Gente, tentativa de manter duas fics!
Mas juro que esta não será tão longa quanto "Linhagens e Amizades"!
Espero que gostem!
Essa história aconteceu comigo... há muitos anos... vinte, para ser mais exata. Desde aquele tempo eu sabia que não poderia sufocar essas emoções, não poderia mantê-las escondidas... mas ainda assim queria que este momento fosse mais calmo e pacífico. Não queria que a minha vida fosse o estopim para uma guerra. Muito menos uma travada dentro de minha própria vila.
Hoje sou uma mulher de quarenta anos e me considerava satisfeita com o que tinha. Não posso dizer que sou feliz, mas afirmo com certeza que um dia eu fui. E que aproveitei cada instante daqueles momentos, como se soubesse que eles não seriam eternos.
Mas hoje... vejo que nada poderia me fazer mais feliz que apenas sentir aquele frio nas pernas... o coração saltando... queria voltar a ser uma garotinha irritante novamente. Ser uma adulta compenetrada e ciente tem muitas vantagens, mas a maior delas é perder a inocência.
Então, você que me acompanha nessas palavras, não se impressione com o que contar, nem me julgue de maneira inapropriada. Você não me conhece. Ainda não me conhece.
Há vinte anos eu era uma jovem então com vinte anos recém completos e muito atarefada. Ser pupila da Hokage não é uma tarefa das mais simples, mas nunca reclamei, pois com minha mestra aprendi o real sentido da palavra poder. Ele não se limita aquilo que você pode fazer, quem você pode vencer. Mas sim o que pode construir a partir dele. E nisto, Tsunade-sama foi uma mestra para a vida toda.
Acompanhava com sentimentos contraditórios a evolução da vida de meus amigos mais chegados. Naruto agora era o respeitável namorado da líder do clã Hyuuga e estava seriamente pensando em avançar com um compromisso mais sério. Por ele acho que já estariam casados desde que ela finalmente contou a ele que era apaixonada pelo baka... isto é, porque se ela não falasse, ele jamais perceberia. Mas no momento em que percebeu que alguém gostava dele de uma maneira tão especial, um surto de inteligência invadiu aquela mente oca, que aceitou e correspondeu também. Fiquei muito feliz por eles, afinal, Naruto sofreu tanto como eu...
Ino estava noiva de Sai há dois anos... era muito complicado ver minha melhor amiga e melhor rival com um rapaz tão incerto como Sai. Mas apesar de meus temores pelos dois, ela parecia muito tranqüila e não reclamava de nada. A verdade é que ele escutava sem reclamar tudo que ela falava... porque todas as emoções em Ino sempre foram muito intensas e o grande objetivo da vida de Sai sempre foi compreender os sentimentos. Afinal, não formavam um casal tão estranho, de todo. Agora os dois trabalhavam nos negócios da família Yamanaka e a arte dele criava lindas peças para enfeitar as casas. Ino estava dedicada com o avanço em seus estudos médicos e especializou-se em farmacologia. Suas ervas eram as mais bem cuidadas e sempre solicitamos seus serviços, bem como as Vilas vizinhas.
Até mesmo o Lee... que não via há tempos... até mesmo ele estava com uma pessoa. Era uma shinobi da Areia que tinha o mesmo estilo esquisitão dele... até mesmo o uniforme dos dois eram parecidos... sendo que o dela predominava um vermelho absurdo... muita das vezes me vi rindo dos dois, mas depois sentia uma profunda alegria, porque afinal, todos merecem sua cara-metade.
Menos eu, ao que parecia.
- Sakura, você já terminou seu plantão?
- Sim, Tsunade-sama. Mas se quiser, posso ficar mais tempo. Não tenho muita coisa a fazer, seria um prazer ajudar.
- Está louca? Você não sai deste hospital há cinco dias! Precisa ver a luz do sol, agora. De que adianta ser uma ótima ninja médica se estiver doente? Não poderá ajudar ninguém.
Há alguns meses, Tsunade-sama tinha anunciado formalmente que abandonaria o cargo de kage e de líder do Hospital de Konoha em cinco anos. Não tinha anunciado ainda substitutos... mas todos em Konoha sabiam que seríamos Naruto e eu. Um frio na espinha me fazia ficar imóvel quando me pegava refletindo sobre aquilo. Era uma responsabilidade que ainda não julgava estar pronta para assumir.
- Tsunade-sama, não é incômodo ficar ao lado dos pacientes... tenho que fazer parte da equipe...
- Você disse muito bem, equipe! Não pode fazer o trabalho todo sozinha... todos têm que trabalhar! Sakura, isso é uma ordem! Você vai tirar três dias de folga. Ora, ora... na sua idade eu aproveitava muito bem meu tempo vago.
Uma gota formou-se em mim: Tsunade era conhecida como grande perdedora em jogos de azar. Gastou muito dinheiro em jogos e na maioria esmagadora das vezes, não ganhava. Sempre que conseguia uma vitória, por menor que fosse, era sinal de mau presságio. Isto sem falar na fama de bêbada... muitas vezes me vi obrigada a despertar a mestra de seu estava de embriaguês... mesmo com a idade que tinha, passava dos limites! E agora ela vinha dizer para fazer a mesma coisa?
- E como prova disto, vou lhe dar um presente! Eu ganhei uma estadia numa casa de banhos quentes bem próxima de Konoha, mas não poderei ir, você sabe quanto trabalho tenho tido ultimamente... bem... vou repassar a reserva para você... aproveite que tudo será de graça! E volte com as forças renovadas.
Pensei por alguns instantes, sabia que minha mestra não gostava de atitudes indecisas. Estava realmente muito cansada, mas gostava de ocupar minha mente para não pensar em coisas que me deixassem frustradas... e meu trabalho cumpria essa missão com louvor. Entretanto, meu corpo dava sinais de cansaço...
- Sim, aceito. Muito obrigada, Tsunade-sama!
- Ótimo! Vá para casa e arrume sua bagagem... quero você fora da Vila antes anoiteça!
Ser "expulsa" por ela era o final de nossa conversa. Fui até minha casa, um lugar que evitava desde a morte de meus pais. Foi muito trágico perdê-los ao mesmo tempo... um incêndio sem explicação tomou conta da casa enquanto estava num plantão à noite. Eles estavam dormindo e segundo me informaram, nem se deram conta das chamas. Mas isto não me acalmava. Mesmo depois de alguns anos, com a casa reformada, sentia um vazio profundo. Não gostava de ficar ali, mas também não podia abandonar a casa onde cresci. Eram, afinal, minhas únicas lembranças.
Arrumar as coisas foi uma tarefa fácil. Ao entardecer estava nos portões da Vila e encontrei Naruto com Hinata, num raro momento dos dois em público: Hiashi-sama não permitia que os dois saíssem pelas ruas, achava indecoroso a líder do clã agindo como uma jovem apaixonada. Coisas dele, claro... prá mim sempre foi porque ele tinha ciúmes dela... não queria vê-la partir...
- Yo, Sakura-chan! A Vovó Tsunade disse que ia passar uns dias fora da Vila!
- É, vou descansar um pouco... ando exausta...
Os dois estavam de mãos dadas e Hinata agora demonstrava um pouco mais de confiança ao estar na presença dele. Mas nada exagerado, porque ainda podia ver que o rosto dela sempre tinha uma coloração mais avermelhada que o normal.
- Fico contente por você, Sakura-san.
- Obrigada Hinata!E quando você vai tirar umas férias? Fiquei sabendo que as coisas estão bem complicadas para você também.
- Um pouco... mas descansar...
- Descansar ela vai sim... na nossa lua-de-mel! - Naruto abraçou Hinata e eu quase temi que ela desmaiasse, porque o rosto estava rubro como nunca.
- Na-Naruto-kun! Não fale assim... o que a Sakura-san vai pensar de nós?
- Que somos felizes, oras! E vai ficar feliz pela gente também, né Sakura-chan?
Dei meu melhor sorriso para os dois e me despedi. E aquela imagem, que tanto poderia me causar felicidade, me entristeceu. Naruto seguiu em frente, todos seguiram. Menos eu.
Porque minha vida sempre estaria atrelada a dele, mesmo depois de tudo que aconteceu.
Autora funciona com reviews... quem puder, dá uma forcinha??
