Disclaimer: Naruto pertence à Masashi Kishimoto, e não a mim. Não tenho intenção nenhuma de lucrar com essa estória, apenas presentear uma amiga.

Rating: T por precaução.

Minha primeira fic com mais de um capítulo onde a história segue normalmente. Sejam bonzinhos.

Notas: A idéia e clichê. Não estou copiando ninguém, dei uma conferida para ver se existe alguma fic com conteúdo parecido em português, mas não achei nada. Sei que existe uma em inglês, mas os contextos são diferentes, portanto só pra repetir, não to copiando nenhuma americana maluca! Também ter certa correlação com um dos meus seriados favoritos, que infelizmente já acabou...

Essa fic é um presente pra Laari T., pois apesar de conhecê-la apenas virtualmente, ela se tornou uma amiga de verdade, com quem eu posso falar de tudo. Saiba que é muito importante, amora minha!

So, there it goes!


Hospital de Konoha, quarto 23
18:35.

Temari levantou-se da poltrona em que estava sentada, aproximando-se da cama. Ajeitou melhor os lençóis brancos, puxou o travesseiro para cima com delicadeza e por fim permitiu-se ficar olhando para ele. Segurou uma das mãos frias do shinobi, apertando-a levemente, acariciando a pele com a ponta dos dedos, tentando transmitir-lhe um pouco de calor.

Olhou para a janela, vendo que as primeiras estrelas despontavam no céu. Deu um sorriso triste, sentindo os olhos marejados.

- As suas nuvens estavam tão bonitas hoje, Shikamaru... Você teria gostado de vê-las.

Uma lágrima silenciosa escorreu lentamente pelo rosto abatido da kunoichi de Suna. Quarenta e três dias. Era esse o tempo em que ele estava em coma, entre a vida e a morte. Em sua última missão, ele e seu time haviam enfrentado o Uchiha foragido e seus aliados no sopé de uma montanha. Durante o combate sangrento Naruto havia liberado a sétima cauda da Kiyuubi e tomado pela força extraordinária do bijuu, provocou um desmoronamento de grandes proporções. Shikamaru salvou Chouji de ser atingido, mas acabou soterrado.

Levantou a mão e secou a lágrima resignadamente. Desde que havia recebido a notícia, não havia tido mais nenhum minuto de paz. As lembranças do fatídico dia eram agora fragmentos desconexos.

"Ele sobreviveu por milagre"

"Coágulo no cérebro"

"Cirurgia de emergência"

"Não há previsão para que recobre a consciência."

Voltou a olhar para o rosto tranqüilo do shinobi. Acariciou a cabeleira escura dele, observando que em breve os cabelos da parte da cabeça que havia sido raspada para a cirurgia alcançariam os demais.

Abaixou a cabeça e beijou o rosto adormecido dele delicadamente, evitando com cuidado o tubo de oxigênio que lhe encobria a boca.

- Feliz Aniversário de dois anos, preguiçoso.

Ela sorriu, mas logo seus lábios tremeram e mais lágrimas subiram-lhe aos olhos. Abafando um soluço, debruçou-se sobre ele e abraçou-lhe o corpo inerte, as lágrimas quentes molhando o lençol que o cobria. Por que aquilo tinha acontecido logo agora? Eles estavam tão bem, ela havia alugado um apartamento em Konoha para ficar mais tempo com ele, passava a maior parte do ano na vila Oculta da Folha apesar de ainda ser uma ninja de Suna. E hoje era o dia em que eles completavam dois anos de namoro, e ela não podia beijá-lo, não podia olhar as nuvens com ele, não podia ao menos olhá-lo nos olhos ou ouvir sua voz.

Recuperando um pouco do autocontrole, levantou-se e voltou a segurar sua mão.

- Eu comprei o seu presente, mas só vou entregá-lo quando você acordar. É um tabuleiro de shogi de vidro, metade das peças são foscas e as outras são translúcidas, eu achei muito bonito, acho que você vai gostar também. Pode até servir para decoração, mas a gente vai jogar.

Observou as feições serenas. Ele sequer mexia os olhos por baixo das pálpebras cerradas. Sabia que Shikamaru não estava ouvindo, mas ainda assim conversava com ele para não enlouquecer.

- Mas antes você precisa acordar, Shika...

Ouviu uma batida curta na porta e virou o rosto a tempo de ver Yoshino entrando no quarto. Sorriu para a mais velha de maneira triste enquanto a outra se aproximava e lhe dava um beijo na bochecha, colocando depois a grande sacola que havia trazido no armário.

- Vá para casa descansar, Temari. Eu fico com ele essa noite.

- Tem certeza, Yoshino-san? Eu posso ficar...

- Não precisa me chamar assim, querida. Vá tomar um banho e descansar, você já está aqui desde ontem.

Temari suspirou e deu um beijo na mão de Shikamaru antes de colocá-la de volta na cama. Realmente se sentia um pouco cansada, ultimamente não conseguia dormir muito bem. Foi até a poltrona e apanhou seu leque e uma bolsa onde carregava uma muda de roupas, depois abraçando Yoshino carinhosamente.

- Eu volto pela manhã.

A matriarca dos Nara suspirou mas ainda assim se sentiu feliz por ver a dedicação da loira. Ia dizer para que não se preocupasse, mas sabia que Temari estaria lá de qualquer maneira. Sorriu levemente para a nora.

- Tudo bem, eu estarei aqui.

Temari virou-se para sair, mas assim que abriu a porta parou e tomada por uma sensação estranha murmurou:

- Se ele acordar peça para alguém me avisar, por favor?

Yoshino franziu a testa, pois elas tinham parado de conversar sobre aquilo há certo tempo. Sorriu de maneira resignada.

- Claro, querida.

-xxxxx-

Temari havia tomado banho e estava se obrigando a comer o lámen que havia comprado no caminho para casa. Largou os hashis na mesa, torcendo as mãos enquanto se levantava e ia para a janela, abrindo a mesma e deixando o vento cortante da noite lhe atingir o rosto. Desde que deixou o hospital começou a se sentir estranhamente inquieta, como se alguma coisa estivesse para acontecer. Não gostava daquela sensação, pois sua experiência lhe dizia que nunca era uma coisa boa.

O telefone tocou, sobressaltando-a. Andou até o aparelho em passos lentos, sentindo a esperança brotar-lhe no peito. Será...? Com a mão trêmula tirou o fone do gancho.

- Moshi Moshi?

- Yo, Temari. Como vai essa sua cabeça dura?

- Kankuro. – ela suspirou, desapontada. Quão tola ela era, achando que poderia ser alguém do hospital.

- Claro, seu irmão mais bonito e charmoso. Quem você esperava que fosse, o coelhinho da páscoa?

- Ninguém, seu baka. Como vocês estão?

­- Eu estou bem, e o Gaara também. Mas estamos preocupados com você, Hime. Faz tanto tempo que você não vem para Suna...

- Você sabe o motivo.

- E ele... melhorou?

- Na mesma – ela murmurou.

- Eu sinto muito, Tema.

Ela ficou muda por um momento, sentindo o nó se formar em sua garganta, coisa que ultimamente acontecia com tanta freqüência. Sentiu raiva das palavras do irmão, sentia raiva dos olhares de pena que recebia das outras pessoas. Ela também sentia, muito mais do que qualquer um poderia imaginar.

- Eu também, Kanky. Eu também.

-xxxxx-

19:17

Yoshino franziu a testa e levantou os olhos do livro ao ouvir a aceleração do bipe do monitor cardíaco. Chegando perto do aparelho, observou preocupada a oscilação no gráfico, pensando no pior. Apertou o botão que acionava uma médica-nin e segundos depois Ino entrou pela porta quase correndo.

- Algum problema, tia Yoshino?

Antes que ela pudesse responder, o aparelho fez outro barulho e logo um alarme começou a soar no quarto. Ino aproximou-se da parafernália que matinha o ninja das sombras vivo com os olhos arregalados.

- O que...

Então aconteceu. Shikamaru mexeu a cabeça lentamente de um lado para o outro, fazendo com que as duas mulheres o observassem atônitas. Subiu uma mão até o tubo que lhe obstruía a garganta e lentamente piscou diversas vezes antes de abrir os olhos escuros. Ino apressou-se para tirar-lhe o tubo e Yoshino colocou a mão no peito, sussurrando enquanto lágrimas lhe enchiam os olhos e um sorriso aliviado surgia em sua face.

- Kami-sama...

-xxxxx-

O telefone tocou novamente e Temari estendeu a mão para atendê-lo num gesto quase automático.

- Alô?

- Temari-san? Aqui é a Sakura – a voz do outro lado da linha se apressou em esclarecer.

- Yo, Sakura. Tudo bem?

- Sim, tudo. Na verdade eu estou te ligando do Hospital...

Seu coração parou de bater e ela segurou o fone com força, prendendo a respiração e sem conseguir articular nenhuma frase coerente. Será que alguma coisa ruim tinha acontecido? Ou será que...

- Ele acordou, Temari. – Sakura disse, tirando todas as dúvidas dela.

- Eu estou indo praí agora mesmo! – Temari exclamou, tomada por uma energia que não se lembrava mais de ter.

- Não, Temari-san, eu preciso te falar... – Sakura foi interrompida pelo clique do telefone sendo colocado no gancho do outro lado.

Suspirou e colocou o fone no gancho também, olhando depois para Ino, parada atrás dela.

- Ela está vindo. E ela não sabe, não me deixou falar...

Ino olhou desolada para a amiga. Sombras lhe escureceram os olhos claros, que refletiam uma tristeza profunda.

- Vai ser um golpe muito grande.

-xxxxx-

Ela entrou correndo pelo corredor do Hospital, parando bruscamente em frente a porta do quarto 23. Sorriu feito uma criança enquanto tentava normalizar a respiração, e ajeitou os cabelos que lhe caíam nos olhos. Respirou fundo uma, duas vezes, e com gestos incertos abriu a porta lentamente.

Yoshino e Shikaku estavam lá, assim como Ino e Sakura. Tinham expressões definitivamente tristes nos rostos, e a Yamanaka chorava copiosamente, apesar de tentar disfarçar. Permitiu-se então olhar para ele, que estava sentado na cama, e seu coração falhou uma batida. Ele realmente estava acordado, e observando-a de maneira... estranha. Deu um passo à frente, apertando as mãos nervosamente enquanto um meio sorriso surgia em seus lábios.

- Shikamaru...

Ele franziu o cenho, como se ela estivesse falando numa língua desconhecida, e a Sabaku congelou-se ao ver-lhe a expressão confusa. O sorriso sumiu e seu mundo veio abaixo quando ouviu o que ele disse, aquela voz que ela amava tanto dilacerando seu coração, os olhos frios e vazios do Nara lhe atravessando o peito.

- Quem é você?


N/A: Finaaal do primeiro capítulo. Tá um pouquinho diferente do que eu costumo escrever, afinal é a primeira vez que eu escrevo um drama XD. Laari, espero que você tenha gostado! 8D

O próximo capítulo sai em breve, já está pronto, mas vamos ver como esse aqui se sai.

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