Clichê

"Sabe qual é o mais engraçado de tudo isso, James? É que, no final – mesmo com toda minha vontade -, nossa história foi clichê."

OoO - James OoO – OoO Lily - OoO

Sabe qual é o mais engraçado de tudo isso, James? É que, no final – mesmo com toda minha vontade -, nossa história foi clichê.

No início, era somente ódio. Olhos lançavam faíscas desse sentimento. Até o quarto ano, éramos crianças demais para perceber que uma vida se construía atrás desse ódio todo.

Perdoe-me se eu disser que eu percebi antes de você. Porém, não o culpo. Sirius e você não eram donos da maior maturidade do planeta – eu mesma acho que, às vezes, fui dura demais. Fria demais.

Quando você começou a me perseguir, primeiramente encarando-me como um desafio, eu soube: isso era clichê demais. E eu era uma nascida-trouxa, o que eu menos gostava eram os clichês.

Cinderela, Bela e a Fera, Romeu e Julieta? Hunf. Eu realmente não queria saber desses clichês. Quando descobri que era bruxa, queria algo novo. E, quando você começou a me chamar para sair, eu descobri que não tinha nada de novo nisso.

E o mais estranho era que no final dessas histórias trouxas, a menina sempre fica com o menino. Eu te odiava demais naquela época para querer ficar com você. Eu sei que sou estúpida, mas não precisa rir ao ler isso.

Então, eu fui simplesmente: não me atei aos clichês.

Ignorei-te seriamente, dando cada fora que podia pensar no momento de sua pergunta. Funcionou. Pareceu funcionar.

No entanto, no sétimo ano – Merlin sabe como foi um dos melhores da minha vida -, você absolutamente conseguiu. Eu tinha me apaixonado por você. E – surpresa! -, isso não era uma aposta.

Você me amava. Amava-me mesmo.

Repentinamente, clichês não era uma coisa ruim.

Quando Harry veio, a vida não poderia ser melhor. Claro, Voldemort estava lá fora... Mas, nossos amigos estavam saudáveis, bem. Nós, seguros, vivos, juntos.

E, após a profecia, o mundo começou a desmoronar. No entanto, convenci-me de que até poderia ser uma coisa boa – nos contos de fadas, mesmo com os problemas, tudo não termina bem?

Nosso clichê também terminaria bem.

Até eu ouvir alguém gritar "Bombarda!", a porta explodir e eu ouvir você gritar para eu subir – para eu proteger a mim e nosso filho. Eu escutei Lord Voldemort gritando Avada Kedavra, eu escutei seu corpo tombar.

Porém, ainda havia uma pequena parte sua no meu colo: nosso filho. Harry estava ali, vivo. Ele tinha uma parte sua, e uma minha – porém, naquele segundo, a minha parte era insignificante.

E eu protegi nosso filho. Não só porque eu o amo, mas também porque eu te amo.

No final – depois de todo ódio, toda imaturidade, todo esforço, toda paixão, todo clichê – eu morri. Foi simples, rápido, mortal. Envolveu somente duas palavras e eu de repente não existia mais.

Avada Kedavra. Duas palavrinhas causaram minha morte – soa ridículo. Extremamente ridículo.

Uma luz verde veio em minha direção. Alguém riu sombriamente. Harry chorou – e um preto profundo me cobriu.

Somos muito clichês, não acha, James?

Romeu e Julieta morreram.

A Bela e a Fera ficaram juntos.

No fim de tudo, somos iguaizinhos às minhas histórias trouxas. Dos dois pontos.

E, quer saber? Eu não faria nada diferente.

Porque isso poderia significar não me apaixonar por você, não me casar com você, não ter Harry – poderia significar Harry não sobreviver, ou existir.

Então, o clichê não é tão ruim.

Clichê? Hm. Talvez não.

Nossa história original é nossa, não acha? Provavelmente estou sendo boba. Mas é porque te amo.

Não vou terminar com "e eles viveram felizes para sempre...". Poderíamos ter sido mais felizes. Sem guerra, sem profecia, sem Voldemort. Mas destino é destino. Não houve como ditá-lo, não desta vez.

Todavia, aguarde.

Eu te amo.