Capitulo 1.0: Omega o tem agora.

Jogado na sarjeta num beco escuro de algum copo sujo, ótimo jeito de terminar uma noite Dettmann, lindo.

" - Mas que merda..." eu resmungava recobrando minha consciência.

Meu corpo doía, minha cabeça latejava e meu estomago revirava. Definitivamente aquela era minha primeira ressaca, estou usando toda minha força de vontade para abrir meus olhos, sem sucesso, sinto-me um vampiro que não quer encarar a luz do dia.

Vamos lá Dettmann, as coisas não podem estar tão ruins assim...

" - Ué? Ainda ta de noite?" dizia ainda grogue enquanto olhava confuso ainda do chão para o céu noturno, protegendo meus olhos da luz do poste com minha mão direita e percebendo que meu relógio havia sumido e só conseguia expressar um indignado: " - Puta. Que. Pariu!"

Vamos lá Dettmann, você não vai continuar deitado no chão imundo, vai? Btw, seu estomago chamou e ele estava falando que esta caindo fora.

Lutando contra as câimbras e vertigens, finalmente conseguindo levantar, só para colocar o que ainda estava no meu estomago para fora naquele maldito beco. Aquela noite prometia ser ainda mais longa que do que realmente esperava.

" - Mas aonde diabos estou?" não deixava de comentar enquanto tentava encontrar algo familiar, tipo uma placa, uma cartaz, qualquer coisa que me ajudasse a descobrir aonde estava. " - Caralho, essa noite está ficando cada vez pior..."

Olhando ao redor percebi que tinha algo muito errado, no nível de "Além da Imaginação", especialmente quando olhei com mais atenção aos prédios ao meu redor e percebei definitivamente que não estava mais em Vitória.

Talvez estivesse em algum distrito industrial com todas essas tubulações, passarelas e estruturas metálicas... Será que sofri um sequestro relâmpago? Isso seria engraçado, sem um centavo na minha conta e meu relógio dava comprar em qualquer camelô...

" - Ai! Filho duma..." involuntariamente dizia entre os dentes, tentando não gritar de dor após algo entrar no meu pé. Comecei a pular em um pé só, até conseguir me apoiar numa parede próxima, um dos meus sapatos também estava faltando e acabei pisando em algo.

Respirei fundo e verifiquei a ferida, felizmente o caco de vidro não entrou profundamente e consegui puxa-lo na unha, depois fiz um curativo improvisado com a meia até eu chegar em alguma farmácia ou postinho enquanto caminhava lentamente.

O chão estava coberto de lixo, garrafas quebradas e água insalubre, e para ajudar, a iluminação local também não era das melhores.

Foi quando senti algo pressionado contra minha nuca, e parei imediatamente, e levantei minhas mãos ao ouvir a voz do meu assaltante e tentando entender o que diabos ele estava falando. E acabei deixando um escapar um aborrecido: " - Ah cara, só podem estar de sacanagem comigo."

Essa noite estava ficando cada vez pior.

Assaltado duas vezes na mesma noite, sendo que a segunda vez aparentemente por um estrangeiro ou alguém com problemas sérios de fala, claro que a arma na nuca e tom de voz era facilmente entediáveis como universal "perdeu, playboy!", e não era como se fosse dar uma de Jackie Chan quando o fulano só precisava apertar o gatilho para sujar a viela que estamos agora com meus miolos.

Meu assaltante não era do tipo paciente pelo jeito, gritando ameaças que eu não entendia, enquanto procurava minha carteira para entregar para ele, e talvez não percebesse que não tinha nada além dos meus documentos e cartões de credito zerado, e talvez apenas pegasse o que queria e caísse fora.

Só tem um problema com meu plano: cadê a porra da minha carteira?

Obviamente perdendo a paciência, ele me agarrou pelo ombro e me fez encarara-lo enquanto mantinha a arma a um palmo da minha cara. Agora finalmente vendo as fuças do fulano e tinha certeza de uma coisa, aquilo só podia ser um pesadelo, e tinha que acordar logo.

Além de nunca mais tomar cachaça no Buteco do Bigode.

Na minha frente estava um Batarian: quatro olhos, duas narinas e feio de doer, além de hálito ruim, mas aposto que o meu estava pior no momento. Yep, tudo como era em Mass Effect, cara tenho que jogar menos, e não consegui segurar a risada com o absurdo daquela situação e ganhei uma coronhada na cara por causa disso.

Ok, isso não é uma pegadinha ou algo do gênero.

Foi quando ele apontou novamente a pistola em direção da minha cabeça, e guiado pelo meu instinto de sobrevivência e me aproveitando que ele estava próximo demais de mim, consegui agarrar o braço dele e evitar que pudesse atirar e tentei sem sucesso tomar a arma das mãos dele, o que resultou em nós dois rolando pelo chão da viela trocando socos e pontapés, enquanto brigamos pela arma.

Eu consegui faze-lo soltar a arma e jogá-la a uma boa distância da onde estávamos, mas ele revidou agarrando minha cabeça e batendo com força numa parede próxima.

Fiquei tonto por preciosos segundos, enquanto ele tentava se levantar para pegar a arma, nesse momento conseguir me jogar nas pernas dele e puxá-lo para longe da arma, mas não foi o suficiente, ele finalmente conseguiu recuperar a arma...

Enquanto eu consegui pegar um estilhaço de vidro que estava no chão e, sem pensar, perfurarei o pescoço dele.

O Batarian olhava incrédulo e em pânico para mim, enquanto sufocava com o próprio sangue, e eu só podia assistir a cena sem poder fazer nada e ainda segurando o estilhaço coberto pelo liquido viscoso e de cheiro ferroso. Em poucos instantes, ele estava morto, estirado ali no chão a minha frente com sangue para todo lado, enquanto permaneci ali parada sabe se lá por quanto tempo em estado de choque, antes de finalmente me tocar o que havia acontecido.

Eu tinha acabado de matar um cara...

Não era a primeira vez que tinha visto um corpo de perto, mas aquilo era totalmente e mas nada te prepara para a culpa que estava sentindo, não importando se o cara estava tentando me matar agora pouco, ainda me sentia um lixo pelo que tinha feito.

Talvez por não acreditar que aquilo estivesse realmente acontecendo, cheguei a verificar se o assaltante estava usando uma máscara ou algo do tipo. Como se estivesse procurando uma saída daquele pesadelo absurdo e enquanto começava a chorar angustiado ao perceber que de fato ele não estava usando uma máscara e que realmente estava morto, e instintivamente, peguei a pistola caída ao perceber que não estava tendo um pesadelo.

"- Puta merda, o que foi que fiz?! Que porra esta acontecendo?!"

Entrei em pânico ao ouvir alguém se aproximando e sai correndo pelas vielas da cidade, ignorando a dor do meu pé machucado, até chegar numa rua movimentada.

Vendo os neons dos prédios e lojas, os inúmeros alienígenas nas ruas, os carros voadores ascendendo ao céu e como a decadência parecia envolver tudo aquilo, foi quando eu tive ideia da confusão que havia me enfiado.

E percebi que estava em Omega.

As pessoas na rua pouco davam importância para o humano sujo e coberto de sangue que corria sem destino, aquilo era algo completamente normal na incremente Omega, onde os fracos não tem vez.