio de ódio contra o professor sentado à sua mesa. Snape olhou para cima e seus olhos se encontraram. A escuridão, os olhos de túneis fundos do Mestre de Poções, brilharam fitando os olhos verdes de Harry, sugando-lhe toda a resistência, a coragem, esmagando a sua confiança, o homem havia vencido. Harry não podia resisitir a esse olhar. Ele desviou os olhos, tinha a sensação de que todo o seu corpo estava tremendo.
Ele olhou novamente para o frasco na mão. Isto poderia mudar completamente sua vida... a poção parecia sangue, seu próprio sangue. E Harry odiava a visão de sangue.
Ele fechou os olhos, sentindo que a cabeça girava tanto que por um momento achou que ia vomitar.
Não, ele não poderia fazer isso!
Diante de seus olhos apareceu uma foto da Grifinória em último lugar na competição da Copa das Casas. Ele olhou os colegas com os olhos cheios de remorso. Viu todas as consequências que a recusa acarretaria para os outros.
Não tinha escolha.
Ele tinha que fazê-lo.
Ele fechou os olhos e bebeu em um gole todo o conteúdo da garrafa.
Amargo e doce, algo surpreendentemente fluido derramou-se sobre seu corpo, como uma onda incrivelmente quente que lentamente dominava cada parte dele, aquecendo-o. Harry abriu os olhos devagar, com medo do que pudesse ser visto. Mas tudo parecia exatamente a mesma coisa de antes. Trinta pares de olhos fitavam-no com atenção e expectativa. Harry estava no meio da classe, sentindo-se muito estúpido. Planou em sua cabeça a ideia enlevante de que provavelmente Hermione havia errado a poção, mas esse pensamento parou repentinamente, como se alguém houvesse cortado. Algo estranho começou a acontecer com seus olhos. Ele sentiu um calor irradiar do seu peito, como se alguém tivesse acendido uma lareira.
A classe que ele olhava, começou a diluir-se. Apressadamente tirou os óculos, mas nada mudou. Estudantes e tabelas se afastavam dele e desapareciam na escuridão. Sentiu como se saisse do seu corpo, afastando-o de tudo que conhecia. Um desconfortável silêncio tocou-lhe os ouvidos, a respiração e o coração aceleraram, mas ele não percebeu, porque parecia que seu corpo também havia se dissolvido na escuridão.
Harry foi deixado sozinho no silêncio e vazio circundante. Ele sentiu dentro de si algo incrivelmente quente, algo que o envolvia e mergulhava-o em euforia. Ele não podia nomear ou definir. Mas era muito... agradável.
Ele olhou em volta e viu uma figura ao longe, rodeada de luz. Não havia nenhuma luz externa. Parecia que toda a luminosidade era emitida por aquela figura.
E assim ele não estava ali sozinho...
Algo etéreo, inefável brilhou de pé na distância de algumas pessoas, o que fez Harry se mover em sua direção, e o calor dentro de si cresceu a cada passo, e gradualmente tomava conta de seu corpo.
Quando ele estava a poucos metros de seu alvo, a figura se virou, e então o calor no corpo de Harry explodiu e teve a impressão de que o fogo que sentia alastrar em seu corpo o estava queimado vivo. Sentia-se no meio de um incêndio com lava em torno dele, que varria sua mente e seu corpo, incinerando-o. Ele sentiu que suas calças se tornaram subitamente apertadas. Depois sentiu algo molhado em seu rosto.
Mas ele não se importava com isso.
Seu olhar estava fixo em Severus Snape, que estava diante dele na sua pose altiva e olhou para dois profundos poços sem fundo, olhos negros, que retratavam desprezo, ridicularização, escárnio... Ele olhou-lhe a face, o traço das rugas faciais, lhe pareceu o rosto mais bonito que já tinha visto... Em torno do Mestre de Poções havia uma atmosfera sinistra, carregada de ansiedade e medo, irradiando a partir de sua postura orgulhosa, observando o corpo do garoto que tremia incontrolavelmente.
Harry divisou um robe de veludo preto envolvendo a figura alta e esguia. repentinamente, percebeu que o preto era uma cor tão bonita. Por que não tinha notado antes? Ele suspirou profundamente, como se ele nunca tivesse visto nada tão bonito, e seus olhos deslizaram para apreciar todas as formas. Ele gemia, sentindo a necessidade irresistível de alcançar o material preto sob as calças do professor.
Snape o olhou de modo sinistro, obscuro, ameaçador.
Harry tinha a impressão de que se não o tocasse, iria morrer.
Rolando e tropeçando em alguns objetos invisíveis, começou a rastejar em direção a ele, ansioso para acalmar a fúria do fogo que queimava nele, apagá-la na boca do homem, em suas mãos. Com força sobre-humana superou uma boa distância, mas algo inibiu-o imobilizando-lhe, pressionando, não permitindo que atingisse sua meta.
Ele era uma tocha viva, ardente de desejo, e isso o impeliu para frente.
Finalmente chegou no lugar. Ele já estava tão perto, apenas a um passo de seu objetivo. Ele parou, incapaz de seguir em frente, como se houvesse alguma coisa em seu caminho. Via-o de forma tão clara - com o rosto envolvido por uma cascata negra de cabelos, mirou as sobrancelhas, entre as quais existia uma ruga profunda, olhos apertados, que de perto pareciam ainda mais escuros, mais profundos, mais repletos de segredos... e a boca, finos lábios pálidos cerrados em uma linha fina, queria invadí-la com a língua, chegar ao seu interior quente, prová-la, sentí-la... sentir as mãos em seu corpo, seus dedos em seus cabelos, a língua em sua garganta, quente, uma ereção queimando em seu interior...
Sua cabeça começou a girar. Mãos e joelhos tremiam tanto que mal conseguia manter-se de pé. Espasmos de emoção sacudiam seu corpo, lançando ondas quentes em suas calças, então sentiu algo quente e pegajoso.
- Severus... - disse, encostando em uma barreira invisível e estendendo a mão em direção ao homem.
Tinha dificuldade de falar. A respiração tornava-se mais difícil bem como a posição vertical do corpo. Iria morrer se não tocasse, queimaria vivo e então evaproraria-se. Explodir, explodir, desaparecer, dissolver no ar ... Desintegrar-se em mil pedaços, e nunca deixar de retornar ao seu estado anterior. Algo, no entanto, bloqueava-o. Algo não permitia que ele se aproximasse do seu maior desejo. Um vasto desespero penetrou em seu coração, quando ele lutou, tentando alcançar as roupas pretas, cabelo, nada... Ofegante, ele congelou por um momento, porque seus olhos afundaram-se em uma íris preta. Absorvido, ele deslizou para um túnel escuro de onde não havia saída, não havia caminho de volta. Ele só podia escorrer por eles e seguir em frente, guiado por uma luz no fim do túnel.
- Você tem os olhos mais lindos e emocionantes do mundo. – foram as palavras que conseguiram sair de sua boca - Eu quero me afogar neles, quando você me tomar.
A visão o traspassou por completo, e Harry sentiu o coração parar de bater por um segundo. Como se algo gritasse urgentemente nele. Muito sufocante. Ele sentiu uma dor no peito. A dor do desejo.
- Me tome... Severus...! - A última palavra foi um gemido, porque ele não conseguia mais controlar o fogo que o consumia, causando-lhe sofrimento indescritível.
Num úlimo grande esforço, estendeu a mão para tocar o veludo, o cabelo preto, para acabar com a dor horrível que devorava seu corpo e coração, rasgando-o em pedaços pequenos.
Então ele viu quando os lábios de Snape formaram uma palavra ininteligível, um flash repentino de sua varinha cegou seus olhos e tudo desapareceu.
Harry fechou os olhos e quando os abrio, percebeu que ele estava na mesa de Snape, estava quase em cima dele, com a mão estendida em direção ao professor, com uma ereção completa em suas calças e lágrimas em seu rosto.
Na classe houve um silêncio mortal.
Snape estava diante dele com os olhos abertos, olhando para ele com choque, como se o visse pela primeira vez na vida. Harry nunca tinha visto tal expressão em seu rosto, que geralmente carregava apenas escárnio e arrogância. Snape havia visto algo tão inesperado que o deixou em perplexidade total.
Em seguida, a consciência voltou à mente de Harry, atingindo-o com a força de um golpe de Salgueiro, sentiu todo o sangue ser drenado de seu rosto.
"Nãaao!"
Ele oscilou de pé, pálido de morte. Por alguns momentos, tentando recuperar o fôlego, porque os pulmões se recusavam a trabalhar.
Em sua mente havia um caos total.
"Que diabos foi isso? O que eu fiz? O que aconteceu? O que... o que foi?"
Fechou os olhos, revendo imagens marcantes em sua memória. Tão incrível, tão... horrível...
"Como eu poderia? Snape...? É... isso é impossível! Não, isso não aconteceu! Não pode!"
Todas as suas entranhas torceram-se quando emergiu em sua mente suas próprias palavras:
"Me tome... Severus...!'
Ele sentiu ânsia de vômito.
"Eu não podia! Não... Snape não! É impossível! É... é alguma piada de mau gosto! Eu não acredito! Maldito, não acredito nisso!"
Ele olhou para baixo, sentiu como se o seu coração fosse explodir de terror. Ele só queria sair dali. Queria se esconder em algum lugar onde ninguém o encontrasse. Ele sentiu como se tudo o que sabia sobre si mesmo, repentinamente ruisse como um castelo de cartas e sua honra e orgulho fosse enterrado debaixo de seus escombros. Levando com ele toda a coragem e deixando apenas a dor, torcia-lhe o medo que tomou conta de seu coração, esmagando-o com o seu peso, fazendo com que mal pudesse manter-se de pé.
Ele desejou que a terra se abrise sob seus pés e o engolisse naquele momento.
Ele foi humilhado. Até o limite. Tudo nele estava quebrado, enterrado, esmagado. Nada que um homem pudesse suportar.
Voltou-se para a classe e viu os rostos chocados dos seus colegas. Hermione estava à beira das lágrimas, e Ron olhou para ele com incredulidade , como se Harry de repente houvesse se tornado um estranho.
Ele sabia que se não saisse imediatamente, iria vomitar à vista de todos.
Cambaleando e tropeçando, ele começou a se mover em direção à porta, como um sonâmbulo em um sonho. E se alguém lhe perguntasse mais tarde como ele conseguiu levantar-se sem tombar, ou pior ainda, não chorar, não poderia responder-lhe.
Ninguém disse uma palavra, quando a porta se fechou atrás dele com um estrondo abafado.
CDN
