First Impressions On Earth

Tudo começou com uma risada. Blaise tinha sido educado para os padrões da mais alta sociedade e aquele som estridente e escandaloso era um completo absurdo para eles. Seus ouvidos doíam, e seus olhos se estreitaram em desgosto olhando para a dona da voz.

Era só uma garotinha, os cabelos escuros presos em duas tranças bem feitas, com enormes fitas cor de rosa prendendo-as. Sua pele era pálida, mas o rosto estava vermelho de tanto rir. O nariz era feio, arrebitado demais, ao ponto de parecer esquisito. As bochechas eram grandes, o rosto redondo, os olhos escuros e maldosos. Eles, ao menos, Blaise aprovou.

Claro que Longbottom era motivo de risada para todos, claro que sua tentativa desajeitada de voar e suas consequências não eram inesperadas. Conseguia entender de onde vinha a diversão, mas não aprovava a forma como ela se construía.
"Uh, eu nunca soube que você aprovava mariquinhas, Parvati!"

A voz dela era feita de agulhas que pareciam enfiarem-se em seus ouvidos. Patil, no entanto, com seu rosto belo e sua voz comedida sequer se deu ao trabalho de responder. Em quinze dias, Parkinson tinha se tornado um profundo desafeto. Não era preciso mais do que isso para perceber a inconveniência da garota, seus modos menos que ideais, e o fato de que ela não parecia preparada para ficar longe da mãe e sozinha na escola.

Draco Malfoy desafiou Potter e subiu na vassoura. A risada de Pansy Parkinson imediatamente desapareceu, e ele sorriu – ao menos por isso. Achava idiota rivalizar o garoto que sobreviveu apenas pela diversão – estava claro que acabaria se virando a favor dele de alguma forma. Era uma tolice. Enquanto os dois voavam para longe, Pansy elevava-se em seus dedos do pé, nervosa e aflita, torcendo os dedos das mãos, olhando-os com ansiedade. Quando Potter provou que tinha "vencido" aquela pequena briguinha, ela abaixou-se chateada. Quando McGonagall surgiu, chamando-o com a voz firme, seu rosto se iluminou imediatamente e bastou à professora sumir para que a risada irritante tornasse a encher o ar.

Aos onze anos, Blaise decidiu que Pansy era patética e que jamais mereceria atenção ou respeito de ninguém ao menos de que mudasse muito. Aquela adoração tola por Malfoy e a falta de comedição iriam acabar sendo sua queda.

Com o passar dos anos, eles acabaram aproximando-se. Aos pouco, aprendeu a tolerá-la e até mesmo se tornaram bons amigos. No entanto, não ficou tão surpreso quando a sua previsão inicial se provou certa. No meio do Salão Principal, depois de um ano infernal, ela se levantou aprontando para Potter e pedindo que o pegassem. Blaise afundou o rosto nas mãos, impressionado com a tolice da garota. Até Draco, que sempre fora próximo dela pareceu relutante de sequer encará-la. Os corpos dos alunos viraram-se contra ela e as ordens foram de levá-la embora. Ele seguiu ao lado dela por todo o caminho até Hogsmeade, vendo suas lágrimas revoltadas e nervosismo claro.

Mesmo sem admitir, Blaise agora sentia falta da risada de Pansy.